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Ministério volta atrás e divulga protocolo da cloroquina assinada por responsáveis; ministro interino não assina documento

Na quarta-feira, pasta publicou documento sem assinatura de responsáveis e informou que isso não era necessário
Cloroquina Foto: Getty Images
Cloroquina Foto: Getty Images

BRASÍLIA - Um dia depois de divulgar novo protocolo da cloroquina sem assinatura de responsáveis e informar que isso não era necessário, o Ministério da Saúde voltou atrás e inseriu a assinatura de funcionários do órgão. Na quarta-feira, quando o documento foi divulgado, o ministério se contradisse em relação à necessidade de assinatura do documento. Nesta quinta-feira, porém, uma nova versão do documento foi divulgada, agora com a assinatura de sete secretários da pasta. O ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello, porém, não assina o documento.

Na entrevista coletiva realizada na quarta-feira sobre o novo protocolo, o secretário-executivo da pasta, Élcio Franco, foi questionado sobre a falta de assinatura no documento, uma vez que o protocolo anterior, de abril, tinha mais de 15 assinaturas de médicos e funcionários do ministério.

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Élcio Franco disse, na ocasião, que a assinatura dos responsáveis pelo protocolo seria inserida no documento até o final do dia de ontem.

-  O documento, ele está, sim, assinado e convalidado por todos os secretários e, se ainda não estar, vai estar em breve, em alguns minutos, acredito, disponibilizado na página do ministério, com a assinatura de todos os secretários. No momento que os secretários assinam, eles estão convalidando as informações que lhe foram passadas, trabalhadas, discutidas para a construção do conhecimento na elaboração desse documento - disse Élcio Franco.

Mais tarde, no entanto, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, por meio de nota à imprensa, disse que o documento não seria assinado.

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"Por ser uma publicação com orientações de várias áreas do Ministério da Saúde, assim como outros documentos, não há necessidade de assinatura", disse a nota.

Nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde voltou atrás, mais uma vez, e divulgou outra nota afirmando que o documento seria divulgado, agora, com uma versão assinada por funcionários do órgão.

"O Ministério da Saúde informa que o tema (o protocolo) vinha sendo discutido no âmbito do Ministério da Saúde por seu corpo técnico. Para deixar clara a participação e o envolvimento de todas as secretarias, os titulares das pastas assinaram o documento ainda na quarta-feira (20)", disse a nota.

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Ao todo, sete secretários assinam o documento. Desses, quatro são secretários substitutos, pois os titulares foram exonerados ou deixaram os cargos durante o processo de transição que se iniciou com a saída de Henrique Mandetta e que não foi concluído durante curta gestão de Nelson Teich.

O novo protocolo do Ministério da Saúde foi publicado na quarta-feira recomendando o uso de medicamentos à base de cloroquina no tratamento de pacientes da Covid-19 com sintomas leves. Até então, a orientação do governo era que a cloroquina só deveria ser usada em pacientes graves e críticos.

O novo protocolo ampliando o uso do medicamento foi divulgado após dois ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, deixarem o posto em meio a pressões do presidente Jair Bolsonaro por uma posição favorável do ministério em relação ao medicamento.

Segundo o próprio ministério, não há evidências científicas "robustas" para a indicação de remédios para a Covid-19.