Um só planeta
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Por Selma Schmidt — Rio

Tragado pelo corre-corre de trabalhadores e o "anda e para" dos ônibus, o Centro do Rio deve ganhar nos próximos dias uma projeto para transformar em oásis uma área de 2,24 quilômetros quadrados. Em comemoração ao mês do meio ambiente, um decreto do prefeito Eduardo Paes, publicado no Diário Oficial nesta quarta-feira, lança a pedra fundamental do projeto. O ato vai regulamentar a iniciativa e definir ações da primeira fase, até 2024. O distrito deve estar totalmente implementado em 2030.

Para dar um respiro a trabalhadores e moradores da região, estão previstos a ampliação da malha cicloviária e da cobertura vegetal, o monitoramento da qualidade do ar, iniciativas de educação ambiental, o uso de veículos elétricos pela prefeitura, além do estímulo ao retrofit em vez da construção de prédios novos. Está sendo estudado ainda restringir o acesso de automóveis em algumas vias. Tudo voltado para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), que tem como principal componente o dióxido de carbono (CO2).

A região é delimitada pelas avenidas Beira Mar e Marechal Floriano, pelo Campo de Santana e pela Orla Conde. Mas, na etapa inicial, até 2024, um trecho piloto de 35 mil metros quadrados, ainda não definido pela prefeitura, receberá intervenções urbanas.

— Através de um decreto, lançamos um modelo de governança. E, a partir desse modelo estabelecido, a gente tem empoderamento para começar a mobilizar todos os atores envolvidos, a fim de trabalhar nesse distrito com essa pegada de baixa emissão — diz Jean Caris, subsecretário de Planejamento e Acompanhamento de Resultados da Secretaria municipal de Fazenda e Planejamento (SMFP). — Um lugar com menos emissão de carbono significa uma cidade mais compacta, mais eficiente, onde as pessoas conseguem se locomover sem a necessidade de uso de transporte, com mais segurança, mais acessibilidade, mais verde e mais conforto.

Reciclar em vez de construir prédios

O distrito está inserido no Reviver Centro, que estimula a ocupação residencial na região central. Segundo o secretário municipal de Planejamento Urbano, Washington Fajardo, das 17 licenças concedidas até agora pelo programa, 12 são para retrofit, ou seja, para reforma e reaproveitamento de edifícios.

— Há duas estratégias: descarbonizar o transporte público e descarbonizar a construção civil, com a reutilização de edificações. Isso significa fazer mais retrofit; aproveitar mais do que construir. O lema que todas as cidades adotam é: o edifício mais verde é o que já existe. Esse edifício já tirou os insumos da natureza. Reciclar um prédio é uma super reciclagem — observa Fajardo.

O secretário ressalta que não há intenção de ter um Centro sem carro, “fundamental para a vida econômica da região”, mas de restringir o acesso de veículos:

— Agora, temos que aumentar a malha cicloviária e estudar melhor essas áreas de restrição a acesso veicular. Têm ruas onde o carro é desnecessário; não faz sentido. Nelas, as pessoas estão a cinco minutos de um transporte público: VLT, metrô, trens, barcas. E as garagens subterrâneas no Centro ainda são subutilizadas.

Para ampliar a cobertura vegetal, cita Fajardo, está sendo avaliado, por exemplo, plantar árvores no canteiro divisório da Avenida Chile e novas mudas na Avenida Presidente Vargas. Implantar em calçadas os chamados jardins de chuva (bolsões de vegetação com a função de atenuar o impacto da vazão da água da chuva na rede de drenagem) e pavimentos mais drenantes (com maior capacidade de absorção de chuvas), e incentivar os “tetos verdes” nas edificações são outras medidas previstas.

Consultoria do Banco Mundial

O projeto é coordenado pelo Escritório de Planejamento da SMFP. E, para desenhar o distrito do Rio, foram analisados outros locais no mundo, como Londres e Medellin, onde a mesma solução foi desenvolvida em áreas centrais.

Entre as ações iniciais, está previsto para julho o início do processo de substituição de veículos locados pela prefeitura por uma frota elétrica. Será lançada licitação para contratação de 30 veículos para expediente e dez para representação. Na Comlurb, pelo menos quatro caminhões elétricos estarão funcionando até o fim do ano.

Estudos ocuparão ainda os técnicos nos primeiros anos de implantação do distrito. É o caso da estruturação de um plano de monitoramento, com a instalação de estações compactas para medir a qualidade do ar. De acordo com Jean Caris, está sendo acertado com o Banco Mundial uma consultoria técnica para a formulação da metodologia de medição e metas a serem atingidas. A expectativa do subsecretário é que as estações estejam funcionando no fim do primeiro semestre de 2023.

A ampliação da malha cicloviária, no trecho do distrito e arredores, já começou. Até o fim de 2022, a região terá 5,5 quilômetros de ligações cicloviárias, incluindo 2,3 quilômetros novos. Até 2024, será implantado mais 1,9 quilômetro.  Entre as vias que deverão receber ciclovias e ciclofaixas estão as ruas Uruguaiana, do Senado e Evaristo da Veiga, além da Avenida Chile.

Um dos parceiros da prefeitura na implantação do distrito é o Instituto de Políticas de Transportes e Desenvolvimento (ITDP Brasil), que, dentre outras propostas, delineou o plano cicloviário (Ciclo Rotas). Para Lorena Freitas, coordenadora de gestão da mobilidade do ITDP, ter um projeto com foco na mobilidade eficiente é um marco, mesmo que ele seja voltado para uma fatia da cidade:

— Se a gente consegue desenvolver uma ferramenta de planejamento bem estruturada para a área central, é possível que, com os devidos ajustes, ela seja considerada em outras regiões da cidade. Sem falar que ações implementadas num trecho, como o uso de veículos elétricos, podem impactar na redução das emissões no entorno, por onde eles circulam.

A criação do distrito atende ao compromisso do município em promover ruas verdes e saudáveis com a C40 (grupo mundial de cidades, que se juntou para tratar de questões climáticas). Ele está previsto nos planos Estratégico e de Desenvolvimento Sustentável e Ação Climática do Rio.

O que prevê o projeto da prefeitura

ÁREA TOTAL: Com 2,3 km2, o distrito é delimitado pelas avenidas Beira Mar e Marechal Floriano, pelo Campo de Santana e pela Orla Conde.

ÁREA INICIAL DAS INTERVENÇÕES: 35 mil metros quadrados, ainda não definidos pelos técnicos da prefeitura.

PISTAS PARA BICICLETAS: Em 2022, o distrito e arredores terão serão 5,5 quilômetros de ligações cicloviárias, incluindo 2,3 quilômetros novos. Até 2024, será implantado mais 1,9 quilômetro.  Entre as vias que deverão receber ciclovias e ciclofaixas estão as ruas Uruguaiana, do Senado e Evaristo da Veiga, além da Avenida Chile.

MONITORAMENTO: Até o fim do primeiro semestre de 2023, serão instalados equipamentos para medir gases e monitorar a qualidade do ar.

PLANTIO: Haverá plantio de mudas e ampliação de áreas verdes. Está sendo estudado plantar árvores na calçada que divide a Avenida Chile. A implantação de jardins de chuva e pavimentos mais drenantes também está prevista.

RESTRIÇÃO DE CARROS: Há estudo para limitar a circulação de veículos em algumas ruas e de um melhor aproveitamento de garagens subterrâneas.

VEÍCULOS ELÉTRICOS: Em julho, será lançada licitação para locação de 30 veículos elétricos de expediente e 10 de representação da prefeitura. Na Comlurb, pelo menos quatro caminhões serão elétricos até o fim de 2022.

CONSTRUÇÕES: Incentivo ao retrofit em vez de novas edificações. Dos 17 projetos licenciados até agora pelo Reviver Centro, 12 são para reaproveitamento do prédio.

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