Um só planeta
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Por Ana Lucia Azevedo — Rio de Janeiro

As mudanças climáticas avançam na Amazônia num ritmo muito superior ao que a natureza é capaz de se adaptar, alerta o mais recente estudo de Ima Vieira e seu grupo de pesquisa. Publicado na revista científica Plos One, o trabalho estima a velocidade com que o clima transforma a Floresta Amazônica e evidencia que nem mesmo as unidades de conservação localizadas no coração da floresta estão a salvo.

Os pesquisadores da Universidade Federal do Pará, da Universidade Federal Rural do Pará e do Museu Paraense Emílio Goeldi usaram modelos numéricos para avaliar até 2050 os efeitos das mudanças climáticas sobre as unidades de conservação e terras indígenas dos nove países por onde a floresta se estende. Na natureza, as espécies lentamente migram à medida que se deslocam as condições climáticas às quais estão adaptadas. Se o clima muda depressa demais, a maioria não acompanha e desaparece.

Estima-se que a velocidade média de migração de diversos grupos de plantas seja de 2 km/ano. Mas na Amazônia, mostrou o estudo, as espécies necessitariam migrar a uma taxa de 7,6 km/ano até 2050 para acompanhar a velocidade das mudanças no clima.

Os cientistas verificaram que, dada a taxa de transformação atual, muitos dos microclimas tendem a desaparecer. Na Amazônia, as plantas e os animais vivem no limite e qualquer alteração sutil pode ter grandes efeitos.

Ima Vieira se notabilizou em investigar a resiliência da Floresta Amazônica ao desmatamento e às queimadas — Foto: Ana Branco
Ima Vieira se notabilizou em investigar a resiliência da Floresta Amazônica ao desmatamento e às queimadas — Foto: Ana Branco

— As espécies estão adaptadas a nichos específicos. E esses nichos dependem de climas igualmente bem determinados. Tudo isso está em transformação — diz Ima.

A Amazônia já registra um aumento de temperatura média superior ao global e o futuro não parece melhor. Segundo Ima, 33,5% das unidades de conservação tendem a sofrer transformação profunda e não há o que os cientistas chamam de “análogo climático”, lugar onde as espécies possam se refugiar. A área mais vulnerável, segundo o estudo, é o Centro-Leste.

— Muitas áreas vão entrar num clima desconhecido e as espécies não mudam tão depressa assim — diz ela.

Uma possibilidade de adaptação seria criar corredores entre unidades de conservação e terras indígenas, caminhos contínuos para a dispersão. Mas árvores e plantas não se locomovem, precisam de animais e do vento para dispersar suas sementes.

É um processo complexo e muito longe de ser bem conhecido. Apenas cerca de 5.000 das 16 mil espécies de árvores amazônicas foram objeto de algum tipo de estudo. Se sabe que algumas espécies se deslocam 25 metros/ano em direção aos Andes. Já a velocidade do clima é medida em quilômetros por ano.

O cenário não parece alentador. Mas Ima diz que adaptações são possíveis e que a natureza nunca deixa de surpreender positivamente.

— A natureza nos dá oportunidades. Precisamos colaborar com ela, se quisermos nós mesmos sobreviver — destaca a cientista.

Mais recente Próxima Conheça a cientista que investiga o poder de cura da Amazônia
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