Sete minutos depois da meia-noite
De Patrick Ness
4.5/5
()
Sobre este e-book
Uma aventura que mistura fantasia e realidade.
Sinopse:
Conor é um garoto de 13 anos e está com muitos problemas na vida.
A mãe dele está muito doente, passando por tratamentos rigorosos. Os colegas da escola agem como se ele fosse invisível, exceto por Harry e seus amigos que o provocam diariamente. A avó de Conor, que não é como as outras avós, está chegando para uma longa estadia. E, além do pesadelo terrível que o faz acordar em desespero todas as noites, às 00h07 ele recebe a visita de um monstro que conta histórias sem sentido.
O monstro vive na Terra há muito tempo, é grandioso e selvagem, mas Conor não teme a aparência dele. Na verdade, ele teme o que o monstro quer, uma coisa muito frágil e perigosa. O monstro quer a VERDADE.
Baseado na ideia de Siobhan Dowd, Sete minutos depois da meia-noite é um livro em que fantasia e realidade se misturam. Ele nos fala dos sentimentos de perda, medo e solidão e também da coragem e da compaixão necessárias para ultrapassá-los.
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Avaliações de Sete minutos depois da meia-noite
16 avaliações2 avaliações
- Nota: 5 de 5 estrelas5/5É um mergulho em queda livre no sofrimento do jovem Connor pela trajetória de dor e sofrimento, vivenciada pela mãe, vitimada pelo cancêr. Seu " monstro interior" não é apenas uma árvore no quintal de casa, mas, a verdade obscura que ele insiste em negar. Não é uma leitura fácil, pois carregamos suas dores conosco e elas se multiplicam a cada construção textual que nos remete ao calvário de sua mãe e ao seu desespero diante de uma realidade que não quer aceitar.
- Nota: 5 de 5 estrelas5/5O suspense, o monstro
O sofrimento tudo no livro me cativou e o monstro vir 00:07 e pesadelo e etc
Pré-visualização do livro
Sete minutos depois da meia-noite - Patrick Ness
Sumário
Capa
Sumário
Folha de Rosto
Folha de Créditos
Nota dos Autores
Dedicatória
Epígrafe
O CHAMADO DO MONSTRO
CAFÉ DA MANHÃ
ESCOLA
HISTÓRIAS DE VIDA
TRÊS HISTÓRIAS
AVÓ
A SELVAGERIA DAS HISTÓRIAS
A PRIMEIRA HISTÓRIA
O RESTANTE DA PRIMEIRA HISTÓRIA
O ACORDO
A CONVERSINHA
A CASA DA AVÓ
CAMARADA
AMERICANOS NÃO TÊM MUITOS FERIADOS
A SEGUNDA HISTÓRIA
O RESTANTE DA SEGUNDA HISTÓRIA
DESTRUIÇÃO
INVISÍVEL
TEIXOS
SERIA POSSÍVEL?
SEM HISTÓRIA
JÁ NÃO VEJO VOCÊ
A TERCEIRA HISTÓRIA
CASTIGO
UM BILHETE
100 ANOS
PARA QUE SERVE VOCÊ?
A QUARTA HISTÓRIA
O RESTANTE DA QUARTA HISTÓRIA
A VIDA DEPOIS DA MORTE
ALGO EM COMUM
A VERDADE
A Fundação Siobhan Dowd
Leia também: MAIS DO QUE ISSO
Patrick Ness
Baseado na ideia de Siobhan Dowd
Tradução
Paulo Polzonoff Junior
Com agradecimentos a Kate Wheeler
© 2011 Patrick Ness
Baseado na ideia de Siobhan Dowd
Publicado sob acordo com Walker Books Limited, Londres SE11 5HJ.
© 2016 Editora Novo Conceito
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação sem autorização por escrito da Editora.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produto da imaginação do autor. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Versão digital — 2016
Produção Editorial: Equipe Novo Conceito
Preparação: Robson Falcheti Peixoto
Revisão: Valquíria Della Pozza
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Índices para catálogo sistemático:
1. Ficção : Literatura inglesa 823
Rua Dr. Hugo Fortes, 1885
Parque Industrial Lagoinha
14095-260 – Ribeirão Preto – SP
www.grupoeditorialnovoconceito.com.br
Nota dos Autores
Nunca conheci Siobhan Dowd. Só a conheci como a maioria de nós a conhecera: por meio de seus livros incríveis. Quatro emocionantes livros para jovens, dois publicados em vida, dois depois de sua morte precoce. Se você não os leu, corrija isso imediatamente.
Este seria o quinto livro dela. Ela tinha os personagens, a premissa e o começo. O que ela infelizmente não tinha era tempo.
Quando me perguntaram se eu cogitava transformar o trabalho dela em um livro, hesitei. O que eu não faria — o que não poderia fazer — era escrever um romance imitando a voz dela. Isso seria um desserviço a ela, aos leitores dela e, mais importante, à história. Não acho que um bom texto possa resultar disso.
Mas o interessante sobre boas ideias é que elas se transformam em outras. Antes que eu pudesse evitar, as ideias de Siobhan sugeriam novas ideias para mim, e comecei a sentir aquela coceira pela qual todo escritor anseia: a coceira de começar a escrever, a coceira de contar uma história.
Senti — e sinto — como se tivessem me passado o bastão, como se uma escritora muito boa me tivesse dado a história e dito: Vamos lá. Siga em frente. Faça um auê
. E é isso que tentei fazer. Ao longo do caminho, tive apenas um norte: escrever um livro do qual penso que Siobhan teria gostado. Nenhum outro critério importava.
E agora é hora de repassar o bastão a vocês. Histórias não terminam com os escritores, por mais que eles tenham dado início à corrida. Aqui está o que Siobhan e eu criamos. Então vamos lá. Sigamos em frente.
Façamos um auê.
Patrick Ness
Londres, fevereiro de 2011
Para Siobhan
Você só é jovem uma vez, dizem, mas não demora muito para passar? Mais do que o suportável.
Hilary Mantel, An Experiment in Love
O CHAMADO DO MONSTRO
O monstro apareceu logo depois da meia-noite. Como eles sempre fazem.
Conor estava acordado quando ele apareceu.
Ele teve um pesadelo. Bom, não um pesadelo. O pesadelo. O pesadelo que ele andava tendo muito ultimamente. Aquele com a escuridão e o vento e os gritos. Aquele com as mãos escorregando, por mais que ele as tentasse segurar. Aquele que sempre terminava em...
— Vá embora — sussurrou Conor para a escuridão do quarto, tentando conter o pesadelo, impedir que ele o seguisse no mundo desperto. — Vá embora agora.
Ele olhou para o relógio que sua mãe tinha colocado sobre a mesinha de cabeceira. 00h07. Meia-noite e sete minutos. O que era tarde para uma noite com escola na manhã seguinte, certamente tarde para um domingo.
Ele não contou a ninguém sobre o pesadelo. Não para sua mãe, claro, mas para ninguém mais também, nem para o pai durante a ligação que acontecia a cada duas semanas (mais ou menos), com certeza não para sua avó, e para ninguém na escola. De jeito nenhum.
O que aconteceu no pesadelo foi algo de que ninguém mais precisava ficar sabendo.
No quarto, Conor piscou atordoado, depois fez uma cara feia. Algo estava lhe passando despercebido. Ele sentou-se na cama, despertando um pouco mais. O pesadelo lhe estava escapando, mas havia algo que ele não conseguia identificar, algo diferente, algo...
Ele ficou ouvindo, tentando ultrapassar o silêncio, mas tudo o que escutava era a casa tranquila ao redor dele, aqui e ali um estalar das escadas vazias ou algo se mexendo na cama do quarto ao lado, o quarto da mãe.
Nada.
E, então, algo. Algo que ele percebeu que foi o que o acordou.
Alguém estava chamando seu nome.
Conor.
Ele sentiu uma pontada de pânico, o estômago se revirando. Será que o pesadelo o havia seguido? Será que o grito tinha dado um jeito de escapar do pesadelo e...?
— Não seja estúpido — disse para si mesmo. — Você está velho demais para acreditar em monstros.
E estava mesmo. Ele completou treze anos no mês passado. Monstros eram coisa de bebê. Monstros eram para quem fazia xixi na cama. Monstros eram para...
Conor.
Novamente. Conor engoliu em seco. Fazia um calor fora do normal em outubro, e as janelas de seu quarto ainda estavam abertas. Talvez as cortinas resvalando umas nas outras com a brisa fraca soassem como...
Conor.
Certo, não era o vento. Com certeza era uma voz, mas não uma voz que ele reconhecesse. Não era a voz de sua mãe, isso era claro. Não era nenhuma voz de mulher, e por um instante de loucura ele imaginou se o pai tinha feito uma viagem surpresa e ficou tarde demais para telefonar e...
Conor.
Não. Não era seu pai. Esta voz tinha algo de especial, um quê monstruoso, selvagem e indomado.
Então ele ouviu um ranger alto de madeira vindo lá de fora, como se algo gigantesco estivesse caminhando sobre o piso.
Ele não queria sair para ver. Mas, ao mesmo tempo, parte dele estava louca para olhar.
Todo desperto agora, Conor afastou os cobertores, saiu da cama e foi até a janela. Sob a luz fraca da lua, ele via claramente a torre da igreja sobre a colina atrás da casa, a colina com a ferrovia dando a volta nela, duas linhas de aço brilhando debilmente ao luar. A lua brilhava também sobre o cemitério ao lado da igreja, cheio de túmulos em que mal se podiam ler os nomes.
Conor também via o enorme teixo que crescia no meio do cemitério, uma árvore tão velha que quase parecia feita das mesmas pedras da igreja. Ele só sabia que era um teixo porque sua mãe lhe contou, primeiro quando ele era pequeno, para ter certeza de que ele não comeria os frutos venenosos, e depois no ano passado, quando ela começou a aparecer na janela da cozinha com uma cara estranha, dizendo:
— Aquilo é um teixo, sabia?
E foi então que ele ouviu seu nome mais uma vez.
Conor.
Como se lhe sussurrassem nos ouvidos.
— O quê? — disse Conor, o coração batendo forte, de repente impaciente com o que quer que fosse acontecer.
Uma nuvem passou diante da lua, lançando escuridão por toda a paisagem, e uma lufada de vento desceu pela colina e entrou em seu quarto, soprando as cortinas. Ele ouviu o ranger da madeira novamente, um gemido como se fosse um ser vivo, como o estômago faminto do mundo roncando por comida.
Então a nuvem passou e a lua brilhou novamente.
Sobre o teixo.
Que agora se erguia firme no meio de seu jardim dos fundos.
E ali estava o monstro.
Sob o olhar de Conor, os galhos mais altos da árvore se reuniam formando um rosto enorme e horrível, com boca e nariz e até mesmo olhos que o espiavam, cintilantes. Outros galhos se entrelaçavam, sempre crepitando, sempre gemendo, até formarem dois enormes braços e uma segunda perna ao lado do tronco. O restante da árvore se arrumou na forma de uma espinha dorsal e depois de um torso, as folhas finas como agulhas se unindo para formar uma pele verde e peluda que se movia e respirava como se houvesse músculos e pulmões por baixo.
Já mais alto do que a janela de Conor, o monstro ganhou tamanho ao se recompor, adquirindo uma forma marcante, uma forma aparentemente forte e poderosa. Sem tirar os olhos de Conor nem por um só momento (o garoto era capaz de ouvir a respiração barulhenta e tempestuosa saindo-lhe da boca), ele pôs as mãos gigantescas nas laterais da janela, baixando a cabeça até que seus olhos imensos ocupassem toda a moldura, encarando Conor de maneira penetrante. A casa gemeu baixinho sob o peso do monstro.
E então o monstro falou.
— Conor O’Malley — disse, uma lufada de hálito quente e com cheiro de terra entrando pela janela de Conor, soprando em seus cabelos. A voz tremia, grave e ruidosa, criando uma vibração tão profunda que Conor conseguia senti-la no peito.
— Vim pegá-lo, Conor O’Malley — anunciou o monstro, empurrando a casa, derrubando os quadros da parede do quarto, mandando ao chão livros e aparelhos eletrônicos e o velho rinoceronte de pelúcia.
Um monstro, pensou Conor. Um monstro de verdade. Na vida real, de gente acordada. Não num sonho, mas aqui, na janela dele.
Um monstro que veio pegá-lo.
Mas Conor não correu.
Na verdade, ele descobriu que não estava nem mesmo assustado.
Tudo o que