Beber água é uma necessidade fisiológica humana. Uma das consequências para quem tem o hábito de consumir a quantidade correta diariamente é o aumento das visitas ao banheiro. Mas quantos vezes ao dia é considerado normal? Para quem bebe cerca de 2 litros em 24 horas, é esperado que urine de cinco a oito vezes, sendo considerado normal urinar uma a duas vezes durante a noite de sono.
De acordo com o urologista André Berger, especialista em câncer urológico e professor adjunto da Universidade do Sul da Califórnia (USC), nos Estados Unidos, uma frequência urinária maior que esta merece atenção.
— Com relação a homens e mulheres, o aumento da frequência urinária e ardência, associados à micro-hematúria (presença de sangue na urina), principalmente nos pacientes fumantes, é preciso se preocupar ainda mais, já que pode ser um sinal também de câncer de bexiga — aponta o especialista.
Além disso, Berge faz a observação de que outros problemas de saúde podem levar ao aumento da micção. Os mais comuns são diabetes mellitus não controlado; diabetes insipidus; tomar medicamentos ou substâncias diuréticas (que aumentam a excreção de urina), como álcool ou cafeína; nefrite intersticial (inflamação que afeta os túbulos renais e os tecidos que circundam os rins) ou lesão renal resultante de anemia falciforme.
O urologista também ressalta para o risco da hiperplasia da próstata (um aumento da próstata não canceroso), condição que pode aparecer nos homens a partir dos 40 anos.
— Ela pode levar a uma obstrução urinária e o indivíduo urina com maior frequência. Além do jato fraco e esvaziamento incompleto da bexiga — Berger explica.
Incontinência urinária
Nesse sentido, quando as visitas ao banheiro se tornam frequentes para além do normal, pode ser um sinal de incontinência urinária. Esta, que é caracterizad pela perda involuntária de urina. Ela pode ser de urgência, considerada mais grave, ou de esforço, quando ocorre em momentos como atividade física, durante uma tosse ou um riso.
“Se a pessoa, uma vez na vida, teve perda de xixi, por estar muito apertado, não há problema. Mas é preciso ter atenção se a situação é recorrente, mesmo que pouco. É muito comum ver que as pessoas normalizaram o escape de urina, mas é preciso investigar o problema, que pode estar associado a outras doenças. Às vezes, mudança nos hábitos já ajuda, mas há casos que necessitam de cirurgia (sling) para tratamento definitivo”, afirma a médica urologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) de São Paulo, Lorella Auricchio, em comunicado sobre o aumento dos casos de incontinência entre mulheres.
De acordo com a Biblioteca do Ministério da Saúde, estas são principais causas associadas à condição:
- comprometimento da musculatura do esfíncter (músculo circular que mantém a constrição de um orifício natural do corpo) ou do assoalho pélvico;
- gravidez e parto;
- tumores malignos e benignos;
- doenças que comprimem a bexiga;
- obesidade;
- tosse crônica dos fumantes;
- quadros pulmonares obstrutivos que geram pressão abdominal;
- bexigas hiperativas que contraem de forma independente;
- procedimentos cirúrgicos ou irradiação que lesem os nervos do esfíncter masculino.
Existem algumas causas para a maior prevalência do problema entre mulheres, entre elas o fato de a uretra – tubo que transporta a urina da bexiga para fora do corpo – ser mais curta, e a musculatura que contrai essa região ser mais frágil.
E quando é pouco xixi?
No entanto, poucas idas ao banheiro também pode ser um sinal de desidratação. Esta, que é causada pela baixa ingestão de água. Embora as principais recomendações digam para ingerir dois litros por dia, há estudos que sugerem que essa quantidade é excessiva para a maioria das pessoas. Neste caso, de 1,5 a 1,8 litros por dia, seria o suficiente.
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