Saúde
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Por — Rio de Janeiro

RESUMO

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GERADO EM: 24/06/2024 - 11:52

Desigualdades na Saúde Mental e Políticas Públicas

O relatório do ICASM revelou que grupos vulneráveis como transgêneros, indígenas e de baixa renda têm piores índices de saúde mental. Desigualdades de gênero e renda, influência das redes sociais e hábitos de sono também foram destacados. A importância do investimento em políticas públicas para a promoção do bem-estar psicológico foi ressaltada pelos especialistas.

Foi divulgado, nesta quinta-feira (13), o segundo relatório do Índice Contínuo de Avaliação da Saúde Mental (ICASM), criado pelo Instituto Cactus, entidade filantrópica ligada à promoção do bem estar psicossocial, junto à empresa AtlasIntel, especializada em coleta de dados e pesquisas. O monitoramento, que se refere ao segundo semestre de 2023, investigou o que impacta de forma positiva e negativa a saúde mental dos brasileiros.

Nesta nova análise, a qual contou com a resposta de 3.266 pessoas em um questionário online, teve confiança, vitalidade e foco como os três pilares para a compreensão do cenário atual do bem estar no país. A partir destas categorias, os diferentes grupos analisados receberam pontuações de 0 e 1000 — quanto mais próximo do máximo, melhor a saúde mental.

No que se refere a faixa etária, os jovens entre 16 e 24 anos apresentaram o pior índice dentre todas as faixas etárias, com somente 523 pontos. Enquanto o melhor foi observado entre os idosos a partir dos 60 anos, que obtiveram 724.

Em relação à raça, as variações foram menores. Contudo, os resultados foram o oposto do registrado pela última coleta de dados. Desta vez, pessoas amarelas (últimos no 1º índice) apresentaram 706 pontos, o valor mais alto, pardos, com 650, brancos, 637, pretos, 625, e indígenas, 415 (anteriormente com a pontuação mais alta).

De acordo com a análise do psiquiatra Deivisson Vianna, professor na Universidade Federal do Paraná (UFPR), nos últimos anos aconteceu um retrocesso no que se tinha de políticas públicas para a saúde mental.

Segundo o especialista, Centros de Atenção Psicossocial (Caps), entre outros braços do Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), promovidos pelo Ministério da Saúde, perderam espaço para comunidades terapêuticas.

— De 1990 até 2015 tivemos uma política de estado que ampliou uma grande variedade de serviços para saúde mental. Nos últimos oito anos, sofremos um grande congelamento. Por isso, é necessário a volta do investimento para ampliar os pontos de atuação do Caps e de todas as modalidades de cuidado. Mas tem que ter essa atenção para que o paradigma não seja focado apenas no diagnóstico. Para isso, precisa ter equipes bem financiadas, bem capacitadas, com processo de educação permanente — defende o especialista.

Desigualdades impactam no bem-estar

Algo expresso na primeira rodada do índice, mas que continua consistente nesta segunda, é o impacto da desigualdade, que se apresenta nas esferas de gênero, orientação sexual e renda, no bem estar psíquico.

Isso pode ser visto na pontuação inferior das mulheres, 593, quando comparada a de 691 dos homens. No quesito identidade de gênero, pessoas cisgênero, isto é, que se identificam com o gênero atribuído ao nascerem, marcaram um total de 648, 156 pontos a mais do que pessoas transgênero, com 492.

Outro fator evidenciado pelo relatório foram notas mais baixas de saúde mental para pessoas bissexuais, com pontuação de 528, e homossexuais, de 538. Outras orientações sexuais, como a heterrossexualidade e a panssexualidade receberam 656 e 801, respectivamente.

Já a principal fonte de preocupação de 82% dos brasileiros analisados, independente do grupo, é a sua situação financeira. Dentre estes, 49% se viram afligidos pelo tópico 3 vezes ou mais durante as duas semanas anteriores à entrevista.

Isto pode ser observado na pontuação por renda. Pessoas que recebem até R$2 mil mensalmente, marcaram 592 pontos. Já aqueles que faturam de R$5 a R$10 mil por mês, obtiveram 718.

— O problema de saúde mental não é “coisa de psiquiatra” ou “coisa de psicólogo”. É algo mais amplo, multisetorial. Se a gente considera que esses problemas complexos são doenças, a gente corre o risco de medicalizar a pobreza e outras situações que colocam pessoas em vulnerabilidade — analisa Viana, que também é vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

A influência dos hábitos e comportamentos na saúde mental

A novidade, no entanto, se apresentou no recolhimento de dados sobre a influência das redes sociais na saúde mental. De acordo com o levantamento, aqueles que navegavam por menos de 1 hora por dia, apresentaram pontuação de 672, já os que utilizavam de 1 a 3 horas por dia, obtiveram 665. A redução foi maior para os que passavam mais de 3 horas online, com um total de 610 pontos.

A falta de horas de sono e as dores crônicas também afetam a população: 71% relataram dormir menos de 6 horas em pelo menos uma noite nas duas semanas anteriores e 62% declararam que sentiram forte sonolência durante o dia. Quando perguntada sobre dor, quase a metade da amostra (48%) declara ter tido alguma dor crônica no mesmo período.

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