A Organização Mundial da Saúde (OMS) contraindica o consumo de leite fresco devido ao risco de transmissão do H5N1, o vírus causador da gripe aviária. Ainda não está claro se o vírus pode ser transmitido pelo consumo de leite, mas como essa é uma forma já conhecida da transmissão de outros patógenos, a entidade internacional recomenda apenas o consumo de leite pasteurizado.
Na pasteurização, a temperatura do alimento é elevada, o que mata vírus e bactérias que podem fazer mal à saúde. Embora o papel da pasteurização na mitigação do risco potencial ainda esteja sendo investigado, essa ainda é a forma mais segura de consumir o alimento.
"Muitos patógenos zoonóticos perigosos podem ser transmitidos através do leite não pasteurizado, e a FAO e a OMS aconselhamos vivamente o consumo apenas de leite pasteurizado e evitar o consumo de leite cru", afirmou a OMS em documento publicado na última sexta-feira (26).
Na semana passada, a A FDA, agência que regula alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, encontrou fragmentos do vírus H5N1, da gripe aviária, em 20% das amostras de leite testadas no país. A constatação ocorreu após a descoberta da circulação do vírus em rebanhos de vacas leiteiras no país.
De acordo com o geneticista Salmo Raskin, colunista do GLOBO e diretor do Centro de Aconselhamento e Laboratório Genetika, em Curitiba, a presença de material genético do H5N1 nas amostras não significa que há vírus vivo.
— Pode ser apenas vestígio de um vírus morto e, neste caso, não há risco para a população — disse Raskin em entrevista sobre o assunto.
Embora testes para verificar se esses fragmentos encontrados no leite comercializado, que é pasteurizado, não representam um risco para a saúde ainda estejam em andamento, resultados preliminares indicam que não há risco. Também na sexta-feira, a FDA publicou em seu site quem testes iniciais não encontraram o H5N1 vivo em amostras de leite coletadas do comércio varejista.
“Estes resultados reafirmam a nossa avaliação de que o fornecimento comercial de leite é seguro”, disse a FDA.
Em relação ao risco de transmissão do vírus dos animais para humanos, a OMS afirma que vacas leiteiras infectadas com H5N1 apresentam cargas virais elevadas no leite e, portanto, podem ser um fonte de exposição para pessoas em contato próximo com eles. A recomendação é que pessoas que estiverem em contato com esses animais utilizem equipamentos de proteção individual apropriados, redobrem os cuidados com a higiene pessoal e outras medidas de biossegurança.
A propagação sustentada do H5N1 entre vacas daria ao vírus mais oportunidades de adquirir mutações que o tornariam mais transmissível entre humanos.
— A grande preocupação é que esse vírus seja transmitido para humanos e, em seguida, entre humanos. Para isso acontecer, precisam acontecer mutações e a presença do vírus da gripe aviária em mamíferos já é um indício de que ele está sofrendo mutações que podem evoluir para se adaptar ao organismo humano — avalia o geneticista.
Até quarta-feira, 23 pessoas haviam sido testadas para o vírus, enquanto 44 pessoas estavam sendo monitoradas após exposição ao vírus, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Mas apenas um caso em humano foi confirmado até agora e o paciente se recuperou bem.
No Brasil, foram confirmados 163 casos de H5N1, todos em aves. Foram 160 em animais silvestres e três em aves de subsistência, de acordo com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
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