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Duas espécies de corujas, já ameaçadas de extinção, são descobertas no Brasil

A corujinha-do-xingu recebeu o nome científico de Megascops stangiae em homenagem à ativista Irmã Dorothy Mae Stang, que atuou na preservação do meio ambiente e defendeu a população na área do Xingu desde 1960, até ser assassinada em 2005
Corujinha-do-xingu (Megascops stangiae) à esquerda e corujinha-de-alagoas (Megascops alagoensis) à direita Foto: Kleiton Silva (esquerda) / Gustavo Malacco (direita)
Corujinha-do-xingu (Megascops stangiae) à esquerda e corujinha-de-alagoas (Megascops alagoensis) à direita Foto: Kleiton Silva (esquerda) / Gustavo Malacco (direita)

RIO — Duas espécieis de pequenas corujas foram descobertas por pesquisadores brasileiros e estrangeiros na Amazônia e em áreas de Mata Atlântica no Nordeste. Elas já são, contudo, consideradas como ameaçadas de extinção.

“Nem mesmo ornitólogos profissionais que trabalharam com corujas por toda a vida concordariam com o número real de espécies encontradas neste grupo, então um estudo como o nosso é esperado há muito tempo”, afirmou, em comunicado do Field Museum em Chicago, o brasileiro Alexandre Luis Padovan Aleixo, chefe da equipe responsável pela pesquisa e curador de aves no Museu Finlandês de História Natural da Universidade de Helsinque.

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Uma das corujas novas, apelidada de corujinha-do-xingu, recebeu o nome científico de Megascops stangiae , em homenagem à ativista Irmã Dorothy Mae Stang, defensora do meio ambiente e da população da área do Xingu, que foi morta em 2005.

Conforme os autores do estudo escreveram na pesquisa, publicada em 26 de março no periódico "Zootaxa", Dorothy Stang atuava como líder naquela região desde a década de 1960, "até ser brutalmente assassinada por fazendeiros em Anapú, no Estado do Pará".

Corujinha-do-xingu (Megascops stangiae) vive na Amazônia Foto: Kleiton Silva
Corujinha-do-xingu (Megascops stangiae) vive na Amazônia Foto: Kleiton Silva

Segundo os pesquisadores, a corujinha-do-xingu costuma ficar tanto na vegetação rasteira quanto em meio às árvores. Durante o dia, se esconde dentro de buracos ou, frequentemente, é vista misturada em feixes de folhas caídas ao solo. Ela vive desde o nível do mar até cerca de 700 metros, como na Serra dos Carajás. Sua plumagem é marrom, que varia de castanho claro e escuro, caracterizada por listras em forma de espinha de peixe, com tonalidades alaranjada e amarelada, que podem ser diferentes em cada ave. Algumas podem apresentar um tom mais puxado para o vermelho. Pequenina, tem um comprimento de cerca de 30 mm e cauda de 90 mm, pesando aproximadamente 140 gramas.

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A segunda, chamada corujinha-de-alagoas, ganhou um nome científico que homenageia o Estado de Alagoas, onde foi registrada pela primeira vez em fevereiro de 2001: Megascops alagoensis . Segundo o estudo, o pesquisador Curtis A. Marantz fez, à época, uma gravação do som emitido pela ave usando um gravador de fita, que está disponível na Biblioteca Macaulay, nos EUA. E Alagoas também é o principal habitat que se tem conhecimento desta nova espécie.

Corujinha-de-alagoas (Megascops alagoensis) vive em áreas de Mata Atlântica Foto: Gustavo Malacco
Corujinha-de-alagoas (Megascops alagoensis) vive em áreas de Mata Atlântica Foto: Gustavo Malacco

A corujinha-de-alagoas vive em áreas de Mata Atlântica, sendo avistada ainda no Sul de Pernambuco. Ela costuma fica em meio à vegetação rasteira.

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"Dada a extensa fragmentação florestal na região, a espécie deve ser considerada em perigo crítico, junto com várias outras espécies de pássaros florestais localizadas lá encontradas", afirma o estudo.

Sua plumagem é comumente avermelhada nas partes superiores, com listras mais escuras nas costas e uma meia gola castanha. No peito, também aparecem listras vermelhas e finas, sem formar aquele desenho semelhante à espinha de peixe da corujinha anterior. Na parte da barriga, a tonalidade é mais puxada para o amarelo, com algumas manchas esbranquiçadas.