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Por , Em El País

Não é o primeiro nem o último. Mas aquele que não recebe a atenção constante dada ao filho mais velho, nem é o mais mimado como o mais novo. O filho do meio, dependendo de como é visto, pode sentir uma espécie de "abandono" quando comparado aos seus irmãos ou pode desfrutar de uma espécie de "liberdade" ao não ter sempre os olhos sobre ele. Mas, ele é o filho problemático?

Alguns consideram que a síndrome do filho do meio é um mito social, sem fundamento. No entanto, existe uma teoria da ordem de nascimento que sugere que o lugar que cada pessoa ocupa entre seus irmãos afetará a personalidade e a vida adulta.

— Os pesquisadores têm visto os filhos do meio como aqueles que recebem o pior tratamento, porque não recebem a mesma atenção dada ao filho mais velho e mais novo, o que leva à síndrome do filho do meio — diz Marisol Barreiro, psicóloga e neuropsicóloga clínica.

Com o primeiro filho, tudo é aprendizado. Os pais estão se adaptando ao novo papel à medida que a criança cresce.

— Quando o segundo filho aparece, a mãe não está tão assustada porque já sabe mais ou menos como lidar. O mesmo acontece com o pai. Por isso, eles não dão a mesma atenção ao segundo filho — descreve Cynthia Zaiatz, licenciada em neuropsicologia.

Segundo a especialista, durante a infância, as crianças não percebem diferenças significativas na atenção que os pais dedicam a um filho em relação ao outro.

— O problema surge mais tarde, quando eles são mais velhos e percebem as diferenças — diz Zaiatz, que destaca que é normal que, com a chegada do terceiro irmão, o filho do meio sinta ciúmes, ao contrário do mais velho, que geralmente não sente tanto ciúmes.

Em termos gerais, no esquema tradicional de três irmãos, o mais novo tende a ser o mais mimado, o mais velho costuma ser o que mais ajuda a cuidar dos outros, e o do meio muitas vezes têm muitas queixas, tende a ser mais rebelde e sempre se sente menos atendido.

O psicanalista austríaco Alfred Adler é o autor da teoria da ordem de nascimento, segundo a qual a posição na família afeta a personalidade da pessoa. Ele era filho do meio e estava em competição com seu irmão mais velho, Sigmund. Após a morte do analista em 1937, suas ideias sobre a ordem de nascimento se espalharam pelo mundo.

No entanto, as conclusões de Adler em sua teoria foram controversas e geraram debates na comunidade científica.

— Alguns estudos científicos mostram que a ordem de nascimento tem influência não apenas na personalidade, mas também na profissão. Outros estudos não mostram nenhuma influência — adverte Barreiro.

Rebeldia na adolescência

No ensaio "Birth Order", Frank J. Sulloway argumenta que a ordem de nascimento afeta o comportamento dos adultos. O autor, no livro de 1998 "Born to Rebel", examinou os papéis históricos desempenhados pelos filhos do meio. Ele descobriu que os "nascidos depois" tendem a se tornar rebeldes com muito mais frequência do que os irmãos mais velhos, diz Barreiro.

O psicólogo Kevin Leman foi ainda mais longe na teoria da ordem de nascimento em "The Birth Order Book". Segundo o renomado especialista, os filhos do meio costumam lamentar terem recebido coisas usadas — desde brinquedos até roupas — durante a infância. Além disso, ele sugere que o filho mais velho em uma família será um líder, um "pai assistente" para seus irmãos e mais cuidadoso do que os outros. Acredita-se que os filhos mais novos passarão suas vidas como os caçulas da família, com personalidades alegres e bem-humoradas.

Aqueles que afirmam que a ordem de nascimento entre irmãos não é determinante na vida argumentam que isso não influencia mesmo na adolescência, uma fase marcada por questionamentos e busca por um próprio lugar no mundo. Essa foi a conclusão de pesquisadores da Faculdade de Psicologia da Universidade Complutense de Madri, que afirmaram que "não existem diferenças significativas entre os primogênitos e os nascidos depois, nem em diferentes variáveis interpessoais, nem no tipo de afetos que experimentam. A percepção do apoio dos pais, por outro lado, contribui para que os adolescentes sejam mais considerados com os outros, menos agressivos e experimentem afetos positivos".

Por outro lado, Alfred Adler sustentava que na idade adulta o desenvolvimento dos filhos do meio leva a uma competição em relação aos irmãos mais velhos. E, a nível profissional, são os que "trabalham duro para serem bem-sucedidos em suas carreiras", afirma Barreiro. Ela também afirma que eles são mais agradáveis e se dão melhor com outras pessoas em comparação com os irmãos mais velhos e mais novos.

É verdade que o filho do meio tende a ser mais ressentido? Segundo Marisol Barreiro, essa afirmação não tem base científica.

— Na verdade, costumam ser mais propensos a estarem muito unidos aos seus irmãos e a estabelecerem laços fortes com eles — diz ela.

O lado positivo

Nem tudo o que se observa nos filhos do meio tem uma conotação negativa. Pesquisas científicas também encontraram vantagens psicológicas positivas para aqueles que estão no meio de seus irmãos. Catherine Salmon, professora de psicologia da Universidade de Redlands e coautora do livro "O Poder Secreto dos Irmãos do Meio", passou as últimas duas décadas estudando amostras de milhares de irmãos do meio.

— Suas conclusões, baseadas em pesquisas realizadas com seus colaboradores, mostram que os irmãos do meio tendem a depender menos dos pais. No entanto, isso não significa que não se importem com os relacionamentos com os outros — explica Marisol Barreiro.

Ter nascido no meio de seus irmãos traz benefícios. Devido à sua idade, eles tendem a estabelecer vínculos fortes tanto com o mais velho quanto com o mais novo. Além disso, os irmãos do meio são mais independentes e têm mais habilidades de socialização. Em geral, eles não buscam tanto apoio dos pais ou dos colegas.

— Os estudos de Salmon mostram que os irmãos do meio também podem se tornar bons parceiros, já que tendem a se dar bem com muitos tipos diferentes de personalidades — acrescenta Barreiro.

Os nascidos no meio de seus irmãos compartilham algumas características em sua personalidade, diz Barreiro. Em geral, eles têm um excelente controle emocional, um fator-chave para o sucesso na vida adulta. Entre as características, Barreiro menciona a força para lutar por seu lugar e se fazer ouvir. Além disso, ela considera que são bons mediadores, treinados para resolver conflitos com seus irmãos. Por outro lado, eles têm uma mente aberta, são pouco propensos a preconceitos, têm a capacidade de negociar e persuadir, são estrategistas na resolução de problemas e podem se adaptar a diferentes situações.

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