Restauração de Ecossistemas como solução baseada na natureza é destaque na COP28

Restauração de Ecossistemas como solução baseada na natureza é destaque na COP28

Por* Barbara Bomfim, PhD , Especialista em Conservação do WWF-Brasil

No início deste mês pude estar presente na COP28, em Dubai nos Emirados Árabes, onde representei não só a equipe de Restauração de Ecossistemas do WWF-Brasil, como também o Pacto Trinacional da Mata Atlântica. Durante os debates com representantes de diversos setores e países, senti na pele a importância da agenda de restauração de ecossistemas como solução baseada na Natureza que traz benefícios importantes para a segurança climática, a conservação da biodiversidade e garantia da justiça socioambiental.  

E o trabalho de restauração na Mata Atlântica tem um grande potencial nesse contexto. Com uma vasta extensão territorial - quase 8% da área da América do Sul – e presente na Argentina, Brasil e Paraguai, a Mata Atlântica é um bioma extremamente importante para a biodiversidade por conter uma enorme porcentagem das plantas e espécies do mundo, muitas das quais não se encontram em mais nenhum outro lugar. O bioma é também lar para 145 milhões de pessoas, que dependem dos diversos serviços ecossistêmicos providos por suas florestas. 

No entanto, séculos de exploração e desenvolvimento não sustentável levaram o bioma a um estado altamente degradado, tendo-se perdido já cerca de 80% da sua cobertura original. Ainda assim, a Mata Atlântica possui biodiversidade e valor natural surpreendentes a nível mundial e por isso o tema restauração é urgente no bioma.  

Nos eventos focados em restauração durante a COP28, conversei com diversos atores do setor privado e financeiro, governo e organizações internacionais sem fins lucrativos (ONGs) com grande interesse em entender o trabalho do Pacto Trinacional da Mata Atlântica, que em 2022, foi reconhecido pela ONU como uma das 10 Iniciativas de Referência da Restauração Mundial (‘flagship’ em inglês) da Década da ONU da Restauração de Ecossistemas. Com eles, compartilhei a importância do trabalho em rede, uma vez que o pacto conta com mais de 370 organizações engajadas no Brasil, Argentina e Paraguai, que juntas já alcançaram 70% da meta do coletivo que é começar o processo de restauração em 1 milhão de hectares até 2030.

Além de mostrar como as empresas, as ONGs e os governos podem colaborar em investimentos florestais com benefícios triplos, que vão muito além de sequestro e estoque de carbono, e inspirar outros atores a fazer o mesmo, focando em alavancar apoio financeiro do Norte Global para a implementação e monitoramento de ações de restauração, conectadas a Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) no Sul Global. 

Essa minha vivência na COP28, renovou minha esperança de que a restauração da Mata Atlântica Trinacional e de todos os biomas presentes no Brasil possam ser vistos cada vez mais como referência global, e que negociações e compromissos assumidos na conferência se transformem em benefícios práticos para a natureza e sociedade latino-americana. 

*Com apoio de Taruhim Miranda Cardoso Quadros , Daniel Arrifano Venturi e Thiago Belote Silva

victor coelho coutinho

leader,finance manager, nature lover and coffee lover

6 m

isso sim é valido.

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