Para ver e ouvir
“A Bairrada é uma região de brancos e espumantes e tintos de Baga - para manter a originalidade, nada de castas voadoras”. E assegura que “o grande espumante da Bairrada vai ser de Baga, por muito que custe aos bairradinos”.
Ana Rosas, António Luís Cerdeira, João Portugal Ramos, José Lourenço e Luís Pato. Entre intervenientes diretos e novas gerações representativas de diversas regiões vitivinícolas nacionais, percorremos o passado mais recente da história do vinho português, desde os anos 70, quando o país se abriu ao mundo e redescobriu-se enquanto produtor de excelência. Foram cumpridos alguns desígnios, com erros de trajetória pelo meio, mas outros desafios se levantam. Vinhos Verdes, Vinho do Porto e Douro, Dão e Bairrada, Alentejo, Lisboa e Tejo, todas estas regiões conheceram uma enorme evolução e um conjunto de mudanças de relevo, que debatemos com os seus protagonistas.
Sub-região de Monção e Melgaço, o terroir do Soalheiro
Na região dos Vinhos Verdes e, mais concretamente, na sub-região de Monção e Melgaço, onde a casta Alvarinho viria a dar cartas e a ser o motor que impulsionou a tendência para a vinificação em monocastas, foi a Quinta de Soalheiro, primeira marca de Alvarinho de Melgaço, a abrir caminhos. Quando, em 1974, João António Cerdeira, com o apoio do pai, António Esteves Ferreira, plantou Alvarinho, plantou igualmente as bases para, oito anos depois, nascer a marca Soalheiro.
Hoje, são os netos do pioneiro, António Luís e a irmão Maria João Cerdeira, quem lidera o projeto. “Nos últimos 40 anos temos vindo a trabalhar a casta Alvarinho como enorme potencial para produzir vinhos brancos, espumantes e outros estilos de vinhos que nem sequer imaginávamos, como as barricas, as ânforas, os ovos de cimento ou inox, ou seja, toda esta panóplia de recipientes de inovação que existe um pouco no mundo”, começa por referir Luís Cerdeira.
Durante o percurso, foi constituído um capital de conhecimento do terroir, ou “território”, que “vai ajudar-nos a criar consistência, o primeiro mandamento da afirmação dos vinhos portugueses”. Ao conhecer tais diferenças “conseguimos aumentar a resiliência face às alterações climáticas. É inegável que o clima está mais instável, transitamos de colheitas mais frias para colheitas mais quentes com maior frequência – isto vai fazer com que o Alvarinho,