Atletismo Paraolímpico
Atletismo Paraolímpico
para Professores
de Educao Fsica
www.cpb.org.br
Atletismo Paraolmpico
Manual de Orientao
para Professores
de Educao Fsica
Atletismo Paraolmpico
Autores: Amaury Wagner Verssimo e Rosicler Ravache
Braslia DF
2006
Manual de Orientao
para Professores
de Educao Fsica
Atletismo Paraolmpico
Autores:
FICHA CATALOGRFICA
V517a
978-85-60336-01-2
85-60336-01-X
SUMRIO
O projeto Paraolmpicos do Futuro, que ora se inicia, faz parte de nossos anseios h um bom tempo.
Mais precisamente desde 2001, quando foi sancionada a Lei Agnelo/Piva, verdadeiro divisor de guas na
histria do esporte brasileiro. A referida lei, que destina recursos para o fomento a diversas reas da
prtica desportiva, atende tambm ao meio escolar.
Sempre defendi que, antes de tomarmos qualquer iniciativa com relao ao desenvolvimento do
esporte para crianas e jovens com deficincia na escola, precisvamos criar uma cultura do esporte
paraolmpico no pas. De fato, hoje, a sociedade est bem mais sensvel a esta nobre causa. E, sem
sombra de dvida, o desempenho de nossos atletas na Paraolimpada de Atenas, em 2004, muito contribuiu
para a exposio e a conseqente visibilidade do esporte de alto-rendimento para pessoas com deficincia.
No contexto atual de escola inclusiva, na qual alunos com e sem deficincia estudam juntos, o
Paraolmpicos do Futuro vem preencher importante lacuna: apresentar comunidade acadmica o
esporte adaptado, torn-lo ferramenta de integrao e, ainda, garimpar futuros talentos. Com uma
estratgia de implantao gradativa, que se estender at 2008, o projeto tem, para 2006, aes
programadas nas cinco regies geogrficas do Brasil: Santa Catarina (Regio Sul), Minas Gerais (Sudeste),
Mato Grosso do Sul (Centro-Oeste), Cear (Nordeste) e Par (Norte).
O trabalho tem cronograma de etapas diferenciadas prevendo a preparao do material didtico e
de divulgao e a sensibilizao dos agentes envolvidos diretamente. A meta do ano levar a informao
para 3.000 escolas, mdia de 600 em cada uma das cinco unidades da Federao, e treinar 6.000
professores de educao fsica, dois em mdia por unidade escolar.
Como fechamento do ano, o Comit Paraolmpico Brasileiro realizar em outubro, em parceria com
o Ministrio do Esporte, o I Campeonato Escolar Brasileiro Paraolmpico de Atletismo e Natao. A
competio possibilitar a criao de ranking dos jovens atletas, que podero pleitear, em 2007, a BolsaAtleta, programa de incentivo do governo federal.
O prximo passo ser seguir o rumo de integrao hoje existente entre Olimpada e Paraolimpada,
bem como Pan-americano e Parapan-americano, competies indissociveis, dentro de uma mesma
estrutura organizacional. A idia aproximarmos os Jogos Paraolmpicos Escolares das j tradicionais
Olimpadas Escolares e Universitrias.
Como pode ver, caro(a) professor(a), na qualidade de referncia dos alunos, de formador de opinio,
voc s tende a alavancar a plena ambientao dos estudantes com deficincia na escola. De posse de
nova capacitao e de compromisso sedimentado em bases ticas e humanas, sua participao
fundamental para o sucesso do projeto.
Manual de Orientao
para Professores
de Educao Fsica
Atletismo Paraolmpico
Atletismo para Deficiente Visual
Autor: Amaury Wagner Verssimo
O ATLETISMO
O atletismo hoje o esporte mais praticado nos mais de 70 pases filiados Federao Internacional
de Desportos para Cegos (IBSA). Alm dos Jogos Paraolmpicos, fazem parte de seu calendrio maratonas, jogos mundiais e campeonatos mundiais para jovens. Um dos grandes fatores de difuso da modalidade o fcil acesso e a naturalidade dos movimentos, j que correr, saltar, lanar e arremessar so
atividades inerentes sobrevivncia do homem.
O atletismo para deficientes visuais constitudo basicamente por todas as provas que compem as
regras oficiais da Federao Internacional de Atletismo (IAAF), com exceo de salto com vara, lanamento do martelo, corridas com barreira e obstculos.
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As provas so divididas por grau de deficincia visual (B1, B2 e B3) e as regras so adaptadas para os
atletas B1 e B2. Para esses, permitido o uso de sinais sonoros e de um guia, que corre junto com o
competidor para orient-lo. Eles so unidos por uma corda presa s mos, e o atleta deve estar sempre
frente. As modalidades para os competidores B3 seguem as mesmas regras do atletismo regular.
ATLETISMO NO BRASIL
A ABDC, atual CBDC, realiza competies nacionais de atletismo desde a sua institucionalizao em
1984 e concentra um grande nmero de atletas praticantes no pas. Hoje a modalidade destaque
tanto nacional, quanto internacional. Os excelentes resultados em eventos realizados fora do Pas e em
competies nacionais credenciam o atletismo como o esporte de maior ascenso no cenrio paraolmpico
brasileiro. Nos Jogos de Atenas, por exemplo, os atletas deficientes visuais conquistaram 12 das 16
medalhas da modalidade. Foram duas de ouro, seis de prata e quatro de bronze.
A velocista brasileira Anelise Hermany - B2 foi a primeira medalhista Paraolmpica entre os deficientes visuais.
dria Santos a maior medalhista cega da histria paraolmpica brasileira.
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Ou:
B1 Cego
B2 Baixa Viso
AV
<2/60 ou CV
B3 Baixa Viso
AV
< 5
entre 5 e 20
Nas provas de atletismo regidas pelo International Paralympic Commitee (IPC), os atletas portadores de deficincia visual das classes B1, B2, B3 recebem respectivamente, nas provas de pista, a classificao de T10, T11, T12 e, nas provas de campo, F10, F11, F12.
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Os atletas das classes B1 e B2, nas competies, possuem assistncia de um atleta-guia, que corre ao
lado do atleta cego, ligado a uma corda no pulso ou na mo; ou correndo ao lado, passando-lhes
instrues. E nas provas de saltos e lanamentos so permitidas a utilizao de sinais acsticos e orientaes verbais do guia.
SISTEMA DE CLASSIFICAO
Quadro dos sistemas de classificao utilizados pela IBSA e do IPC.
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B1 - Cego
B2 - Baixa Viso
B3 - Baixa Viso
rea de impulso
Na prova do salto em altura, permitido que o atleta toque o sarrafo antes de saltar.
Lanamentos: o atleta pode receber orientaes sonoras, tteis do guia. Nas provas de
lanamento, o guia posiciona o atleta e sai da rea de arremesso, esperando em um ponto em
que esteja seguro, podendo ainda dar orientao sonora ao atleta em um local seguro. O guia
retorna para conduzir o atleta aps o levantamento da bandeira de sinalizao do rbitro, no
entanto dever retirar o atleta pela rea de trs da zona de lanamento. Caso isto no ocorra,
ser apontada infrao.
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Classe B2:
Corridas: os atletas precisam utilizar culos opacos, vendas ou tamponamento em todas as
provas. A corrida realizada juntamente com um atleta-guia.
Saltos: a prova de salto em distncia e salto triplo, assim como na classe B1, tm como
principal diferena a utilizao de uma rea de impulso que mede 1,22m x 1m, sendo que a
distncia do salto ser aferida a partir do ponto de impulso na rea de impulso, ou caso esta
ocorra antes desta delimitao, ser feita a medida na tbua convencional. O atleta poder ter
assistncia auditiva ou ttil de seu guia. Atleta B2 s pode utilizar-se de um guia.
Nestas provas, o guia responsvel pelo posicionamento e orientao de sua direo para o
salto. O guia pode estar ao lado da tbua de impulso ou no final da caixa de salto, mas no
dentro dela.
O atleta B2 pode dispor destes recursos mais a utilizao de marcaes com cores e bandeiras
nas reas de salto.
Lanamentos: o atleta pode receber orientaes sonoras, tteis do guia. Nas provas de
lanamento, o guia posiciona o atleta e sai da rea de arremesso, esperando em um ponto em
que esteja seguro, podendo ainda dar orientao sonora ao atleta em um local seguro. O guia
retorna para conduzir o atleta aps o levantamento da bandeira de sinalizao do rbitro, no
entanto dever retirar o atleta pela rea de trs da zona de lanamento. Caso isto no ocorra,
ser apontada infrao.
Classe B3:
O atleta B3 compete sob as mesmas regras do desporto convencional em todas as situaes.
As regras so da IAAF.
GUIA
Exemplo de guiar o atleta
sem a utilizao da cordinha.
Com atleta B2.
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Chegada dos
atletas e guias
REGRAS E FUNES
O guia nas corridas o olho do atleta, sendo-lhe permitida a comunicao verbal e fsica com
o atleta. Dentro das tcnicas para conduzir o atleta, ser permitida a utilizao de cordas guias,
a conduo pelo brao ou pelo uniforme do atleta. No entanto, no permitido ao guia puxar,
empurrar ou propelir o atleta na busca de uma vantagem sobre os outros competidores. O guia
deve estar sempre ao lado ou atrs do atleta, no ficando mais de 50cm longe dele. Na linha de
chegada, o guia deve posicionar-se atrs da linha do atleta para no atrapalhar a arbitragem.
A troca de guias pode ocorrer nas provas com distncia acima de 400m. A troca dever ser
notificada arbitragem antes da largada da prova e a substituio se dar no local designado
pela arbitragem. Ser permitida apenas uma substituio. Exceo ser feita na maratona, onde
podem ocorrer trs trocas de guias nos quilmetros 10, 20 e 30.O guia no um competidor, ele
parte de uma equipe na competio. A qualquer infrao das regras pelo guia, a dupla ser
punida.
A passagem no revezamento ocorre pelo toque entre atletas, guias, atletas e guias. No existe
zona de acelerao neste tipo de prova. O guia, nesse caso, tem de permanecer na mesma linha
ou atrs do atleta, mesmo na passagem. O basto como elemento simbolizador da passagem,
estar sendo adotado em um futuro prximo. O papel do guia nesse evento fundamental para
que as passagens sejam eficientes.
GUIA: O ATLETA
Ser guia requer um elevado nvel de profissionalismo, mesmo quando trabalha como voluntrio.
Como guia, deve no s ter condutas pessoais e profissionais de qualidade, mas tambm viver de
acordo com elas. A relao entre guia e atleta no se resume apenas sua preparao para os
acontecimentos na competio. tambm uma questo de formar atitudes e ser educador no
sentido mais amplo da palavra. Por meio do seu trabalho e do modo como o realiza, ele projeta
uma imagem para o treino dos atletas, para os tcnicos e ainda para aqueles que esto envolvidos
no treino.
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4. COMPETIES
ATLETISMO NO BRASIL
A Confederao Brasileira de Desportos para Cegos, filiada IBSA, em sua modalidade de atletismo,
concentra um grande nmero de atletas praticantes no Brasil e possui participao ativa como
representante brasileira em competies internacionais.
As seguintes provas fazem parte do calendrio da CBDC, categoria adulta:
Provas individuais: 100m rasos; 200m rasos; 400m rasos; 800m rasos; 1.500m rasos; 5.000m
rasos; 10.000m rasos (somente masculino); salto em distncia; salto triplo (somente masculino); salto
em altura (somente masculino); arremesso de peso; arremesso de disco; lanamento de dardo e pentatlo.
Alm dessas provas, disputadas na categoria adulta, a CBDC tambm promove competies na
categoria escolar.
Provas:
CATEGORIAS
* Infantil: incluir qualquer atleta com idade inferior a 14 anos, completos at o dia 31 de dezembro,
no ano da competio.
* Juvenil: incluir qualquer atleta com mais de 14 anos e menos de 17 anos, completos at o dia 31
de dezembro, no ano da competio.
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CLASSES
* Cegos.
* Baixa Viso.
PROVAS
* Infantil (Masc. e Fem.).
Corridas: 50m rasos e 500m rasos.
Salto em distncia (Salto livre).
Lanamento de pelota (bola de beisebol).
Arremesso do peso (3 kg).
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5. INICIAO AO ESPORTE
Princpios de iniciao
A Deficincia Visual
Segundo CONDE (1995, p.10), O portador de deficincia visual uma pessoa normal, que no
enxerga ou possui viso reduzida, ou seja, nenhuma outra defasagem lhe naturalmente inerente.
Para ele, a pessoa cega uma pessoa normal desde que no possua nenhuma outra deficincia
congnita ou adquirida. Contudo, em funo da diminuio de suas possibilidades de experimentao,
da subestimulao, de um relacionamento familiar e/ou social inadequado e de intervenes educacionais
no apropriadas, poder apresentar defasagens no desenvolvimento social, afetivo, cognitivo e psicomotor,
quando comparados a indivduos de viso normal da mesma faixa etria.
A pessoa com deficincia visual apresenta locomoo insegura, pouco controle e pouca conscincia
corporal, problemas posturais e insegurana (Seaman & De Pauw, 1982) o que pode gerar
comprometimento do equilbrio (esttico), coordenao, agilidade, controle corporal e postura (Adams
et al., 1985). O esporte pode ser uma ferramenta para minimizar estes problemas.
O desenvolvimento afetivo e social da criana vai depender principalmente das primeiras percepes
que ela possui do ambiente, do sucesso ou insucesso de sua aprendizagem, da riqueza ou carncia de
sua vivncia, da forma como ela aceita ou rejeitada pelos adultos ou grupos iguais, condicionando a
esses fatores seu ajustamento pessoal, social e sua integrao ao mundo (SILVA, 1988, p.132)
Como acrescenta SILVA (1988), para que uma pessoa cega consiga levar adiante o seu treinamento,
preciso que tenha uma motivao, um objetivo a ser alcanado, e que esteja bem psicologicamente. A
partir disso, a criana cega capta o mundo em que vive pela experimentao corporal, utilizando o
movimento como base para a apreenso das informaes; neste aspecto, sua autoconfiana, autoestima, a diminuio de ansiedades, esto diretamente ligadas s possibilidades de movimentar-se e
locomover-se no ambiente.
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O atletismo contribui para o desenvolvimento orgnico e funcional da criana por meio de seu
aparelho respiratrio e circulatrio, melhorando, entre outras coisas, a resistncia fadiga. As situaes
de mltiplos saltos, lanamentos e corridas permitem s crianas uma melhora geral de sua motricidade,
um aprendizado de diferentes percepes e reconhecimento das sensaes do movimento e do gesto.
A criana inicia-se no atletismo jogando. Com criana de 5 a 7 anos, no se trabalha o atletismo,
realiza-se com ela atividades de jogos de corridas, saltos e lanamentos, melhorando suas capacidades
psicomotoras. Por isso, deve-se multiplicar situaes e graus de dificuldades nos jogos.
As sesses sero gerais e diversificadas (corridas e saltos, corridas e lanamentos, corrida-salto e
lanamento), favorecendo a movimentao e solicitando a adaptao das crianas em variados esquemas.
As capacidades fsicas e tcnicas tero uma considervel melhora quando trabalhadas no programa
de treinamento a orientao espacial e formao corporal: para o cego pela instrumentalizao das
informaes passadas pelo tcnico de maneira individualizada, utilizando todos os tipos de informaes;
para o atleta de baixa viso, as informaes sero visuais e outros tipos de informaes orientadas pelo tcnico.
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Como em qualquer tipo de treinamento, a aprendizagem da pessoa com deficincia visual no atletismo
deve respeitar a individualidade biolgica.
MODELO DE AVALIAO
Modelo de reconhecimento na busca de talento para crianas at 12 anos, tendo como base a
classe de rendimento III da Federao Alem de Atletismo (RDA).
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CORRIDAS
O primeiro passo para uma aula de corrida o reconhecimento do espao, tanto para o aluno cego
como para o de baixa viso, conhecendo as dimenses (largura e comprimento), encontrando os obstculos
e reconhecendo referncias para orientao espacial (canalizao do vento e/ou direo, sons, cheiros
ou luz em determinados pontos),recebendo todas as orientaes e informaes quanto ao local a ser
utilizado, explorando o ambiente e criando um mapa mental de onde ser feita a atividade. Toda vez
que tiver alguma alterao do meio, o aluno dever saber desta mudana.
Os educativos de corrida podem ser feitos tambm com o colega-guia.
O professor, juntamente com os alunos, pode desenvolver vrios tipos de acompanhamentos de
como dever guiar o aluno cego ou de baixa viso. Pode-se guiar com acessrios, tendo uma corda
entre as mos de no mximo 50cm; sem acessrios, pode acompanh-lo de mos dadas, segurando a
camisa do corredor cego e ou apenas correr ao seu lado com orientaes verbais gerais quanto ao
ritmo, direo e outros.
Para que isto acontea, deve existir uma boa coordenao entre guia e atleta, para que haja uma boa
performance. Muitos exerccios para desenvolver uma boa coordenao devem ser feitos juntos. Alguns
exemplos:
Atleta e guia, estando em uma posio parada, realizam o balano dos braos (posio de corrida);
simultaneamente iniciar de mos dadas, depois com uma corda como j foi descrito.
Atleta e guia realizam uma corrida estacionria para desenvolver os movimentos simultneos.
Observao: o professor deve sempre orientar o aluno-guia antes que ele ajude o colega, orientandoo para no puxar ou empurrar o atleta cego, devendo sempre estar ao lado ou um pouco mais atrs.
Nos educativos de corrida e coordenao geral, o professor deve ficar aproximadamente a uma
distncia de 20/30 metros longe do aluno e dar orientaes sonoras para que ele venha em sua
direo, seguindo a voz ou palmas, fazendo o exerccio que foi pedido.
Quando estiver em uma quadra de esportes, o professor deve ficar no meio desta e o aluno na
parte central; na pista de atletismo, o aluno deve ficar entre as raias de n0 3 e n0 4 e o professor nas
mesmas raias na distncia de 20/30 metros.
Exemplos de atividades:
Iniciar com os movimentos (balano) dos braos em um ngulo de 90 graus, estando o aluno em
uma posio parada com um p ligeiramente em frente.
O aluno, na posio parada, deve elevar apenas o joelho de uma das pernas em um ngulo de 90
graus e repetir na outra perna.
O mesmo exerccio anterior, deve elevar alternadamente os joelhos sem sair do lugar como se
estivesse marchando sem movimentos dos braos.
O mesmo exerccio acima com os movimentos dos braos.
Corrida estacionria contra uma parede.
Corrida lateral.
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As atividades desenvolvidas podem ser todas encontrados nos livros de atletismo, mas devem sofrer
as adaptaes que sejam necessrias para sua realizao. Estas devero ser tteis ou sonoras, quando
usadas pelas pessoas cegas, e visuais com adaptaes de cores em alto contraste, alm de estmulos
sonoros e tteis, para pessoas com baixa viso.
Exerccios bsicos:
Passo do gigante: caminhar com passadas largas.
Caminhar nas pontas dos ps.
Andar o mais rpido possvel.
Caminhar com elevao dos joelhos.
Saltos em deslocamento alternados dos ps.
Correr de frente e de costas.
Correr em crculo.
Correr em oito.
Correr para os lados, cruzando os ps pela frente e por trs.
Correr em forma de S.
Correr com elevao dos joelhos.
Velocidade:
Conceito: a capacidade de o homem se deslocar rapidamente de um ponto ao outro.
As capacidades fsicas bsicas que devem ser priorizadas para as provas de velocidade:
Velocidade.
Fora.
Resistncia anaerbica.
Agilidade.
Descontrao.
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CAUSAS
EFEITO
Aumenta o atrito com o
P todo no cho.
solo.
O aproveitamento da
Faz o apoio anterior
atrs da linha vertical impulso reduzido pelo
no posicionamento
do joelho.
articular.
Pouca extenso da
Correr sentado.
perna de apoio.
CORREO
Andar na ponta dos ps.
Coordenao de corrida
com o apoio dos ps um
pouco a frente dos joelhos.
Realizar duplos saltos.
Correr com os ps
para fora ou para
dentro.
Posio do p do velocista
Exerccios de musculao.
As capacidades fsicas bsicas que devem ser priorizadas para as provas de meio-fundo e fundo:
Resistncia aerbica e resistncia anaerbica.
Fora.
Velocidade.
Descontrao.
SALTOS
SALTO EM DISTNCIA
A fase de corrida nos saltos deve passar pelo mesmo processo pedaggico das corridas e arremessos
(orientao espacial e dinmica de deslocamento). O problema fica complexo no treinamento para a
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chamada (passo que antecede o salto), enquanto na fase area do salto o problema minimizado, pois
a questo da orientao espacial no influi mais, j que no se pode mudar o sentido do deslocamento.
A chamada um elemento de preciso que depende de refinamento tcnico gerado pela repetio
exaustiva. A distncia para a chamada deve ser treinada e estabelecida nos treinos. Apesar de a rea de
impulso no salto em distncia e no triplo, para o B1 e B2, ser de 1m x 1,22m, o aluno precisa ter o
referencial espacial muito bem estabelecido, j que o atleta tem de correr na direo certa e ainda
acertar a distncia da tbua. Independente da ajuda de um chamador, esta ao de muita complexidade
em sua execuo.
Para o salto em distncia, o chamador dever posicionar-se ao lado da rea de impulso e bater
palmas para indicar a direo da corrida. Quando o atleta se aproximar, ele dever dar sinal que faltam
um ou dois passos para o salto. Pode-se usar um outro chamador atrs da caixa de areia dando as
coordenadas de direo e o que fica ao lado da rea de impulso s indicar o momento do salto. Esta
tcnica com dois chamadores muito til no salto triplo, em que o atleta durante os trs saltos tende
a perder um pouco do senso de direo.
As capacidades fsicas bsicas que devem ser priorizadas para as provas de saltos:
Velocidade e fora.
Agilidade.
Resistncia anaerbica.
Descontrao.
Regras bsicas:
Corredor de saltos.
Tbua de impulso e/ou rea de impulso.
rea de queda.
Fases do salto:
Corrida de balano ou aproximao.
Chamada ou impulso.
Suspenso ou vo (Extenso. Passada no ar. Tesoura. Arco.).
Queda.
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Tcnica inicial:
Aprendizado da corrida com chamada e nmeros de passadas, educativos de saltos e exerccios de
aprendizagem da figura do salto
Exemplos:
Salto parado com ambas as pernas: o aluno fica na borda da caixa de salto em distncia com as
pernas separadas lateralmente, realiza uma pequena flexo de pernas e salta para frente caindo na caixa
de areia com pequena flexo de pernas.
Salto parado com impulso na perna esquerda e queda na caixa de areia com ambas as pernas.
Salto com uma passada com impulso na perna esquerda. O professor pode acompanhar o aluno
dando orientao verbal ou tambm acompanh-lo de mos dadas.
O mesmo salto acima com duas passadas at cinco passadas caminhando. Quando o aluno estiver
com confiana e bom direcionamento, pode fazer as passadas correndo com intensidade mdia at
conseguir correr bem direcionado em sua corrida mxima.
Trabalho com ritmo de passadas, exemplo corrida crescente.
O atleta, no gramado ou na pista de atletismo, corre uma distncia pr-determinada pelo tcnico e
simula a entrada do salto.
Fica a critrio do atleta e do professor a melhor maneira de realizar o salto com nmero fixo de
passadas ou com o professor (tcnico) fazendo a chamada na rea de impulso, avisando o momento
em que ele deve realizar o salto.
Exemplos de atividades para o final do salto.
O aluno, no final do salto, transporta o corpo para frente com a queda do corpo sobre os
calcanhares.
O aluno fica em cima de um plinto e salta para um colcho procurando cair na posio sentado
(final do salto).
O aluno, com uma passada, d impulso em cima de um plinto baixo e salta para um colcho (como
no exemplo acima).
SALTO TRIPLO
O salto triplo para deficientes visuais segue o mesmo princpio do salto em distncia em relao aos guias,
mas o ideal so dois: um deve fica na rea de impulso e outro para orientao da seqncia dos saltos.
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Corrida de acelerao:
A distncia da corrida de acelerao varia entre 10 passadas, para iniciantes, e 20 passadas para
atletas de alto nvel.
Deve-se aumentar a velocidade progressivamente at a impulso.
Hop:
O p de impulso deve ser rpido (realizar sempre movimento de trao no de pisto).
Step:
Durante o step, o atleta mantm uma posio semelhante a do final de impulso, preparando para o
jump, extenso da perna livre para a frente, para baixo e para trs.
Manter o tronco na posio vertical.
Jump:
Pode ser efetuado com a tcnica do salto em distncia (qualquer das tcnicas do salto em distncia).
Metodologia:
Trabalhar somente a primeira parte do salto, caindo na areia (com 1, 2, 3, 4, 5 passadas).
Trabalhar somente o segundo salto, caindo na areia (com 1, 2, 3, 4, 5 passadas).
Educativos da parte final do salto triplo:
Ps juntos, saltar para a caixa de areia.
Com uma passada, saltar projetando o joelho da perna livre para frente e cair com os ps juntos
(obs.: com 2, 3, 4, 5 passadas).
Trabalhar os dois ltimos saltos (obs.: manter o joelho livre na frente e no salto final rodar os braos).
Aprendizado da corrida com chamada e nmeros de passadas.
Educativos de saltos.
Exerccios de aprendizagem da figura do salto.
A tcnica do salto triplo para deficientes visuais:
Exerccio de salto duplo com a mesma perna.
Exerccios de saltos alternados.
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SALTO EM ALTURA
Metodologia do salto tesoura e fosbory:
Passar o obstculo em forma de tesoura (obs.: em todos os exerccios, trabalhar os dois lados,
utilizando ora a perna esquerda, ora a perna direita).
Passar o obstculo igual salto tesoura.
Correndo, subir no colcho (obs.: com cego, subir no colcho com 1, 2, 3, 4, 5 passadas).
Transpor sarrafo com corrida de curva em estilo tesoura.
Correr em linha reta com elevao dos joelhos.
Correr em curva, fazendo um crculo.
Correr em curva no p de impulso, elevar a perna livre e o brao para o alto.
Correr em curva e, na chamada, elevar a perna livre e direcion-la para o centro.
Correr em curva e direcionar o olhar na entrada do salto sobre o ombro para a parte de dentro do
colcho.
Rolamento para trs no colcho.
Rolamento para trs com plinto para o colcho.
Saltar para trs com os dois ps juntos tendo o elstico como o sarrafo.
Saltar lateralmente com os dois ps juntos tendo o elstico como o sarrafo.
Saltar lateralmente com o p de impulso tendo o elstico como o sarrafo.
Saltar lateralmente com uma passada tendo o elstico como o sarrafo.
ARREMESSOS E LANAMENTOS
O reconhecimento espacial do ambiente tem a funo de conhecer a rea de arremesso e lanamentos,
pois fundamental para o deficiente visual.
Enfocar exerccios de equilbrio , j que nosso principal mecanismo de equilbrio a viso. Sem ela,
no caso da cegueira, o sistema vestibular e a propriocepo devem ser estimulados para suprirem a
ausncia da viso. Os arremessos e os lanamentos so constantes processos de perda e retomada de
equilbrio, tanto esttico quanto dinmico.
Os lanamentos sero direcionados pelas informaes verbais. Para isso, pode-se combinar diferentes
informaes em um mesmo exerccio.
Em um exerccio de arremesso de peso, o chamador ir atuar da seguinte maneira: posicionar o
atleta no setor de arremesso, orient-lo espacialmente (com informaes tteis e sonoras), coloc-lo
prximo dos implementos e, aps, colocar-se na frente do atleta batendo palmas ou transmitindo
informao sonora para indicar a direo do arremesso. Assim, no caso de um giro, o atleta saber qual
a direo correta.
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Regras bsicas o tempo para o lanamento ou o arremesso iniciado aps a orientao espacial do
atleta. Atleta e guia so um s de forma que qualquer um dos dois pode invalidar uma tentativa de
arremesso, o guia pode orientar espacialmente o atleta a todo momento.
As capacidades fsicas bsicas que devem ser priorizadas para as provas de lanamento e arremesso:
Fora.
Velocidade.
Agilidade.
Resistncia anaerbica.
Descontrao.
ARREMESSO DO PESO
Tcnicas bsicas para lanamentos:
Posio das mos.
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Fases:
Posio inicial.
Deslocamento.
Arremesso.
Reverso.
Tcnica:
Lateral.
OBrien.
Metodologia:
Arremessar o peso ou medicine ball com ambas as mos para frente.
Arremessar o peso ou medicine ball com ambas as mos para o alto.
Arremessar o peso ou medicine ball para o cho.
Arremessar o peso ou medicine ball para o alto.
Arremessar o peso ou medicine ball para o cho.
Arremessar o peso ou medicine ball lateralmente.
Com medicine ball, passe de peito, finalizando com a quebra do pulso.
Com os ps lado a lado, pressionando a bola com a mo esquerda contra a direita, fazer uma
rotao de tronco e arremessar a bola.
Idem acima, levando a perna direita para trs (obs.: dois lados).
Tcnica (OBrien):
Na ponta do p, deslocar-se para trs.
Na ponta do p, deslocar-se para trs, virando para dentro no final (agrupando).
Posio de equilbrio:
Tempo 1. Posio inicial do arremesso: estica a perna esquerda para trs, vem para a frente sem
passar da linha do joelho.
Tempo 2. Extenso da pena esquerda para trs e ficar no calcanhar da perna direita (obs.:
sempre direcionar o olhar para a frente e no mexer os ombros).
Tempo 3. Exerccio acima, virando para dentro o p direito.
Tempo 4. Idntico ao anterior, estendendo toda a perna direita transferindo para a perna esquerda.
Tempo 5. Mudana da perna direita para a perna esquerda (reverso).
Tcnica lateral:
Atleta fica na posio lateral ao local onde ser direcionado o arremesso; realiza um deslocamento
lateral e finaliza arremessando o peso.
Principais erros do arremesso do peso:
Tnis alto.
Desequilbrio inicial.
Deslocamento errado da perna de chute.
Queda com as pernas estendidas.
Queda lateral.
Falta de extenso das pernas no final do arremesso.
32
LANAMENTO DO DISCO
O aluno criar um quadro mental do esquema corporal para a melhoria dos movimentos da figura
tcnica do lanamento.
33
Metodologia:
Familiarizar-se com disco.
Trabalhar o disco no solo.
Trabalhar o disco para o alto.
Lanamento para frente.
Lanamento para frente com impulso das pernas.
Lanamento lateral.
Lanamento na posio de fora.
Capacidades Motoras:
Fora.
Resistncia.
Velocidade.
Flexibilidade.
Coordenao.
LANAMENTO DO DARDO
34
Metodologia:
Lanamento com material improvisado.
Familiarizao com o implemento.
Transporte do implemento.
Posio inicial do lanamento.
Lanamento lateral. Lanamento de frente.
Lanamento com ambas as mos.
Lanamento com uma cruzada (com 2, 3, 4, 5 cruzadas).
Lanamento com uma passada (2, 3, 4, 5 passadas).
35
6. TREINAMENTO ESPORTIVO
Mas, em qualquer idade, o treinamento deve ser a longo prazo determinado pelo treinador. Para
cada ciclo, dividiremos em perodos de um ano e daremos o nome de periodizao, que o termo
utilizado para descrevermos a diviso de um programa de treinamento em perodos e cada um desses
perodos ter objetivos especficos no treinamento.
Periodizao
A periodizao uma diviso do treinamento; existem trs perodos principais em qualquer programa
de treino:
Perodo de preparao.
Perodo de competio.
Perodo de transio.
Preparao
geral
Preparao
especfica
Preparao
Competies
secundrias
Competio
36
Competio
principal
Transio
Intensidade
Mxima
Submxima
Alta
Moderada
Leve
95 - 100%
85 - 94%
75 - 84%
65 - 74%
50 - 64%
Perodo de competio:
O volume de treino gradualmente reduzido e a intensidade aumentada; os tempos de recuperao
mais longos.
Perodo de transio:
Aps o perodo de competio, surge o perodo de transio (conhecido com descanso ativo). um
perodo de avaliao em que o atleta se recupera fisica e mentalmente, realizando atividades reduzidas
e outras atividades fora de sua rotina habitual.
TESTES
Alguns testes para avaliao e elaborao do treinamento.
Testes de resistncia:
Corrida de 2.000m.
Corrida de 4.000m.
37
Testes de velocidade:
Corrida de 30m parado.
Corrida de 50m parado.
Parmetros do treinamento:
Fora Dinmica.
Hipertrofia.
Fora Explosiva.
Resistncia Muscular Localizada.
Exerccios Isomtricos.
38
Carga de treino
Elevada
Mdia
Reduzida
Descanso
Dom.
Seg.
Ter.
Qua.
Qui.
Sex.
Sb.
Aquecimento:
Deve iniciar lentamente e gradualmente, envolvendo todos os msculos e partes do corpo, com exerccios de alongamentos, exerccios de coordenao simples e de corrida, que o preparem para o treino.
Metodologia:
Alongamento leve dos msculos, tendes e articulaes.
Exerccio aerbio (corrida leve), aumentar a temperatura dos msculos.
Flexibilidade, aumentar a amplitude dos movimentos.
Exerccios especficos da prova, coordenao e corrida de acelerao.
Metodologia de flexibilidade:
O atleta deve estar descontrado e os msculos aquecidos.
Comece pela cabea e dirija os exerccios at a parte inferior (ps).
Executar os alongamentos gerais para depois os exerccios especficos da prova.
Primeiro o alongamento ativo para depois o alongamento passivo.
Os alongamentos devem ser progressivos e confortveis.
Respire normalmente durante os exerccios.
Cada atleta tem sua necessidade especfica, respeite.
Treino tcnico
Esta parte do treino dedicada aprendizagem de treino tcnico, melhoria postural, biomecnicas
e correes gerais.
Exerccios fundamentais:
Passo do gigante: caminhar com passadas largas.
Imitar o gato: caminhar nas pontas dos ps.
Andar o mais rpido possvel.
39
Restabelecimento:
Corrida leve na grama ou piso macio, para reduzir gradualmente a temperatura corporal e a freqncia
cardaca, exerccios leves de alongamentos. aconselhvel imerso do corpo ou parte do corpo aps sua
recuperao total e tambm uma massagem com gelo, conhecido como varredura.
40
7. RESULTADOS
Destaque Paraolmpico
A atleta brasileira Anelise Hermany, B2, foi a primeira medalhista paraolmpica dos deficientes visuais.
Medalhas paraolmpicas:
Atenas, Grcia 2004
Andr Andrade Classe B3
Medalha de Ouro 100m rasos
dria Santos Rocha Classe B1
Medalha de Ouro nos 100m rasos medalha de prata nos 200m rasos medalha de bronze nos
400m rasos
Maria Jos Alves Classe B2
Medalha 100m rasos
Gilson dos Anjos Classe B3
Medalha de Prata nos 800m rasos
Sydney, Austrlia 2000
Andr Andrade Classe B3
Medalha de Prata nos 100m rasos
dria Santos Rocha Classe B1
Medalha de Ouro nos 100m rasos e 200m rasos
Atlanta, USA 1996
dria Santos Rocha Classe B1
Medalha de Prata nos 100m rasos, 200m rasos e 400m rasos
Maria Jos Alves Classe B2
Medalha de Bronze nos 100m rasos e 200m rasos
Barcelona, Espanha 1992
dria Santos Rocha Classe B2
Medalha de Ouro nos 100m rasos
Medalha de Prata nos 800m e Pentatlo
41
Destaques juvenis:
Everton Darold Classe B3
Campeo mundial juvenil nas provas de 800m e 1.500m; atleta da Associao Joinvilense para
Integrao do Deficiente Visual - Ajidevi.
42
8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
43
Manual de Orientao
para Professores
de Educao Fsica
Atletismo Paraolmpico
Atletismo para Deficiente Fsico
Autora: Rosicler Ravache
Caro professor, aqui voc comea mais uma etapa de sua experincia de vida. Voc viver momentos
de reflexo e, esperamos que, alm de refletir, voc possa inserir tais informaes em sua prtica profissional.
Certamente as questes e as dvidas que surgem a respeito do esporte para pessoas com deficincia
so frutos da insegurana, causada pela falta de informaes, da carncia de intercmbio profissional
ou da escassa bibliografia sobre o assunto. Leve-se em conta ainda que, muitas vezes, os conhecimentos
que nos so proporcionados por cursos ou pela bibliografia so inadequados nossa realidade.
H pela frente um longo caminho a percorrer, para que a incluso possa ocorrer em todas as
dimenses do esporte. Este caminho, no entanto, poder tornar-se mais fcil se todos os envolvidos
buscarem informaes, no apenas nos livros, mas com as pessoas envolvidas diretamente no trabalho
de incluso e, principalmente, com o indivduo que tem algum tipo de limitao. Ele poder ter, ou at
mesmo ser, a resposta para muitas perguntas (Ribeiro, 2001, p.37).
Por acreditar que muitas vezes voc j deve ter refletido sobre tais dvidas e elaborado algumas
respostas de acordo com a realidade em que est inserido, que o Comit Paraolmpico Brasileiro, por
intermdio do projeto Paraolmpicos do Futuro, elabora esta cartilha para que possamos trocar experincias e proporcionar aos nossos alunos com deficincia fsica um encontro prazeroso com as mais
diversas provas do atletismo.
Ao nos reportarmos aos primeiros momentos histricos do atletismo, em que narrado um pouco
da evoluo esportiva da humanidade, percebemos que ele reconhecido como esporte-base de quase
todas as modalidades esportivas, pois sua prtica fundamenta-se nos movimentos naturais do ser
humano (correr, saltar e arremessar).
47
O atletismo faz parte dos Jogos Paraolmpicos desde 1960, realizados na cidade de Roma. J na 1a
edio, as provas contaram com a participao de homens e mulheres com os mais diversos tipos de
comprometimentos fsicos.
Desde a sua criao, os Jogos Paraolmpicos tornaram-se referncia de superao e conquistas,
atraindo um nmero cada vez maior de atletas e espectadores.
O avano da tecnologia, a dedicao dos atletas ao esporte, o envolvimento de profissionais cada vez
mais habilitados e o uso de implementos adequados como cadeira de rodas e prteses para deficientes
fsicos (ou o guia para deficientes visuais) so fatores que tm tornado realidade feitos esportivos at
ento inimaginveis para pessoas com necessidades especiais.
O atletismo para deficientes fsicos inclui no seu programa
provas como:
100m, 200m, 400m, 800m, 1.500m, 5.000m, 10.000m,
4 x 100m, 4 x 400m, lanamento do dardo, lanamento do
disco, arremesso do peso, salto triplo, salto em distncia, salto
em altura, pentatlo e maratona. Estas provas so disputadas
por pessoas com paralisia cerebral (PC), amputados, lesados
medulares e les autres.
Nos ltimos Jogos Paraolmpicos, em Atenas 2004, o atletismo foi representado por atletas de 107 pases. O organismo
administrativo internacional responsvel pela sua organizao
o Comit Paraolmpico Internacional (IPC).
48
2. CLASSIFICAO FUNCIONAL
Trataremos, neste momento, da classificao funcional, para que professores da rede regular de
ensino possam ter o conhecimento da importncia dessa classificao funcional na prtica desportiva
para pessoas com deficincia. Este fator constitui o nivelamento entre os aspectos da capacidade fsica
e competitiva, colocando as deficincias semelhantes em um grupo determinado. Isto significa igualar a
competio para atletas com vrias seqelas de deficincia e, assim, tornar a competio mais equiparada.
GUTTMANN (1976, p.35) descreve o objetivo da classificao em esporte de cadeira de rodas como
assegurar a competio justa, eliminar as possibilidades de injustias entre participantes de classes
semelhantes e dar prioridade para as mais severas desabilidades.
Os primeiros tipos de classificao para pessoas com deficincia tiveram incio juntamente com o
esporte para deficientes, na Inglaterra em 1944, por mdicos e especialistas da rea de reabilitao. Esta
classificao era realizada com testes neurolgicos e de fora muscular, sem preocupao com o resduo muscular utilizado nas habilidades requeridas nas modalidades esportivas.
Isto levou o professor Horst Strokhendl a pesquisar, como tese de doutorado, uma nova forma de
classificao: a classificao funcional.
O mtodo consiste em uma categorizao que o atleta recebe em funo do seu volume de ao,
ou seja, de sua capacidade de realizar movimentos, colocando em evidncia a potencialidade dos
resduos musculares de seqelas de algum tipo de deficincia, bem como os msculos que no foram
lesados. (Segundo Freitas (1997) em entrevista concedida, Uberlndia MG).
A classificao funcional faz parte da estrutura de desenvolvimento de uma modalidade paraolmpica. Ela visa a aproximar os atletas conforme as condies de mobilidade que estes apresentam, proporcionando assim equiparao funcional.
Assim como em outros esportes em que os atletas so categorizados em funo do peso, idade e
sexo, no esporte paraolmpico, os atletas so classificados e agrupados em classes, conforme o grau de
resduos musculares, seqelas das deficincias que podem ter sido causadas por doenas, disfuno ou
acidente, que resulta na perda substancial ou total da funcionabilidade. Esto assim divididas as categorias:
Lesionado Medular (a classificao leva em considerao a altura da leso).
Amputados (nvel da amputao).
Paralisado Cerebral PC.
Com Limitao Cognitiva.
Deficientes Visuais.
Les autres que, traduzindo literalmente, significa os outros (inclui todos os outros que no se
enquadrem nos grupos j citados).
As classes funcionais so determinadas por uma variedade de processos que podem incluir uma
avaliao fsica, tcnica e observao dentro e fora da competio.
A classificao um processo que inicia na primeira competio de um atleta, em que ele inserido
em uma classe que pode ser revista ao longo de competies subseqentes. Este processo conduzido
por profissionais de educao fsica, mdicos, fisioterapeutas, credenciados pela entidade que rege a
modalidade esportiva. So conhecidos como classificadores.
SISTEMA DE CLASSIFICAO
O uso de um sistema de classificao funcional se faz necessrio, uma vez que as caractersticas das
leses entre os competidores so amplas. O seu objetivo agrupar os atletas que apresentam, aproximadamente, o mesmo grau de comprometimento funcional, proporcionando assim equiparao entre
os competidores que esto na mesma classe.
49
Princpios Gerais para Classificao (Segundo Freitas (1997) em entrevista concedida, Uberlndia - MG).
Cada esporte determina o prprio sistema de classificao, baseado nas habilidades funcionais
para performance bsica do esporte escolhido. A habilidade funcional necessria independe do
nvel de habilidade ou treinamento adquirido.
Os nmeros de classes so determinados de acordo com o respectivo esporte e possveis habilidades funcionais em atletas com diferentes deficincias.
A necessidade de troca de classe precisa ser continuamente revista com base nas diferenas funcionais na performance e nmero dentro das classes.
As regras de classificao so parte das regras tcnicas do esporte. Os classificadores credenciados
devem ter acessos facilitados na rea de competio.
O comit de classificao composto por trs profissionais da rea.
A documentao mdica de um atleta que ateste a sua condio funcional , na maioria dos esportes,
importante para o processo de classificao, pois fornece subsdios clnicos que podem diminuir ao mximo
qualquer incerteza que os classificadores possam encontrar no momento da classificao.
CLASSES
Assim como no atletismo convencional, o atletismo para deficientes fsicos oferece aos seus participantes provas de pista e de campo.
Traduzindo a expresso Track and Field, seus termos significam:
Track = pista
Field = campo
O sistema de classificao funcional utiliza a letra T(track) precedida do nmero da classe do atleta
para indicar eventos de pista e a Letra F (field), tambm precedida do nmero da classe, para indicar os
eventos de campo (Exemplo: T46 e F46 ).
O nmero da classe indica o grau de comprometimento motor, quanto maior o nmero menor ser
o comprometimento do aluno.
50
PISTA
EM P
CADEIRA DE RODAS
CAMPO
EM P
PISTA
EM P
CADEIRA DE RODAS
CAMPO
EM P
CADEIRA DE RODAS
PISTA
EM P
CADEIRA DERODAS
CAMPO
EM P
CADEIRA DE RODAS
AMPUTADO
PARALISADO
CEREBRAL
LESADO MEDULAR
51
3. REGRAS
Neste item, tratamos sobre as regras do atletismo adaptado e suas diferenas do atletismo
convencional. Vale salientar que daremos nfase a algumas provas, para que voc, professor,
possa ter referncia ou fazer algumas comparaes entre ambas. Para que possamos ter um
melhor entendimento quanto s regras regidas pelo Comit Paraolmpico Internacional (IPC), e
da comisso diretora de atletismo, a Associao Internacional das Federaes de Atletismo(IAAF),
citaremos a introduo da Seo de Regras de Atletismo do Comit Paraolmpico Brasileiro:
INTRODUO - Este manual dever ser utilizado para competio nos Jogos Paraolmpicos
e Campeonatos mundiais do IPC, junto com o atual manual da IAAF.
Ele contm todas as regras que regem uma competio de atletismo do IPC, escritas de uma
maneira compatvel com as regras da comisso diretora de atletismo, a IAAF. Desta maneira,
oficiais, treinadores e atletas podem encontrar regras que abordam qualquer evento em um
nico documento ao invs de consultar manuais distintos para cada grupo.
As regras devem ser lidas em conjunto com as regras da IAAF, contidas no manual desta
associao. Com relao ao perodo que inclui os Jogos Paraolmpicos de Atenas 2004, a verso
do manual da IAAF, qual este manual se refere, a edio 2004 2005. As regras envolvidas so
as regras tcnicas da competio, como aqui descritas, e regras adicionais conforme apresentadas.
A referncia ao manual da IAAF no atribui nenhuma responsabilidade IAAF pelas regras do IPC.
Cada uma das IOSDs (Organizations of Sport the Disabled, Organizaes Internacionais de
Esportes para Deficientes) possui seu prprio ciclo de alterao de regras e este manual no
pretende alterar nenhuma regra j estabelecida. apenas um meio de simplificar a tarefa de
leitura das regras para os interessados.
A introduo tem por finalidade esclarecer quais os caminhos que devemos tomar quanto
busca de informaes sobre as provas e respectivas classes que so oferecidas no atletismo
adaptado pelo IPC, em conjunto com as regras da IAAF.
Pelo nmero de classes que so oferecidas nas provas do atletismo adaptado, visando
paridade nas competies, sugerimos que voc, professor, consulte o site do Comit Paraolmpico
Internacional, para ter acesso s regras na ntegra. (www.ipc.athletics.org).
REGRAS DO COMIT PARAOLMPICO INTERNACIONAL ATLETISMO
Regra 129 Pargrafo 7 (Classes de T32 a T34; de T51 a T54) Acrescente: Estas tarefas
devem incluir o poder de parar a corrida em caso de coliso dentro dos primeiros 200m, nas
corridas de 800m ou mais. A corrida reiniciada em seguida. Isto no diminui o poder do rbitro
de tomar as medidas cabveis em relao aos relatrios recebidos dos juzes.
52
Regra 161 Pargrafo 1 (Classes de T35 a T38; de T42 a T46) No necessria a posio de
agachamento dos atletas em nenhuma classe. Atletas com brao amputado podem utilizar almofadas
para apoiar os cotos durante a largada. As almofadas devem estar totalmente atrs da linha de
largada e no devem interferir em nenhum outro atleta. As almofadas devem ser de cor semelhante
da pista ou de cor neutra.
Regra 180 Pargrafo 5 (Classes de F32 a F34; de F51 a F58) Os atletas fazem trs arremessos
consecutivos. Alm do tempo permitido, de acordo com esta regra, um tempo razovel ser
permitido para que o atleta coloque a estrutura no crculo antes do incio da sua primeira
tentativa. Esse tempo, normalmente, no exceder a 2 minutos para as classes de 32 a 34 e de 54
a 58 e 3 minutos para as classes de 51 a 53.
Nota: Embora a delimitao seja de responsabilidade dos oficiais e voluntrios, o delegado
tcnico dar interpretaes especficas em cada competio, assegurando que os atletas no se
envolvam em tticas nas quais haja desperdcio de tempo.
Nota: No ocorrer nenhuma inverso na ordem de lanamento nas tentativas finais.
Regra 180 Pargrafo 7 (Classes de F 51 a F58) Em competies que no faam parte dos
Jogos Paraolmpicos ou Campeonatos Mundiais ou Regionais, o delegado tcnico poder, com a
cooperao dos organizadores da competio, decidir realizar seis lanamentos consecutivos.
Observao: Nos quadros (1.0) e (1.1), voc encontrar o peso dos implementos para eventos
de cadeirantes das classes:
De F51 a F58 para mulheres / homens.
Vale salientar que, para informaes sobre o peso dos implementos das demais classes, voc
deve consultar as regras da modalidade que podem ser encontradas no site do Comit Paraolmpico
Brasileiro. www.ipc.athelics.org
53
Quadro (1.0)
Quadro (1.1)
CLASSE
PESO
F51
DISCO
DARDO
1 kg
CLASSE
PESO
F51
DISCO
DARDO
1 kg
F52
2 kg
1 kg
600 g
F52
2 kg
1 kg
600 g
F53
3 kg
1 kg
600 g
F53
3 kg
1 kg
600 g
F54
3 kg
1 kg
600 g
F54
4 kg
1 kg
600 g
F55
3 kg
1 kg
600 g
F55
4 kg
1 kg
600 g
F56
3 kg
1 kg
600 g
F56
4 kg
1 kg
600 g
F57
3 kg
1 kg
600 g
F57
4 kg
1 kg
600 g
F58
4 kg
1 kg
600 g
F58
5 kg
1 kg
600 g
Observao: As competies nacionais e internacionais so credenciadas pelas entidades representativas do esporte para pessoas com deficincia, que podem, por sua vez, se solicitadas, credenciarem
tambm alguns eventos municipais e/ou regionais.
AS PROVAS OFERECIDAS
As provas de atletismo podero ser as mesmas oferecidas pelo Comit Paraolmpico Brasileiro, pelo
Comit Paraolmpico Internacional e/ou de acordo com as adaptaes e regras da entidade que estiver
promovendo a competio. No entanto, se o evento tiver um carter competitivo importante que as
provas estejam dentro dos parmetros exigidos pelas entidades oficiais acima citadas.
54
IPC
IWAS
CP-ISRA
CPB
ABRADECAR
ANDE
CLUBE OU ASSOCIAO
ENTIDADES INTERNACIONAIS
ALUNO
ENTIDADES NACIONAIS
IPC
IWAS
CP-ISRA
CPB
ABRADECAR
ANDE
55
Sabe-se que na escola que nossos alunos passam boa parte da sua infncia e adolescncia e muitas
vezes este o nico momento de brincar, principal momento do desenvolvimento das habilidades
motoras. Ento, cabe aos professores fazerem das atividades dirias momentos prazerosos, estimulantes
e enriquecedores da prtica voltada iniciao esportiva escolar dos alunos, com deficincias ou no.
Este processo deve ser realizado de forma progressiva, respeitando a individualidade da criana,
considerando os aspectos metodolgicos da modalidade e cuidados que contra-indiquem riscos nas
aulas de educao fsica, permitindo desta maneira que a incluso se desenvolva de forma natural.
Para que se possa entender melhor a iniciao esportiva na escola para alunos com deficincia,
relacionamos um conjunto de questionamentos e respostas.
Como ensinar atletismo adaptado para aluno deficiente nas minhas aulas do ensino regular?
Esta uma das perguntas mais freqentes, mas a resposta simples. Quando falamos em adaptao,
devemos ter claro o seu significado para, ento, entender que o processo educacional o mesmo. A
adaptao requer a identificao de determinadas prticas, na sua maioria j conhecidas, bem como o
bom-senso em reconhecer o que o aluno tem condies de realizar em funo dos movimentos ou
segmentos corporais que esto preservados. Exemplo: parta do pressuposto de que, em uma aula
voltada para resistncia aerbia, h a participao de um aluno amputado de membro inferior esquerdo,
que faz uso de muleta. Inicialmente reporte-se ao lugar dessa criana, reflita no prazer de estar participando ativamente da aula. Pense o quanto bom brincar de saltar em um p s (Saci-Perer) e/ou
carrinho de mo, com os amigos segurando sua perna para que possa caminhar com os braos etc.
Inmeras so as atividades que voc proporciona aos seus alunos tidos como normais e para aquele
seu aluno com deficincia elas podero ter o mesmo objetivo, porm deve-se respeitar as caractersticas fsicas, a individualidade e habilidades motoras.
56
serem realizados com alunos com deficincia. O atletismo , naturalmente, a modalidade onde os
profissionais da educao fsica podem colher os maiores frutos no que diz respeito iniciao esportiva escolar. Os aspectos metodolgicos podem ser aplicados sem maiores restries, mesmo com uma
realidade precria quanto a materiais apropriados para o desenvolvimento das atividades. Para a criana
com deficincia fsica, os mtodos de ensino so os mesmos, respeitando, obviamente, sua capacidade
funcional e adaptaes necessrias para o bom desempenho da atividade proposta.
O movimento e o gesto humano so umas das primeiras manifestaes de expresso e comunicao entre a criana e o meio em que ela vive. Da a importncia do respeito individualidade da
criana deficiente fsica.
57
Desde ento, o avano tecnolgico dos equipamentos permitiu grandes evolues nas tcnicas nunca
antes possveis ou imaginveis.
Ao nos reportarmos ao treinamento esportivo escolar, sabemos que os avanos tecnolgicos no
sero de grande relevncia, mas, mesmo assim, eles nos daro subsdios para aperfeioarmos nossos
mtodos de ensino para que, com a evoluo da tcnica e a participao em eventos esportivos, nossos
alunos possam crescer tecnicamente.
Para que o processo de evoluo da tcnica ocorra, cabe ao professor de educao fsica dar condies
motoras gerais criana com deficincia fsica, para que ela possa, a partir de treinamentos mais especficos,
reorganizar ou aprender movimentos ainda desconhecidos. O profissional deve, ento, encontrar a maneira
adequada para que a comunicao seja estabelecida e que a linguagem utilizada esteja ao nvel da
compreenso da criana, selecionando informaes e a melhor maneira de repass-las. Outro bom
subsdio para que o desempenho do objetivo proposto ao aluno seja alcanado repassar imagens de
fotos e vdeos de situaes similares s desejadas ou demonstrar a atividade com exemplos prticos.
Devemos entender que todo processo de ensino passa por avaliaes que daro condies de
observarmos as evolues das aptides fsicas e das habilidades da criana.
Entende-se que a habilidade individual deve ser observada durante a aplicao das aulas. Todo professor
de educao fsica deveria ter o chamado olho clnico, isto permitiria que, no decorrer das aulas, pudessem
ser adotados direcionamentos, por meio das atividades, preparando o aluno para uma prova ou uma
determinada modalidade.
Vale destacar que a habilidade, associada s caractersticas fsicas funcionais da criana com deficincia
fsica, que dar ao professor condies de avaliar e elaborar aulas direcionadas.
O atletismo na escola ainda uma modalidade pouco explorada, porm, se os professores de educao
fsica souberem criar mtodos atraentes e diversificados, o aluno alcanar resultados brilhantes. Partindo
dessa filosofia, planejamentos que oportunizem ao aluno com deficincia fsica as experincias de
movimentos tcnicos especficos e com caractersticas motivacionais so indispensveis, pois assim podese obter um melhor desempenho ao trmino do planejamento.
fato que a homogeneidade possibilita um grau de previsibilidade que, por sua vez, gera
tranqilidade e, quanto mais propcio um espao diversificado, a previsibilidade diminui, e a surge a
insegurana. Uma pessoa com viso parcial, ou cego; uma pessoa surda; outra que usa cadeira de
rodas, quando colocadas em um mesmo ambiente, vo gerar reaes diferentes porque cada uma
58
cria situaes diferentes em funo das caractersticas motoras que possuem, das necessidades
individuais e das experincias j vividas. (Segundo Ribeiro, 2001, p. 33).
A escolha de uma modalidade depende, em grande parte, das oportunidades oferecidas, da condio
econmica para a seleo de determinado esporte, da aptido do aluno ou da falta de condio da
prpria criana com deficincia tendo em vista o seu grau de comprometimento motor.
Aos professores buscamos proporcionar elementos que os ajudem a alcanar o objetivo proposto
em seu planejamento.
Desta forma o que pretendemos com o projeto Paraolmpicos do Futuro no apenas ampliar o
quadro de escolhas do aluno com deficincia ao trmino do ensino mdio, mas oferecer-lhe condies
para uma opo consciente, para o aparecimento de novos valores e, conseqentemente, o enriquecimento
do esporte paraolmpico brasileiro.
59
Conversar previamente com o aluno, se ele fizer uso de prtese ou rtese, para que juntos possam
avaliar os itens de segurana e desempenho a fim de descobrirem se melhor, durante a atividade,
fazer uso ou no do aparelho.
Dicas de Planejamentos
Exemplos e algumas dicas para planejamento de suas aulas voltadas a treinamento escolar.
60
Planejamento elaborado:
Para o aprendizado das tcnicas de corrida em cadeira de AVD, ou seja, a cadeira de atividade de vida
diria, podemos usar algumas tcnicas utilizadas nas cadeiras prprias para corridas, porm sem esquecer
que essas cadeiras so fabricadas conforme a capacidade funcional do atleta.
Como nos exemplos:
Fazer o encaixe do dedo anular por dentro do sobrearo e o polegar em cima do sobrearo.
Fazer fora para dentro e para frente.
Fazer bom uso de sua capacidade funcional na cadeira.
Para que estes exemplos tenham uma boa eficcia, deve-se observar fundamentalmente a constituio
do aluno, flexibilidade, coordenao e capacidade funcional.
61
3 TRS ALUNOS COM SEQELAS DISTINTAS (UM AMPUTADO, UM PLIO E UM LESADO MEDULAR)
O planejamento poder ser utilizado para os trs alunos no mesmo momento, respeitando a
individualidade das tcnicas para cada um deles.
Para o lesado medular - Como ele faz uso de cadeira, dever fix-la de forma que no deslize para
evitar acidentes. Quando a leso mais alta, uma leso de altura T-12 (vrtebra tracica), o aluno tem
boa funcionabilidade de abdme, porm nenhuma funcionabilidade de membros inferiores. Observe
ento se, ao prender suas pernas de forma segura sem machuc-lo, dar ou no a ele maior confiana
nos movimentos solicitados; a partir da, as tcnicas passam a ser comparadas com a tcnica do arremesso
ou lanamentos parados, como no convencional.
62
Seqela de Poliomielite Para seu aluno com este quadro, os passos so muito parecidos com os
dois anteriores. O grau de funcionabilidade encontrado poder indicar uma seqela mais leve ou mais
severa. Diante disso, alguns alunos necessitaro de uma cadeira de rodas, um banco, uma cadeira ou algo
que lhe oferea segurana para o desempenho da atividade proposta.
As tcnicas so comparadas com a tcnica do arremesso ou lanamentos parados referentes ao convencional.
Observao: Quando se fala que as tcnicas devem ser comparadas com a tcnica do arremesso
ou lanamento parado, referentes ao convencional, quer dizer:
A ao propulsora do corpo que projeta o implemento.
A limitao e a capacidade funcional do aluno.
Os princpios mecnicos dos arremessos.
Altura que o implemento deve sair da mo do atleta, resistncia do ar, entre outros.
63
OLMPICO
Prova
Atleta
Marca
Marca
Classe
100m
9"77
10"72
T46
Adjibola Adeoye
200m
Michael Johnson
19"32
21"83
T46
Adjibola Adeoye
400m
Michael Johnson
43"18
48"46
T46
Peso
Randy Barnes
23"12
14"77
F58
Ibrahin Mahmered
Disco
Jurgem Schult
74"08
55"60
F58
Mahmerid Elator
Dardo
Jan Zelezny
98"48
50"72
F58
Silver Ezeikpe
64
PARAOLMPICO
MASCULINO
Atleta
5. CONCLUSO
65
6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
SOUZA, Pedro Amrico de. O esporte na paraplegia e tetraplegia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994.
RIBEIRO, Snia Maria. Incluso e esporte: um caminho a percorrer. In: SOBAMA Sociedade Brasileira
de Atividade Motora Adaptada. Temas em educao fsica adaptada. SOBAMA, Curitiba, 2001
FREITAS, Patrcia. Entrevista concedida em 14 de agosto de 1997, na Cidade de Uberlndia MG
MAGILL, Richard. A aprendizagem motora, conceitos e aplicaes. 5. ed. So Paulo: Blucher, 2000.
CASTRO, Eliane Mauerberg de. A atividade fsica adaptada. Ribeiro Preto: Tecmedd, 2005.
WINNICK, Joseph-P. Educao fsica e esportes adaptados. Baueri: Manole, 2004
66
Manual de Orientao
para Professores
de Educao Fsica
www.cpb.org.br
Atletismo Paraolmpico