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Rev. NUFEN [online]. v.4, n.2, julho-dezembro, 11-21, 2012.

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ANTROPOLOGIA DA SADE E DA DOENA: CONTRIBUIES PARA A
CONSTRUO DE NOVAS PRTICAS EM SADE

ANTHROPOLOGY OF HEALTH AND DISEASE: CONTRIBUTIONS TO THE
CONSTRUCTION OF A NEW PRACTICE IN HEALTH


Alessandra Carla Baia dos Santos
Andrey Ferreira da Silva
Danielle Leal Sampaio
Lidiane Xavier de Sena
Valquiria Rodrigues Gomes
Vera Lcia de Azevedo Lima
Universidade Federal do Par (UFPA)


Resumo Resumo Resumo Resumo
Este artigo apresenta uma reflexo sobre as contribuies da antropologia
da sade e da doena para a construo de novas prticas em sade. Para
tal, apontamos os conflitos e intercmbios entre os saberes da biomedicina
e dos terapeutas populares, mostrando a importncia da antropologia da
sade/doena neste debate. A anlise aborda tambm o desenvolvimento
dessa rea do conhecimento, e sua contribuio para a prtica mais
consciente dos profissionais de sade, a partir do reconhecimento da sade
e doena enquanto processos socioculturais. Portanto, a antropologia da
sade e da doena apresenta possibilidades de se repensar em polticas de
sade mais humanitrias, alm de possibilitar a ressignificao das
atividades cotidianas dos profissionais de sade.

Palavras Palavras Palavras Palavras- -- -chave: chave: chave: chave: antropologia; profissionais de sade; poltica de sade.


Abstract Abstract Abstract Abstract
This article analyzes the contributions of anthropology of health and disease
for the construction of new health practices. To this end, we point out the
conflicts and exchanges between the knowledge of biomedicine and
popular therapists, showing the importance of the anthropology of health /
disease in this debate. The analysis also addresses the development of this
area of knowledge, and its contribution to practice more conscious of
health, from the recognition of health and disease as sociocultural
processes. Therefore, the anthropology of health and disease can bring new
possibilities to rethink one health policy more human, besides enabling a
new meaning to the everyday activities of health professionals.

Keywords Keywords Keywords Keywords: anthropology; health professionals; health care policy.




__________________________________________________________________________________________Antropologia da sade e da doena

12 Rev. NUFEN [online]. v.4, n.2, julho-dezembro, 11-20, 2012.
Resumen Resumen Resumen Resumen
Este artculo presenta una reflexin de las contribuiciones de la
antropologa de la salud y la enfermedad para la construccin de nuevas
prcticas en salud. Para eso, hemos sealado los conflictos y intercmbios
entre lo conocimiento de la biomedicina y de los terapeutas populares,
mostrando la importncia de la antropologa de la salud/enfermedad en
este debate. El anlisis se centra tambin el desarrollo en esta rea del
conocimiento, y su contribuicin para la prctica ms conciente de los
profesionales sanitrios, a partir de lo reconocimiento de la salud y
enfermedad mientras procesos socioculturales. Por lo tanto, la antropologa
de la salud y enfermedad, presenta oportunidades para repensar en
polticas de salud ms humano, adems para la redefinicin de las
actividades cotidianas de los profesionales de la salud.

Palabras Palabras Palabras Palabras clave: clave: clave: clave: antropologa; profesionales de la salud; polticas de la salud.



Introduo Introduo Introduo Introduo

Durante dcadas e at atualidade, a
medicina cientfica conviveu do lado de
prticas populares de cura, tentando impor
seu saber como o nico capaz de explicar a
etiologia e cura para as enfermidades.
Portanto, mdicos, intelectuais e cientistas,
conviviam muitas vezes, de forma pouco
harmoniosa com prticas populares dos pajs,
benzedeiras, homeopatas, boticrios,
feiticeiros, barbeiros, parteiras, sangradores,
espritas, prticas estas consideradas como
charlatanismo
1
pelos mdicos.
A medicina acadmica de tradio
europeia que se constri a partir de meados
do sculo XVIII, e que se baseia no
racionalismo e na observao, era algo
bastante novo se comparado s outras
prticas de cura, as quais se baseavam nas
tradies culturais e na experincia emprica
da populao (WITTER, 2001).
No Brasil, a monopolizao das artes de
curar foi empreendimento do incio do sculo
XIX a partir da fundao da Sociedade de

1
O conceito de charlato no est apenas associado
aos agentes de cura populares, mas usado tambm
no interior da classe mdica, contra qualquer um que
demonstrasse uma sria concorrncia, o que evidencia
as divergncias entre os tipos de teraputica mdica.
Medicina do Rio de Janeiro (1829), e da
implantao do ensino mdico pelo governo
imperial em 1832 (PIMENTA, 2004).
No oitocentos, o Gro-Par foi um dos
vrios cenrios onde se observou os embates
entre agentes de cura que se desvelaram em
meio a epidemias como o da clera e da
lepra. De acordo com Ferreira (2003), ao
analisar a cincia dos mdicos e a medicina
popular no incio do sculo XIX no Brasil,
aponta que durante o oitocentos a disputa
entre a medicina acadmica e as prticas de
cura popular se tornou cada vez mais
evidente, sobretudo em determinados
contextos, como o do combate s epidemias,
quando a gravidade da situao expunha a
incapacidade da cincia mdica de deter a
propagao das doenas.
Todavia, apesar de mdicos diplomados
e terapeutas populares se afirmarem como
saberes opostos, na prtica, seus limites no
eram claros, ou seja, o conhecimento desses
agentes de cura se aproximavam e
interagiam. Para Almeida
(http://www.eeh2008.anpuhrs.org.br), h
trocas culturais entre as prticas de cura dos
mdicos formados e dos terapeutas
populares, e que, portanto, h a simbiose de
conhecimento de diferentes origens e
tradies.
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Em outras palavras, durante o sculo
XIX, nem as prticas de cura populares nem a
medicina acadmica eram conhecimentos
fechados em si, mas tinham uma dinmica
que foi capaz de possibilitar uma constante
recriao atravs dos contatos estabelecidos
no cotidiano.
Atualmente, apesar da biomedicina
ainda se justificar como saber hegemnico,
foi com o fortalecimento da antropologia da
sade e da doena nas ltimas duas dcadas
no Brasil que se passou a defender um
relativismo relacionado ao processo
sade/doena e s prticas de sade, onde os
saberes e prticas de qualquer sistema
mdico so percebidos como construes
socioculturais (LANGDON, 2009).
Em outras palavras, o fenmeno sade-
doena no pode ser entendido luz
unicamente de instrumentos antomo-
fisiolgicos da medicina (MINAYO, 1991), mas
deve considerar a viso de mundo dos
diferentes segmentos da sociedade, bem
como suas crenas e cultura. Significa dizer
que nenhum ser humano deve ser observado
apenas pelo lado biolgico, mas percebido em
seu contexto sociocultural.
Por isto, o presente artigo apresenta
este debate com o intuito de refletir de que
forma a antropologia da sade e da doena
pode contribuir para a construo de novas
prticas em sade. Tendo em vista que boa
parte dos profissionais de sade nos dias de
hoje seja pela dinmica nos servios de
sade, seja pela falta de capacitao ou
mesmo pelo descaso com o usurio ainda
reproduzem um ideal positivista, impondo um
modelo terico fechado, onde o usurio do
servio no participa ativamente do processo,
alm de dissociar a sade e a doena dos
aspectos e dimenses histricas, sociais e
culturais dos indivduos.
Isso no quer dizer que mdicos,
enfermeiros, psiclogos, assistentes sociais,
terapeutas ocupacionais, dentre outros
profissionais da sade, tenham que
abandonar os modelos tericos que os
orienta em seus trabalhos, mas precisam
ouvir o outro, possibilitando atravs da
comunicao, o conhecimento das reais
necessidades do indivduo, considerando que
eles so sujeitos de sua prpria histria, e
que, portanto, exercem agncia sobre suas
prprias vidas, percebendo e agindo segundo
suas experincias na vida coletiva (LANGDON,
2009).

Osagentesdecura Osagentesdecura Osagentesdecura Osagentesdecura

No tocante ao fenmeno
sade/doena, atualmente muitos estudiosos
acreditam que no se pode separar as noes
e prticas de sade dos outros aspectos da
cultura dos indivduos. O modelo biomdico,
apesar de possuir ainda muitos adeptos, atua
lado a lado com um sistema cultural de sade
que inclui especialistas no reconhecidos pela
biomedicina (LANGDON; WIIK, 2010), como
por exemplo, benzedeiras, curandeiros,
xams, pajs, pastores, padres, pais de santo,
dentre outros, cujas teraputicas de cura so
produtos de variados tipos de bricolage que
tm razes em prticas milenares de
diferentes tradies filosficas, tericas,
mgicas e de misticismo (MAUS, 2009, p.
125).
Atualmente, apesar dessas prticas
populares de cura ainda no serem aceitas
pela biomedicina, acredita-se que estes
embates j foram bem maiores no passado,
quando agentes populares de cura eram
proibidos de exercer suas teraputicas.
Segundo Almeida
(http://www.eeh2008.anpuhrs.org.br), o
nascimento das Faculdades de Medicina do
Rio de Janeiro e de Salvador em 1832, bem
como a transformao da ento Sociedade de
Medicina do Rio de Janeiro em Academia
Imperial de Medicina, foram processos
decisivos para a institucionalizao e
fortalecimento da medicina acadmica,
enquanto saber hegemnico.
Nesse contexto, era necessrio
desautorizar qualquer prtica de cura
realizada por terapeutas populares, os quais
no possuam nenhuma formao cientfica, e
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por isso, no poderiam atuar como os
mdicos letrados.
Um aspecto interessante destacado por
Witter (2005) aponta para a inferioridade do
trabalho manual em relao s chamadas
artes liberais. Nos oitocentos, as atividades
dos terapeutas populares como os barbeiros
e cirurgies estavam associadas com o
sangue, o corpo e as suas partes sujas, o
que sempre depreciava o ofcio deles. Ao
contrrio dos mdicos que se identificavam
com as artes liberais, as quais exigiam maior
estudo e menor grau de trabalho manual.
Segundo Francisca Santos (2001), ao
tratar sobre o discurso mdico-higienista em
Belm do Par no incio do sculo XX, os
mdicos acreditavam ter a verdade, e por
isso, deveriam ensinar tanto ao governo
quanto populao ignorante, guiando-os
sob as luzes da razo, orientando-os para
terem uma conduta que os levem a alcanar o
progresso da civilizao. Nesse sentido, a
poltica mdica vem para efetivar o controle,
intervindo na sociedade, policiando todas as
possveis causas de doenas, destruindo os
espaos sociais perigosos.
Alm de reivindicaes ao governo
sobre as restries e a regulamentao do
ofcio de curandeiros, os mdicos diplomados
tambm contavam com o apoio da igreja
catlica e das Ordenaes do Reino. A igreja
estabelecia a fronteira cultural entre o
universo demonaco e a cura mdica
associada aos saberes universitrios. A
medicina procurava desvalorizar o
conhecimento teraputico popular,
distinguindo os procedimentos cientficos
das crenas consideradas supersticiosas
(EDLER, 2010, p. 21).
Segundo Beltro (2004, p. 319), at
mesmo os mdicos, com o auxlio da igreja
catlica, de certa forma defendiam a
concepo da doena enquanto punio. Eles
acusavam as pessoas de serem insalubres e
imorigeradas, e atraam para si as
enfermidades quando no seguiam as
prescries mdicas. A lgica da concepo
seria a seguinte: caso as pessoas observassem
as regras morais vigentes teriam uma vida
saudvel, sem enfermidades. Enquanto a fala
dos mdicos indicava preceitos, a fala dos
padres indicava a graa alcanada, contudo,
ambos tinham o objetivo de desautorizar as
prticas teraputicas realizadas por agentes
populares.
Entretanto, apesar de todos os esforos,
os mdicos diplomados no conseguiram
proibir a atuao dos terapeutas populares,
pois nos contextos de epidemias como a
clera e a lepra, a prtica mdica necessitou
dialogar com teraputicas populares de cura,
pois a etiologia e cura para as enfermidades
eram desconhecidas, e, portanto, causavam
medo e insegurana.
Foi neste contexto que o processo de
popularizao da medicina acadmica se
intensificou e se destacou aps a divulgao
do Dicionrio de Medicina Popular em 1842,
do mdico polons Napoleo Czerniewicz, ou
simplesmente, Dr. Chernoviz (seu nome
abrasileirado), no qual h referncias a
inmeros vegetais e seus respectivos usos no
tratamento de vrias enfermidades, alm de
difundir saberes sobre higiene, que estava to
em voga naquele momento (CHERNOVIZ apud
FERREIRA, 2003). Portanto, concomitante a
um conflito social, existe a necessidade de
dialogar com as prticas populares de sade.
Acredita-se que este processo de
popularizao da medicina acadmica
perdura at os dias de hoje quando se
observa mdicos utilizando determinadas
ervas, ou indicando ao usurio um tratamento
espiritual, enfim, as fronteiras entre os dois
saberes , e sempre foi bastante tnue no
sentido de que seus conhecimentos
combinam-se e recriam novos saberes e
novas prticas em sade.
Um trabalho interessante desenvolvido
por Maus (2009) exemplifica essa realidade.
Segundo ele, um renomado cirurgio no
campo da biomedicina dizia que ao realizar
suas cirurgias, alm de toda tecnologia que
tinha a seu alcance, contava com o auxlio de
um esprito de luz. O que demonstra que,
apesar de existirem s vezes tenses entre o
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saber da biomedicina e as prticas de cura
religiosas e espirituais, elas no se anulam,
mas reinventam-se de acordo com as
necessidades do sujeito.

Antropologiadasadeedadoena Antropologiadasadeedadoena Antropologiadasadeedadoena Antropologiadasadeedadoena

Neste contexto, os estudos que vm
sendo desenvolvidos no campo da
antropologia da sade e da doena, e que se
intensificaram no Brasil nas ltimas duas
dcadas, trouxeram e trazem contribuies
inimaginveis e novos olhares sobre
representaes e prticas em sade/doena.
Para Alves e Rabelo (1998, p. 107), estes
trabalhos,

Tm ampliado nosso entendimento das
matizes culturais sobre as quais se
erguem os conjuntos de significados e
aes relativos a sade e doena,
caractersticos de diferentes grupos
sociais, e tem servido, em grande medida,
de contraponto aos estudos
epidemiolgicos que tendem a tratar o
tema doena e cultura em termos de
uma relao externa, passvel de
formulao na linguagem de fatores
condicionantes.

Conforme Canesqui (1998), a
antropologia feita no Brasil, especialmente na
dcada de 80 tem produzido conhecimentos
sobre os temas alimentao, sade, doena,
que afligem principalmente as classes
trabalhadoras ou outras minorias. Isto , so
estudos preocupados em investigar e analisar
de forma mais conscienciosa os distintos
saberes e prticas de cura, bem como suas
instituies e especialistas, alm da
preocupao em refletir sobre os confrontos
e/ou complementaridade dos cuidados
mdicos com outras prticas de cura.
Estes estudos so fundamentais para se
comear a pensar em prticas de sade mais
humanas, e por isso, a antropologia da sade
e da doena no pode ficar desvinculada de
outras disciplinas que compe a grade
curricular, em especial dos cursos que
formam profissionais de sade, pois trs
inmeras contribuies que envolvem as
reflexes em torno do processo
sade/doena, cultura e sociedade, bem
como so fundamentais para se repensar em
formulao de polticas pblicas e
planejamento dos servios de sade.
Todavia, esta realidade no foi sempre
assim. Segundo Ibez-Novin (1982, p. 18),
antes da dcada de 70 a produo cientfica
no Brasil relacionada antropologia mdica,
ficava por conta dos chamados folcloristas, os
quais quando falavam sobre a sade/doena
analisavam de forma dispersa e acrtica, alm
disso, ao tratarem das crenas e prticas
mdicas em sociedades rurais e urbanas
relacionavam-nas ao atraso cultural,
ignorncia e/ou de sobrevivncia de formas
arcaicas de pensamento e comportamento.
Do ponto de vista dos folcloristas, a
medicina cientfica se depararia com o estgio
positivo ou naturalstico, influenciada pelos
princpios da razo e da cincia,
caractersticas dos estgios mais
desenvolvidos da civilizao. Ao contrrio das
prticas populares de cura, as quais eram
consideradas como uma sobrevivncia de um
estgio historicamente menos desenvolvido
da medicina erudita (QUEIROZ, 1980, p. 243).
Segundo apontamentos de Oliveira
(1985, p. 12), esta viso preconceituosa, em
que a medicina popular vista como uma
prtica feita por ignorantes, nega qualquer
contribuio desta para construo de novas
formas de pensar as doenas e as curas. Para
a autora, quando a medicina popular
estudada deste modo, no est se levando
em considerao nem os conhecimentos,
muito menos as necessidades sociais e
estratgias de cura criadas pelas pessoas do
povo.
Lvi-strauss (1970), ao estudar os povos
ditos primitivos, contestando o racismo e a
noo de primitivo, contribuiu
veementemente para que a ideia de que os
chamados selvagens so atrasados e "menos
evoludos". Para ele, esses povos apenas
operam com o pensamento mtico (magia),
que em termos de operaes mentais
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comparvel ao pensamento cientfico,
diferindo quanto a questes do determinismo
causal, global e integral para o primeiro e em
nveis distintos, no aplicveis uns aos outros,
no pensamento cientfico (p. 31-32).
Esta mesma ideia de selvagem
enquanto primitivos e atrasados, a qual Lvi-
strauss contesta, aplicada aos agentes de
cura populares por meio dos relatos dos
folcloristas. Porm, no se pode
desconsiderar o fato de que so trabalhos
pensados em uma poca e em um contexto
histrico bem diferente de hoje, cujos
discursos no meio cientfico, pelo menos boa
parte deles, estavam voltados a uma ideologia
de valorizao negativa dos saberes e prticas
populares, mas que apesar disso, no se
tornam menos importantes, pois nos
deixaram um rico legado de registros e
inmeros dados que, sujeitos a cuidados,
podem ajudar em estudos sobre fontes
bibliogrficas (IBEZ-NOVIN, 1982).
No Brasil, nos ltimos vinte anos, os
estudos e pesquisa sobre sade, cultura e
sociedade tm se multiplicado, e na ltima
dcada, a antropologia da sade/doena vem
se consolidando como espao de reflexo,
formao acadmica e profissional de
mdicos, enfermeiros e outros profissionais
da rea da sade no pas (GARNELO;
LANGDON, 2005).
Nesta perspectiva, os profissionais de
sade comeam a desenvolver concepes
menos preconceituosas em relao s
prticas de cura popular, dirigindo cuidados
mais responsveis s pessoas e suas famlias,
levando em considerao que a ateno
sade um sistema social e cultural
2
, em sua
origem, estrutura, funo e significados
(OLIVEIRA, 2002, p. 68).
Neste sentido, as prticas de cura
populares no podem ser vistas isoladamente
de outros fenmenos que se estruturam na

2
A cultura oferece uma viso do mundo, ou seja, uma
explicao sobre como o mundo organizado, de
como atuar (...) a cultura de um grupo que prov aos
atores sociais definir tcnicas, classificar e organizar as
coisas de um modo geral. Ver: LANGDON; WIIK, 2010.
sociedade brasileira. Como aponta Oliveira
(1985), elas devem ser compreendidas
juntamente com outras prticas sociais cujas
determinaes so construdas
historicamente e socialmente.
Acredita-se, contudo, que no existem
prticas genuinamente mdicas ou
genuinamente mgico-religiosas, mas, no
mximo, recursos distintos que se
complementam. De acordo com Laplantine
(1986, p. 220),

Enquanto a interveno mdica oficial
pretende apenas fornecer uma explicao
experimental dos mecanismos qumico-
biolgicos da morbidez e dos meios
eficazes para control-los, as medicinas
populares associam uma resposta integral
a uma srie de insatisfaes (no apenas
somticas, mais psicolgicas, sociais,
espirituais para alguns, e existenciais para
todos) que o racionalismo social no se
mostra, sem dvida, disposto a eliminar.

Conforme Buchillet (1991), as
interpretaes que os agentes populares de
cura fazem no tocante s desordens
corporais, o fazem sempre em referncia s
regras sociais e culturais, ou seja, cada
indivduo, no tocante ao processo
sade/doena leva em considerao uma
organizao social, religiosa ou simblica
especfica da qual faz parte. O que no
significa dizer que h a ausncia de um saber
elaborado.
Em estudo desenvolvido por Wawzyniak
(2009) com agentes comunitrios de sade
(ACS) no Tapajs (Par), observou-se que
esses profissionais de sade lidam com
comunidades ribeirinhas cujas concepes de
sade/doena se relacionam com crenas e
imaginrios como o assombro de olhada de
bicho
3
, em que um bicho ou assombro de

3
Tambm conhecido como o mau olhado de bicho,
afeta tanto o indivduo quanto o grupo, uma vez que
existe a possibilidade de o mau-olhado atacar outros
membros da famlia ou da comunidade.
Frequentemente, consequncia de um
comportamento considerado condenvel em relao
ao uso dos recursos naturais ou da quebra da
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bicho tem a capacidade de causar doenas
nas pessoas. Neste trabalho o autor mostra a
importncia da atuao do ACS nessas
comunidades, cujo trabalho transita entre o
modelo biomdico e o sistema teraputico
tradicional.

AenfermagemtransculturaldeLeininger AenfermagemtransculturaldeLeininger AenfermagemtransculturaldeLeininger AenfermagemtransculturaldeLeininger

A enfermagem como cincia e arte do
cuidado assume papel fundamental na vida
do ser humano, afinal A histria da
humanidade mostra, desde os seus
primrdios, que os seres humanos precisam
de cuidado para sobreviver, para viver com
sade, felicidade e bem estar, e para curar-se
em situaes de doenas (PIRES, 2009).
Sabe-se que esse cuidar em
enfermagem tem o sentido de promover a
vida, o potencial vital, o bem estar dos seres
humanos na sua individualidade,
complexidade e integralidade. Abrange um
encontro entre pessoas com o objetivo
teraputico, de conforto, de cura quando isso
possvel, mas tambm de preparo para a
morte quando inevitvel (PIRES, 2009).
Para tanto, esse profissional enfermeiro
deve ser capaz de considerar os aspectos
socioculturais como imprescindvel ao
cuidado humanstico, alm de compreender
que o processo sade-doena subjetivo e
que est inserido em diferentes contextos
culturais, isto , a forma que cada indivduo
experimenta esse processo est enraizada nos
valores, nas crenas, nas prticas, nas
representaes sociais e simblicas, no
imaginrio, nos significados, enfim, no jeito
prprio de cada cultura explicar e interpretar
esse fenmeno (MELO; CABRAL; SANTOS
JNIOR, 2009).
Nesse sentido, estudos realizados por
Madeleine Leininger, enfermeira norte-
americana, foram essenciais para empoderar
o corpo da enfermagem no sentido de
valorizar as crenas, valores e prticas dos
mais diversos povos durante sua prtica

reciprocidade dos humanos entre si ou com os no-
humanos (WAWZYNIAK, 2008, p. 32).
profissional, a partir da teoria transcultural do
cuidado. Esta teoria prov uma estrutura
holstica e compreensiva para examinar
sistematicamente diferentes dimenses da
cultura, dentro de uma perspectiva de
Enfermagem (BRAGA, 1997), e foi
desenvolvida a partir da antropologia a qual
trouxe contribuies significativas para o
aprimoramento do cuidar em enfermagem.
Para Leininger (1985), h diversidade no
cuidado humano, com caractersticas que so
identificveis e que podem explicar a
necessidade do cuidado transcultural de
enfermagem. Assim, o profissional enfermeiro
deve tentar ajustar sua prtica cotidiana do
cuidar levando em considerao as crenas,
valores e modos das culturas para que se
possa oferecer um cuidado eficaz e
significativo para os indivduos.
O cuidado transcultural se torna ainda
mais importante quando nos deparamos com
regies, como a Amaznia, que apresenta um
complexo e diversificado contingente
populacional e sua diversidade sociocultural.
So populaes tradicionais como, por
exemplo, os indgenas, as populaes
caboclas, quilombolas, ribeirinhos,
seringueiros, e imigrantes recentes das vrias
partes do pas (CONFALONIERI, 2005). Essa
singularidade faz com que essa regio se
constitua num excelente campo para as mais
variadas prticas de cura, que incluem
prticas de terapeutas populares, mdicos,
intelectuais e cientistas.
Por isso, de fundamental importncia
que os profissionais enfermeiros, os quais
lidam diariamente com essas populaes,
possam adotar em suas prticas de sade um
cuidado cultural que seja congruente com as
crenas e padres de comportamento
relacionados sade e doena do cliente e
famlias, conhecendo, compreendendo e
prevendo o cuidado teraputico popular, sem
se prender a um modelo eminentemente
biomdico. Leininger, citada por Gualda e
Hoga (1992),

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Acredita que a teoria transcultural seja
capaz de predizer e explicar os padres de
cuidado humano das diversas culturas,
bem como possibilitar a identificao de
valores, crenas e prticas populares
pelos profissionais de enfermagem.
Acredita ainda que por meio deste
conhecimento, as decises e aes de
enfermagem podem tornar-se
congruentes e benficas para aqueles que
so assistidos (p. 70).

Guarda e Hoga (1992), a fim de facilitar
a compreenso do conjunto de elementos
que estruturam a teoria de Leininger, fizeram
a traduo desses conceitos que foram
elaborados por Leininger. O primeiro deles a
ideia de cultura que envolve valores, crenas,
normas de comportamento e prticas
relativas ao estilo de vida, aprendidos,
compartilhados e transmitidos por um grupo
especfico, que orientam o pensamento, as
decises e aes dos elementos pertencentes
ao grupo.
O outro conceito fala da viso de
mundo que se caracteriza pelo modo como os
indivduos percebem seu mundo e universo, e
nele inserem sua perspectiva de vida. E a
estrutura social que representa um processo
dinmico e de natureza interdependente,
compreendendo elementos estruturais ou
organizacionais da sociedade e o modo como
esses interatuam e funcionam. Incluem os
sistemas religioso, familiar, poltico,
econmico, educacional, tecnolgico e
cultural, delimitados pelo contexto lingustico
e ambiental.
Acredita-se que os conceitos e
proposies trazidas por Leininger, reafirmam
o compromisso social que a enfermagem
deve assumir a cada dia. Portanto, ns,
profissionais da sade, precisamos
compreender os contextos sociais e culturais
em que os usurios esto envolvidos, para
tanto, no necessrio desconsiderar nossa
formao acadmica, mas tentar transitar
nestes diferentes contextos (biomedicina e
medicina popular), valorizando o saber das
pessoas e atentando para suas subjetividades,
enquanto atores histricos de sua realidade
cultural.

Consideraesfinais Consideraesfinais Consideraesfinais Consideraesfinais

A histria como filha de seu tempo vm
nos mostrando quo complexo o fenmeno
sade/doena, o qual deve ser entendido no
de forma isolada, mas agregando aspectos
sociais, culturais, polticos e econmicos, bem
como necessita do olhar de diferentes atores
sociais em torno de um bem comum:
assegurar a sade das pessoas.
A medicina cientfica sempre se
apresentou como detentora do monoplio do
saber mdico, tentando desautorizar prticas
populares de agentes como benzedeiras,
parteiras, curandeiros, feiticeiras, dentre
outros. Todavia, mdicos diplomados e
agentes de cura popular apesar de
conviverem de forma pouco harmoniosa
cada um dentro de suas limitaes tambm
interagem enquanto saber e prtica.
Atualmente, apesar da grande
intolerncia por parte de muitos profissionais
da sade os quais ainda conservam o modelo
biomdico no exerccio de suas atividades
cotidianas, as teraputicas populares, mgico-
religiosas, permanecem vivas nas razes dos
mais variados povos, afinal quem nunca
recorreu ao ch de erva-doce ou do boldo a
fim de aliviar problemas digestivos ou
intestinais? Ou quem nunca recorre
espiritualidade quando tm algum problema
seja de ordem fsica, psquica ou emocional?
Claramente, vivemos e recriamos crenas e
tradies milenares de acordo com o
contexto cultural e social em que estamos
inseridos.
Nesse sentido, a antropologia da sade
e da doena contribui profundamente para
nossa formao enquanto profissionais da
sade, uma vez que, proporciona reflexes
em torno do fenmeno sade/doena, bem
como sua relao com aspectos sociais e
culturais dos povos, ressaltando que o
conhecimento biolgico, por si s, no
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suficiente para entender a complexidade
desse fenmeno.
Portanto, o culto dos santos, a f nos
espritos das florestas e dos rios, nos pajs e
nas parteiras, a confiana nas oraes e nos
encantamentos, o conhecimento e f nos
remdios caseiros, enfim, todas as crenas
sobre a sade e doena mantidas por
diferentes povos no mundo, devem ser
consideradas pelos profissionais de sade
que, dentro de suas possveis limitaes,
precisam recriar sua prtica cotidiana,
aproximando-se da linguagem e realidade
simblica dos indivduos.
Alm disso, a antropologia da sade e
da doena oferece possibilidades de se
repensar em polticas de sade menos
segregacionistas e voltadas particularmente,
s necessidades das classes mais desprovidas.
Para tanto, essencial compreender o
contexto social e cultural em que o indivduo
est inserido, considerando que estes
usurios transitam de forma tranquila entre
os diferentes setores de ateno sade, seja
a biomdica ou a medicina popular.
No mais, essencial resgatar a cultura
para o centro da relao entre indivduo e
profissionais de sade, observando que
preciso entender e valorizar as prticas
populares de cura dentro de seu contexto.
No se trata de desconsiderar a prtica da
biomedicina, mas de agregar as contribuies
dos dois saberes em prol de programas e
polticas de sade mais eficazes.

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Recebido em: 13/06/2012
Aceito em: 14/09/2012

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