Dengue: já posso tomar a vacina com a ampliação da faixa etária? Tire suas dúvidas

Anteriormente a vacinação estava restrita a adolescentes de 10 a 14 anos. Contudo, se ainda assim houver risco de sobrarem doses, os profissionais poderão expandir a faixa etária. A decisão foi realizada dois dias depois de uma matéria d'O GLOBO reportar que 145 mil doses estavam próximas ao vencimento em seis estados.

A vacinação contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS) utiliza a Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda, um imunizante tetravalente feita a partir do vírus vivo atenuado (estado em que o agente infeccioso está infectado, porém, enfraquecido). Ela foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2023.

Nos estudos clínicos, o esquema de duas doses da Qdenga, aplicadas num intervalo de três meses entre elas, demonstrou uma eficácia geral de 80,2% para evitar contaminações e de 90,4% para prevenir os casos mais graves.

A Anvisa aprovou a vacina para a população entre 4 a 60 anos, independentemente de histórico de infecção prévia, ou não, pela dengue. Contudo, na rede pública foi necessário definir um público-alvo mais restrito devido ao quantitativo limitado de doses disponíveis.

De acordo com a nota técnica divulgada, as secretarias concordantes com a decisão, como São Paulo, Distrito Federal (DF), Bahia, Goiás, Amazonas, Rio Grande do Norte e Maranhão, deverão priorizar a população entre 6 e 16 anos. Se mesmo assim houver risco de sobrarem doses, os profissionais poderão aplicar na faixa etária de 4 a 60 anos.

O governo de São Paulo informou que, a princípio, fará a ampliação da vacinação para o público de 6 a 16 anos para os municípios com doses de vacina com vencimento no dia 30 de abril.

"Caso necessário, esta estratégia pode ser ampliada para o público de 4 a 59 anos, conforme a disponibilidade de doses nos municípios", completa a nota enviada ao GLOBO.

A recomendação pela ampliação, no entanto, só vale para estados que receberam doses que estejam próximas do vencimento. Não é o caso do Rio de Janeiro e Minas Gerais, por exemplo. Procuradas, as secretarias de Saúde disseram que as doses pelo estados têm validade até o final de junho e julho, no caso do Rio, e junho, no caso de Minas.

Sim, a Qdenga, pode ser encontrada na rede privada. Segundo levantamento do GLOBO, os valores da dose da vacina da dengue variam hoje de R$ 350 e R$ 490 pelo país, ou seja, o esquema completo fica de R$ 700 a R$ 980. O imunizante pode ser encontrado para compra em laboratórios, clínicas de vacinação e farmácias.

A vacina da dengue pode ser aplicada em quem já teve a doença. Inclusive, é fortemente indicada ao público pelos especialistas, já que uma segunda contaminação – possível pelo fato de o vírus ter quatro sorotipos – é geralmente mais grave.

Segundo o infectologista Alexandre Naime Barbosa, professor da Unesp e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), em entrevista ao GLOBO, a vacina deve ser adiada em cerca de 15 a 30 dias para pacientes que apresentem doença febril aguda grave, como Covid e gripe.

Por ser feita com vírus atenuado, ela não deve ser tomada por por gestantes, lactantes e pessoas com imunodeficiência.

A disponibilidade de doses da Qdenga e as taxas de hospitalização foram os principais fatores considerados pelo Ministério para a campanha de vacinação contra dengue no Brasil. A faixa etária de 10 a 14 anos foi definida por ser a segunda com mais hospitalizações pela dengue – 16,4 mil de janeiro de 2019 a novembro de 2023.

Já os idosos, maior parcela dos casos graves da doença, ficaram de fora porque a vacina foi aprovada pela Anvisa apenas de 4 a 60 anos, idades que fizeram parte da fase de estudos clínicos com o imunizante.

Esta decisão também contou com a participação de representantes das secretarias municipais e estaduais de Saúde, da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização do ministério (CTAI) e seguiu as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), a qual recomenda a faixa etária de 6 a 16 anos.

O infectologista Alexandre Naime Barbosa, professor da Unesp e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explicou em entrevista ao GLOBO que a vacina deve ser adiada em cerca de 15 a 30 dias em pacientes que apresentem doença febril aguda grave, como Covid e gripe.