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Fósseis de 1,6 bilhão de anos atrás podem ser das plantas mais antigas do mundo

Descoberta na Índia pode redefinir cronologia da vida na Terra
Tomografia em raio X mostra alguns dos fósseis encontrados, com detalhes destacados Foto: Cortesia de Stefan Bengtson / REUTERS
Tomografia em raio X mostra alguns dos fósseis encontrados, com detalhes destacados Foto: Cortesia de Stefan Bengtson / REUTERS

WASHINGTON - Fósseis escavados na Índia, de 1,6 bilhão de anos atrás, podem ser as mais antigas plantas de que se tem notícia até hoje. Com aparência de algas vermelhas, os objetos escavados podem levar os cientistas a ter que redefinir a cronologia do surgimento das primeiras linhagens de seres multicelulares na Terra.

Cientistas descreveram, nesta terça-feira, os minúsculos e multicelulares fósseis como dois tipos de algas vermelhas, que viviam em um ambiente marinho raso, ao lado de grupos de bactérias. Até agora, as plantas mais antigas de que se tem notícia datam de 1,2 bilhão de anos atrás, encontradas no Oceano Ártico, perto do Canadá.

As algas vermelhas são um tipo primitivo de plantas que hoje se desenvolvem em ambientes marinhos, como corais, mas também podem ser encontrados em ambientes de água doce. Um tipo desta alga, conhecida como nori, é um dos ingredientes mais usados para fazer sushi.

— Nós quase poderíamos ter tido sushi a 1,6 bilhão de anos atrás — brinca a geobióloga Therese Sallstedt, do Museu de História Natural da Suécia, uma das autoras do estudo publicado no periódico "PLOS Biology".

A Terra foi formada há cerca de 4,5 bilhão de anos atrás. Há evidências que indicam que a vida apareceu primeiro na forma de bactérias marinhas há cerca de 3,7 a 4,2 bilhão de anos. Apenas muito tempo depois plantas e animais apareceram no mar.

— As plantas têm um papel chave na vida na Terra, e nós mostramos que elas eram consideravelmente mais antigas do que sabíamos, o que tem um efeito no nosso entendimento do momento em que formas avançadas de vida apareceram na cena evolutiva — completa Sallstedt.

Os fósseis foram encontrados em pedras sedimentárias ricas em fosfato em Chitrakoot, região central da Índia. Um tipo deles contém formações celulares internas que parecem ser parte de uma estrutura para a fotossíntese — o processo usado pela plantas para converter a luz em energia química.

Neste período, as superfícies da Terra eram em grande parte estéreis, a vida era sobretudo macrobiana e o oxigênio estava disponível em 1 a 10% dos níveis atuais, segundo apontou o co-autor do estudo Stefan Bengtson.

Os fósseis também representam os organismos multicelulares avançados mais antigos na ampla categoria dos chamados eucariotes, que inclui plantas, fungos e animais.