Rendição siciliana
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Sobre este e-book
Stefano Luchesi conhecia todo o tipo de mulheres: vampiras, caça-fortunas, desesperadas... todas elas se sentiam atraídas pelo dinheiro e pelo poder. Todas excepto Fallon O'Connell.A bela e rica super-modelo parecia não precisar de ninguém... e muito menos de Stefano. Mas ele tinha-se esforçado para a conseguir de corpo e alma... E ela tinha decidido resistir.Até que um acidente pôs em perigo a sua beleza e a sua carreira.Agora precisava da ajuda de Stefano, embora isso signifi-casse render-se. Só a paixão seria capaz de curar o seu corpo e a sua alma.
Sandra Marton
Sandra Marton is a USA Todday Bestselling Author. A four-time finalist for the RITA, the coveted award given by Romance Writers of America, she's also won eight Romantic Times Reviewers’ Choice Awards, the Holt Medallion, and Romantic Times’ Career Achievement Award. Sandra's heroes are powerful, sexy, take-charge men who think they have it all--until that one special woman comes along. Stand back, because together they're bound to set the world on fire.
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Rendição siciliana - Sandra Marton
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2003 Sandra Myles
© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Rendição siciliana, n.º 803 - Junho 2015
Título original: The Sicilian Surrender
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Publicado em português em 2004
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-687-6972-1
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Epílogo
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Capítulo 1
O sol era uma esfera dourada e imprecisa no céu nublado, enquanto o vento siroco, que soprava do mar, uivava entre as ruínas do castello como um coro de vozes ancestrais dos gladiadores rebeldes que, num tempo passado, tinham defendido aquele pedaço da Sicília contra o antigo Império Romano.
Stefano Lucchesi pensou naqueles homens, enquanto subia os últimos degraus de pedra e se detinha no alto da escarpa. A oeste, dormitava, inactivo, o monte Etna. Aos pés da montanha, as águas tormentosas do Mediterrâneo batiam na costa rochosa.
Quantas vezes teria ocupado um sentinela aquela mesma posição, enquanto vigiava a chegada do inimigo? Romanos, gregos, árabes e normandos tinham vertido o seu sangue naquela mesma terra na sua sede de conquista. Os piratas tinham espreitado perto da costa a passagem de navios incautos, qual matilha de lobos famintos.
Os invasores, um após outro, tinham conquistado a terra dos seus antepassados, até que, finalmente, esta se libertou dos seus grilhões e ganhou um inimigo próprio, uma aristocracia que enriqueceu graças ao suor de todos aqueles que tinham cultivado aquele solo pedregoso.
Stefano voltou-se de costas para o mar, colocou as mãos nos bolsos das suas calças de ganga e contemplou o seu reino. O passar do tempo não tinha sido generoso. As ruínas do castello reduziam-se a uns poucos muros de pedra desmoronados e a um punhado de colunas.
Até o terreno tinha sido vendido. Stefano tinha ordenado ao seu advogado que comprasse novamente a terra, pedaço a pedaço, aos anciões encurvados, vestidos de preto, que lhe recordavam o seu avô. Stefano tinha pago um preço mais do que justo, mas os representantes do seu escritório não tinham tido êxito.
Todos os proprietários se mostraram contentes perante a ideia de venderem uma terra basicamente árida e seca até terem ouvido o nome do comprador.
– Lucchesi? – tinham repetido.
Um deles até tinha cuspido na terra à laia de resposta.
Mas, porquê?
Stefano tinha sido criado nos Estados Unidos, onde o seu avô tinha emigrado décadas antes do seu nascimento. O seu pai tinha falecido, quando não era mais do que um rapaz e a sua mãe, proclamada rainha na festa de antigos alunos da sua Nova Orleães natal, tinha-o arrastado de cidade em cidade numa corrida frenética em busca de emoções. Tinha doze anos quando morreu. Então, os seus avós paternos, que mal conhecia, tomaram conta dele.
Entretanto, assustado e a ocultar o seu medo por detrás de uma máscara de arrogância, não tinha sido fácil lidar com ele.
A sua avó tinha-o alimentado, tinha-o vestido e desinteressara-se. O seu avô tinha tolerado a sua presença, ocupara-se da sua educação e, finalmente, afeiçoara-se de todo o coração ao seu neto.
Talvez, a idade avançada do seu avô, aliada ao facto de Stefano ter irrompido na sua vida tão tarde, explicasse que não tivesse nas suas veias aquilo a que Jack chamava «o selo da Máfia». O seu avô nunca lhe tinha contado histórias de vinganças e banhos de sangue. Pelo contrário, tinha-lhe falado de La Sicília, do Castello Lucchesi, das escarpas, do vulcão e do mar.
Essas eram as coisas que pulsavam no sangue de Stefano e que tanto apreciava, sem que nunca tivesse chegado a vê-las.
Só no seu leito de morte, o velho tinha reclamado a presença de Stefano e lhe tinha sussurrado ao ouvido palavras de honra, orgulho e famiglia. Contara-lhe também como se vira obrigado a abandonar tudo e se mudara para a América para salvar o que fosse possível. Falara-lhe do pai de Stefano e, de passagem, do próprio Stefano.
– Recuperarei o nossa terra – tinha prometido Stefano.
Tinha levado algum tempo. O seu companheiro de quarto na universidade estudava informática. Nesse tempo, surgiam milionários da noite para o dia, graças a empresas virtuais na Internet, e TJ queria converter-se num desses milionários. Tinha uma grande ideia, tinha talento, perspectiva... Só necessitava de dinheiro.
Num dia de Inverno, Stefano entrou no seu velho Volkswagen, dirigiu-se para Yale e seguiu rumo ao norte, para o casino, onde ganhou uma partida de póquer com apostas muito altas. Era a primeira vez que agia por instinto desde o dia em que tinha prometido ao seu avô que restauraria a honra da família Lucchesi, mas não pensou nisso.
Disse a si mesmo que merecia um dia de descanso. Era um bom jogador de póquer. Jogava na universidade só por diversão. De facto, tinha ganho o seu carro velho numa partida a meio da noite, na sua residência universitária, quando outro rapaz tinha pensado que era seguro apostar tudo o que havia na mesa.
Nessa noite, no casino, Stefano tinha ganho algo mais do que um carro.
Tinha ganho milhares de dólares.
O casino tinha-lhe oferecido um quarto. Tinha entrado a cambalear, tomado banho, dormido e regressado à mesa. Três dias mais tarde, tinha conduzido de regresso à universidade, espalhara uma pequena fortuna na cama do seu surpreendido companheiro de quarto e TJ ficara a olhar com incredulidade.
– O que fizeste, homem? Roubaste um banco?
– Aí tens o teu investimento inicial – disse Stefano. – Quero cinquenta e um por cento das acções da tua empresa.
Stefano apertou o maxilar. Tinham passado doze anos desde então.
O negócio tinha convertido Stefano num homem muito rico, mais rico do que jamais poderia ter sonhado. Embora a sua fortuna estivesse investida em companhias aéreas, em poços de petróleo no Texas, em apartamentos de luxo em Manhattan, nunca tinha esquecido a promessa que tinha feito ao seu avô.
Há dois anos, propusera-se cumpri-la, mas a conversa com o seu advogado tinha-lhe lembrado que havia lugares e pessoas a quem o passado e a raiva ainda lhes faziam ferver o sangue.
O siroco ardente bateu nas suas costas e formou redemoinhos no seu cabelo escuro sobre o seu rosto magro. Afastou as madeixas da cara e meteu as mãos novamente nos bolsos das suas calças de ganga.
– Dobra a nossa primeira oferta – tinha ordenado ao seu advogado.
– Isso é muito dinheiro. Esta terra não vale tanto...
– Não, mas o orgulho deles vale. Faz-lhes chegar a minha oferta e assegura-te de que compreendem que eu também tenho o meu orgulho. Explica-lhes que é uma oferta que não podem recusar.
Jack tinha assimilado as palavras de Stefano em silêncio. Finalmente, aclarou a garganta:
– Viste nos filmes, não foi?
Stefano tinha-se rido.
– Faz a oferta e depois informa-me.
Agora estava feito. Tudo o que tinha diante dos seus olhos, a terra, as escarpas, as ruínas do castello e a paisagem que se perdia no horizonte pertencia-lhe. Também era sua a casa que tinha construído além das ruínas. Tinha obrigado o arquitecto a render-se à paisagem escarpada e a utilizar as pedras originais do castelo. O resultado era uma mansão esplêndida, de tecto alto e paredes de vidro, que oferecia uma vista maravilhosa sobre o vulcão e o mar.
Stefano sorriu. Estava certo de que o seu avô se sentiria muito satisfeito.
Nessa noite, depois da chegada da lua, sairia novamente com uma garrafa de moscato e um copo. Serviria o vinho, ergueria o copo ao mar, brindaria pela alma de todos aqueles que o tinham precedido e procuraria que esse lugar permanecesse invisível para o resto do mundo.
Se a imprensa cor-de-rosa soubesse, tiraria o máximo proveito daquela situação. A notícia acrescentaria uma nota de romantismo aos mexericos que já o acompanhavam. Diziam que estava a erguer um império. Era um homem cheio de mistérios. Era uno lupo solo. Um lobo solitário.
Nisso, pelo menos, tinham razão. As Empresas Lucchesi tinham convertido Stefano numa figura pública. Por esse motivo, procurava o isolamento na sua vida privada.
Tinha seguido a seu esquema habitual na construção da sua nova casa. Só tinha contratado os profissionais que tinham aceite a assinatura de cláusulas de confidencialidade e tinha deixado muito claro que os seus advogados agiriam sem pensar duas vezes com relação ao cumprimento de todas as cláusulas. Sabia que podia chegar a saber-se com o tempo, mas, pelo menos por enquanto, teria direito a algum sossego.
Momentos antes, ouvira o zumbido de um helicóptero sobre a sua cabeça. Não havia nada de estranho nisso. Os helicópteros faziam parte do século vinte e um. Apesar de tudo, tinha olhado para ao céu, perguntando-se se os fotógrafos tinham conseguido encontrá-lo em tão pouco tempo.
– Stefano!
Stefano conteve a respiração. Seria o vento? O som daquela voz, a gritar o seu nome. Não. Tinha que ser o vento.
– Stefano! Olá! Não me ouves?
Piscou os olhos várias vezes. Era impossível que o vento ordenasse as palavras soltas em frases completas e que desenhasse a figura esbelta de uma mulher, que olhava para ele do sopé da colina, enquanto afastava a sua melena loira com uma mão e encostava a sua outra mão à volta da sua boca.
Carla? Essa ideia atingiu a sua mente. Era impossível. Estava em Nova Iorque. Despedira-se dela na semana anterior, enquanto as lágrimas deslizavam sobre o seu rosto perfeitamente maquilhado. Mas tinha deixado de chorar, assim que tinha compreendido que falava muito a sério e a sua voz tornara-se um grito, enquanto lhe atirava à cara o que pensava dele.
O problema tinha começado quando tinha irrompido pelo seu apartamento sem aviso prévio e tinha encontrado Stefano comodamente instalado na mesa da sala de jantar, a beber um café e a ver as fotografias da ilha. As escarpas açoitadas pelo vento, as ruínas do castelo e a casa nova.
– Meu Deus! – tinha exclamado, boquiaberta. – Querido, o que é isso?
Não teria feito sentido fingir que não sabia. O arquitecto tinha preparado uma bela pasta para o projecto final e cada fotografia estava cuidadosamente etiquetada.
Castello Lucchesi, Sicília.
– Uma casa – tinha respondido como se apenas se tratasse disso.
– A tua casa – tinha ela assinalado naquele tom ofegante que antes tinha considerado dotado de certo encanto e que agora só conseguia irritá-lo. – E é perfeita para a capa do primeiro número da Sonhos Nupciais.
– Não!
– Ora, Stefano – tinha-se sentado nos seus joelhos. – Sabes que me contrataram para que a Sonhos Nupciais se convertesse na melhor revista do planeta. O primeiro número é fundamental para o futuro da minha carreira.
Recusou pela segunda vez e ela mudou de táctica. Virou-se e sentou-se sobre ele. Então, beijou-o com aqueles lábios ardentes como o fogo.
Devia ter-se separado dela naquele mesmo instante. A relação estagnara. Tinha acabado e Stefano sabia-o. Tinha perdido o interesse por Carla. Era egocêntrica, superficial e reclamava um lugar na sua vida que não estava disposto a conceder-lhe de modo algum.
Assim, tinha levantado Carla do seu colo e tinha recusado novamente a sua ideia. O telefone tinha tocado quando ela tinha começado a chorar. Era o seu piloto a informá-lo que o seu avião privado já tinha sido atestado e que estava preparado para partir.
– Onde vais? – tinha gritado, quando se encaminhava para a porta. – Tens que o fazer por mim, Stefano. Tens que o fazer!
Ao ver que não respondia, Carla tinha passado das lágrimas aos insultos e aos gritos...
Agora estava ali. Nas suas terras. Na sua ilha. Estava a subir pela encosta da colina como uma imagem saída de um pesadelo.
Sentiu um nó no estômago. Estava furioso pelo seu atrevimento e por aquela intromissão