Os Segredos Do Cedro
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Os Segredos Do Cedro - José Antonio Vieira
OS SEGREDOS DO CEDRO 1
J.A.VIEIRA
J O S É A N T O N I O V I E I R A , M I N E I R O D E
B O M J E S U S D A P E N H A . R E S I D E E M S Ã O
C A R L O S –S P .
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J.A.VIEIRA
O S S E G R E D O S D O C E D R O
P R I M E I R A E D I Ç Ã O -2 0 1 1
R E G I S T R O :4 6 1 . 3 1 3
L I V R O :8 6 8 F L .1 6
F B N
F I C Ç Ã O – L I T E R A T U R A N A C I O N A L
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J.A.VIEIRA
A P R E S E N T A Ç Ã O
U M D R A M A E N V O L V E N D O
R O M A N C E S , P R E C O N C E I T O S , C O N F L I T O S
R E G I O N A I S .
OL E I T O R I R Á V I A J A R P O R
D I V E R S A S R E G I Õ E S M U I T O D I F E R E N T E S ,
C O M A C O N T E C I M E N T O S E N V O L V E N D O
O S D I V E R S O S P E R S O N A G E N S .
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J.A.VIEIRA
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J.A.VIEIRA
O S S E G R E D O S D O C E D R O
Em uma tarde do inicio de dezembro de 1936. Um
senhor montado em seu cavalo, trotava em direção a sua
casa localizada em um pequeno vilarejo não muito
distante dali, preocupado por que sua esposa estava em
final de gravidez. Não queria ter saído de casa para
resolver uma pendência de negócio numa fazenda
poucos quilômetros atrás, mas, sua esposa insistira com
ele porque haviam assumido um compromisso e
precisava ser honrado.
O cavalo baio resfolegava ao subir uma estrada
íngreme. O dorso suado demonstrava o esforço em
carregar um senhor de meia idade com uma aparência
um pouco rechonchuda.
Parou um pouco e alisou seus fartos bigodes
olhando para uma ponte ao longe. Cutucou com a espora
o dorso do animal para que andasse novamente.
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J.A.VIEIRA
O vento esvoaçava seus cabelos com predominância
de brancos, e a tez amorenada de exposição ao sol
denunciava sulcos pronunciados de rugas ao redor dos
olhos e no meio da testa, talvez uma conseqüência de
dissabores do passado.
No início da ponte de madeira sobre um rio de
águas límpidas viu que numa certa distância vinha
alguém a galope em direção a ele, aguardou por alguns
momentos no meio da ponte, para o outro mais
apressado pudesse passar com tranqüilidade.
▬Boa tarde Sr. João, falou o cavaleiro, boa tarde
respondeu o Sr. João e logo perguntou você não é o filho
mais velho da dona Alzira? Sim, respondeu o rapaz.
▬ Para onde está indo? O rapaz respondeu que
estava a sua procura, porque sua esposa dera a luz um
garoto sadio e coube-lhe a dar a noticia. Imaginava que
ainda estivesse na fazenda do Sr. Olívio. O Sr. João já
com alguns cabelos brancos não titubeou e disse para o
rapaz que o menino se chamaria Pontilho Quarenta e
Oito, porque naquele dia estava completando mais um
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J.A.VIEIRA
aniversário, ou seja, quarenta e oito anos de idade e
soube do nascimento do filho em uma ponte.
Estranho nome para alguém, mas, foi uma
inspiração de momento.
Alguns dias mais tarde, na noite de natal um
grande amigo seu de nome José, estava inquieto do lado
de fora do quarto, onde estava sua esposa com uma
parteira fazendo os primeiros preparativos para o parto,
os minutos não passavam tamanha a expectativa, pois, a
esposa de constituição franzina passara por momentos
aflitivos durante a gestação e isto o estava preocupando,
e somente podia contar com a parteira porque médicos
ali não existiam, entrou no quarto uma menina de seus
doze anos levando uma chaleira com água quente, e
alguns panos brancos limpos e dobrados. Dali a pouco, a
menina sai apressada para buscar mais água quente e o
tempo passando, ouvindo gritos de desespero da esposa.
Voltando para o quarto a menina disse a ele que o
parto não estava sendo fácil porque a criança estava
difícil de encaixar na posição correta. Andando de um
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J.A.VIEIRA
lado para o outro, roendo as unhas, percebeu um silencio
inquietador, mas, logo o choro forte de uma criança e um
sorriso iluminou a sua face.
E Ana, sua esposa, como estaria? Ao pegar na
maçaneta da porta já deu de encontro com a parteira
abrindo a porta com a criança no colo.
E a Ana, perguntou ele, com os olhos cheios de
lagrimas, a parteira disse que ela não resistira e quase
que não conseguira salvar também a filhinha. Ali na
cama o corpo inerte e um marido desesperado
abraçando-o esperando sentir um sopro de vida, mas em
vão, cerrou seus olhos e beijou o rosto já molhado por
tantas lagrimas, daquela companheira de tanto tempo.
Nascera Natalia, uma criança de compleição mirrada e
com poucos cabelos aloirados. Logo, parentes já
começavam a chegar ao saber do desfecho trágico para a
mãe. Uma irmã do pai trouxera uma empregada negra
que tivera um filho dias atrás e era boa de leite. Natalia
passou a dividir com outra criança aquele manancial
milagroso.
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J.A.VIEIRA
O amigo João procurou consolar seu amigo José, e
se ofereceu para correr atrás dos tramites legais
necessários para o féretro.
Alguns anos depois, crianças brincavam em ruas
calçadas de paralelepípedo junto à praça central daquela
cidadezinha bucólica. Nos poucos bancos de cimento
alguns adultos observavam os pequenos, um garoto
próximo dos oito anos, morenado e de olhos castanhos,
agarrado a outro numa disputa por uma bolinha de gude
e uma menina de cabelos louros e olhos verdes balançava
no único balanço da praça. Pontilho brincava como todos
os garotos da sua idade. Futebol, bolinha de gude, pique,
esconde-esconde, e outros. Enquanto Natalia se divertia
com suas amiguinhas com bonecas, cobra cega,
amarelinho, pique, esconde-esconde, roda-roda pula
corda, casinha, queimada e outros. Grupos de meninos
de lá, grupos de meninas de cá, ás vezes uma topada
entre ambos na correria.
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J.A.VIEIRA
Algumas vezes havia alguma briga, com arranhões,
puxões de cabelo, empurrões, e a vida de brincadeira
continuava com as meninas ás vezes questionando
porque os meninos existem. Invariavelmente, quando o
tempo permitia estavam ali naquela praça fazendo suas
brincadeiras normais. Durante a infância junta, Pontilho e
Natalia faziam parte do mesmo meio. As famílias se
encontravam com certa freqüência em momentos de
festa, velório, ou simplesmente uma visita para colocar a
conversa em dia.
Vendo os dois juntos brincando, os pais se
divertiam sobre a possibilidade de formarem uma família
no futuro. A família de Pontilho tinha menos recursos
que a de Natalia, dando continuidade a seus estudos na
pequena cidadezinha, enquanto Natalia terminando o
primário foi morar com uma tia em uma cidade maior a
100 km dali tendo muito mais recursos de ordem
educacional.
Ao longo do tempo, alguns outros cursos passaram
a fazer parte do dia a dia de Natalia, como tocar piano e
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dançar balé além de línguas como o alemão e o inglês de
fácil aprendizagem para ela.
Com certa freqüência ela ia visitar o pai, casado
novamente depois de um longo tempo de viuvez, ambos
se davam muito bem, mesmo sabendo que para vir ao
mundo, uma pessoa muito querida teve de deixar esta
vida. Quanto á madrasta também se dava bem, uma
mulher de feições ligeiramente parecidas com sua mãe,
conforme seu pai dizia.
Aos doze anos já mostrava a tendência de se tornar
uma formosa mulher dali a alguns anos e Pontilho com
um jeito simples e sem graça, como muitas pessoas
comentavam naquela altura da vida.
Em Jerusalém, no oriente médio, o quartel general
das forças Britânicas foi destruído por Irgun, organização
terrorista judaica, em julho de 1946.
O exercito inglês ocupava a região há muitos anos e
na impossibilidade de garantir a paz entre árabes e
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judeus, colocou a responsabilidade para a ONU,
Organização das Nações Unidas, em Abril de 1947.
Os confrontos entre árabes e judeus cresciam de
uma maneira violenta enquanto que o número de
refugiados judeus da Europa chegava a numero cada vez
maior. Chegou um momento em que a independência de
Israel foi declarada, em 14/05/1948.
Neste ano, na faixa de Gaza, uma menina de
aproximadamente nove anos de idade, brincava com
outras crianças na rua poeirenta, agravado com o transito
de alguns veículos militares.
Mohamed chamou por Sara, porque já estava
escurecendo e com isso os perigos aumentavam em
muito, ocasião que grupos contrários se enfrentavam,
protegidos pela escuridão. A garotinha esbelta atendeu
de imediato o chamado do irmão e correu para casa com
ele.
Sua mãe já estava preocupada, saindo a todo
instante até o portão para ver se estavam chegando, ficou
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aliviada em ver também seu marido vindo a seu
encontro.
As noticias pelos lados de Tel Aviv, Haifa,
Jerusalém não eram nada boas. Algumas bombas haviam
sido detonadas no reduto judeu, gerando uma represália
em que diversos palestinos foram mortos, inclusive um
grande amigo de seu marido, chamado Muahd.
Os Judeus estavam expulsando os palestinos de
terras que agora lhes pertenciam, depois da decisão da
ONU. Um dia ao voltar da escola um colega de Sara caiu
a poucos metros dela, atingido por uma bala perdida,
não esqueceria jamais de Fuhad, companheiro de muitas
brincadeiras na escola.
Estava horrorizada, mesmo para uma criança, a
percepção cruel da morte antecipada. Tinha sobressaltos
a noite, com sonhos agitados, obrigando sua mãe a
abraçá-la carinhosamente até ela se acalmar e voltar a
dormir novamente. Fuahd estava presente em sua
cabecinha. Outros casos de explosões de minas que
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dilaceravam corpos e provocavam feridas de difícil
cicatrização na convivência dos dois povos. Ataques de
ambos os lados provocavam traumas, principalmente nas
crianças, com a visão de pessoas mortas sem saber o
porquê da carnificina.
Passagens da infância de Sara que deixaram suas
marcas, a luta pela sobrevivência desde a segurança
pessoal ate a questão de subsistência alimentar. Às vezes,
ficavam dias sem ter muito que comer e inevitavelmente
eram interrompidas suas aulas da escolinha,
prejudicando o andamento escolar.
Enquanto isso, na Escócia, um rapaz de vinte anos
de idade, alto e esbelto, forte na estrutura física, cabelo
aloirado e bem cortado, terno cinza escuro e cinza claro
na lapela e gola, camisa branca e gravata escura, calça
comprida com uma listra branca. Descia de um reluzente
veiculo, conduzido pelo motorista da família, diante de
uma das escolas de nível superior das mais tradicionais
de Glasgow.
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J.A.VIEIRA
Logo veio ao encontro de Richard, dois de seus
amigos mais chegados para contar-lhe o que iriam fazer
naquele dia depois da aula, invariavelmente, alguma
coisa a ser comemorada ou algum trabalho escolar.
Prédio de estilo vitoriano, pintado de cor cerâmica,
portas e janelas com molduras brancas, constituído de
dois prédios principais, retangulares de dois andares, e
um amplo pátio interno.
Do lado direito um amplo jardim bem cuidado,
com os bancos de madeira impecavelmente pintados. A
grama bem aparada e grandes arvores de carvalho,
combinavam com a homogeneidade dos rapazes.
Realçando um clima elitista por excelência.
No termino do expediente escolar, estava o
motorista de pé do lado do veiculo, próximo da saída
principal, aguardando por Richard. No carro estavam
também sua mãe Margareth, e a irmã de nome Caroline
com cerca de dez anos de idade.
O carro seguiu por uma ampla avenida, com
bétulas no canteiro central, até uma variante que dava
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acesso a saída da cidade, existindo ali um tipo de pórtico
quase monumental.
Uma estrada secundaria asfaltada, sem
acostamento, levava