Brasil Meio Ambiente

Desmatamento na Amazônia cresceu 14% em dezembro, aponta Inpe

Números superaram índice do mesmo período em 2019; dados fechados de 2020 indicam segundo pior ano da série histórica do sistema Deter
Área desmatada perto de Sinop, Estado de Mato Grosso, Brasil, em agosto de 2020 Foto: Florian Plaucheur / AFP
Área desmatada perto de Sinop, Estado de Mato Grosso, Brasil, em agosto de 2020 Foto: Florian Plaucheur / AFP

RIO — Dados do Instituto Nacional de Estudos Espaciais (Inpe) indicam um aumento de 14% nos alertas de desmatamento na Floresta Amazônica em dezembro de 2020, em comparação com o mesmo período em 2019. Foram 216km² de áreas de mata devastadas, segundo o sistema Deter.

Clima : Ano de 2020 empata com 2016 como mais quentes da História no mundo

Ao todo, com os números de janeiro a dezembro fechados, o Inpe mapeou um desmatamento de 8.426km² no bioma no ano passado. Trata-se do segundo pior índice do Deter, que começou a operar em 2015, perdendo apenas para 2019, ano em que o desmatamento e as queimadas na Amazônia repercutiram em todo o mundo. Foi também o primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, que acena para a exploração da Amazônia. Na ocasião, foram 9.178 km² desmatados.

Os dados históricos do Inpe indicam que os dois últimos anos ficaram muito acima da média registrada entre 2016 e 2018, quando o desmate foi de 4.845 km². Levando em conta os números de 2019 e 2020, os dados saltam para 8.802 km², um crescimento acima de 80%.

Meio ambiente : Ao STF, MMA defende que Salles não seja punido pela frase 'passar a boiada

Os piores números de desmatamento em dezembro foram registrados no ParÁ (100,1 km²), Mato Grosso (71,4km²), Rondônia (26,3 km²) e Roraima (7,8 km²). Além desses estados, o Amazonas registrou 6 km² de áreas desmatadas e o Maranhão, 3,3km².

Em comunicado distribuído à imprensa, o secretário-executivo da ONG Observatório do Clima, Marcio Astrini, afirma que os índices são resultado direto das políticas adotadas pelo atual governo na área do meio ambiente.

“Bolsonaro tem dois anos de mandato e os dois piores anos de Deter ocorreram na gestão dele. As queimadas, tanto na Amazônia quanto no Pantanal, também cresceram por dois anos consecutivos. Não é coincidência, mas sim o resultado das políticas de destruição ambiental implementadas pelo atual governo”, disse Astrini na nota.

Em novembro, o Inpe divulgou os dados do sistema Prodes, que trabalha com imagens de maior resolução do que o Deter e é atualizado anualmente, referentes ao período entre agosto de 2019 e agosto de 2020. Nesse intervalo, o desmatamento foi de 11.088km² , o equivalente a nove vezes o município do Rio e o maior patamar do histórico do Prodes desde 2008.