Em um primeiro movimento para chegar a um acordo com minoritários que estão insatisfeitos com o plano de tirar a Kora Saúde do Novo Mercado, a HIG Capital, controladora, propôs um preço de R$ 0,70 para a OPA que pretende fazer caso a saída do principal segmento da B3 seja confirmada.
O valor, definido após estudo encomendado à EY (que indicou preço justo entre R$ 0,61 e R$ 0,67), é o mesmo do fechamento de ontem e representa prêmio de 14% ante média ponderada dos últimos 30 pregões. É menor, porém, que outros preços calculados pela consultoria: R$ 1,24 para o valor patrimonial (com balanço do primeiro trimestre) e R$ 1,02 para uma média ponderada de 12 meses. Também é inferior ao máximo prometido pelo controlador quando anunciou o plano de tirar a Kora do Novo Mercado, de até R$ 0,87 (próximo à cotação da sessão anterior, de R$ 0,85, do dia 3 de maio).
Os minoritários insatisfeitos com a saída do Novo Mercado consideram, portanto, que o preço ficou baixo, mas entendem que esse é um ponto de partida para negociações, conforme apurou o Pipeline. Como até então a única referência era a promessa de uma OPA de "até" R$ 0,87, havia uma incerteza que incomodava os acionistas. Agora, pelo menos, há um número para iniciar as conversas. "A nossa referência é muito mais próxima de um valor patrimonial mais um prêmio", disse um dos minoritários.
Desde que a B3 emitiu um ofício proibindo a participação de dois médicos fundadores em assembleia para votar a saída do Novo Mercado (com migração para o segmento tradicional), por entender que eles são vinculados ao controlador por um acordo de acionistas, a HIG Capital passou a depender mais do voto dos minoritários para ver o seu plano avançar. Caso a empresa troque de segmento, a OPA é importante para dar a saída a gestoras que não podem ter ações fora do Novo Mercado em seus fundos — daí a importância de ter um entendimento em relação ao preço.
Uma primeira assembleia para votação chegou a ser convocada para junho, mas foi cancelada após a B3 vetar a participação dos dois médicos, que representam quase a metade do free float, de 20,3%. O controlador já pediu para a B3 rever a sua posição e aguarda um novo entendimento, antes de definir quais serão os próximos passos. Entre os minoritários insatisfeitos estão gestoras como Leblon, Iridium, Polo Capital e Fourth Sail. No total, eles somam 4% do capital da empresa.