Saúde
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Por — Rio de Janeiro

O Brasil vive uma alta de dengue que já levou ao menos dois estados – Minas Gerais e Acre – e o Distrito Federal a decretarem situação de emergência pela doença. Os números chamam a atenção uma vez que o país já vivia um cenário de crescimento nos últimos dois anos, tendo ultrapassado mil mortes pela primeira vez em 2022 e superado esse recorde no ano seguinte.

Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), compilados pelo Ministério da Saúde no Painel de Monitoramento das Arboviroses e consultados na manhã desta quarta-feira, foram 232.990 casos identificados no país nas quatro primeiras semanas epidemiológicas de 2024, período que foi até o último dia 27. Enquanto isso, no mesmo período em 2023 foram registrados 65.366, o que revela um crescimento nacional de 252% da doença.

O cenário, porém, não é o mesmo em todos os 26 estados e no Distrito Federal. Levantamento do GLOBO baseado nos dados do painel mostram que o local que apresenta o maior aumento de dengue em 2024 é o Rio Grande do Sul, onde chega a ser de 2.825%.

Na sequência, estão os outros dois estados da região Sul: Santa Catarina, com uma alta de 1.668%, e Paraná, com 1.302%. Em média, a região vive um aumento de 1.400% dos casos de dengue, o maior entre as cinco do Brasil. A doença não era tão comum nesses estados devido às baixas temperaturas, mas tem avançado nos últimos anos.

Depois de RS, SC e PR, completam a lista dos 10 estados com maior alta de dengue em 2024 o Rio de Janeiro, com 1.130%; o Distrito Federal, com 1.032%, o Amapá, com 493%; Roraima, com 488%; Minas Gerais, com 390%; Amazonas, com 366% e Acre, com 355% mais diagnósticos do que no ano passado.

Confira o ranking completo:

RS lidera alta da dengue com crescimento de 2.825%

Estado Casos em janeiro de 2023 Casos em janeiro de 2024 Crescimento
Rio Grande Do Sul 83 2.428 2.825%
Santa Catarina 320 5.657 1.668%
Paraná 2.079 29.148 1.302%
Rio De Janeiro 1.375 16.911 1.130%
Distrito Federal 2.691 30.456 1.032%
Amapá 71 421 493%
Roraima 8 47 488%
Minas Gerais 15.116 74.135 390%
Amazonas 797 3.711 366%
Acre 586 2.669 355%
São Paulo 13.381 37.552 181%
Goiás 6.309 13.461 113%
Pernambuco 325 522 61%
Tocantins 392 615 57%
Sergipe 183 269 47%
Rio Grande Do Norte 460 635 38%
Pará 730 780 7%
Piauí 292 300 3%
Espírito Santo 7.371 6.055 -18%
Ceará 670 534 -20%
Mato Grosso 2.268 1.758 -22%
Paraíba 413 319 -23%
Bahia 3.370 2.570 -24%
Alagoas 180 126 -30%
Mato Grosso Do Sul 2.538 1.507 -41%
Maranhão 394 121 -69%
Rondônia 2.964 283 -90%
Brasil 65.366 232.990 256%
Sul 2.482 37.233 1.400%
Sudeste 37.243 134.653 262%
Centro-Oeste 13.806 47.182 242%
Norte 5.548 8.526 54%
Nordeste 6.287 5.396 -14%

Entre as regiões, depois da Sul a que teve o crescimento mais expressivo foi a Sudeste, de 262%. Em seguida, veio a Centro-Oeste, com 242% mais casos, e a Norte, com uma alta de 54%. Já a região Nordeste é a única que, na contramão, identificou uma queda da dengue, de 14%, em relação a 2023.

Já em termos de incidência, ou seja, os estados mais afetados por terem a maior proporção de casos por mil habitantes, quem lidera a lista é Brasília com 1.081,1 infecções a cada 100 mil pessoas. Depois, está MG, com 361; Acre, com 321,6; Paraná, com 254,7; Goiás, com 190,8; Espírito Santo, com 158; Rio de Janeiro, com 105,3; Amazonas, com 94,2; São Paulo, com 84,5, e Santa Catarina, com 74,3.

Brasília sofre com maior proporção de casos por 100 mil habitantes

Estado Incidência Casos em 2024
Distrito Federal 1081,1 30.456
Goiás 190,8 13.461
Minas Gerais 361 74.135
Acre 321,6 2.669
Paraná 254,7 29.148
Espírito Santo 158 6.055
Rio de Janeiro 105,3 16.911
Amazonas 94,2 3.711
São Paulo 84,5 37.552
Santa Catarina 74,3 5.657
Amapá 57,4 421
Mato Grosso do Sul 54,7 1.507
Mato Grosso 48,1 1.758
Tocantins 40,7 615
Rio Grande do Sul 22,3 2.428
Rio Grande do Norte 19,2 635
Bahia 18,2 2.570
Rondônia 17,9 283
Sergipe 12,2 269
Pará 9,6 780
Piauí 9,2 300
Paraíba 8 319
Roraima 7,4 47
Ceará 6,1 534
Pernambuco 5,8 522
Alagoas 4 126
Maranhão 1,8 121
Brasil 114,7 232.990

Dengue no Brasil

O crescimento da dengue em 2024 chama atenção devido aos aumentos já alarmantes nos últimos dois anos. Em 2023, o país bateu o recorde de mais mortes causadas pela doença. Foram 1.094 óbitos confirmados, o que superou o ano anterior, 2022, que contabilizou 1.053 vidas perdidas, número acima de mil pela primeira vez na série histórica.

Em relação aos casos, os dados do Ministério da Saúde mostram que foram 1.658.816 diagnósticos prováveis da infecção pelo vírus em 2023, 52.871 com evolução para hospitalização. O número é mais baixo apenas que 2015, quando o Brasil atingiu o recorde de 1.688.688 casos de dengue.

Vacinação contra a dengue

O Ministério da Saúde anunciou que 521 cidades receberão unidades da vacina contra a dengue Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, para a campanha de 2024 na rede pública, primeira do mundo com o imunizante.

Devido ao quantitativo limitado de doses que o laboratório consegue produzir, nesse primeiro momento foram priorizados jovens de 10 a 14 anos residentes de municípios com mais de 100 mil habitantes e alta transmissão de dengue. A previsão é que a campanha comece em fevereiro.

A vacina também pode ser encontrada na rede privada por valores que vão de R$ 390 a R$ 490 a dose, segundo levantamento do GLOBO. Como o esquema envolve duas aplicações, com um intervalo de três meses entre elas, o preço final fica de R$ 780 a R$ 980.

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