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Novo ministro diz que vai entregar resultados na Educação sem gastar mais

Ao tomar posse nesta terça-feira, Abraham Weintraub afirmou que quer 'acalmar os ânimos'
O presidente Jair Bolsonaro dá posse ao ministro de Educação, Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub Foto: Jorge William / Agência O Globo
O presidente Jair Bolsonaro dá posse ao ministro de Educação, Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub Foto: Jorge William / Agência O Globo

BRASÍLIA - Em cerimônia de posse nesta terça-feira, o novo ministro da Educação, Abraham Weintraub , afirmou que quer “acalmar os ânimos”, ressaltou que tem capacidade técnica para assumir a pasta e disse que vai entregar os resultados esperados para melhorar a educação do país sem aumento de gastos. Ao elencar seus objetivos, resumiu:

- Entregar o que foi prometido no plano de governo, bem sucintamente, mas com o mesmo que a gente já gasta - afirmou Weintraub.

Segundo ele, o Brasil gasta muito em comparação com o Produto Interno Bruto (PIB), mas fica nos piores lugares nos testes internacionais, como o Pisa.

- Se o Brasil tem uma filosofia de educação tão boa (…), Paulo Freire é uma unanimidade, por que a gente tem resultados tão ruins comparativamente a outros países? A gente gasta em patamares do PIB igual aos países ricos.

De fato, segundo dados do Tesouro Nacional, o país investe 6% do PIB em educação pública por ano — índice superior à média da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Mas quando se analisa o investimento por aluno, a cifra é metade do praticado nas nações do grupo. Weintraub, no entanto, não entrou nesse detalhe.

O novo ministro da Educação, que já pregou o combate contra o que chama de “marxismo cultural” nas universidades federais, afirmou que não é um “radical”. Weintraub disse que estará “aberto ao diálogo”, desde que sejam respeitadas a “vida” e a “integridade física” nas discussões.

- Não sou radical, sou aberto ao diálogo, o que você não pode é descumprir a lei, não pode pregar a violência e esperar a tolerância. Enquanto você não ameaçar a vida e a integridade física de ninguém, estou sempre aberto ao diálogo - disse o novo ministro.

Weintraub se apresentou como um perfil diferenciado no cargo de ministro da Educação, dizendo que, nos últimos 16 anos, foram 11 ministros, dos quais 65% tinham filiação partidária e que ele não tem. Em outra estatística, apontou uma semelhança, ao ressaltar que 70% dos ex-ministros no período analisado eram professores universitários:

- Exatamente o que eu sou.

A menção à carreira acadêmica na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), uma “universidade bem renomada”, foi ressaltada por Weintraub para reforçar que tem capacidade de gestão, ao rebater indiretamente declarações de analistas que se mostraram preocupados com a falta de experiência do novo ministro na área educacional.

- (Quero) acalmar os ânimos, mostrar que eu tenho capacidade de gestão para entregar os resultados. A gente vai chegar lá - afirmou.

Bolsonaro preocupado com MEC

Weintraub listou elogios a Ricardo Vélez Rodríguez, demitido da pasta e ausente da cerimônia, chamando-o de “inteligente” e “amável”. O presidente Jair Bolsonaro, em discurso após o pronunciamento do novo ministro, não citou Vélez e disse sempre ter tido "extrema preocupação" com o MEC.

- Sempre houve uma extrema preocupação com esse ministério em si. Eu tive sorte no passado (… de) ter uma educação pública. E com o passar do tempo foi se invertendo essa questão. A boa educação passou a vir de escolas privadas. E, hoje, muitas privadas até deixam a desejar no tocante a isso daí - declarou.

Bolsonaro contou ter escolhido o então secretário-executivo da Casa Civil, o segundo cargo mais importante do ministério, depois de analisar mais de dez "bons currículos". Segundo ele, Weintraub não tinha deficiência ou era melhor em cada um dos pré-requisitos para ocupar o cargo.

O presidente disse ter conhecido o novo ministro em 2017, quando era deputado federal. Na ocasião, o então pré-candidato ao Palácio do Planalto deu ao economista a missão de organizar uma viagem com ele, seu irmão, Onyx e os três filhos de Bolsonaro para a Ásia, passando por Japão, Coreia do Sul e Taiwan.

- Eu queria conhecer um pouco da educação desses povos - o Japão, especificamente, foi arrasado após a 2ª Guerra Mundial - e como chegaram à situação que se encontraram. Chegaram investindo maciçamente na educação. São países que são expoentes na questão da pesquisa, da ciência, da tecnologia e da inovação - declarou.

No início de sua fala, Bolsonaro emendou uma brincadeira feita pelo novo ministro, que disse que ser mais bonito que o irmão, o assessor-chefe adjunto do presidente.

- Eu não sei quem é o mais bonito, mas numa disputa do mais feio ia ser difícil decidir por um dos dois - afirmou Bolsonaro, dando risada. - A gente tem que manter a linha, né, pessoal ? Discurso e prática.

- O que a gente quer do Abraham como ministro da Educação é que ele faça dos nossos jovens, dos nosso filhos e netos, melhores que seus pais e avós (...) E eu sei que não lhe faltará empenho, dedicação patriotismo, entrega para atingir esse objetivo. E ele, assim como os demais ministros que estão aqui, tem carta branca para escolher todo o seu primeiro escalão, porque nós temos que, no final das contas, esperar que esse time da educação jogue pra frente - afirmou.

Ao fim do discurso, Bolsonaro disse que esperar que em 2022, último ano do seu mandato, a "garotada" do país não esteja ocupando os últimos lugares do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), aplicada a estudantes de 15 anos de idade e saiba fazer "uma regra de três simples" e interpretar textos.

- Nós queremos uma garotada que comece a não se interessar por política, como é atualmente dentro das escolas, mas comece realmente a aprender coisas que possa levá-la, quem sabe, ao espaço no futuro. É um sonho de garoto - acrescentou o presidente, exaltando o astronauta Marcos Pontes, ministro da Ciência e Tecnologia, que segundo ele "era uma febre no Brasil" quando participou de uma missão espacial.

Bolsonaro usou o exemplo da própria eleição para o Palácio do Planalto como exemplo de que, no Brasil, "todos têm chance de chegar ao local que porventura tenham delineado como seu objetivo". E disse ter certeza que Weintraub "atingirá o objetivo que a educação espera até o final de 1900, 2022", confundindo-se com as datas. Em seguida, dando risada, justificou que é do milênio passado.