BLEGER. Psicologia Institucional. in - Psico-Higiene e Psicologia Institucional José Bleger (Cap 2)
BLEGER. Psicologia Institucional. in - Psico-Higiene e Psicologia Institucional José Bleger (Cap 2)
Piscologia institucional
profissional correta do psiclogo faz com que agora com unique esta
experincia e conhecim entos sobre o tema, tal como em grande parte
foram desenvolvidos e elaborados nos seminrios a que fiz referncia e nos
quais contei com a colaborao inestimvel de um grupo de diplom ados na
Em continuao de um seminrio para graduados sobre higiene mental p ro fe rid o no ano de 1962 no Departamento de Psicologia da Faculdade
de F ilosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires, realizou-se em 1964
tambm sob minha direo o u tro sob o mesmo tema, mas que j se
centrou totalm ente na psicologia institucional; deste ltim o que aqui se
Pichon Rivire e E llio t Jaques, para quem devemos deixar certeza de nossa
gratido pela obra realizada neste sentido. O Dr. Enrique J. Pichon Rivire
perm itam sua m elhor situao social, um cum prim ento mais eficaz de
estamos falando de uma atividade subalterna, de uma "p a rte p r tica ",
de aplicao da psicologia, enquanto que a "verdadeira" cincia psicolgica e a investigao psicolgica acham-se em ou tro lado. Tais presunes
isso, impe-se uma passagem dos enfoques individuais aos sociais. O enfoque social du plo: por um lado, compreende os modelos conceituais res-
cie n tfic a no tem lugar acima ou fora da prtica, mas sim dentro do c u r-
trum entos de trabalho: conhecim entos e tcnicas que possam fazer vivel
so da mesma. Neste sentido, pesa o exem plo (o mau exem plo) de outras
a tarefa e fru tfe ro s os princpios. Mas, por outra parte, estes instrum entos
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investigao esto nos laboratrios, enquanto que a prtica constitu i a fu n o dos mdicos, que devem ap licar as conseqncias de dita investigao.
Este um esquema alienante e de efeitos ou resultados altamente perniciosos; para os mdicos, os doentes, a sociedade e a cincia. 0 experim ento e o laboratrio devem c o n s titu ir um m om ento do procesSo to ta l da in vestigao, que inseparvel da prpria prtica, ta n to com o esta ltim a
transforma-se, sem investigao concom itante, em um em pirism o grosseiro.
Com tu d o isso quero assinalar claramente que a psicologia institucional no um ramo da psicologia aplicada1, mas sim um campo da psicologia, que pode significar em si mesmo um avano e xtraordinrio tanto
na investigao com o no desenvolvimento da psicologia como profisso.
; Para diz-lo de outra maneira, penso que no se pode ser psiclogo se no
Figura 1
m bito da psicologia: a) psicossocial; b) scio-dinmico;
c) institucional; d) comunitrio. As setas so explicadas
no texto.
logia social. Por isso eu dizia anteriorm ente que se impe uma passagem
dos enfoques individuais aos sociais no d uplo sentido de reform a dos m o delos conceituais e ampliao do m b ito de trabalho. A psicologia in s titu cional requer e im plica ambas as coisas.
1 Toda a assim chamada psicologia aplicada tem em si uma alienao como vcio.
2 A distoro aparece enquanto ditos momentos so assumidos por pessoas distintas que se mantm isoladas entre si e enquanto se perde o carter tcnico que tem o
isolamento na investigao e se desemboca em uma perda ou carncia da viso global
e da interao do processo.
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se o sentido B (da mesma fig ura ); quer dizer, devemos retom ar o estudo
fenm eno, pelo menos em certa medida. D entro destas constantes, que de-
vem ser dadas pelo enquadramento, duas delas tm uma im portncia rele-
vante, a saber:
a) a relao do psiclogo com a instituio na contratao, progra-
realizados, dado que eles j possuem os instrum entos ou tcnicas para tra -
caractersticas do indivduo. Quando me re firo aos modelos da psicologia social tenho em conta o fa to de u tiliz a r categorias adequadas ao
carter dos fenmenos das agrupaes humanas (comunicao, interao,
que o que faz fa lta o lim ite dentro do qual ditas tcnicas vo ser empregadas, quer dizer, a form a com o se devem a dm inistrar os conhecimentos
e tcnicas. Este esclarecimento se faz necessrio em funo de que possvel que para outros profissionais que tentam abarcar ou realizar tarefas
seguinte form a:
maneira:
PSICOLO G IA IN S T IT U C IO N A L
tru tu ra e sua dinm ica e sim fundam entalm ente a estratgia gera! do psiclogo no trabalho in stitu cio n a l; ainda que resenhemos brevemente o
captulo da psicologia das instituies, tam pouco nos ocuparemos aqui
dos instrum entos especficos (as tcnicas) para trabalhar em psicologia institucio nal.
1 Caracteriza-se
por
Da anlise realizada em nossos seminrios, surgiu com o o mais fu n damental ou urgente neste m om ento o estudo do que chamamos de a
estratgia do trabalho institucional e, neste sentido dentro da estrat-
3 - " ... o que a psicologia clssica considera como o ponto de partida da psicologia,
quer dizer o conhecimento do indivduo, no pode se achar seno precisamente ao
final..." (P O LIT ZE R )
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2 Compreende o .
estudo de
1 C) Estratgia
do trabalho
do psiclogo
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1. Enquadramento <
da tarefa
b) Administr.
de conhec.
tcnicas
2 . Teoria do enquadramento
comerciais
(empresas
comerciais
econmicas,
inclui-se, com o parte fundam ental, o enquadramento da tarefa e a adm inistrao dos recursos.
e governamentais).
ltim o term o tem diversos sentidos que requerem ser, aqui, superficialmente examinados. Em seu D icion rio de sociologia, F airchild inclui duas
sidades, orfanatos, hospitais, e tc .". Em nossa definio de psicologia institu c io n a l, compreende-se a in stituio no segundo dos sentidos dados por
Fairchild e, d entro deste, inclui-se o estudo dos fatores caracterizados na
humana em que ela tem lugar e no e fe ito da mesma, para aqueles que nela
desenvolvem dita atividade. Para isto, impe-se um m n im o de inform ao
dies;
fam lia, que uma instituio social, mas que, para o psiclogo, um grupo enquanto organizao concreta que enfrenta em sua tarefa profissional.
estratificao de tarefas;
i) avaliao dos resultados de seu funcionam ento; resultado para a
para isto.
C ircunscrito o m bito no qual corresponde trabalhar, o que caracteriza especificamente a psicologia in stitucio nal um enquadramento p a rti-
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o.
tm que ser recolhidos por ele como ndices das caractersticas da insEm psicologia in stitu ciona l, interessa-nos a instituio com o to ta -
lidade; podemos nos ocupar de uma parte dela, mas sempre em funo da
totalidade. Para isto, o psiclogo deduz sua tarefa de seu p r p rio estudo
diagnstico, diferentem ente do psiclogo que trabalha em uma in s titu i-
pois, sempre defendida. A experincia aconselha a fix a r um horrio global para uma prim eira tarefa diagnostica que tem que ser previamente
um corpo profissional, que no deixou lugar para que o psiclogo deduzisse sua tarefa de uma avaliao prpria e tcnica da instituio. No prim eiro
sessor, mas esta ltim a deve ser sempre especialmente estipulada e, de-
caso, o psiclogo um assessor ou consultor e, no segundo, um empregado e a tarefa que concerne psicologia institucional no pode se realizar
em situao de empregado,4 mas sim na de assessor ou consultor; porque
h uma distncia tim a na dependncia econmica e na dependncia
Torna-se tota lm e n te inadequada, e contra-indicada, a fixao de horrios em funo e em proporo das utilidades que vai trazer o trabalho
do psiclogo instituio. No deve ser deixado sem esclarecimento
cia mostra, alm disto, que na instituio que se estuda no se deve te r seno um s papel; por exemplo, no se pode ser o psiclogo in stitucional
manejar.
Ele ou os assessores podem ser contratados para o estudo de um problema d e fin id o proposto pela prpria instituio, sem que ele, p o r si s,
se refere basicamente ao fa to de que com prom ete a independncia p ro fissional do psiclogo e com isto seu manejo tcnico co rre to das situaes.
Se se vai realizar uma tarefa gratuitam ente, isto tam bm deve ser e x p li-
instituio.
Nunca vi como favorvel ou p ositivo o ingresso numa instituio
como empregado (no sentido d e fin id o na nota de rodap da pgina 39),
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o p r p rio psiclogo.
A lm do estudo destes objetivos e de sua dipmica e conseqncias,
considerados cuidadosamente.
fantasias da instituio, que podem, p or ou tra parte, ser to ta lm e n te inconscientes. Um servio hospitalar solicita o assessoramento de um psiclogo,
que, alm disso, tem que contar com estas resistncias ainda na parte ou
prima, mas seu contedo latente pode ser o de povoar uma regio por
razes p oltica s ou m ilitares; d is tin to do caso em que a d ita indstria te -
no setor da instituio que promove ou alenta a sua contratao ou in clu so. Quando o psiclogo se encontra com dois bandos, um que o aceita
nha com o efe ito colateral o enraizamento e aumento da populao das zo-
e o u tro que o rejeita, deve saber que ambos so partes de uma diviso es-
nas vizinhas. Se bem que certo que o efeito colateral pode se transform ar
posteriorm ente num contedo latente, at que isto ocorra o seu peso
totalm ente d istin to . Pode ocorrer que coexistam contedos latentes e ma-
realizadas as eleies para renovar as autoridades integrantes da com isestratgia e le ito ra l.5
Para que uma instituio solicite e aceite o assessoramento de um
psiclogo enquanto psiclogo in stitu cio na l, a instituio tem que haver
problema residia, em parte, em que a equipe profissional, form ada to ta lmente por gente m u ito jovem, tin ha prim ordialm ente propsitos ou obje-
tivos de aprendizagem, nos quais se viam totalm ente frustrados. 0 psiclogo deve saber que, sempre, o m o tivo de uma consulta no o problema e
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e poder re fle tir sobre elas como p rim e iro passo para qualquer soluo. O
esquema que inicialm ente se oferece ao psiclogo com o causa de um p ro -
institucional um o b jetivo de psico-higiene: conseguir a m elhor organizao e as condies que tendem a prom over sade e bem-estar dos inte-
parte do enquadram ento da tarefa, j que nenhuma tarefa pode ser levada
a cabo corretam ente se o psiclogo rejeita a instituio (seja em seus objetivos ou em seus meios ou procedim entos). Se um psiclogo, por exemplo,
chamado para cu m p rir suas funes numa instituio cooperativa, este
para estabelecer uma certa distncia operativa e instrum ental em seu tra -
balho profissional, de tal maneira que, d e n tro deste, possa trabalhar com o
quer m ovim ento ideolgico ou p o ltic o , mas neste caso no atua p ro fis-
funo tam pouco deve ser confundida C0171 a educacional, no sentido cor-
tem por que se e xigir neutralidade nem passividade, mas, sim, tem que se
exigir em sua tarefa profissional um enquadramento que lhe perm ita tra balhar e operar com o psiclogo.
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deste term o). No est vedada ao psiclogo uma interveno ativa em qual-
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gia, mas sim de um campo no qual h que investigar os fenm enos psicol-
po nem tam pouco isto de desejar; por isso, devem-se examinar os " p o n -
esclarecimento sobre os objetivos diferencia nitidam ente, j desde o ponto de partida, o psiclogo trablhando em uma instituio do psiclogo
trabalhando no m bito da psicologia institucional. O prim eiro realiza uma
psicologia in stitu cio na l, de um campo no qual h que "a p lic a r" a psicologicos que nele tm lugar. Nenhuma investigao pode ser realizada sem
o mais ampla e profunda que a realizada at agora, que nos perm ita
configurar mais claramente as tcnicas e critrios a empregar, ta n to como o
pode-se resum ir, dizendo que se refere fundam entalm ente ao emprego do
mtodo cln ico no m b ito da psicologia institucional e d entro do mtodo
tcnica psicanaltica, adaptado s necessidades deste m b ito e aos p roblemas que aqui temos que enfrentar.
Sem nim o de explicar aqui o m todo cln ico , recordemos que o
mesmo se caracteriza p or uma observao detalhada, cuidadosa e com pleta, realizada em um enquadramento rigoroso; este enquadram ento pode-se
epidem iolgicos.
O m odelo do enquadramento psicanaltico se estende moda-
interessa desenvolver um em pirism o com certas tcnicas ou regras estereotipadas que nos distanciam dos fins que perseguimos; os da psico-higiene.
Descartamos igualmente toda contam inao messinica de in s titu ir o psiclogo e a psicologia com o "salvadores" de qualquer espcie.
Por sua vez, vemos com o im pretervel o fa to de que o objetivo ou
finalidade que fixam os para a psicologia institucional seja realizado com
o carter de uma investigao cie n tfica submetida a um m todo que de-
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d) considerar o passo anterior como uma hiptese que, ao ser emitida, inclui-se como uma nova varivel, e o registro de seu efeito tal co-
mo no passo (a) leva a uma verificao, ratificao, correo, enriquecim ento da hiptese ou a uma nova; com isto, volta-se a reiniciar o processo no passo (a), com uma interao permanente entre observao, com preenso e ao.
enquadramento.
b) Estabelecimento de relaes ^ x p lc ita s e claras em tu d o o que
O mais im portante que ocorre que no somente podem se esclarecer e c o rrig ir problemas e situaes, mas sim que gradualmente tem
seu sentido, seus efeitos e integraes. Para o p r p rio psiclogo no se tra ta de uma aplicao" da psicologia que conduz rapidamente a estereotipos , mas sim a de uma conjuno de sua condio de profissional e
investigador, A investigao r.o d ific a o investigador e o objeto de estudo,
o que, por sua vez, investigado na nova condio m odificada. Com isso,
d-se uma prxis na qual o investigar , ao mesmo tem po, operar e o
sional.
d) Realizar uma tarefa de esclarecimento sobre o carter da tarefa
profissional em todos os grupos, seces ou nveis nos quais se deseje agir,
alcanando a aceitao e xp lc ita do profissional e da tarefa. Dita aceitao deve no s ser e x p lc ita com o tam bm livre, sem coero e derivada
e a compreenso.
tarefa com aqueles grupos, sees ou nveis da instituio que no manifestam a aceitao correspondente. O tem po que isto custa no deve ser considerado com o tem po perdido, mas sim um tem po no qual j se est cum prindo parte da tarefa, atravs do esclarecimento e da inform ao ampla e
Tcnicas do enquadramento
detalhada, mas recolhendo elementos de observao sobre as caractersticas do grupo, seo ou nvel e de suas tenses, co n flito s , tipos de com unicao, lideranas, etc.
e) Estabelecer em form a prtica, definida e clara o carter da in fo rmao dos resultados, ta n to com o os grupos e pessoas a quem ser dirigida
da inform ao.
f) Segredo profissional e lealdade estritam ente observadas, no sentid o de que o que corresponde a cada grupo, seo ou nvel no ser tra ta do seno com ele ou eles de form a exclusiva. T ra ta r em form a aberta e
clogo, que deve cum p rir com que chamaremos de atitu d e cln ica , que
consiste no manejo de um certo grau de dissociao instrum ental que lhe
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"p o d e -tu d o ". A funo a de um estudo cie n tfic o dos problemas para
n) No to m a r com o ndice de avaliao da tarefa profissional o p ro gresso da instituio em seus objetivos e sim o grau de "com preenso"
(insight), de independncia e de m elhoram ento das relaes; quer dizer, o
progresso nos objetivos da psicologia in stitu cio na l.
(tim ing) da elaborao dos dados. De nenhuma maneira a dependncia econmica obriga a apresentar d ito relatrio aos dirigentes de uma in s titu io se o grupo a que concerne d ito relatrio se ope a isto. Se o psiclogo
est obrigado ou com prom etido a apresentar d ito relatrio a outros seto-
svel, exclu-los totalm ente; no caso de que d ito s contatos no possam ser
titu i o . T om ar em conta a parte em que as autoridades de uma in s titu io sintam-se afetadas ou menosprezadas por te r que recorrer a o u tro p ro fissional.
I) No fom entar a dependncia psicolgica (intra ou intergrupal),
mas sim to d o o contrrio; ajudar a resolv-la.
m) E s trito controle e lim itao da inform ao, no sentido de que a
mesma no ultrapasse o que realmente se conhece ou deduz cientificam ente. Neste sentido, um crit rio fundam ental o do controle dos traos da
prpria onipotncia, em no agir nem a d m itir a aurola de mago nem de
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6 Os termos "sade ou normalidade", so, mais adiante, substitudos pela expresso "grau de dinmica", que entendemos mais adequada para nos referirmos a estes
conceitos, ao tratar de instituies.
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los e resolv-los d e n tro do lim ite in stitu cio n a l, quer dizer, pelo grau em
tidos, mas que so significativos: tu d o isto far com que o psiclogo possa
organizar m elhor os passos sucessivos que tem que dar. Quanto m elhor se
maneje o m todo cln ico e seus instrum entos, quanto mais seguro se sin-
ta
manifestem.
ao; uma das modalidades mais comuns em que isto se tenta ou se conse-
grande utilidade.
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trabalhe nela, pelo menos com os instrumentos, enquadramentos e o b je tivos com que o fazemos no presente.
deve ser um dos prim eiros fatos que tem que ser subm etido a uma anlise
go deve prever que se canalizaro nele os con flito s e que se tentar "re so l-
ideolgicos, de estratgia institu ciona l, etc., mas ainda no temos suficientes conhecim entos nem experincia para isto.
c o n flito de um nvel se acusa em o u tro . No problem a, se apresentam variveis ou disjuntivas de uma situao que requerem ser orientadas e d irig idas em alguma direo; quando grupos d istin to s assumem as diferentes
por estarem d ifu nd id o s em alto grau, se pem de im ediato em jogo enquanto se faz o anncio do tema.
sem descansar m elhor e transcorrer o dia de fo rm a mais tra nqila. T ratava-se de uma sala de cirurgia na qual existia um alto ndice de com plica-
Por psicologia das instituies no deve se entender a origem psicolgica das instituies sociais; nem tam pouco se afirm a o carter subjetivo
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como tam bm pelo que os seres humanos prcJjetam nela (pelas leis da
dinm ica da personalidade).
que tem lugar quanto ao fa to de que cada ind ivd uo tem sua personalidade
com prom etida nas instituies sociais e se conduz com respeito s mesmas
tas mesmas ansiedades. O que os psiclogos temos que o bter que a tarefa
se converteu, predom inantem ente, em um sistema externo de con tro le desque se realiza em uma instituio sirva de meio de enriquecim ento e de-
com a mesma estrutura alienada de to d o o sistema de produo e d is tribuio da riqueza. Sobre esta mesma base se do as caractersticas da alie-
uma dada institu io; quanto mais imatura, mais dependente a relao
com a institu io e ta n to mais d ifc il toda mudana da mesma ou toda separao dela. Desta maneira, toda instituio no s um instrum ento de
ma maneira que a personalidade tem organizadas dinamicam ente suas defesas, parte destas se acham cristalizadas nas instituies; nas mesmas se do
os processos de reparao ta n to com o os de defesa contra as ansiedades
psicticas (no sentido que M. Klein d a este term o). Desta maneira, se
bem que a instituio tenha uma existncia prpria externa e independente
Temos
mente
radical
lgicas
provas de que os seres humanos no mudam mecnica e im ediatasua estrutura psicolgica pelo fa to de uma mudana institucional
e que inclusive levam a estas ltim as suas caractersticas psicoanteriores, com prom etendo ou retardando a mudana to ta l das ins-
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maneira que as instituies e os objetos da natureza e no possvel conseguir uma m odificao radical, seno tambm com um conhecim ento
de suas leis peculiares. Pela interdependncia dos fenmenos, um am udan-
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im pedim ento em uma de suas subestruturas significa tam bm um im pedimento no sistema to ta l. Uma sociedade alienada o p or sua estrutura to tal, mas, dentro desta ltim a, se deve contar tam bm como parte a orga-
in stitu i o ". Est aqui a ordem que deve ser mudada pela de "a instituio
pertence ao hom em ". E isto no pode ser conseguido unicam ente com a
homem pertence
por outra parte com todas as posies que tentam uma m odificao psi-
classes poderosas nem tam pouco com a inteno m istificadora com que se
emprega a psicologia nas assim chamadas hum an relations.
Uma mudana in stitucional no pode conseguir um "s a lto " da estrutura psicolgica dos seres humanos e, por outra parte, uma mudana ins-
namento das mesmas, quer dizer, nas funes ou formas mais estereotipadas. Por isso, estas ltim as so as que oferecem a m xim a resistncia
mudana porque esta significa, ao mesmo tem po que uma mudana na institu i o , uma mudana na personalidade (em sua parte mais im atura, im obilizada justamente na rotina dos hbitos e autom atism o).
titu cio n a l radical s pode se dar com uma certa conscincia prvia, quer
dizer, com uma certa mudana prvia da estrutura psicolgica. 0 que nos
instituies, embora, por o u tro lado e ao mesmo tem po, se esforcem por
instituies alienadas, se reforam em um crcu lo de resistncia m udana. As coisas tm fora porque nelas esto alienadas foras dos seres huma-
Os grupos na instituio
nos. As instituies se tornam depositrias e sistemas de defesas ou c o n tro le frente s ansiedades psicticas e no s cumprem dita funo as in s titu ies e sim tam bm , em igual medida, a cumpre a imagem que o homem
tem de si mesmo e de suas instituies.
Toda instituio o meio pelo qual os seres humanos podem se en-
riquecer ou se empobrecer e se esvaziar como seres humanos; o que comumente se chama de adaptao a submisso alienao e a submisso
estereotipia institucional. Adaptao no o mesmo que integrao; na
prim eira se exige do ind ivd uo sua homogeneizao mxima, na segunda
o in d ivd u o se insere com um papel em um meio heterogneo que fu n ciona de maneira unitria. Evidentemente, se confunde com m uita fa c ili-
um m elhor grau de dinmica, aquela que opera com o um grupo secundrio sem cair na estereotipia. No p rim e iro caso, a direo da tarefa consiste
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9 No podemos desenvolver aqui esta diferena que foi estudada em outras publicaes anteriores ao investigar o fenmeno da simbiose. S diremos que participao
coincide com sincretismo.
Para evitar, aqui tambm, termos que procedem da medicina e da psicopatologia, chamaremos daqui em diante de personalidade sincrtica ao que at aqui designamos
como a parte imatura da personalidade (indiferenciada, ambgua, sincrtica), que
promove ansiedade psictica.
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tarefa consiste em elaborar e ultrapassar a rigidez que encobre na realidade uma estrutura de grupo p rim rio fortem ente reprim ida, form alizada
reativamente.
1; No grupo prim rio existe uma fo rte ;am bigidadejde papis e status
dentro da instituio; no grupo estereotipado esta ambigidade tende a ser
sorvido to ta lm e nte pela empresa, mas sim manter margem dela sua vida
em relao com o grupo prim rio. A dissociao enpresa-famlia coincide
totalm ente com a dissociao da prpria personalidade que requeria tipos
distintos de grupos que, p or sua vez, estivessem totalm ente separados entre
"re s o lu ta " ou compensada com uma fo rte form alizao (com o formao
reativa), a qual leva im plicitam ente a intensas segmentaes e incomunicaes. O grupo prim rio um grupo no qual predom inam as identificaes
projetivas m acias'(participao), um d fic it na diferenciao e identidade de seus membros; seu molde o do grupo fam iliar, que se continua na
instituio com o um grupo de pertena fo rte , mas com o um grupo de tare-
conflituosas fortem ente emocionais^tDevemos ter m u ito em conta que distintas estruturas coexistentes
da personalidade requerem instituies e grupos de caractersticas d iferentes, nos quais cada uma delas pode ser gratificada, compensada
ou controlada e, neste sentido, o ser humano necessita ta n to de grupos
prim rios com o de grupos secundrios. O grupo que con stitu i o p ro t tip o
zem d entro de sua prpria estrutura a situao de perigo, com o uma tentativa de contro l -lo ou govern-lo ficticiam en te em condies mais co n tro ladas.
M om entos de tenso produzem regresso ao grupo p rim rio ; a este-
do grupo prim rio, em nossa cultura, a fa m lia e nela h uma fo rte depo-
reotipia grupai no perm ite tais regresses que, se so dinmicas, so p ositivas. O grupo psicologicamente atendido em uma instituio pelo psic-
ras da persorilidade costuma ser m u ito notvel e marca o grau de norm alidade e de plasticidade de cada indivduo. Por isso, e dado que nem todas
as instituies respondem ao mesmo padro de organizao, requerem ser
estudadas as funes que devem nela se desenvolver ou se controlar a part ir do p o nto de vista da estrutura da personalidade.
Por o u tro lado, o d fic it de inform ao e de relaes interpessoais
favorece a regresso a grupos de estrutura prim ria e, p o rta n to , tam bm
regresso personalidade sincrtica. 1
Neste sentido, pode se compreender o problem a pelo qual consultou uma empresa que dispe de im portantes instalaes recreativas para
seus empregados e trabalhadores que esto facultados para ir com suas
fam lias e que se deparava com o fa to de que, apesar de todas as facilidades prom ovidas, seu pessoal no concorria a desfrutar das instalaes recreativas. O problema residia no fa to de que o empregado tin h a na empresa e seu trabalho toda a parte mais madura de sua personalidade que requeria a form alizao dos grupos secundrios e que no desejava se ver ab-
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de realimentao.
Por responder s mesmas estruturas sociais, as instituies tendem
a ado ta r a mesma estrutura dos problem as que tm que enfrentar. Assim,
auxiliares com portam entes defensivos de d is tin to tip o , entre os quais nos
a prpria in stituio e isto se recorda aqui, j que nisto reside uma das
tornam ainda mais agudos. Um dos que se apresentam sempre (at ago-
de uma tentao de "jo g a r" de mago. Esta atitude cria e fom enta uma incomunicao entre os prprios mdicos e entre estes com o pessoal a uxiliar
incrementam tambm as exigncias e as conseqentes frustraes e ingrae com o pessoal auxiliar. O "se po rta r bem " uma das exigncias im p lc i-
cientes.
por parte do mdico, de reter seu paciente e, por parte deste e em funo
de sua dependncia, com sua necessidade de ser retido. Estrutura-se uma
verdadeira simbiose hospitalar, dado que a alta de cada paciente obriga o
mdico a re in trojetar tu do o que nele tin h a projetado ou depositado10,
com a conseqente m obilizao de ansiedades; e o mesmo ocorre com o
paciente que, em suas condies de regresso, se v m obilizado em suas
ansiedades ao ter que se re-situar na vida extra-hospitalar e assumir obrigaes e c o n flito s dos quais se havia separado tem porariam ente por sua
insight dos problemas e co n flito s que, por sua mera presena ou existncia,
denunciam a sociedade que cria os alienados, as prostitutas e os d e lin qentes. Alm disso, se compreende m elhor este fa to se se tom a em conta
uma das funes fundam entais das instituies sociais: a de servir de p ro jeo ou depositria da personalidade sincrtica. M obilizar a organizao
de uma instituio significa, ento, m o b iliza r as ansiedades psicticas que
nela se acham condensadas e controladas. 0 p r p rio paciente oferece uma
notvel resistncia, dado que num lim ite circunscrito e rg id o ele pode dis-
1 0 0 mdico mantm projetadas em seus pacientes suas prprias ansiedades hipocondracas e estes as aceitam em troca da segurana da dependncia.
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tensidade e com distintas formaes ou aparncias em todas as in s titu ies. Nelas se tende sempre estabilizao e estereotipia, m onotonia,
que se bem por um lado cumpre com uma das funes psicolgicas da ins-
ou para uma mudana parcial de suas atividades e nos quais se espera que o
psiclogo no s selecione com o tam bm "convena". Em todos os casos,
o psiclogo deve agir exclusivamente segundo seus objetivos (os da psicohigiene) e rejeitar a tarefa se a v incom patvel com seus propsitos.
Em uma ocasio, fo i solicitada a ajuda de um psiclogo para ilustrar
um grupo de dirigentes de empresas sobre tcnicas psicolgicas. O obje-
de s mesmas causas e mesma dinmica social e psicolgica. o fenm eno que, em seus termos gerais, pode se designar, tal como o fazem Bettel-
seu em pobrecim ento e sua desprivao de vnculos humanos e o esvaziamento de sua condio humana.
sicamente de estar submetidos a uma dupla presso, que provinha, por uma
parte, das exigncias de maior utilida de da empresa e, p o r outra parte,
de sua identificao parcial com os interesses e problemas de seus empregados e operrios (provinham todos de classe mdia).
A empresa
Em outra ocasio, um psiclogo fo i chamado para in te rv ir numa situao catica que havia desembocado em uma greve operria, sem que se
vissem com clareza quais eram os m otivos e os propsitos desta ltim a,
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o qual h que agir, de tal maneira que ele mesmo esclarea suas m otivaes, objetivos, suas contradies e co n flito s, ta n to com o sua prpria maneira de agir e as conseqncias que se derivam da mesma. No tocar este
aspecto e se ocupar de o u tro grupo ausente com prom ete o psiclogo em
uma aliana im p lc ita u tilit ria e perde no caminho seus objetivos como
tcnico da psicologia.
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com problemas ticos m u ito srios, que no deve evitar, mas no menos
assim com o tam bm certo que existe a possibilidade de uma tarefa que
grantes da equipe e as mesmas, por sua vez, repercutiro infalivelm ente so-
sua aplicao tem sido e visto com grande desconfiana. E agora, especialmente este. Convm preterir, em to d o caso, o trabalho neste campo
at quando o psiclogo haja acumulado experincia em outros menos con-
aprende no. grupo operativo pode chegar a seu term o quando a equipe haja
incorporado as pautas do grupo operativo e interacione espontaneamente
equipe.
Isto se faz imprescindvel porque as tenses do trabalho in stitucional
tureza significava mudanas que lhes resultavam desfavorveis; mas atualmente, so as foras da esquerda p o ltic a as que desconfiam do avano da
so m u ito grandes e aquelas tenses da instituio das quais a equipe no t o mou in sig h t se atuam no grupo de psiclogos, de tal maneira que os con-
investigao psicolgica e de sua aplicao. No menos certo que as fo r as sociais que agora mais alentam o desenvolvimento e aplicao da psi-
cologia o fazem tambm em um sentido p o ltic o que tam pouco nos interessa, porque no resulta progressista nem humano. Mas toda esta situao
no insolvel nem tam pouco insupervel.
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O u tro fa to que se v com freqncia na equipe o das tenses intragrupais que tendem a p ro d u zir uma fo rte compulso para agir na in s titu io, saltando as etapas da organizao intragrupal e da discusso acabada
da hiptese de trabalho, do enquadramento da taref e das tendncias a
empregar. A urgncia pela prtica, assim com o a urgncia por p roduzir resultados visveis na tarefa deve ser vista como ndice de uma situao de
tenso intragrupal no explicitada. Recordar que no o mesmo ao que
atuao psicoptica; a prim eira parte ou mom ento de uma prxis, que
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que toda dissociao sempre um fo c o ativo e desconhecido de novas te n ses; em segundo lugar, no deixar tam pouco problemas e situaes co -
cim ento no deve ser fe ito em qualquer m om ento nem em qualquer lugar
e sim dentro do lim ite que para ele deve te r institucionalizado a equipe, de
que se realiza.
A lealdade dos integrantes da equipe entre si e a reserva absoluta
tal maneira que devem ser rigorosamente respeitados os lim ites dos d is tin -
tos tipos de tarefa que o grupo se tenha designado: e toda tarefa levada a
equipe, so premissas fundam entais e toda falha nas mesmas deve ser exa-
cabo fora do co n te x to e de seu lim ite d e fin itiv o tem que ser vista e consi-
derada com o uma atuao que tem que ser examinada em si mesma, por
dade novos membros: elas costumam ser as formas com o uma equipe
Concluso
dies - mais f cil tolerar e racionalizar situaes persecutrias (de ingratido, de im aturidade, etc.) que a d m itir a depresso pela perda e a d m itir o
insight dos fatores reais do fracasso ou da perda. As perdas, mudanas ou
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