Brasil

Gilette é ameaçada de boicote após criticar 'masculinidade tóxica' em comercial

Ativistas e publicações de direita afirmam que filme publicitário, feito em apoio ao 'Me Too', insinua que maioria dos homens é composta de assediadores sexuais; veja o vídeo
Vídeo publicitário tem mais de 83 mil visualizações e 8,5 mil curtidas no Youtube Foto: Reprodução
Vídeo publicitário tem mais de 83 mil visualizações e 8,5 mil curtidas no Youtube Foto: Reprodução

LONDRES — Uma nova propaganda da Gilette virou alvo de publicações de direita e "ativistas pró-direitos dos homens" nos Estados Unidos por apoiar o movimento “Me Too” e criar uma discussão sobre o conceito de "masculinidade tóxica". No anúncio, em vez de afirmar “o melhor que um homem pode conseguir” — slogan de 30 anos da marca —, uma voz pergunta: “Esse é o melhor que um homem pode conseguir?”

Lançado no último domingo, o vídeo tem mais de 83 mil visualizações e 8,5 mil curtidas no Youtube. Nos comentários, muitos usuários chegam a dizer que nunca mais vão comprar uma lâmina da Gillette.

O filme publicitário, com duração de dois minutos, traz clipes de reportagens sobre o "Me Too", assim como imagens mostrando situações de sexismo em produções cinematográficas, em salas de reuniões e a violência entre meninos. Também chama a atenção de homens quando dizem coisas sexualmente inapropriadas na rua.

— Acreditamos no melhor dos homens: dizer a coisa certa, agir da maneira certa. Alguns já fazem, em grande ou pequeno escopo. Mas outros, não. Os garotos que assistem a isso hoje serão os homens de amanhã — diz o narrador do comercial.

Em certo momento, uma outra voz no vídeo pergunta:

— Bullying, o movimento "Me Too" contra assédio sexual e a masculinidade tóxica... Isso é o melhor que um homem pode conseguir?

Críticas sobre 'falsas suposições'

O filme tem gerado amplo debate e várias críticas. Entre as objeções, estão o fato de que o vídeo implicaria que a maioria dos homens é composta de assediadores sexuais ou violentos. Outros discordaram do anúncio por ter sido dirigido por uma mulher.

A revista de extrema direita “The New American” atacou a mensagem do filme publicitário, dizendo que ele “reflete várias falsas suposições”. A publicação acrescenta, ainda, que “os homens são o sexo mais selvagem, responsáveis por sua periculosidade — mas também por seu dinamismo”.

Outro crítico foi o teórico da conspiração e a figura de extrema direita Paul Joseph Watson. Ele chegou a acusar a Gillette de insinuar seus clientes como "pretensos abusadores sexuais".

Empresa defende 'nova masculinidade'

A Gilette informou que o anúncio é parte de uma iniciativa mais ampla da marca de promover “versões positivas, atingíveis, inclusives e saudáveis do que significa ser um homem.”

— De hoje em diante, nós nos comprometemos a desafiar ativamente os estereótipos e as expectativas do que significa ser um homem em todos os lugares em que você vê a Gilette — disse a empresa, em um comunicado em seu site.

A marca se comprometeu, ainda, a doar US$ 1 milhão por ano, durante um triênio, para organizações sem fins lucrativos com programas projetados para “inspirar, educar e ajudar” homens de todas as idades a alcançar o seu melhor, tornando-se “modelo para a próxima geração”.