Saúde Coronavírus

Coronavírus: governador de Nova York declara quarentena em todo o estado

Apenas trabalhadores tidos como essenciais serão autorizados a deixar suas residências; estado concentra 40% dos casos de Covid-19 nos EUA
O governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo Foto: David Dee Delgado / AFP
O governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo Foto: David Dee Delgado / AFP

NOVA YORK — O governador de Nova York , Andrew Cuomo , apresentou nesta sexta-feira uma ordem executiva determinando o isolamento dos 19 milhões de moradores do estado, onde o número de casos do novo coronavírus cresceu 750% desde o início da semana.

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O governador nova-iorquino classificou a ordem executiva como "shelter in place", uma expressão utilizada em casos de tiroteio em massa ou ataques nucleares hipotéticos para que a população se abrigue em um local seguro.

— Palavras importam — afirmou Cuomo, justificando a escolha do procedimento.

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O decreto de Cuomo também estabelece que empregadores mantenham funcionários não essenciais à sociedade em casa e fechem estabelecimentos que não sejam cruciais para a população. Além disso, bane qualquer aglomeração de indivíduos de qualquer tamanho ou natureza.

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Além disso, residentes com mais de 70 anos ou com doenças que se enquadram no chamado grupo de risco da Covid-19 só serão autorizados a deixar suas casas para exercícios solicitários. Eles também não poderão participar de reuniões familiares com múltiplas pessoas.

— Essa é a ação mais drástica que podemos tomar. Permaneçam dentro de casa — declarou Cuomo em uma coletiva de imprensa. — Precisamos que todos permaneçam em segurança. Do contrário, ninguém estará seguro.

Segundo números do jornal americano New York Times, o estado de Nova York soma 5.600 contágios confirmados do novo coronavírus. O contingente representa 40% dos casos do novo coronavírus nos Estados Unidos — ao todo, ainda segundo a publicação, são mais de 12 mil casos nacionalmente. Proporcionalmente, NY representa apenas 6% da população americana.

As medidas anunciadas por Cuomo são as mais drásticas anunciadas para os nova-iorquinos até o momento. Entregadores de comida e agentes de trânsito estão entre as profissões tidas como essenciais, segundo o governador.

Apenas na cidade de Nova York, quase 4 mil casos foram reportados e 26 pessoas vieram a falecer em decorrência do novo vírus, segundo anunciou o prefeito, Bill de Blasio, em entrevista à emissora MSNBC.

Califórnia decretou quarentena

Na noite de ontem, o governador da Califórnia , Gavin Newsom, ordenou que todos os californianos permaneçam em casa, impondo restrições aos 40 milhões de residentes do maior estado dos Estados Unidos, que já registrou 19 mortes e 958 testes positivos por causa de Covid-19. Considerando a população de Nova York, são quase 60 milhões de pessoas orientadas a permanecer dentro de casa nos EUA.

— Precisamos achatar a curva — disse Newsom, em referência à expressão que tem sido usada para distribuir os novos casos ao longo do tempo, de modo a evitar o sobrecarregamento dos sistemas de saúde.

Newson também pediu ao Congresso americano US$ 1 bilhão em fundos federais para apoiar a resposta médica do estado ao novo coronavírus.

Em uma carta enviada ao Congresso, o governador da Califórnia disse que é indispensável que o governo federal emita recursos para ajudar o estado a adquirir respiradores e outros suprimentos médicos, a ativar hospitais e pôr em funcionamento unidades médicas.

Uma projeção da Universidade John Hopkins motivou o governador a tomar a decisão, ele disse. Segundo o estudo, metade dos californianos vá se infectar pelo novo vírus corona, disse o governador.

"A ruptura econômica causada por essa crise de saúde pública terá efeitos imediatos e devastadores em todo o país, incluindo muitas famílias na Califórnia", escreveu Newsom. "A magnitude desta crise é extraordinária e a coordenação do governo federal, estadual e local será mais crucial do que nunca."

Todas as academias de ginástica, restaurantes, bares e boates serão fechados, de acordo com a ordem. Já serviços serviços essenciais, como farmácias, supermercados, restaurantes de comida para viagem e bancos e bancos continuarão abertos. Outra exceção serão aqueles que precisarem viajar.

Espera-se que o confinamento reduza a propagação do vírus e impeça que os hospitais fiquem lotados por pacientes doentes. O governador não detalhou como obrigará os cidadãos a cumprirem a ordem.