Saúde
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Por — Rio de Janeiro

A qualidade de vida no trabalho nem sempre foi uma preocupação, mas um ambiente saudável impacta diretamente na produtividade, satisfação e engajamento dos profissionais. Desde 2020, a felicidade dos funcionários tem diminuído constantemente a uma taxa de 6%. Este ano, houve uma queda acentuada, em velocidade dez vezes maior do que nos três anos anteriores.

Para descobrir como a satisfação e a felicidade impactam o local de trabalho, a empresa de tecnologia de recursos humanos Bamboo HR analisou mais de 1600 empresas entre janeiro de 2020 e junho de 2023. Foram rastreadas respostas de mais de 57 mil funcionários de empresas de pequeno e médio porte ao redor do mundo, nos ramos de saúde, finanças, construção, viagens e hospitalidade, restaurante/alimentos e bebidas, educação e tecnologia.

Das indústrias analisadas, as que compõem a área de construção têm os funcionários mais felizes, além de apresentar o menor nível de volatilidade, o que indica que os trabalhadores tendem a concordar de um mês para o outro. Em contraste, a da saúde é a menos feliz. Os funcionários relataram tendências negativas desde 2020. Assim como na construção, o ramo tem pouca volatilidade, o que significa que os trabalhadores da saúde concordam em grande parte sobre sua infelicidade de um mês para o outro.

Profissionais da área da saúde são os menos felizes, segundo estudo — Foto: Bamboo HR/Editoria de Arte/O Globo
Profissionais da área da saúde são os menos felizes, segundo estudo — Foto: Bamboo HR/Editoria de Arte/O Globo

Os dados são analisados são baseados no Employee Net Promoter Score (eNPS) da plataforma, que é um sistema de pontuação projetado para ajudar os empregadores a medir a satisfação e a lealdade dos funcionários dentro de sua organização. O sistema consiste em uma pergunta que pede aos funcionários para avaliar, em uma escala de zero a dez, o quão propensos estão a recomendar a organização em que prestam serviços como um lugar para trabalhar. O levantamento inclui mais de 1,4 bilhão de pontuações de eNPS auto-relatadas desde janeiro de 2020.

A Bamboo HR considerou três critérios de avaliação: o eNPS, que ajuda os empregadores a medir a satisfação dos funcionários; a volatilidade, que determina a variação de felicidade a cada mês; e a volatilidade média, que faz uma soma da diferença entre a média do eNPS de cada mês.

Confira os resultados

1. Construção: o mais feliz

No geral, a indústria da construção se destaca como a mais feliz nos dois primeiros trimestres de 2023. Embora a felicidade dos funcionários tenha oscilado nos últimos três anos, o eNPS dos trabalhadores da construção permaneceu alto, com uma variação média de baixa de 48 pontos, em 2022, e uma alta de 53, em 2021.

A felicidade dos trabalhadores do ramo atingiu o pico em 2020, quando projetos de construção residencial dispararam, e a escassez de materiais de construção criou extensas filas de trabalho, que proporcionaram uma estabilidade. Atualmente, a satisfação se mantém estável com um eNPS médio de 49 pontos. A indústria geralmente experimenta padrões sazonais de felicidade, com uma alegria crescente à medida que o ano chega ao fim.

2. Tecnologia: felicidade em queda

Segundo a Bamboo HR, o setor de tecnologia é atualmente o segundo mais feliz, mas a conquista é improvável de perdurar. A culpa pelo desvio na média de felicidade da indústria de tecnologia é do forte encerramento de 2022. Em 2023, a tecnologia está experimentando o declínio mais acentuado em nossa lista, com uma redução de 145%. A queda brusca se deve aos altos níveis de felicidade no final de 2021 e ao longo de 2022, quando a indústria de tecnologia atingiu seu maior eNPS médio global, desde o início de 2020.

No início deste ano, o capital de risco que impulsionava as startups de tecnologia começou a diminuir em meio à crescente inflação, e uma corrida ao Silicon Valley Bank por startups precipitou o segundo maior colapso bancário da história dos EUA. Até agosto de 2023, mais de 225 mil trabalhadores de tecnologia de 932 empresas perderam seus empregos.

À medida que eventos históricos abalam o setor de tecnologia, a felicidade dos funcionários apresenta a menor volatilidade e maior alinhamento de qualquer indústria em nossa lista. Em 2020, a volatilidade atingiu o auge com 187 pontos percentuais de movimento ao longo do ano inteiro, em comparação com apenas 25 pontos percentuais de movimento em 2023.

3. Finanças: declínio constante da felicidade

Em terceiro lugar, a felicidade dos trabalhadores das finanças teve uma redução constantemente, entre 2020 e 2023. Este ano, o eNPS médio da indústria financeira é de 37, quase sete pontos mais baixo do que a média 2020 a 2022, que era de 44 pontos.

A volatilidade anual também diminuiu drasticamente, com eNPS mensais mais consistentes. O pico foi em 2020, com 373 pontos percentuais de movimento ao longo do ano.

"A felicidade dos funcionários parece estar se erodindo lentamente e gradualmente, com uma linha de tendência declinando a uma taxa de 11% em 2023 e 13% de 2020 até o presente. A indústria financeira também viu flutuações sazonais, mas carece das quedas observadas em outros setores", explica o levantamento da Bamboo HR.

4. Organizações sem fins lucrativos: felicidade crescente

No quarto lugar do ranking, as organizações sem fins lucrativos caminham para uma maior felicidade dos funcionários em 2023, com uma taxa de aumento de 71% de janeiro a junho, ao contrário da maioria das indústrias.

A expectativa é que a felicidade dos funcionários deve melhorar ainda mais, à medida que se aproximam os momentos sazonais de doação, como o fim do ano. Com oscilações sazonais, a volatilidade no setor sem fins lucrativos teve altos e baixos coincidentes com os momentos de doação.

5. Restaurantes, comidas e bebidas: desaceleração da insatisfação

Apesar do isolamento social da Covid, que impediu a alimentação presencial, os funcionários do setor de alimentos e bebidas relataram os níveis mais altos de felicidade, em 2020. Desde então, o eNPS médio tem diminuído gradualmente e atingiu o seu ponto mais baixo, em 2023.

Apesar do cenário, a tendência à insatisfação dos funcionários do setor se suaviza. De janeiro de 2020 a junho de 2023, a Bamboo HR observou uma linha de tendência de queda da felicidade de 39%, que foi para 24%.

6. Viagens e hospitalidade: aumento da felicidade

Em março de 2020, com a pandemia de Covid, cerca de 70% dos trabalhadores de hotéis nos EUA enfrentaram demissões ou licenças temporárias. À medida que o isolamento foi flexibilizado, as pessoas começaram a compensar as oportunidades perdidas. O valor das passagens aéreas não interferiu no número de viagens internacionais, que teve um salto de 200%, em comparação com 2022.

O levantamento da Bamboo HR mostra que a felicidade dos funcionários não se recuperou do pico de janeiro de 2020, mas está em ascensão, com uma linha de tendência geral positiva e um aumento de 8%.

"Ao analisar somente o ano de 2023, descobrimos que a felicidade está em uma inclinação positiva mais acentuada, com uma taxa de aumento de 59%", indica o levantamento.

À medida que a indústria se recupera, a volatilidade anual diminuiu drasticamente. A volatilidade atingiu o pico em 2020, com 1.228 pontos percentuais de movimento ao longo do ano. Em 2023, a volatilidade caiu para 185 pontos percentuais de movimento. O eNPS médio variou 8 pontos, o que demonstrou a recuperação do senso de estabilidade dos funcionários.

7. Educação: felicidade crescente

De acordo com a pesquisa, Educação é um dos setores mais voláteis e infelizes. Os maiores picos na felicidade dos funcionários ocorrem durante as férias, com quedas significativas com o retorno às salas de aula. O eNPS médio gira em torno de 34 pontos.

A infelicidade parece crescer, entre os trabalhadores. De janeiro a maio de 2023, a indústria experimentou uma tendência de queda de 97%, principalmente devido ao estresse e pressões políticas. Os educadores também relataram estarem "se sentindo sobrecarregados, mal remunerados e pouco apreciados".

8. Saúde: a mais infeliz

Desde 2020, a felicidade dos funcionários da área da saúde vivenciou uma queda de 40%. Em 2023, a infelicidade acelerou, com uma taxa decrescente de 89%. O eNPS médio da indústria diminuiu cerca de 4 pontos a cada ano desde 2020.

"A indústria da saúde precisa urgentemente abordar as causas da infelicidade generalizada, especialmente o trauma, a insatisfação e o esgotamento resultantes da pandemia", alerta o estudo.

2023: o ano da apatia

A pesquisa da Bamboo HR evidenciou que, em junho, houve o ponto mais baixo de felicidade dos funcionários, depois do início da pandemia. Para os especialistas, a felicidade dos funcionários despenca dramaticamente, sem sinais de recuperação.

"O ano de 2023 reflete os padrões dramáticos e atípicos que observamos nos primeiros meses da pandemia. Isso reflete como os efeitos contínuos da saúde e da economia da pandemia continuam a perturbar as vidas das pessoas. Em junho, os salários dos Estados Unidos aumentaram mais rápido do que a inflação pela primeira vez em mais de dois anos — no entanto, 21% dos norte-americanos têm dificuldades para pagar suas contas", indica o relatório.

Assim como a felicidade, a volatilidade dos funcionários diminuiu ao longo do ano. A preocupação dos pesquisadores é que os trabalhadores não tem experimentado altos ou baixos, mas um sentimento de resignação e apatia.

"Em 2020, a volatilidade atingiu seu ponto mais alto, com uma diferença mensal acumulada de 118 pontos percentuais ao longo do ano. Isso é quase 6 vezes o nível de volatilidade que estamos observando em 2023, quando a autoreportada felicidade dos funcionários variou apenas 20 pontos percentuais desde janeiro", detalha a pesquisa.

*Estagiária sob a supervisão de Adriana Dias Lopes.

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