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DF suspende aulas, eventos e manifestações por 5 dias por causa do coronavírus; guia especial mostra como se proteger

Brasil tem 69 casos confirmados da doença
Profissionais de saúde usam máscara nos corredos da Santa Casa de Barra Mansa, onde foi diagnosticado o primeiro caso de coronavírus do Rio de Janeiro Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Profissionais de saúde usam máscara nos corredos da Santa Casa de Barra Mansa, onde foi diagnosticado o primeiro caso de coronavírus do Rio de Janeiro Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

RIO — O governo do Distrito Federal vai suspender aulas, eventos fechados e autorizações para manifestações em espaços públicos por cinco dias a partir desta quinta-feira (12) devido ao novo coronavírus. A medida será assinada ainda nesta quarta-feira pelo governador Ibaneis Rocha e deve ser publicada em edição extra do Diário Oficial. Ele afirma que o protesto contra o Congresso, endossado pelo presidente está entre as aglomerações que não serão autorizadas, o que significa que não haverá reforço de segurança pela Polícia Militar, por exemplo.

- Não é contra o Bolsonaro, quero deixar bem claro. Mas é a favor da situação que foi criada. Quem quiser ir para a rua se manifestar, pode ir, mas não é seguro - disse Ibaneis ao GLOBO.

Ibaneis afirma tomar a medida até que seja compreendido o impacto da declaração do novo coronavírus como uma pandemia. Ele afirma que por ser capital do país e ter um PIB elevado, Brasília tem muitas pessoas que retornaram de viagens recentes ao exterior, o que justifica a cautela.

- A priori, são cinco dias, até que possamos entender o que significa a declaração de pandemia pela Organização Mundial de Saúde. Brasília é uma cidade com PIB elevado e com muitas pessoas indo e vindo do exterior - afirmou o governador.

O número de casos confirmados do novo coronavírus (Sars-CoV-2) no Brasil subiu para 69. Acompanhe o noticiário sobre a doença e saiba como se proteger no guia especial do GLOBO.

Veja mais : OMS decreta pandemia mundial por novo coronavírus

Vírus é 'letal' a sistema público de saúde

Em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o vírus, embora não mate a maioria das pessoas infectadas, apresenta uma "letalidade" em relação ao sistema de saúde.

Assim, afirmou que tem conversado com os secretários de saúde dos estados e municípios e com os hospitais para que eles estejam preparados.

— O vírus é extremamente duro, e ele derruba o sistema de saúde. Se ele não tem uma letalidade individual elevada, ele tem uma letalidade ao sistema de saúde — disse Mandetta.

Ele fez críticas tanto à rede privada como à pública de saúde. Ele criticou, por exemplo, o hospital privado que pediu ao governo do Distrito Federal a transferência da paciente com o novo coronavírus:

— Vergonha um hospital privado não olhar e falar: eu não tenho condições de tratar uma pneumonia. Não merecia nem ter a placa de hospital, porque una pneumonia é uma patologia universal, e os cuidados estão muito bem determinados.

Depois, disse que usou esse episódio para pedir algumas medidas à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS):

— Eu imediatamente entrei em contato com a Agência Nacional de Saúde. A agência baixou uma resolução que todos os planos de saúde vão fazer a cobertura nos casos de necessidade de exame e necessidade de internação. E toda a rede privada deve neste momento fazer seu cenário e se preparar. Eles têm 50 milhões de pessoas com plano de saúde no país.

Quando à rede pública, o ministro reclamou dos planos de contingência feitos por alguns estados para enfrentar o novo coronavírus:

— Orientamos todos os secretários de saúde. Organizem as suas redes hospitalares. O momento é de rever os planos de contingência. Tem estado que pegou, fez "ctrl+c, ctrl+v" do que foi feito no H1N1 (gripe suína, em 2009).

Ele afirmou que este também é o momento de discutir a conveniência de cirurgias eletivas, aquelas que podem ser agendadas. Disse ainda para os estados analisarem os critérios de admissão e permanência nos leitos de terapia intensiva.

— Esses leitos são preciosos. Estejam preparados, porque, se tiver uma espiral de casos, podem ser necessários — afirmou o ministro.

Ele afirmou ainda que hoje não há motivo para cancelar grandes eventos, mas não descartou que essa medida possa vir a ser adotada, dependendo da evolução da epidemia no Brasil. O ministro afirmou ainda que mandou levantar o calendário dos eventos que vão ser realizados nos estados.

E disse ainda que estuda algumas medidas para adotar em algum momento, como, por exemplo, recomendar que pessoas acima de 60 anos ou com doenças crônicas evitem contato social, uma vez elas são as mais vulneráveis.

Outra possível medida futura é incentivar horários alternativos no trabalho, inclusive com serviço em casa e reuniões virtuais. Ele também afirmou ser necessários disciplinar a questão dos atestados médicos e faltas ao trabalho, o que poderia ser feito pelo Congresso.

Paciente do DF segue em estado grave

Segundo boletim médico divulgado na tarde desta quarta-feira pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal, a paciente de 52 anos segue internada em isolamento na UTI do hospital público de referência.

O estado dela continua grave, contando ainda com "suporte ventilatório e hemodinâmico", ou seja, aparelhos a ajudam na respiração e circulação do sangue.

A mulher de 52 anos viajou pela Inglaterra e a Suíça. "Ela apresenta síndrome respiratória aguda severa, com melhora discreta do quadro respiratório, afebril, e tem comorbidades [outras doenças], que agravam o quadro clínico", diz o boletim.