Um ecossistema de oportunidades: transformando o social com a parceria corporativa e a sociobiodiversidade
Crédito: © WWF-Brazil/Zig Koch

Um ecossistema de oportunidades: transformando o social com a parceria corporativa e a sociobiodiversidade

Por Daniela Teston – Diretora de Relações Corporativas no WWF-Brasil e Octavio Nogueira – Especialista de Conservação no WWF-Brasil 

No cenário atual, em que a busca por práticas sustentáveis e responsáveis é mais crucial do que nunca, o setor privado desempenha um papel vital na construção de um futuro mais justo e saudável para nosso planeta e para as futuras gerações. Enquanto a sustentabilidade ambiental tem ganhado destaque, é igualmente importante olhar para o "S" da sigla ESG (em inglês para Environmental, Social and Corporate Governance): o social. É aqui que a parceria entre o WWF-Brasil e as empresas surge como uma oportunidade valiosa para promover ações transformadoras. 

No WWF-Brasil, temos o privilégio de trabalhar em um tema cujo impacto positivo em conservação passa de geração em geração: a sociobiodiversidade. Esse é um termo brasileiro, ainda sem tradução, que diz respeito a “um conjunto de bens e serviços gerados a partir de recursos da biodiversidade, voltados à formação de cadeias produtivas de interesse de povos e comunidades tradicionais e de agricultores familiares, que promovam a manutenção e valorização de suas práticas e saberes, e assegurem seus direitos, gerando renda e promovendo a melhoria de sua qualidade de vida e do ambiente em que vivem.” 

A sociobiodiversidade reconhece que as comunidades locais têm saberes e práticas tradicionais valiosas relacionadas à gestão dos recursos naturais e à conservação da biodiversidade. 

Destacando a importância de garantir os direitos das comunidades tradicionais locais e povos indígenas sobre suas terras, recursos e conhecimentos. Além de integrar esses saberes com a ciência moderna e as políticas de conservação. 

Esse é um elemento fundamental para conservação ambiental. O relatório Povos indígenas e comunidades tradicionais e a governança florestal da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe (FILAC), é categórico em uma de suas conclusões:  

“Povos indígenas e comunidades tradicionais são os melhores guardiões das florestas”. 

Mas o que sociobiodiversidade tem a ver com o setor corporativo? 

O WWF-Brasil defende que as empresas não são apenas agentes econômicos; são também agentes de mudança e catalisadoras de inovação. Elas têm a capacidade de transformar rapidamente suas práticas e impulsionar soluções inovadoras, tornando-as peças-chave na jornada rumo à sustentabilidade. Leia o artigo sobre a nossa relação com o setor privado clicando aqui.

É aqui que o entramos em cena. Apoiamos as empresas a adotarem os principais conceitos de ESG, potencializando que elas se transformem em catalisadoras de mudanças que reverberam em toda a cadeia de suprimentos, desde a matéria-prima até o consumidor final do setor que fazem parte. 

E assim, buscam garantir a sobrevivência de seu próprio negócio, uma vez que a sociobioeconomia depende de ambientes naturais saudáveis e seus serviços ecossistêmicos, dado que suas atividades envolvem o manejo da terra e dos recursos naturais. Elementos fundamentais para operação de qualquer empresa.  

Vamos aos exemplos práticos:  recentemente desenvolvemos um projeto que propõe a incorporação de produtos agroecológicos de cadeia mais curta nos refeitórios das organizações. Outro exemplo ainda mais transformador seria a substituição por suprimentos mais sustentáveis de uma empresa. Imagine uma companhia que usa em suas operações o óleo de palma, conhecido por ser um produto oriundo de monocultura e, consequentemente, promotor da conversão de habitats naturais. Ao invés disso, essa empresa poderia optar pelo óleo de babaçu, proveniente de uma cooperativa ou associação de comunidades tradicionais organizadas para a produção e comercialização desse ingrediente que fortalece uma economia baseada na natureza.  

Como dar o primeiro passo rumo a essa transformação? 

Para apoiar empresas nesse momento inicial, criamos a Ferramenta “Negócios Pela Sociobio” (saiba mais aqui). Esta solução surge da vasta experiência do WWF-Brasil na gestão de cadeias produtivas, onde mais de 70 empresas adotaram práticas para eliminar o desmatamento. O propósito aqui é criar valor compartilhado para os negócios, engajando as empresas nesse tema e ampliando o seu horizonte de oportunidades, encorajando a adoção ou ampliação do uso de produtos das cadeias da sociobiodiversidade, especialmente nos biomas Cerrado e Amazônia. 

A ferramenta opera em três etapas distintas, começando por um questionário de autoavaliação que abarca os principais aspectos da atuação corporativa em relação à sociobiodiversidade. A seguir, a empresa pode avaliar sua posição em relação às boas práticas por meio de quatro pilares diferentes (Estratégia & Comportamento Empresarial; Gestão & Sustentabilidade; Inovação, Produtos & Comunicação; Suprimentos & Cadeias de Valor). Por fim, a ferramenta auxilia na criação de um Plano de Ações personalizado para a empresa, acompanhando sua evolução ao longo do tempo. 

Ao promover a sociobiodiversidade como um ativo de valor inestimável, essa ferramenta fornece um guia para que as empresas não apenas adotem práticas mais responsáveis, mas também se tornem agentes de transformação, cultivando uma cultura de sustentabilidade e equidade.

Ou seja, um verdadeiro “GANHA-GANHA-GANHA”. Ganha quem está produzindo, ganha a empresa que está dando escala a esse modelo, ganha conservação ambiental e as comunidades tradicionais 

Quer saber como ser uma empresa parceira do WWF-Brasil? Entre em contato conosco pelo e-mail [email protected]. Juntos é possível! 

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