Encontre sua Criatividade: Redescubra seu potencial criativo com estratégias simples
De Tina Seelig
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Sobre este e-book
"Nós já utilizamos a criatividade quando enfrentamos desafios. Alguns deles resultam em soluções criativas e rápidas: usar um sapato para manter a porta aberta, dobrar o canto da página para marcar o ponto do livro em que você está. Essas soluções são tão naturais que nem as consideramos como respostas inovadoras para pequenas situações que aparecem diariamente." Tina Seelig
"Neste trabalho inovador, Tina prova que qualquer pessoa pode ser criativa."
Nancy Duarte, CEO especialista em storytelling no Vale do Silício
"Poucas pessoas fizeram tanto para defender o pensamento inovador quanto Tina Seelig."
David Kelley, fundador IDEO
"Quem disse que criatividade não pode ser ensinada? Pode, e Tina Seelig conseguiu neste livro!"
Steve Blank, empresário e autor do The Startup Owners Manual
"Tina Seelig escreveu um guia de campo provocativo para a criatividade do século 21, com sua energia e entusiasmo estourando em cada página. Todos nós poderíamos usar um pouco mais de criatividade, e este livro ajuda a mostrar o caminho."
Tom Kelley, autor de A Arte da Inovação
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Encontre sua Criatividade - Tina Seelig
Copyright © Tina Seelig
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida para fins comerciais sem a permissão do editor. Você não precisa pedir nenhuma autorização, no entanto, para compartilhar pequenos trechos ou reproduções das páginas nas suas redes sociais, para divulgar a capa, nem para contar para seus amigos como este livro é incrível (e como somos modestos).
Este livro é o resultado de um trabalho feito com muito amor, diversão e gente finice pelas seguintes pessoas:
Gustavo Guertler (publisher), Mariane Genaro (edição), Germano Weirich (revisão), Celso Orlandin Jr. (capa e projeto gráfico) e Thaís Iannarelli (tradução)
Obrigado, amigos.
Produção do e-book: Schäffer Editorial
ISBN: 978-65-5537-045-4
2021
Todos os direitos desta edição reservados à
Editora Belas Letras Ltda.
Rua Coronel Camisão, 167
CEP 95020-420 – Caxias do Sul – RS
www.belasletras.com.br
À querida Sylvine.
Introdução
1. Comece uma revolução
2. Que venham as abelhas
3. Construa, construa, construa, salte!
4. Você está prestando atenção?
5. Reinado da mesa
6. Pense nos cocos
7. Mude a ração do gato de lugar
8. Cobertura de marshmallow
9. Mova-se rapidamente e quebre as coisas
10. Se algo puder dar errado, conserte!
11. De dentro para fora e de fora para dentro
Agradecimentos
Notas
Ideias não são baratas, são gratuitas
Provocativo. Só uma palavra: provocativo.
Até pouco tempo atrás, estudantes que queriam ingressar na All Souls College, na Universidade de Oxford, faziam o teste de uma palavra
. O ensaio, como era chamado, era muito esperado e temido pelos participantes. Cada um deles virava um pedaço de papel ao mesmo tempo e se deparava com uma única palavra, que poderia ser inocência
, milagres
, água
ou provocativo
. O desafio era desenvolver um ensaio nas três horas seguintes inspirado pela palavra.
Não havia respostas certas nesse teste. Porém, cada texto trazia reflexões sobre a riqueza de conhecimento dos estudantes, assim como sua habilidade de produzir conexões criativas. De acordo com o The New York Times, um professor da Oxford disse: A revelação da palavra chegou a ser um evento tão empolgante que até quem não estava concorrendo à vaga aguardava para saber qual era
¹. Esse desafio reforça o fato de que tudo – todas as palavras – cria oportunidades de desenvolver o que você sabe e exercitar sua imaginação.
Esse tipo de criatividade não foi estimulado em muitos de nós. Não vemos tudo ao nosso redor como uma oportunidade para desenvolver a inteligência. Na verdade, a criatividade deveria ser uma obrigação. Ela permite adentrar em um mundo em constante metamorfose e abre um universo de possibilidades. Com a criatividade aguçada, em vez de olhar para os problemas, visualizamos as potencialidades; em vez de obstáculos, vemos as oportunidades; em vez de desafios, enxergamos a chance de criar soluções inovadoras. Olhe ao seu redor e perceba que os inovadores entre nós são os que obtêm sucesso em todas as áreas, da ciência à tecnologia, da educação às artes. Ainda assim, a solução criativa para os problemas raramente é ensinada em escolas e sequer é considerada uma habilidade que pode ser aprendida.
Infelizmente, há uma frase constantemente reproduzida, que diz que ideias são baratas
. Essa afirmação exclui o valor da criatividade e está completamente errada: as ideias são incrivelmente valiosas. Elas levam a inovações que alimentam as economias do mundo e fazem com que nossa vida não seja repetitiva e estática. São os guindastes que nos tiram da rotina e nos levam ao progresso. Sem a criatividade, estamos não só condenados a uma vida de repetições, mas que dá passos para trás. Nossos maiores fracassos não são na execução, mas na imaginação. Como dizia o famoso inventor americano Alan Kay: A melhor forma de prever o futuro é inventando-o
. Somos todos inventores do nosso próprio futuro. E a criatividade é a essência da invenção.
Como demonstrou muito bem o teste de uma palavra
, cada declaração, cada objeto, cada decisão e cada ação são oportunidades para estimular a criatividade. Esse teste, um dos muitos aplicados durante vários dias na All Souls College, foi considerado o mais difícil do mundo. Exigia tanto uma amplitude de conhecimento quanto uma rica dose de imaginação. Matthew Edward Harris, que fez o teste em 2007, recebeu a palavra harmonia
. Ele escreveu no Daily Telegraph que se sentiu como um "chef que procura na geladeira ingredientes diferentes para fazer uma sopa"². A metáfora singela é um lembrete de que temos a oportunidade de desenvolver essas habilidades diariamente, enquanto enfrentamos desafios tão simples quanto fazer uma sopa e tão complicados quanto resolver os grandes problemas do mundo.
Leciono em um curso sobre criatividade e inovação no Hasso Plattner Institute of Design, carinhosamente chamado de d.school
a, na Universidade de Stanford. É um complemento ao meu trabalho em tempo integral como diretora-executiva do Stanford Technology Ventures Program (Programa de Empreendimentos Tecnológicos)b, na Escola de Engenharia de Stanford. Nossa missão é fornecer aos estudantes de todas as áreas o conhecimento, as habilidades e as atitudes necessárias para aproveitar as oportunidades e resolver os maiores problemas do mundo com criatividade.
No primeiro dia de aula, começamos com um simples desafio: redesenhar um crachá de identificação. Digo aos alunos que não gosto dos crachás como são. As letras são muito pequenas e eles não têm as informações que preciso saber. E às vezes ficam pendurados no cinto das pessoas, o que é muito estranho. Os alunos riem quando percebem que também se incomodam com essas questões.
Depois de quinze minutos, a classe substitui os crachás que estão pendurados no pescoço por pedaços de papel bem decorados, com os nomes escritos em letras garrafais – e os novos crachás ficam alinhadamente presos às camisas. Os estudantes ficam felizes por terem solucionado o problema e sentem-se prontos para o próximo desafio. No entanto, eu já estou pensando em outra coisa. Recolho todos os crachás novos e coloco-os no triturador de papel. Todos os alunos me encaram como se eu tivesse enlouquecido.
Então pergunto: Por que usamos crachás, afinal?
. Em princípio, eles acham a pergunta absurda. A resposta não é óbvia? Claro, usamos crachás para que os outros saibam nosso nome. Porém, rapidamente percebem que nunca tinham pensado nisso. Após uma pequena discussão, os estudantes reconhecem que crachás têm várias funções, incluindo estimular conversas entre pessoas que não se conhecem, ajudando, assim, a evitar o desconforto de esquecer o nome de alguém e permitindo a rápida identificação da pessoa com quem se fala.
Com essa visão expandida sobre a função do crachá, os alunos conversam entre si para descobrir como querem se comunicar com pessoas novas e como querem que os outros se comuniquem com eles. Essa conversa traz reflexões interessantes, que levam à criação de novas soluções, quebrando os limites de um crachá tradicional.
Certa vez, um dos grupos foi além das limitações do tamanho de um pequeno crachá e fez camisetas customizadas com uma mistura de informações sobre o usuário, traduzidas em palavras e imagens. Incluíam lugares onde tinham vivido, esportes que praticavam, músicas preferidas e seus parentes. Eles de fato ampliaram o conceito do crachá
. Em vez de usarem uma pequena etiqueta na camiseta, cada uma delas literalmente se tornou um crachá com vários tópicos a serem explorados.
Outra equipe percebeu que seria interessante, ao conhecer alguém, ter informações relevantes sobre a pessoa para que a conversa fluísse e se evitassem silêncios desconfortantes. Eles inventaram um ponto auditivo que envia informações sobre o interlocutor. Discretamente, revela fatos importantes, como a pronúncia correta do nome dela, o local onde ela trabalha e nomes de amigos em comum.
Outro grupo notou que, para facilitar conexões significativas com uma pessoa, é mais relevante saber o que ela está sentindo do que vários fatos sobre ela. Então criaram um kit de pulseiras coloridas, sendo que cada cor denotava um humor diferente. Por exemplo: a pulseira verde significa que você está bem-disposto; a azul, melancólico; a vermelha, estressado; e a roxa, feliz. Combinando cores diferentes, vários sentimentos podem ser comunicados aos outros, o que facilita a primeira conexão entre as pessoas.
Essa tarefa é dada aos alunos para demonstrar uma questão importante: existem oportunidades para solucionar problemas de forma criativa em todos os lugares. Qualquer coisa no mundo pode inspirar ideias geniais – até mesmo um simples crachá. Olhe ao redor, no seu escritório, na sua sala de aula, no seu quarto ou quintal. Tudo o que vê é apto à inovação.
A criatividade é um recurso inesgotável. Podemos acessá-la quando quisermos. Na infância, naturalmente exploramos nossa imaginação e curiosidade na tentativa de entender o mundo complicado ao nosso redor. Experimentamos tudo o que está à nossa volta, derrubando coisas para ver até onde caem, batendo nos objetos para ouvir os barulhos que fazem e tocando tudo o que está ao nosso alcance para sentir como as coisas são. Misturamos ingredientes aleatórios na cozinha para saber que gosto têm, inventamos jogos com nossos amigos e imaginamos como seria viver em outro planeta. Na essência, temos competência criativa e confiança. E os adultos que nos rodeiam encorajam nossos feitos criativos, construindo ambientes que estimulem nossa imaginação.
Quando chegamos à fase adulta, é esperado que sejamos sérios, trabalhemos duro e sejamos produtivos
. Cada vez mais são enfatizados o planejamento e a preparação para o futuro, em vez da experimentação do presente, e os espaços onde trabalhamos refletem esse novo foco. Com esse tipo de pressão externa, bloqueamos nossa curiosidade e criatividade naturais enquanto nos esforçamos para fazer o que se espera de nós. Desistimos de jogar e focamos na produtividade, trocamos nossa rica imaginação para focar na implementação. Nossa atitude muda e nossa aptidão criativa se esvai conforme aprendemos a julgar e dispensar novas ideias.
A boa notícia é que nosso cérebro é feito para solucionar os problemas com criatividade e é fácil reativar nossa inventividade natural. O cérebro humano se desenvolveu durante milhões de anos, de uma pequena quantidade de células nervosas com funcionalidade limitada até um fabuloso complexo otimizado para a inovação. Nosso cérebro altamente desenvolvido está sempre avaliando o ambiente em constante movimento, misturando e combinando respostas para nos adaptarmos a cada situação. Cada frase que criamos é única, cada interação é distinta e toda decisão depende só do nosso livre- -arbítrio. Temos a habilidade de criar novas respostas para o mundo ao nosso redor e isso é um constante lembrete de que nascemos para sermos inventivos.
Neurocientista e vencedor do prêmio Nobel, Eric Kandel diz que o cérebro é uma máquina de criatividade³. Aparentemente, a quantidade e a variedade de ideias são mediadas pelo lobo frontal, logo atrás da testa. Uma pesquisa preliminar sobre o cérebro, feita por Charles Limb na Universidade Johns Hopkins, demonstra que as partes do cérebro responsáveis pelo automonitoramento desligam-se automaticamente durante iniciativas criativas. Ele utiliza a ressonância magnética, que mede a atividade metabólica em diferentes áreas do cérebro, para estudar a atividade cerebral em músicos de jazz e cantores de rap. Durante o exame, ele pedia aos músicos que improvisassem um trecho de uma música. Enquanto isso, Limb descobriu que uma parte do lobo frontal, considerada responsável pelo julgamento, demonstrava atividade muito menor⁴. Isso implica que, durante o processo criativo, o cérebro desliga a natural inibição de novas ideias. Em muitas situações, é importante se automonitorar para não dizer tudo o que pensa ou fazer o que bem entender. No entanto, ao gerar novas ideias, essa função atrapalha. Pessoas criativas aparentemente são mestres na arte de desligar essa parte do cérebro para que suas ideias fluam de maneira mais natural, soltando sua imaginação.
O título original em inglês deste livro, inGenius, reflete o fato que cada um de nós possui gênios criativos esperando para serem libertados. A palavra "ingenious" deriva do termo em latim ingenium, que significa capacidade natural ou talento inato. Durante séculos, as pessoas questionaram esses talentos naturais e procuravam por fontes de inspiração criativa em outros lugares. Os gregos acreditavam que as deusas, chamadas musas, inspiravam as artes e a literatura, e adoravam-nas por seus poderesc. Mais tarde, na Inglaterra, William Shakespeare invocava sua musa ao escrever sonetos, geralmente clamando por sua ajudad. Ideias sempre pareceram ser fruto da inspiração e, assim, fazia sentido clamar à musa. Porém, sabemos que, na verdade, é sua escolha colocar em prática sua inventividade interior.
Muitas pessoas questionam se a criatividade pode ser ensinada e aprendida. Acreditam que as habilidades criativas são fixas e determinadas e, como a cor dos olhos, não pode ser alterada. Acham que, se não são criativas, não existe maneira de aumentar sua capacidade de ter ideias inovadoras. Eu discordo por completo. Existe um conjunto de métodos e fatores ambientais concretos que podem ser usados para ativar a imaginação e, ao otimizar essas variáveis, a criatividade naturalmente se potencializa. Infelizmente, essas ferramentas raramente são apresentadas de maneira formal. Como resultado, algumas pessoas acham que a criatividade é algo mágico e não o resultado natural de um conjunto de processos e condições.
Pode parecer estranho usar ferramentas para desenvolver a criatividade, já que ela requer fazer coisas que ainda não foram feitas. Mas você só precisa de um guia. Assim como os cientistas adotaram métodos científicos de tentativa e erro para traçar experimentos, o desenvolvimento da sua criatividade se beneficia de um conjunto formal de ferramentas para a geração de ideias. Considere que aprendemos a usar o método científico desde que somos crianças. Começando cedo, aprendemos a criar hipóteses e testá-las para descobrir como o mundo em que vivemos funciona. Aprendemos a fazer perguntas proibidas, descartar ideias preestabelecidas e criar experimentos para revelar respostas. Essa importante habilidade e o vocabulário associado a ela foram lapidados por anos, até que se tornaram naturais.
O método científico é de muita valia quando se tenta descobrir os mistérios do mundo. Porém, é necessário um conjunto extra de ferramentas e técnicas – pensamento criativo – quando se trata de inventar e não de descobrir. Essas duas ações são completamente diferentes, mas trabalham em conjunto. Assim como o método científico, o pensamento criativo usa ferramentas bem definidas, desmitificando o caminho para a invenção, e fornece um campo valioso para criar algo novo. Cientistas famosos e inovadores de todos os campos caminham entre a descoberta e a invenção, usando tanto processos científicos quanto criativos. Na verdade, na maioria das vezes, grandes cientistas também são grandes inventores, que apresentam as questões mais inovadoras e inventam métodos geniais para testar suas teorias científicas. É hora de fazer do pensamento criativo parte essencial da nossa educação desde a infância, assim como acontece com o método científico, e de reforçar essas lições por toda