Brasil

Covid-19: Lotados, hospitais de Manaus usam macas e cilindros de oxigênio do Samu como leitos

Medida afeta capacidade de transportar pacientes na cidade
Priscila Carvalho, 31, reacts outside the 28 de Agosto hospital where her father is hospitalized, amid the coronavirus disease (COVID-19) outbreak in Manaus, Brazil, January 14, 2021. REUTERS/Bruno Kelly Foto: BRUNO KELLY / REUTERS
Priscila Carvalho, 31, reacts outside the 28 de Agosto hospital where her father is hospitalized, amid the coronavirus disease (COVID-19) outbreak in Manaus, Brazil, January 14, 2021. REUTERS/Bruno Kelly Foto: BRUNO KELLY / REUTERS

MANAUS – Praticamente lotados, os hospitais públicos de Manaus retendo macas de ambulâncias e cilindros do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para poderem receber mais pacientes com Covid-19. A medida, porém, afeta a capacidade do serviço de fazer o transporte de pacientes na cidade. De acordo com o diretor do Samu em Manaus, Rui Abrahim. Das 25 ambulâncias que operam em Manaus, 10 estão paradas, segundo ele.

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Hoje, uma ambulância do Samu chegou ao hospital 28 de Agosto, um dos maiores do estado, para transportar um paciente com Covid-19 em estado grave. Ao chegar no local, o condutor da ambulância, Sidney Albuquerque, 48, foi informado de que a maca do automóvel deveria ficar no hospital. Do contrário, não haveria como acomodar o paciente na unidade.

— Isso está acontecendo o dia todo. A gente vem deixar os pacientes, mas a maca fica. Isso prejudica o nosso trabalho porque a ambulância fica inoperante até que uma nova maca seja disponibilizada — afirmou Albuquerque.

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Ruy Abrahim afirma que a retenção das macas reflete o quadro da saúde no Amazonas.

— Eles precisam ficar com as macas porque, sem isso, não teriam como receber o paciente. Estão ficando até com o nosso cilindro de oxigênio. A gente tem alguns em estoque, mas não são para atender as pessoas por muito tempo. É só para o transporte. Sem maca e cilindro uma ambulância não é nada — explica o diretor.

Manaus vive o segundo pico da Covid-19 e o sistema de saúde do estado e da capital estão sobrecarregados. Na quinta-feira, o estado registrou 258 internações em um único dia, o maior número desde o início da pandemia. Nas últimas 24 horas, foram registrados 3.816 novos casos da doença segundo a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas. A taxa de ocupação dos leitos de UTI destinados a pacientes com Covid-19 está em 90%.

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A situação fez com que o Ministério da Saúde e o Ministério da Defesa iniciassem a remoção de pacientes com a doença para seis outros estados. As transferências começaram nesta sexta-feira, mas ainda não surtiram o efeito desejado, que é abrir vagas suficientes para atender o fluxo de novos pacientes.

A situação no estado é considerada tão grave que, na quinta-feira, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), decretou toque recolher entre as 19h e 6h, proibindo a circulação de pessoas nesse horário, exceto daquelas envolvidas em atividades consideradas essenciais à vida.