A cantora irlandesa Sinéad O'Connor, morta em julho de 2023 aos 56 anos, morreu "de causas naturais", segundo uma investigação judicial, cujas conclusões se tornaram públicas nesta terça-feira (9) em Londres.
- Elogie mais e use menos celular: As 9 dicas de terapeutas de casais para melhorar seu relacionamento em 2024
- Helicóptero desaparecido: É possível sobreviver após 10 dias perdido na Mata Atlântica?
O'Connor, que adquiriu grande fama com sua canção "Nothing compares 2 U", em 1990, foi encontrada inconsciente pela polícia em 26 de julho em sua casa no sudeste de Londres. Em um comunicado, o tribunal de Southwark, ao sul de Londres, encarregado da investigação sobre a morte da cantora, confirmou que "a senhora O'Connor faleceu de causas naturais".
Veja fotos da carreira de Sinead O’Connor
É mais comum ouvir que alguém em idades mais avançadas que a de Sinead morreu devido a “causas naturais”. Foi o caso da rainha Elizabeth II, que faleceu em setembro do ano passado aos 96 anos, e da cantora Tina Turner, morta aos 83 anos, em maio passado. Mas afinal, o que de fato caracteriza um óbito chamado de “natural”?
O que é 'morte natural'?
Em resumo, o termo é utilizado para uma morte que era esperada devido a doenças, sobretudo entre as pessoas mais velhas, sem que tenha ocorrido a influência de um fator externo. É o que explica a professora de Filosofia e Teoria Geral do Direito da Universidade de São Paulo (USP), Maria Celeste dos Santos, no artigo “Conceito médico-forense de morte”.
- Helicóptero desaparecido: é possível sobreviver após 10 dias perdido na Mata Atlântica?
- Hospital no Rio identifica caso de doença raríssima, com menos de 200 casos no mundo
Ela escreve que as causas naturais são "consequência de um processo esperado e previsível”. “Por exemplo, nos casos de envelhecimento natural, com esgotamento progressivo das funções orgânicas. Em outros casos, o óbito é um corolário de uma doença interna, aguda ou crônica, a qual pode ter acontecido e transcorrido sem intervenção ou uso de qualquer fator externo”.
Quando o termo se aplica?
Ela destaca que, numa visão mais rígida, a morte não seria considerada “natural”, já que sempre está ligada a alguma doença ou alteração na resposta do organismo. Porém, é habitual o uso do termo “causas naturais” em situações quando já é esperado o falecimento.
Em entrevista à CNN há alguns anos, David Fowler, presidente da Associação Nacional de Médicos Legistas dos Estados Unidos na época, explicou que o critério de fato pode ser subjetivo, já que depende da interpretação do médico legista sobre até que ponto determinado fator pode ter influenciado o óbito.
- Saiba mais: Água engarrafada contém em média 240 mil pequenos fragmentos de plástico, diz estudo
- Bebe água no copo com canudo? Especialista alerta para risco para a pele; entenda
— Quando um médico legista preenche um atestado de óbito, é sua opinião médica com base em toda a sua experiência e treinamento que é isso que está acontecendo. Você é como um juiz. Você pesa as evidências e, com base na predominância das evidências, chega a uma decisão — disse.
A morte não é considerada natural quando a pessoa morre por uma intervenção ativa, como devido a acidentes, uso de drogas, suicídio, homicídio e outras causas violentas, doenças agressivas, especialmente em idades mais jovens.
Sinéad O'Connor recebeu homenagens
A cantora foi enterrada perto de Dublin, após um cortejo fúnebre em frente ao calçadão de Bray, uma pequena cidade ao sul da capital, onde viveu durante 15 anos. Sua morte provocou uma série de homenagens na Irlanda e em todo o mundo.
Mais notícias:
- Vinho tinto: bebida deixa de ser a queridinha na medicina; entenda
- Governo Lula cogita expulsar embaixador de Israel no Brasil
- Vida de luxo: influenciadora admite ter enviado dos EUA R$ 34 milhões em peças de mísseis para ajudar a Rússia na guerra
- Casas invadidas, família refém e 38 quilômetros percorridos: o rastro dos presos de Mossoró uma semana após fuga
Quem foi Sinéad O'Connor?
O'Connor, que, em 2018, anunciou sua conversão ao Islã, teve sua carreira recheada com uma série de polêmicas. A artista contou que sofreu maus-tratos de sua mãe durante sua infância, e criticou energicamente a Igreja Católica, a qual acusava de não ter protegido as crianças vítimas de abusos sexuais por parte de religiosos.
Em 1992, diante das câmeras de uma emissora americana, rasgou um retrato do papa João Paulo II. Sete anos depois, protagonizou outra polêmica quando uma Igreja irlandesa dissidente a ordenou sacerdotisa.
A cantora foi desaparecendo pouco a pouco, até que em 2005 retornou com seu álbum de reggae "Throw Down Your Arms", após ter vivido um período na Jamaica e ter se aproximado das crenças rastafaris.
Nos últimos, mostrou-se ativa nas redes sociais, ameaçando os seus antigos parceiros de levá-los à Justiça, e falando de seus problemas de saúde física e mental e, até mesmo, de seus pensamentos suicidas.
Segundo seus agentes, antes de morrer estava terminando um novo álbum, preparava uma turnê e planejava levar às telas sua autobiografia, "Rememberings", um livro publicado em 2021.
Inscreva-se na Newsletter: Saúde em dia