O Magalu reagiu rápido à chegada da Temu ao Brasil e ao avanço de asiáticas como Shopee a Alibaba. Duas semanas depois de mais uma plataforma chinesa desembarcar oficialmente no mercado local, a varejista da família Trajano anunciou que está se aliando a um desses concorrentes asiáticos, numa parceria com o marketplace AliExpress, do grupo Alibaba.
O acordo representa uma parceria entre canais de venda e foi bem recebido pelos investidores do Magalu na bolsa, que viram na aliança um movimento relevante para fazer frente à acirrada competição do e-commerce brasileiro, uma arena que conta ainda com pesos pesados como Amazon, Mercado Livre e Shein. A ação do Magalu abriu em forte alta no pregão desta segunda, logo após o anúncio, e fechou com valorização de 12,28%, a R$ 12,16.
Pelo acerto, que terá início no terceiro trimestre, os canais digitais do Magalu poderão vender itens da linha Choice da empresa chinesa, que abrange produtos que passaram por uma curadoria, enquanto a varejista brasileira venderá itens de estoque próprio, inicialmente bens duráveis, na plataforma do AliExpress. Somados, os dois marketplaces reúnem visitas mensais de mais de 700 milhões de consumidores.
Esta é a primeira parceria que o AliExpress faz parceria com uma empresa de fora da China, e é a primeira vez que o Magalu venderá bens duráveis de estoque próprio em outro marketplace no Brasil. "É um movimento que expande rapidamente o alcance do Magalu nas categorias cross-border de cauda longa ao mesmo tempo em que abre um novo canal de vendas para o 1P (estoque próprio)”, disse a XP em relatório.
O J.P. Morgan também viu o anúncio como como positivo para a Magalu, pois aprofunda sua oferta no marketplace com produtos da AliExpress que não eram o foco da empresa, geralmente com tíquetes mais baixo, sob uma estrutura em que a varejista brasileira não arca com o custo de entrega, potencialmente aumentando as conversões e a recorrência dos usuários na plataforma.
O CEO do Magalu, Frederico Trajano, disse não haver sobreposição na venda dos produtos e que a parceria acelera a estratégia de diversificação de categorias e de aumento da frequência de compra. De acordo com o Magalu, ambas as plataformas estarão sujeitas à cobrança de take rate (taxa cobrada por transação) previamente acordado, com a logística permanecendo independente, por enquanto.
![Centro de Distribuição do Magalu em Extrema, em Minas Gerais: varejista vender itens de estoque próprio no AliExpress — Foto: ATENÇÃO: DEFINIR CRÉDITO!](https://s2-pipelinevalor.glbimg.com/6TzDlqyvUPR8v9PfXNsPEYG65Gw=/0x0:1756x1168/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_b3309463db95468aa275bd532137e960/internal_photos/bs/2024/7/o/KrCotNTs6OXWbn8O8hzA/105032226-centro-20de-20distribui-c3-a7-c3-a3o-20do-20magalu-20em-20extrema-20em-20minas-20gerais-20-e2-80-94-20foto-20divulga-c3-a7-c3-a3o.jpg)
Os itens vendidos nas plataformas seguirão as regras do Remessa Conforme, programa criado em 2023 pelo governo federal, que instituiu uma taxa de imposto de importação de 20% sobre as compras internacionais acima de US$ 50. A Câmara dos Deputados aprovou em maio o fim da isenção para compras abaixo de US$ 50 e o projeto está agora no Senado.
Em 2023, o Magalu registrou vendas totais de R$ 63,1 bilhões. Desse total, R$ 43 bilhões foram receitas geradas pelo e-commerce da companhia. Seu marketplace atingiu R$ 18 bilhões em vendas, com crescimento de 17% em relação a 2022.