Somada a uma tendência de queda da cobertura vacinal nos últimos anos em diversos países do mundo — em muitos deles influenciada por movimentos antivacina —, a pandemia de Covid-19 afastou ainda mais as pessoas das rotinas de imunização, fundamentais para prevenir enfermidades só evitáveis com vacinação. Além de causar o retorno de doenças já controladas e novos surtos, o abandono da prevenção pode, futuramente, sobrecarregar ainda mais sistemas de saúde que já estão no máximo de sua capacidade por conta da pandemia.
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Por conta desse risco, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançam a cartilha digital “Pandemia Covid-19: o que muda na rotina das imunizações”, neste sábado, dia 13 de junho, às 10h, em webinar gratuito (inscrições em imunizacaopratica.com.br ). O documento faz parte da campanha “Vacinação em dia, mesmo na pandemia”.
Voltada para médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, a cartilha reúne diretrizes para o planejamento e a organização das salas de vacinação , além da possibilidade de se fazer a imunização em locais alternativos para garantir o distanciamento social necessário. Ela também trata de estratégias de comunicação com a população e da segurança dos profissionais envolvidos na vacinação, com normas de vestuário e higienização. O download pode ser feito nos sites sbim.org.br e selounicef.org.br .
As principais vacinas para crianças e adultos
BCG
A vacina deve ser tomada em dose única, ao nascer. Ela protege contra tuberculose, sobretudo as formas graves, como tuberculose miliar (espalhada pelo corpo) e meningite tuberculosa.
HEPATITE B
O vírus da hepatite B pode provocar cirrose e câncer hepático. A vacina previne a infecção em dose única, tomada no momento do nascimento. Caso não seja vacinada com até 1 mês, a criança deve tomar a pentavalente, dada até os 6 anos de idade. Acima dos 7 anos, não se pode mais tomar a pentavalente, sendo recomendada a vacina de hepatite B, complementada pela dT.
PENTAVALENTE/DTP
Protegem contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas por Haemophilus influenzae tipo b (meningite, pericardite, pneumonia, artrite e osteomielite). São três doses, aos 2, 4 e 6 meses (penta), e reforços aos 15 meses e 4 anos (DTP).
VIP/VOP
Protegem contra a poliomielite. O poliovírus pode destruir as células nervosas da medula espinhal, levando à paralisia dos membros. Assim como a pentavalente, são três doses, aos 2, 4 e 6 meses, e dois reforços, aos 15 meses e 4 anos.
PNEUMOCÓCICA 10V
A vacina previne contra cerca de 70% das doenças graves em crianças, como pneumonia, meningite e otite, causadas por dez sorotipos de pneumococos. São doses aos 2 e 4 meses e um reforço aos 12 meses.
ROTAVÍRUS HUMANO
O rotavírus atinge o aparelho digestivo, destruindo a flora intestinal. A vacina é tomada em duas doses, aos 2 e 4 meses, e protege as crianças de terem diarreias graves, que podem levar à morte.
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MENINGOCÓCICA C
A vacina protege de uma bactéria que causa sepse (infecção generalizada) e meningite, inflamação da membrana que cobre o sistema nervoso central. A vacina deve ser tomada em duas doses, aos 3 e 5 meses, com reforço aos 12 meses.
FEBRE AMARELA
Previne a doença transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti em dose única, aos 9 meses, com reforço aos 4 anos. Se tomar acima de 2 anos, a dose é única. Idosos precisam consultar um médico.
HEPATITE A
A dose única é recomendada aos 15 meses, mas postos de saúde aplicam a vacina em todas as crianças de até 4 anos que não se vacinaram. Dos 5 anos em diante, a imunização só pode ser feita em clínicas particulares. Os adultos podem tomar duas doses, com intervalo de seis meses, porém apenas em clínicas privadas.
TRÍPLICE VIRAL
A dose única da vacina deve ser tomada com 1 ano de idade. É a primeira etapa de proteção contra o sarampo. Quem tomou essa dose tem uma imunização com eficácia de 93%. Ela também protege contra rubéola e caxumba. Quem não foi imunizado quando criança também precisa tomar a vacina, em duas doses, com intervalo de um mês entre elas. Mulheres que planejam ter filhos e nunca contraíram a doença, nem foram imunizadas, precisam tomar a vacina até 30 dias antes de começar a tentar engravidar. A partir dos 50 anos, não é mais necessário tomar a vacina.
TETRAVIRAL
A dose única deve ser tomada aos 15 meses, por crianças que tomaram a tríplice viral. Ela completa a imunização da tríplice viral e ainda é a primeira dose contra a varicela (catapora).
VARICELA (CATAPORA)
Em 2018, o Ministério da Saúde incluiu no calendário nacional uma segunda dose da vacina contra varicela (catapora), a ser tomada aos 4 anos. A primeira faz parte da tetra viral, e a segunda tem o objetivo de aumentar a proteção e prevenir surtos da doença em escolas.
INFLUENZA (GRIPE)
Deve ser tomada duas doses no primeiro ano de vida, a partir dos 6 meses, e uma dose anualmente, a partir de 1 ano de idade.
HPV
A vacina previne contra o câncer de colo do útero, causado sobretudo papilomavirus humano (HPV). O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina meninas e de 9 a 14 anos de idade, e meninos de 11 a 14, em duas doses, com intervalo mínimo de seis meses. Quem tem mais de 14 anos pode tomar na rede privada, em três doses.
MENINGOCÓCICA ACWY
Desde 2019, recomenda-se que o SUS tenha esta vacina contra sepse e meningite, de proteção mais ampla do que a meningocócica C.
PNEUMOCÓCICA 23V
A dose única é indicada para indígenas a partir de 5 anos de idade sem comprovação vacinal com as vacinas pneumocócicas conjugadas.
DUPLA BACTERIANA (DIFTERIA E TÉTANO) PARA ADULTOS, dT
Deve ser tomada dez anos depois da pentavalente, com reforço a cada dez anos.
TRIPLA BACTERIANA (DIFTERIA, TÉTANO E COQUELUCHE) PARA ADULTOS, dTpa
Oferecida para gestantes no SUS.
HERPES ZÓSTER
Oferecida apenas em clínicas privadas, é licenciada no Brasil para pessoas a partir dos 50 anos.