Aplicação Das Normas Internacionais de Contabilidade
Aplicação Das Normas Internacionais de Contabilidade
MARLIA
2014
Orientador:
Prof. KHRISTFERSON TEIXEIRA DA PAZ
MARLIA
2014
Ito, Jssica Harumi Feliciano; Jurado, Mirian Daiane Kelly; Santos, Rosana
Patrcia dos.
Aplicao das normas internacionais de contabilidade com nfase do
valor justo nas empresas do segmento sucroenergtico do estado de So Paulo/
Jssica Harumi, Mirian Daiane Kelly Jurado, Rosana Patrcia Dos Santos;
orientador: Khristferson Teixeira Da Paz. Marlia, SP: [s.n.], 2014.
48 f.
Trabalho de Curso (Graduao em Cincias Contbeis) Curso de
Cincias Contbeis, Fundao de Ensino Eurpides Soares da Rocha,
mantenedora do Centro Universitrio Eurpides de Marlia UNIVEM, Marlia,
2014.
Dedico a Deus pela fora que me foi dada. Aos meus pais Ilda e
Marcos, a minha irm Jaqueline pela compreenso, pacincia e
carinho. Aos meus amigos que me ajudaram com mensagens
positivas, que no me deixaram desanimar nessa trajetria
importante em minha vida.
Jssica Harumi Feliciano Ito
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem ele, nada
seria possvel, a minha me Marlene por todo amor e pacincia
dedicada, a meu pai Afonso, meus irmos, Sandra, Patrcia e
Willian pela dedicao e compreenso, em todos os momentos
desta caminhada.
Mirian Daiane Kelly Jurado
AGRADECIMENTOS
Ao nosso orientador Khristferson Teixeira da Paz, que sempre nos atendeu com muita
pacincia, ateno, dedicao, e que tanto nos ensinou. Sem dvida nenhuma, uma pessoa
admirvel, de bom carter, alm de ser um profissional brilhante, ao qual nos espelhamos.
Agradecemos aos nossos amigos, familiares, e todos que de forma direta ou indireta ajudaram
e torceram por ns para que pudssemos chegar at aqui.
A todos nossos professores, que mesmo no estando envolvidos diretamente com este
trabalho, no mediram esforos em nos auxiliar, disponibilizando o que fosse necessrio para
consecuo do mesmo.
ITO, Jssica Harumi Feliciano; JURADO, Mirian Daiane Kelly; SANTOS, Rosana Patrcia
dos. Aplicao das normas internacionais de contabilidade com nfase do valor justo nas
empresas do segmento sucroenergtico do estado de So Paulo. 2014. 48 f. Trabalho de
Curso (Bacharelado em Cincias Contbeis) - Centro Universitrio Eurpides de Marlia,
Fundao de Ensino Eurpides Soares da Rocha, Marlia, 2014.
RESUMO
O presente trabalho de concluso de curso tem como objetivo ostentar o estudo dos novos
conceitos de contabilidade, trazidos pela adoo das novas prticas contbeis no Brasil com a
sano Lei n 11.638/07, na qual a contabilidade brasileira se harmonizou com os padres
internacionais de contabilidade, denominado - IFRS. Embora este novo padro internacional
de contabilidade possui vrias caractersticas, que so muito importantes para a contabilidade,
ser abordado de maneira mais completa o valor justo, aplicado em ativos e passivos das
entidades, ao qual proporciona dados reais, em outras palavras, dados verdadeiros, confiveis.
Este novo padro contbil possibilita que todos os usurios das demonstraes financeiras
tenham uma viso real, fidedigna, do patrimnio da entidade, proporcionando maior
comparabilidade e principalmente, tornar a contabilidade uma linguagem nica, sendo
possvel a mesma interpretao a todo patrimnio, independente da cultura. Deste modo, a
contabilidade passou por vrias mudanas, exigindo dos profissionais contbeis envolvidos no
processo das demonstraes financeiras, qualificao e aperfeioamento, para enfrentar os
novos desafios diante desse novo cenrio contbil.
Palavras-chave: Normas Internacionais de Contabilidade. Valor Justo.
ITO, Jssica Harumi Feliciano; JURADO, Mirian Daiane Kelly; SANTOS, Rosana Patrcia
dos. Aplicao das normas internacionais de contabilidade com nfase do valor justo nas
empresas do segmento sucroenergtico do estado de So Paulo. 2014. 48 f. Trabalho de
Curso (Bacharelado em Cincias Contbeis) - Centro Universitrio Eurpides de Marlia,
Fundao de Ensino Eurpides Soares da Rocha, Marlia, 2014.
ABSTRACT
This course conclusion work aims to carry the study of new accounting concepts, brought
about by the adoption of new accounting practices in Brazil with the sanction of Law 11,638 /
07, in which the Brazilian accounting harmonized with international accounting standards
called - IFRS. Although this new international accounting standard has several characteristics
that are very important for accounting, will be discussed more fully in the "fair value", applied
to assets and liabilities of the entities, which provides real data, in other words, data true,
reliable. This new accounting standard that enables all users of financial statements have a
real, trustworthy, vision of the equity of the entity, providing greater comparability and
mostly, make a single accounting language, the same interpretation to all assets, regardless of
culture is possible. Thus, the accounting has undergone several changes, requiring accounting
professionals involved in the process of financial statements, qualification and improvement
to meet the new challenges facing this new accounting scenery.
Keywords: International Accounting Standards . Fair Value .
LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1: Esquema grfico das alteraes das normas contbeis no Brasil..............................20
Figura 2: Aplicao do IFRS no mundo...................................................................................20
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Temas da pesquisa sobre harmonizao contbil internacional .............................17
Quadro 2 - Comparativo dos efeitos aps aplicao do valor justo nos estoques....................42
Quadro 3 - Comparativo dos efeitos aps aplicao do valor justo no imobilizado................42
Quadro 4 - Comparativo dos efeitos aps aplicao do valor justo nos ativos biolgicos.......43
SUMRIO
INTRODUO ................................................................................................................... 12
CAPTULO 1 - CONCEITO DE IFRS (NORMAS INTERNACIONAIS DE
CONTABILIDADE) ............................................................................................................ 14
1.1 Aspecto Histrico ........................................................................................................... 16
1.2 Adoo no Brasil e no Mundo ........................................................................................ 18
1.3 Usurios das Demonstraes Financeiras ....................................................................... 21
1.4 Principais Caractersticas do IFRS .................................................................................. 22
1.4.1 Mensurao do Valor Justo ......................................................................................... 23
1.4.2 Essncia Sobre a Forma ............................................................................................... 25
1.4.3 Teste de Recuperabilidade Impairment ..................................................................... 25
CAPTULO 2 - CONCEITO DE VALOR JUSTO ............................................................... 28
2.1 Norma Valor Justo ......................................................................................................... 29
2.1.1 Principais Aplicaes .................................................................................................. 30
2.1.2 Tcnicas de Avaliao do Valor Justo ......................................................................... 31
2.2 Valor Justo na Adoo Inicial das Prticas Contbeis ..................................................... 32
2.3 Valor Justo no Brasil ...................................................................................................... 34
2.4 Valor Justo de Ativos Biolgicos ................................................................................... 35
2.5 Valor Justo nos Instrumentos Financeiros ....................................................................... 36
2.6 Vantagens e Desvantagens da Aplicao do Valor Justo ................................................. 38
CAPTULO 3- O EFEITO DO VALOR JUSTO NA ADOO INICIAL ........................... 40
3.1 Seleo de Casos Prticos............................................................................................ 40
3.1.1 Principais Evidncias Observadas................................................................................ 41
CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................... 45
REFERNCIAS .................................................................................................................. 46
12
INTRODUO
Desde o surgimento da contabilidade, datado de aproximadamente h 4.000 anos,
essa cincia tem passado e se adaptado diversas mudanas, com ideia principal de
mensurao e controle das riquezas individuais, o que contudo, ainda no a faz completa, pois
assistiu-se ao longo do tempo, ao surgimento de modelos, padres, pronunciamentos, comits,
normas e leis para regulament-la, aperfeio-la e dar credibilidade aos seus trabalhos, alm
de conferir seus principais atributos, que so a transparncia e veracidade de cada informao
apresentada.
A fim de acompanhar esta tendncia evolutiva, este trabalho tem como objetivo,
abordar os novos conceitos de contabilidade, ocasionado pela aprovao da Lei n 11.638/07,
que se referem contabilidade brasileira, onde a mesma tenta inserir-se e estar em harmonia
com os padres internacionais de contabilidade, conhecidos por IFRS (International Financial
Reporting Standard Board).
Ao discorrer sobre este tema to importante, que o IFRS, buscar-se- retratar seu
conceito, sua origem, sua aplicao no Brasil, seus principais usurios, principais
caractersticas. Enfatizar-se- tambm o mtodo do valor justo, que visa tornar as informaes
contbeis mais fidedignas, sendo assim, ser delineado seu conceito, formas de mensurao, o
que ser ilustrado com exemplos comparativos, de trs empresas do Estado de So Paulo, no
ramo sucroenergtico, que aplicam o mtodo do valor justo, e como suas demonstraes
financeiras podem ser vistas com mais veracidade, fidelidade, ou melhor dizendo, com mais
transparncia.
A importncia deste trabalho, se justifica pela nova desenvoltura exigida por parte do
contabilista, pela complexidade do tema, e ao mesmo tempo a ideia real de expressar todas
situaes que as demonstraes financeiras possam apresentar a um grande nmero de
usurios. Desta forma, a utilizao do mtodo valor justo, tem proporcionado destaque na
contabilizao, e alm disso, tem sido aplicado em diversas empresas no Brasil.
A metodologia a qual foi utilizada neste trabalho, teve como base a pesquisa
bibliogrfica exploratria, acerca da convergncia contbil brasileira ao padro internacional
de contabilidade, salientando a mensurao do valor justo.
A contabilidade, sempre foi e continuar sendo uma ferramenta de grande valor.
Portanto, sua relevncia nos faz indagar e refletir sobre suas mudanas, acompanhar sua
13
evoluo, e principalmente, ver na prtica, como ela capaz de demonstrar atos e fatos de
forma verdica, proporcionando a todos os usurios destas informaes a segurana nas
tomadas de decises.
14
15
16
[...] A lei coloca meta de harmonizao das normas e prticas contbeis
brasileiras s internacionais, com o objetivo no apenas de colocar o Brasil
nos trilhos dessa tendncia global, mas tambm de facilitar o acesso das
empresas nacionais aos mercados externos e atrair capitais estrangeiros ao
Pas. Outra preocupao fundamental foi a de segregar os princpios
contbeis em relao as normas tributrias e legislaes especficas.
(AZEVEDO, 2010, p. 100).
17
O incio da adeso ao IFRS ocorreu em 2002, quando a Unio Europeia
determinou que todas as 7000 companhias abertas europeias deveriam
aplicar o IFRS em suas demonstraes financeiras consolidadas a partir de
2005. Outros pases, incluindo Austrlia, Hong Kong, frica do Sul e alguns
do leste europeu, adotaram a adeso no mesmo perodo [...].
Foi a partir de maro de 2004, que numerosas normas de IFRS, foram publicadas
pelo IASB (Conselho de Normas Contbeis Internacionais), e a partir de 1 de janeiro de
2005, todas as empresas europeias abertas passaram a adotar obrigatoriamente as normas
IFRS para publicarem suas demonstraes financeiras consolidadas. (AZEVEDO, 2010, p.
104-105).
Pode-se dizer que a adoo do IFRS em diversos pases, torna-se inevitvel, j que
tem se tornado a linguagem contbil oficial no mundo, e assim torna-se necessrio que as
organizaes possam se adequar s normas contbeis para acompanhar esta nova realidade, e
neste mesmo sentido, IFRS... (2010, p. 8) afirma: Em alguns anos, os pases que no
adotarem o IFRS tero dificuldades para atuar em um ambiente globalizado.
A contabilidade internacional busca uma padronizao para todos os pases da ONU,
e as normas internacionais de contabilidade IFRS, so publicadas em ingls que a nica
verso oficial. Importante ressaltar que a Unio Europeia realizou uma traduo livre para o
portugus assim como para outros idiomas (Francs, Espanhol, Alemo, etc...), embora as
tradues no so consideradas verses oficiais. (AZEVEDO, 2010, p. 102).
18
19
Em 2007, foi aprovada a Lei n 11.638/07, que alterou a Lei n 6.404/76 das
Sociedades Annimas, na qual houve alteraes das normas brasileiras em conformidade com
as normas internacionais, o que trouxe impactos, entre eles a definio de empresas de grande
porte, as quais so consideradas aquelas que tiveram no exerccio anterior ativo total superior
a R$ 240 milhes ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhes. Outra importante
alterao introduzida pela Lei n 11.638/07, foi a definio de que as prticas contbeis
passaram a ser normatizadas pela Comisso de Valores Mobilirios (CVM), as quais devero
ser elaboradas de acordo com os padres internacionais de contabilidade, para tanto a CVM,
foi autorizada a firmar convenio com entidades especializadas, o que de fato foi efetuado com
o Comit de Pronunciamentos Contbeis (CPC). Adicionalmente, o Conselho Federal de
Contabilidade tem corroborado os Pronunciamentos Tcnicos emitidos pelo CPC,
transformando-os em Normas Brasileiras de Contabilidade NBC.
A convergncia no Brasil ganhou destaque quando a CVM e o Banco Central
determinaram o ano de 2010 como data-limite para a adoo das IFRS para as empresas de
capital aberto e bancos.
Alm disso, as empresas devem ficar atentas s mudanas nas prticas contbeis e
divulgao, conforme destaca RUMO... (2008, p. 10):
As empresas em geral devem estar atentas s alteraes nas normas
contbeis nacionais e s novas obrigatoriedades. Apresentamos a seguir
algumas das transaes ou atos que tiveram seus registros contbeis
modificados pelas alteraes da Lei n 6.404/76.
- Instrumentos financeiros derivativos;
- Contratos de arrendamento mercantil;
- Equivalncia patrimonial;
- Transformao, incorporao, fuso e ciso
- Reavaliao de ativos.
Adicionalmente, as seguintes alteraes foram feitas em relao
apresentao das demonstraes financeiras:
- Eliminao da obrigatoriedade da apresentao da - Demonstrao da
Origem e Aplicao de Recursos (DOAR); e
- Apresentao da Demonstrao de Fluxo de Caixa e se for S/A aberta a
Demonstrao do Valor Adicionado.
importante destacar que as SAs fechadas com patrimnio lquido, na data
do balano, inferior a R$ 2 milhes no precisam elaborar nem divulgar a
demonstrao dos fluxos de caixa.
20
ocasionando redues do custo de capital e distribuio mais eficiente de recursos, j que para
os analistas e investidores no era fcil interpretar ou comparar os resultados apresentados
pelas empresas, devido as diferentes prticas contbeis que distorciam qualquer comparao
direta. . (IFRS..., 2008, p. 1).
Assim como mencionado a pouco, a figura abaixo demonstra as alteraes das
normas contbeis no Brasil desde a criao do CPC at a implementao das demonstraes
financeiras baseadas nas normas IFRS/CPC.
A figura abaixo, demonstra os pases que exigem ou permitem a aplicao das IFRS,
na qual esto destacados em cores azul, j a cor cinza, representa os pases que esto em
processo de convergncia, portanto, praticamente o mundo inteiro optou pelas normas
internacionais de contabilidade.
21
22
23
necessrio ter certeza de que o documento formal represente,
de fato, a essncia econmica dos fatos sendo registrados.
Assim, se a empresa est vendendo um imvel para algum,
comprometendo-se a alug-lo e recompr-lo daqui a quatro
anos, quando o emprstimo estiver pago, necessrio
analisar e verificar se, ao invs de uma venda, um contrato
de aluguel e uma recompra, o que est ocorrendo na
verdade, no uma operao de emprstimo em que o
imvel esteja sendo dado como garantia. Com isso, o
registro contbil dever seguir a essncia, e no a forma, se
esta no representar bem a realidade da operao.
Portanto, a escriturao contbil est preparada para fornecer dados reais atravs das
demonstraes financeiras auxiliando no processo de tomada de decises, trazendo uma maior
compreenso sobre o resultado por segmento, sobre a avaliao de desempenho da entidade,
alm de capacitar os analistas sobre continuidade da mesma. (SOUZA, 2011, p. 2).
A razo pelo qual se faz necessria uma avaliao real de um determinado bem, para
o valor atual do mercado, foi utilizada nas primeiras transaes comerciais, antes mesmo do
surgimento do dinheiro, onde os negociadores determinavam o valor do seu bem para troca ou
venda.
Para fins contbeis, a mensurao do valor justo trazer ao valor real de negociao
do mercado, como afirma Martins et al (2013, p.182):
[...] a partir do sculo 20 que o termo fairvalue foi introduzido nas normas
contbeis, a necessidade de se fazer mensuraes a valor justo para fins
contbeis se tornou cada vez mais presente. At ento, de qualquer forma,
tambm se procurava algo ao redor desse conceito, mas de forma mais
limitada, quando da utilizao da figura do valor de mercado. A primeira
aplicao do conceito parece ter sido quando da existncia de moedas
estrangeiras conversveis em poder da entidade e a seguir os recebveis e
pagveis denominados em moeda estrangeira conversvel. [...]
O uso do valor justo se tornou pea chave nos processos decisrios, se adequando s
exigncias do mercado e acompanhando o avano da tecnologia e a evoluo da
contabilidade.
A definio da IFRS (International Financial Reporting Standards Normas
Internacionais de Contabilidade) para Valor Justo : o preo que seria recebido na venda de
um ativo ou pago para transferir um passivo em uma transao ordinria entre participantes de
mercado na data da mensurao.
24
Como mencionado acima, o valor justo pode ser mensurado atravs de uma
hierarquia para a aplicao de tcnicas de avaliao, e desta forma, visando aumentar a
consistncia e comparabilidade nas mensuraes. Portanto, a hierarquia do valor justo prioriza
a tcnica que maximiza a utilizao de dados observveis, resultando em trs nveis.
O nvel 1, trata de preos cotados (no ajustados) em mercados ativos para ativos ou
passivos idnticos na data da mensurao, e claro, que um preo cotado em um mercado
ativo apresenta a evidncia mais confivel do valor justo, e deve ser utilizado sempre que
disponvel, e pode-se citar exemplos como: aes em bolsa, ganhos fixos de ttulos
negociados em mercados ativos, derivativos.
Os dados do nvel 2, incluem preos cotados para ativos ou passivos similares em
mercados ativos, preos cotados para ativos ou passivos idnticos em mercados que no so
ativos, ou seja, so mercados em que h poucas transaes para os ativos e passivos, como por
exemplo: cotaes de mercado para ativos similares.
Por fim, os dados do nvel 3, so dados no observveis para um ativo e passivo, e
devem ser utilizados para mensurar o valor justo quando dados observveis no esto
disponveis e devem refletir as expectativas da prpria unidade de negcio sobre o que os
participantes do mercado usariam como premissas para precificar um ativo ou passivo,
incluindo premissas de risco, e temos como exemplo o fluxo de caixa descontado.
25
Desta forma, os dados se tornam mais reais atravs das demonstraes financeiras,
facilitando e agilizando o processo de deciso dos usurios destas demonstraes.
26
Sabe-se que um ativo que esteja reconhecido no balano, e que porm, no possa ter
fluxos de caixas futuros que recuperem o seu valor, ou que no tenha indicaes que deem a
ele uma garantia de recuperabilidade dever ter seus valores reduzidos. No entanto, no
mais compatvel com as prticas contbeis adotadas pelo Brasil a existncia de qualquer ativo,
em um balano patrimonial, que possui um valor maior ao que ele capaz de produzir de
caixa lquido para a entidade, por sua venda ou sua utilizao. (AZEVEDO, 2010, p. 307).
Segundo COMO ABORDAR... (2012), os indicadores de reduo do valor
recupervel so:
Mudana significativa adversa nos requerimentos legais.
Mudanas significativas na rea de Tecnologia, no ambiente econmico
ou no mercado.
Mudanas na rea de tecnologia ou obsolescncia de ativos.
Aumento de juros de mercado ou de outros juros que afetem o retorno
sobre investimento.
Planos de descontinuar ou reestruturar as operaes da entidade.
27
Se defrontarem com um valor material de reduo potencial ao valor
recupervel (impairment) e precisarem do envolvimento de um especialista
objetivo e independente.
Tiverem recursos internos insuficientes.
No estiverem familiarizadas com tcnicas e modelagens de avaliaes
econmico- financeiras.
Buscarem anlises e dados especficos de um segmento de indstria.
Buscarem experincia relacionada a testes de impairment.
28
Em outras palavras, pode-se dizer que valor justo o preo que se aplicaria em uma
transao, que seja observvel em um mercado ativo ou estimado, utilizando-se a tcnica de
avaliao. Portanto, este preo no ajustado pelos custos de transao, porque esses custos
no so uma caracterstica do ativo ou passivo, mas sim, da transao.
Os participantes do mercado so compradores e vendedores, os quais so
independentes uns dos outros, conhecedores do ativo e passivo, e claro, dispostos e aptos a
entrar em uma transao pelo ativo ou passivo. (ARMESTO; SIMES; JUBELS, 2011, p. 3).
A aplicao deste conceito, est relacionada forma pelo qual um ativo utilizado
em cada caso, e qual seu tempo de vida til, porm, preciso levar em considerao os
cenrios futuros, pois muitos acreditam e defendem o argumento de que o termo justo, no
seria o mais adequado, j que seria impossvel prever com exatido, o que aconteceria a longo
prazo no mercado, o que leva as partes a realizarem revises anuais dos valores aplicados.
(GONALVES, 2008, p. 1).
O valor justo tem como objetivo principal demonstrar o valor de mercado de
determinado ativo ou passivo, e mesmo que seja impossvel, ao menos demonstrar este
provvel valor em comparao a outros ativos e passivos e atravs do ajuste do valor presente
aos valores estimados futuros, de fluxos de caixa vinculados a esse ativo ou passivo, e ainda
que haja impossibilidade dessas alternativas, torna-se necessrio a utilizao de frmulas
economtricas reconhecidas pelo
mercado. (COMIT
DE
PRONUNCIAMENTOS
CONTBEIS, 2012).
Segundo Gonalves (2008, p. 1), as vantagens de se aplicar o valor justo so:
29
[...] demonstrar informaes mais interessantes para investidores, exibindo o
preo pelo qual os ativos poderiam ser negociados, como tambm no haver
a necessidade de utilizar fatores especficos de nenhuma entidade na hora de
avaliar o valor justo do ativo, pois estariam avaliados tendo o mercado
como parmetro, existindo assim, uma condio de comparao entre
diferentes entidades.
No entanto, o valor justo tem sido uma prtica bem utilizada no mercado, mesmo no
existindo uma frmula concreta para sua aplicao.
Este pronunciamento menciona tambm como deve ser realizada a transao entre os
participantes, sendo o comprador e o vendedor. Neste ato, a mensurao do valor justo no
poder ser forada, mas sim, representar valores atuais de mercado. No entanto, a entidade
no precisar empreender uma busca exaustiva de todos os possveis mercados para
identificar o mercado principal, porm dever levar em considerao todas as informaes
disponveis.
30
mais
vantajoso
na
data
de
mensurao.
(COMIT
DE
Destaca-se ento que um mesmo ativo pode ter usos diferentes para os participantes
do mercado, de forma que o melhor uso possvel ser o maior dos valores vlidos para o ativo.
31
32
dessa forma o uso de dados observveis que sejam relevantes e minimizando o uso de dados
no observveis.
Existem trs tipos de abordagens de avaliao para mensurao do valor justo nas
demonstraes financeiras: abordagem de mercado, abordagem de custo e abordagem da
receita.
A abordagem de mercado tem como objetivo, a comparao de ativos e passivos
idnticos no mercado, a bolsa de valores um bom exemplo por demonstrar o quanto vale os
ativos de uma empresa.
Neste mesmo sentido, MANUAL... (2009, p. 281) afirma:
A abordagem de mercado utiliza preos e outras informaes relevantes
geradas por transaes de mercado envolvendo ativos ou passivos
comparveis idnticos (uso de mltiplos, por exemplo). A seleo do que
ser considerado como mltiplo apropriado requer julgamento considerando
fatores especficos para mensurao (qualitativos e quantitativos).
A Norma do Valor Justo foi conceituada antes mesmo do incio das prticas
contbeis, onde j havia a necessidade de troca justa de mercadorias entre ambas as partes, o
que revela quo antiga a atividade de avaliao, sendo extremamente necessria para que o
33
comprador saiba de forma precisa quanto vale determinada negociao, informao esta que
muito importante, para saber qual ao a ser tomada.
Apesar de ter sido somente a partir do final do sculo 20 que o termo fair value foi
introduzido nas normas contbeis, a necessidade de se fazer mensuraes a valor justo para
fins contbeis se tornou cada vez mais presente. At ento, de qualquer forma, tambm j se
procurava algo que indicava esse conceito, mas de forma mais limitada, quando da utilizao
da figura do valor de mercado. (MARTINS et al 2013, p. 162).
Segundo Martins et al (2013, p. 162-163):
Historicamente, a primeira aplicao do conceito parece ter sido quando da
existncia de moedas estrangeiras conversveis em poder da entidade e a
seguir os recebveis e pagveis denominados em moeda estrangeira
conversvel.
A primeira aplicao do conceito a um item no monetrio foi na avaliao
dos estoques de ouro produzidos por mineradoras, quando se percebeu que o
processo de venda desse produto no era o mais difcil e mais exigente em
termos de esforo por conta dessa indstria; vender ouro, h muitos sculos,
tem sido uma tarefa relativamente fcil tendo em vista a liquidez desse
mercado e a transparncia do processo de formao de seu preo (bolsas
super antigas j o comercializavam). Achou-se, j poca, que mensurar a
receita no ato da venda no produzia informao rica.
34
O termo valor justo, tem sido muito utilizado em diversos pases, ou melhor,
dizendo, vem sendo um tema bastante discutido entre aqueles que esto migrando seus
modelos contbeis para os IFRSs.
O valor justo um conceito bastante complexo, uma vez que envolve critrios para a
determinao da base de mensurao mais adequada, sendo este um ponto de dificuldade em
pases emergentes, que buscam o amadurecimento de seus mercados.
Em nosso pas, o valor justo tem sido aplicado por diversas empresas, tanto
verdade, que MANUAL... (2009, p. 289) afirma esta situao:
Para o contexto brasileiro, possvel afirmar que a reavaliao de ativos e a
mensurao de ttulos e valores mobilirios em instituies financeiras
brasileiras sejam exemplos da aplicao de mensuraes a valor justo no
pas, mesmo que usualmente outros termos sejam utilizados, tais como
valor de mercado ou marcao a mercado.
importante ressaltar que embora o valor justo tem sido aplicado aqui no Brasil,
ainda h falta de orientao sobre este tema, mesmo com a introduo dos IFRSs, pois a
definio ampla contida na norma internacional pode ser interpretada como vaga, e desta
forma, h esta preocupao da ampliao de mensuraes a valor justo em nosso pas.
O fato de no Brasil ser utilizado os termos valor de mercado, e marcao a
mercado, pode resultar de certa forma em um problema, no que diz respeito a linguagem
universal da contabilidade, ento neste sentido, MANUAL... (2009, p. 289) destaca:
[...] evidenciam um potencial problema da ampliao de mensuraes a
valor justo no pas: a falta de utilizao de um nico termo tcnico para
expressar o conceito de valor justo. necessrio, portanto, adotar um
nico termo para facilitar seu entendimento.
O ideal, para reduzir problemas dessa nova filosofia de mensurao no pas, que haja
ampla divulgao em notas explicativas, contemplando, por exemplo, as razes para a escolha
de uma determinada base de mensurao e as principais premissas utilizadas. Por este motivo,
a aplicao do valor justo, tem sido um grande desafio aos contadores, auditores e usurios
das informaes contbeis.
35
O objetivo na qual se aplica o valor justo dos ativos biolgicos, que seja
apresentado ganhos ou perdas da transformao biolgica desses ativos, e que os mesmos
possam ser representados em cada demonstrao financeira. (PEREIRA; BERGAMINI).
Segundo Pereira; Bergamini:
De acordo com a o CPC 29, os ativos biolgicos devem ser mensurados por
seu valor justo menos o custo de vender, no momento do reconhecimento
inicial no final de cada perodo de apresentao de cada demonstrao
financeira. J o produto agrcola colhido de ativos biolgicos agrcola
colhido de ativos biolgicos de uma entidade dever ser mensurado segundo
o valor justo menos o custo de vender, no momento da colheita. O valor
assim atribudo representar o custo no momento da aplicao do CPC 16Estoques de outro pronunciamento aplicvel.
36
37
38
Assim como valor justo tem vantagens e desvantagens de aplicao, o mesmo ocorre
com o custo histrico, pois se tal pode ser considerado menos subjetivo, pois no se baseia em
valores estimados e garante prudncia na sua valorao, por outro ngulo, no informa os
39
40
Neste captulo, sero abordados alguns exemplos prticos da aplicao do valor justo
na adoo inicial das normas internacionais de contabilidade (IFRS), regulamentada pelo
Comit de Pronunciamentos Contbeis CPC, em 2010.
Todo levantamento prtico, se deu com base nas demonstraes financeiras de
empresas do segmento sucroenergtico do Estado de So Paulo, portanto, foram consideradas
as demonstraes financeiras publicadas no Dirio Oficial da Unio, e no site das entidades,
onde so apresentados os dados que representam a evoluo das empresas em relao ao
exerccio anterior e tambm os efeitos contbeis gerados pela adoo das novas prticas
contbeis em harmonia com os pronunciamentos tcnicos e com Lei n 11.638/07.
Para efeitos de comparao do valor justo, foram utilizados os dados extrados das
notas explicativas das usinas Cosan S.A. Indstria e Comrcio, So Martinho S.A. e Zilor
(demonstraes financeiras combinadas do Grupo Zilor), pelo fato de seus relatrios conterem
o detalhamento dos ajustes realizados para adequao as novas prticas contbeis adotadas no
Brasil, e tambm pela facilidade de acesso aos seus relatrios de forma geral.
A Cosan S.A. Indstria e Comrcio considerada o maior grupo sucroenergtico no
Brasil, cultiva, colhe, e processa a cana-de-acar a fim de produzir acar, etanol, energia e
outros derivados. Desde o incio da expanso das suas atividades, optou por estratgias que
caracterizaram a trajetria da companhia ao longo dos anos: crescimento por meio de
aquisies de usinas que ofeream melhores oportunidades de ganho de sinergias
operacionais, investimento na reduo de custos e melhoria da produtividade, vantagens
tecnolgicas obtidas tanto a partir da modernizao dos processos de gesto como do
investimento em inovao, seguindo isso, a Cosan tem conseguido manter a liderana com
vantagens competitivas sobre o mercado sucroenergtico. Sua misso promover energia
cada vez mais limpa e renovvel para melhorar a vida das pessoas.
O Grupo So Martinho est tambm entre os maiores conjuntos sucroenergtico do
Brasil, produzindo acar, etanol, e a gerao da energia eltrica que ocorre a partir da
queima do bagao da cana, garantindo autossuficincia e venda do excedente. Sua misso
oferecer alimentos, energia e demais derivados de cana que gerem valor para a humanidade,
de maneira inovadora e sustentvel.
41
42
a) Estoques
Quadro 2 Comparativo dos efeitos aps aplicao do valor justo nos estoques
Estoques
Efeito da
Variao com
Anteriormente Aps a Adoo
aplicao das
Empresas
adoo das novas
Apresentado das novas normas
novas prticas
normas
(%)
Cosan S.A
1.106.185
719.656
-386.529
-34,94%
So Martinho S.A.
296.404
179.314
-117.090
-39,50%
Zilor
226.813
192.275
-34.538
-15,23%
Fonte: Os autores
As
prticas
contbeis
anteriormente
adotadas
pelas
empresas
do
setor
b) Imobilizado
Quadro 3 Comparativo dos efeitos aps aplicao do valor justo no imobilizado
Imobilizado
Efeito da
Variao com
Anteriormente
Aps a Adoo
aplicao das
Empresas
adoo das novas
Apresentado
das novas normas
novas prticas
normas
(%)
Cosan S.A.
3.465.236
3.923.623
458.387
13,23%
So Martinho
S.A.
2.481.605
3.015.073
533.468
21,50%
Zilor
1.006.986
1.923.526
916.540
91,02%
Fonte: Os autores
43
c) Ativos biolgicos
Quadro 4 - Comparativo dos efeitos aps aplicao do valor justo nos ativos biolgicos
Ativos Biolgicos
Anteriormente
Efeito da
Variao com
apresentado
Aps a Adoo
aplicao das
Empresas
adoo das novas
como ativo
das novas normas
novas prticas
normas
imobilizado
contbeis (%)
Cosan S.A.
592.171
754.231
162.060
27%
So Martinho
S.A.
362.406
406.872
44.466
12%
Zilor
102.210
209.915
107.705
105%
Fonte: Os autores
Os ativos biolgicos eram classificados na rubrica de ativo imobilizado,
normalmente com o ttulo de cultura permanente, e eram mensurados pelo seu custo de
aquisio ou formao. Em decorrncia da adoo do CPC 29, as empresas apuraram
diferenas relevantes do valor de custo de aquisio ou formao para os seus respectivos
valores justos. Nota-se que no existe um padro de ajuste, onde Cosan apurou uma mais
valia de 27%, a So Martinho de 12% e Zilor de 105%, apesar das trs empresas terem
utilizado a metodologia de fluxo de caixa descontado. Essa disparidade de resultados pode ser
explicada pela subjetividade de algumas premissas, como j discutido no captulo 2.4 Valor
Justo de Ativos Biolgicos, tambm pela condio de cada lavoura de cana-de-acar, tais
como idade do canavial, rendimento por hectare, etc.
44
45
CONSIDERAES FINAIS
A convergncia para as novas regras contbeis ocorrida no Brasil teve impactos
significativos nas demonstraes contbeis como demonstrado nas empresas citadas acima,
com nfase na mensurao do mtodo valor justo, com considervel melhora nos aspectos
qualitativos e quantitativos s demonstraes contbeis.
Este novo padro contbil, proporciona maior comparabilidade, confiabilidade,
percepo real do mercado e do patrimnio nas demonstraes financeiras das empresas, pois
proporcionou uma demonstrao contbil, que venha refletir a realidade dos atos e fatos
praticados pelas empresas, buscando a representao fidedigna da situao econmica
financeira.
Logo, constata- se que o valor justo no deve se tornar impraticvel pelas empresas,
pois apesar de exigir uma complexidade maior de clculos e anlises, este mtodo oferece
uma gama de atributos e demonstrao em tempo real do patrimnio, sendo tambm exigida
pelas normas profissionais do conselho federal de contabilidade, em harmonia aos
pronunciamentos contbeis.
As novas prticas contbeis permitiram uma maior visibilidade e importncia do
profissional contbil, pois este, alm de manter o compromisso e transparncia ao preparar as
demonstraes financeiras, passou a utilizar tambm a interpretao e melhor julgamento,
buscando sempre representar a verdade da essncia econmica da empresa. Conclui-se que o
profissional contbil, deve estar em constante aperfeioamento, devido s mudanas, para que
acompanhe a evoluo da contabilidade.
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REFERNCIAS
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