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Doodle do Google homenageia a escritora Carolina Maria de Jesus, que completaria 105 anos neste 14 de março

Escritora mineira viveu em São Paulo, onde publicou um de seus livros mais famosos, "Quarto de despejo", traduzido para mais de dez idiomas
Carolina Maria de Jesus autografa o livro "Quarto de Despejo", durante participação no I Festival do Rio Foto: Foto Arquivo / Agência O Globo
Carolina Maria de Jesus autografa o livro "Quarto de Despejo", durante participação no I Festival do Rio Foto: Foto Arquivo / Agência O Globo

RIO — A escritora mineira Carolina Maria de Jesus, se estivesse viva, completaria 105 anos nesta quinta-feira, dia 14 de março. Ela foi homenageada pelo Doodle do Google.

Doodle do Google em homenagem à escritora Carolina de Jesus Foto: Reprodução
Doodle do Google em homenagem à escritora Carolina de Jesus Foto: Reprodução

Um de seus livros mais conhecidos, "Quarto de despejo" foi traduzido para mais de dez idiomas. Sua obra e vida, por outro lado, poderia ser mais conhecida em seu próprio país.Nascida em 1914, em Sacramento, Minas Gerais, ela começou a estudar aos 7, aprendeu a ler e escrever, mas teve que deixar a escola no segundo ano. No fim da década de 1930, saiu de sua cidade natal e foi para São Paulo em busca de trabalho, onde, anos depois, passou a viver em uma favela e trabalhar como catadora. A partir de materiais como madeira e papelão, ergueu sua própria casa.

— É uma mulher negra que nasce em uma condição muito humilde, como tantas outras mulheres negras na época — pontua a historiadora Ynaê Santos, professora do CPDOC da FGV. — A grande importância dela é que, apesar e por estar nessa condição de marginalização e ter estudado pouco, consegue transformar seu cotidiano em um livro, em diversos escritos.

A mineira Carolina Maria de Jesus muou-se para São Paulo nos anos 1930. 29-07-1976 Foto: Arquivo / Agência O Globo
A mineira Carolina Maria de Jesus muou-se para São Paulo nos anos 1930. 29-07-1976 Foto: Arquivo / Agência O Globo

Carolina de Jesus, que era filha de pais analfabetos, escrevia muito. São mais de vinte cadernos em que narra seu dia a dia, de onde morava e circulava. E, para Santos, um de seus maiores feitos é ter uma literatura que descreve temáticas pouco valorizadas na literatura brasileira.

"Quarto de despejo", publicado em 1960, por exemplo, retrata em primeira pessoa seu cotidiano. Há ainda outras obras publicadas, como "Casa de alvenaria", "Pedaços de fome" e "Provérbios".

— É uma escritora brasileira que consegue publicar um livro, que ganha notoriedade significativa fora do país, traduzido em várias línguas, e que tem uma contribuição significativa para a literatura, que é falar sobre personagens e dinâmicas que muitas vezes os autores, que em sua maioria são de elite, não contemplam.

Após sua morte, em 1977 por conta de uma insuficiência respiratória, outros livros foram publicados, como "Diário de Bitita".