Brasil Coronavírus

Coronavírus não é transmitido na gestação, dizem pesquisas

Cientistas também desconhecem casos de contágio durante parto ou amamentação, mas reconhecem carência de estudos
Cientistas não conhecem casos de transmissão vertical de coronavírus Foto: Pixabay
Cientistas não conhecem casos de transmissão vertical de coronavírus Foto: Pixabay

RIO — O novo coronavírus assombra o planeta, mas ainda não há registros de sua transmissão vertical — ou seja, o contágio de um bebê pela mãe durante a gestação, no parto ou pela amamentação.

Compartilhe por WhatsApp : clique aqui e acesse um guia completo sobre o coronavírus

— Não há comprovação de que o vírus passe da mãe para a criança. A transmissão é respiratória, e não pelo sangue — explica Geraldo Duarte, membro da Comissão de Infecção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). — Mesmo as mães com suspeita da doença podem amamentar, desde que tomem cuidados como lavar as mãos e colocar a máscara.

Leia mais: O GLOBO anuncia ações inéditas para reforçar divulgação de informações sobre coronavírus

Duarte destaca que também não havia transmissão vertical entre os outros coronavírus que provocaram epidemias, como o da Síndrome Respiratória Aguda Grave ( Sars ) e da Síndrome Respiratória do Oriente Médio ( Mers ). São casos diferentes de outros vírus, como o HIV, em que há risco de contágio do bebê pela mãe.

O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF-Fiocruz) lançará na semana que vem um informativo sobre cuidados com coronavírus para gestantes, da prevenção até os principais sinais e sintomas da infecção.

Para José Paulo Pereira Júnior, gestor da Área de Atenção à Saúde da Gestante da entidade, é preciso dialogar com a mãe sobre como será sua interação com o recém-nascido, caso ela esteja infectada pela Covid-19.

— Deve-se conversar com a gestante, antes do trabalho de parto, sobre a necessidade de se afastar do filho até que ela tenha exames que apontem resultado negativo para coronavírus — pondera. — A mãe não quer ver seu bebê isolado, mas precisa entender que estamos lidando com uma doença nova e que sabemos muito pouco sobre ela.

Pereira Júnior pondera que, até agora, houve apenas dois estudos expressivos sobre transmissão vertical, ambos realizados na China, mas que com amostras muito pequenas de bebês. Os levantamentos analisaram mulheres que manifestavam sintomas relacionados ao coronavírus, como febre e pneumonia. Houve registro de partos prematuros, mas os exames de biologia molecular não confirmaram a presença do novo coronavírus em nenhum dos bebês.

Todos abrangeram a fase final da gravidez e constataram que não houve contágio dos recém-nascidos. Os partos foram realizados por cesárea. As pesquisas não contemplaram casos de parto normal.