Exercícios de Português
Exercícios de Português
Português
Tais eram as reflexões que eu vinha fazendo, por aquele Valongo fora, logo depois de ver e ajustar a casa. Interrompeu-mas um ajuntamento; era um preto que
vergalhava outro na praça. O outro não se atrevia a fugir; gemia somente estas únicas palavras: — “Não, perdão, meu senhor; meu senhor, perdão! ” Mas o primeiro não
fazia caso, e, a cada súplica, respondia com uma vergalhada nova.
— Toma, diabo! dizia ele; toma mais perdão, bêbado!
— Meu senhor! gemia o outro.
— Cala a boca, besta! replicava o vergalho.
Parei, olhei... Justos céus! Quem havia de ser o do vergalho? Nada menos que o meu moleque Prudêncio, — o que meu pai libertara alguns anos antes. Cheguei-me; ele
deteve-se logo e pediu-me a bênção; perguntei-lhe se aquele preto era escravo dele.
— É, sim, nhonhô.
— Fez-te alguma cousa?
— É um vadio e um bêbado muito grande. Ainda hoje deixei ele na quitanda, enquanto eu ia lá embaixo na cidade, e ele deixou a quitanda para ir na venda beber.
— Está bom, perdoa-lhe, disse eu.
— Pois não, nhonhô. Nhonhô manda, não pede. Entra para casa, bêbado!
(Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo, Ática, 1990. p. 83.)
Nas palavras “praça” e “bênção” emprega-se o cedilha para indicar o som do fonema /s/. Tal notação foi usada corretamente em todas as palavras do grupo:
Ninguém pode negar o conflito como parte fundamental do fenômeno político. Só existe política porque existem diferenças, discordâncias, visões de mundo que se
distanciam, ideologias, lutas por direitos, por hegemonia. Isso quer dizer que no cerne do fenômeno político está a democracia como um desejo de participação que
implica as tenções próprias à diferença que busca um lugar no contexto social. [...]
Esse texto não tem por finalidade tratar da importância do conflito ou da crítica, mas analisar um fenômeno que surgiu, e se potencializou, na era das redes sociais: a
“militância de tribunal”. Essa prática é apresentada como manifestação de ativismo político, mas se reduz ao ato de proferir julgamentos, todos de natureza condenatória,
contra seus adiversários e, muitas vezes, em desfavor dos próprios parceiros de projeto político. São típicos julgamentos de excessão, nos quais a figura do acusador e do
julgador se confundem, não existe uma acusação bem delimitada, nem a oportunidade do acusado se defender. Nesses julgamentos, que muito revela do “militante de
tribunal”, os eventuais erros do “acusado”, por um lado, são potencializados, sem qualquer compromisso com a facticidade; por outro, perdem importância para a
hipótese previamente formulada pelo acusador-julgador, a partir de preconceitos, perversões, ressentimentos, inveja e, sobretudo, ódio.
Ódio direcionado ao inimigo, aquele com o qual o “acusador-julgador” não se identifica e, por essa razão, nega a possibilidade de dialogar e, o que tem se tornado cada
vez mais frequente, o ódio relacionado ao próximo, aquele que é, ou deveria ser, um aliado nas trincheiras políticas. Ódio que nasce daquilo que Freud chamou de
“narcisismo das pequenas diferenças”. Ódio ao semelhante, aquele que admiramos, do qual somos “parceiros”, ao qual, contudo, dedicamos nosso ódio sempre que ele
não faz exatamente aquilo que deveria – ou o que nós acreditamos que deveria – fazer.
Exemplos não faltam. Pense-se na militante feminista que gasta mais tempo a “condenar” outras mulheres, a julgar outros “feminismos”, do que no enfrentamento
concreto à dominação masculina. A Internet está cheia de exemplos de especialistas em julgamento e condenação. A caça por sucesso naquilo que imaginam ser o
“clubinho das feministas” (por muitas que se dizem feministas enquanto realizam o feminismo como uma mera moral) tem algo da antiga caça às bruxas que regozija até
hoje o machismo estrutural. Nunca se verá a “militante de tribunal feminista” em atitude isenta elogiando a postura correta, mas sempre espetacularizando a postura
“errada” daquela que deseja condenar. Muitas constroem seus nomes virtuais, seu capital político, aquilo que imaginam ser um verdadeiro protagonismo feminista, no
meio dessas pequenas guerras e linchamentos virtuais nas quais se consideram vencedoras pela gritaria. Há, infelizmente, feministas que se perdem, esvaziam o
feminismo e servem de espetáculo àqueles que adoram odiar o feminismo. [...] Apoio mesmo, concreto, às grandes lutas do feminismo, isso não, pois não é tão fácil nem
deve dar tanto prazer quanto a condenação no tribunal virtual montado em sua própria casa. [...]
(Marcia Tiburi e Rubens Casara. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2016/01/odio-ao-semelhante-sobre-a-militanciadetribunal/.Publicado dia: 10/01/2016. Adaptado.)
No texto, há três vocábulos que foram grafados, propositadamente, com alguma INCORREÇÃO. São eles:
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03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não
sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o
mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que
nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada ___ criar _____ partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração
que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo
reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que
tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se
traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é
construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não
conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje.
Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos
sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem
reciprocidade.
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma
ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi
aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam
assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as
dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado
caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
(Eliane Brum. Disponível em: http://www.portalraizes.com/28-2/. Fragmento.)
Assim como em “Por que boa parte dessa nova geração é assim?” (5º§) o uso do “por que” está de acordo com a norma padrão da língua em:
No texto, estão presentes as formas “por que” e “porque”, na indagação “– Sabe por que parece chato?” pode-se afirmar que a forma utilizada é formada por
a) uma conjunção.
b) preposição acrescida de pronome relativo.
c) preposição acrescida de monossílabo tônico.
d) preposição acrescida de pronome interrogativo.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/623736
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03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
Os adultos que educam hoje vivem na cultura que incentiva ao extremo o consumo. Somos levados a consumir de tudo um pouco: além de coisas materiais, consumimos
informações, ideias, estilos de ser e de viver, conceitos que interferem na vida (qualidade de vida, por exemplo), o sexo, músicas, moda, culturas variadas, aparência do
corpo, a obrigatoriedade de ser feliz etc. Até a educação escolar virou item de consumo agora. A ordem é consumir, e obedecemos muitas vezes cegamente a esse
imperativo.
Quem viveu sem usar telefone celular por muito tempo não sabe mais como seria a vida sem essa inovação tecnológica, por exemplo. O problema é que a oferta cria a
demanda em sociedades consumistas, que é o caso atual, e os produtos e as ideias que o mercado oferece passam a ser considerados absolutamente necessários a partir
de então.
A questão é que temos tido comportamento exemplar de consumistas, boa parte das vezes sem crítica alguma. Não sabemos mais o que é ter uma vida simples porque
almejamos ter mais, por isso trabalhamos mais etc. Vejam que a ideia de lazer, hoje, faz todo sentido para quase todos nós. Já a ideia do ócio, não. Ou seja: para
descansar de uma atividade, nos ocupamos com outra. A vadiagem e a preguiça são desvalorizadas.
Bem, é isso que temos ensinado aos mais novos, mais do que qualquer outra coisa. Quando uma criança de oito anos pede a seus pais um celular e ganha, ensinamos a
consumir o que é oferecido; quando um filho pede para o pai levá‐la ao show
do RBD, e este leva mesmo se considera o espetáculo ruim, ensinamos a consumir, seja
qual for a estética em questão; quando um jovem pede uma roupa de marca para ir a uma festa e os pais dão, ensinamos que o que consumimos é mais importante do
que o que somos.
Não há problema em consumir; o problema passa a existir quando o consumo determina a vida. Isso é extremamente perigoso, principalmente quando os filhos chegam
à adolescência. Há um mercado generoso de oferta de drogas. Ensinamos a consumir desde cedo e, nessa hora, queremos e esperamos que eles recusem essa oferta.
Como?!
Na educação, essa nossa característica leva a consequências sutis, mas decisivas na formação dos mais novos. Como exemplo, podemos lembrar que estes aprendem a
avaliar as pessoas pelo que elas aparentam poder consumir e não por aquilo que são e pelas ideias que têm e que o grupo social deles é formado por pares que
consomem coisas semelhantes. Não é a toa que os pequenos furtos são um fenômeno presente em todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas.
Nessa ideologia consumista, é importante considerar que os objetos perdem sua primeira função. Um carro deixa de ser um veículo de transporte, um telefone celular
deixa de ser um meio de comunicação; ambos passam a significar status, poder de consumo, condição social, entre outras coisas.
A educação tem o objetivo de formar pessoas autônomas e livres. Mas, sob essa cultura do consumo, esses dois conceitos se transformaram completamente e perderam
o seu sentido original. Os jovens hoje acreditam que têm liberdade para escolher qualquer coisa, por exemplo. Na verdade, as escolhas que fazem estão, na maioria das
vezes, determinadas pelo consumo e pela publicidade. Tempos loucos, ou não?
(SAYÃO, Rosely. Tempos loucos – Parte 2. Disponível em: http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/arch2006‐10‐01_2006‐10‐15.html. Acesso em: dezembro de 2015.)
“Não há problema em consumir; o problema passa a existir quando o consumo determina a vida. Isso é extremamente perigoso, principalmente quando os filhos chegam
à adolescência. Há um mercado generoso de oferta de drogas.” (5º§) O verbo haver, utilizado no trecho em destaque, no sentido de existir, também pode ser empregado
em algumas expressões que indicam tempo. Seu emprego está correto em:
Sobre a acentuação gráfica das palavras “manganês”, “está” e “lágrimas” assinale a alternativa que apresenta justificativa correta de acordo com a sequência em que
aparecem.
A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não
sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o
mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que
nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada ___ criar _____ partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração
que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo
reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que
tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se
traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é
construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não
conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.
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Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje.
Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos
sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem
reciprocidade.
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma
ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi
aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam
assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as
dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado
caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
(Eliane Brum. Disponível em: http://www.portalraizes.com/28-2/. Fragmento.)
Assinale a opção que apresenta o grupo de palavras acentuadas de acordo com a mesma regra.
a) é, colégios.
b) há, línguas.
c) média, fácil.
d) matéria, patrimônio.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/622464
Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a
chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.
Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas
como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.
Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus
passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.
Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu
ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.
Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que
significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá). Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em
torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.
Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história
geológica do planeta.
Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres
unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.
Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres
multicelulares surgiram.
Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que
acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.
Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa
inclinação de 23,5 graus.
Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento
caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.
Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das
placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o
nosso planeta especial.
Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.
(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)
Dos pares de palavras apresentados, em apenas um o uso de acento gráfico não é justificado pela mesma regra. Assinale a alternativa que contém esse par de palavras.
a) “têm” e “vêm”.
b) “Vênus” e “possível”.
c) “constituída” e “superfície”.
d) “características” e “trânsito”.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/624029
Por que Marte perdeu sua água e acabou não ficando parecido com a Terra?
Embora a superfície de Marte seja hoje árida e inóspita, há bilhões de anos provavelmente estava tão coberta de água quanto a Terra.
O que provocou o desaparecimento deste recurso crucial para o desenvolvimento da vida?
Uma das teorias vigentes é de que a água sumiu do planeta vermelho quando ele perdeu o campo magnético que o protegia dos ventos solares.
No entanto, um estudo recente feito por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostrou que a perda do campo magnético não permite explicar o
desaparecimento de toda a água que existia no planeta.
O resto, segundo a pesquisa, foi absorvido pelas rochas de basalto, que podem reter em seu interior aproximadamente 25% mais água que as pedras do mesmo tipo
na Terra, já que são ricas em óxido de ferro.
Este processo foi tão intenso que é estimado que a crosta do planeta tenha consumido um oceano de mais de 3 km de profundidade.
Processo irreversível
Os pesquisadores da Universidade de Oxford chegaram a essa conclusão após calcular quanta água era possível de eliminar da superfície do planeta pela interação do
líquido com os minerais das rochas.
O cálculo incluiu também fatores como a temperatura das pedras e a pressão atmosférica. Os resultados mostram que as rochas levaram grande parte da água da
superfície para o interior do planeta.
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03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
Depois de absorvida, a água não pode ressurgir, porque as rochas basálticas não funcionam exatamente como uma esponja: elas quebram as moléculas, absorvendo
apenas o oxigênio, enquanto o hidrogênio se espalha pelo espaço.
Essas rochas então se afundaram no manto (camada logo abaixo da superfície, assim como na Terra), deixando o planeta seco, sem a possibilidade de abrigar vida.
Diferenças sutis, mas importantes
Por que a Terra não passou por um processo parecido?
Segundo os pesquisadores de um estudo publicado na última edição da revista Nature, “Marte é um planeta muito menor que a Terra, com um perfil de temperatura
diferente e uma quantidade maior de ferro em seu manto”.
“São diferenças sutis, mas podem ter um efeito significativo, que aumenta com o tempo”, diz o paper.
Esses fatores permitiram que a superfície de Marte fosse mais reativa à água que a nossa, possibilitando a formação de minerais que absorveram água e se afundaram
para o interior do manto.
Já na Terra, em seus primeiros anos de formação, as rochas hidratadas tendiam a flutuar até se desidratarem.
(Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-42445360.)
Das alternativas apresentadas, em apenas uma o uso do acento gráfico é aplicado no par por razão distinta, nos demais a regra que justifica um uso também justifica o
outro. Que alternativa é essa?
a) “há” e “é”.
b) “água” e “possível”.
c) “após” e “também”.
d) “árida” e “inóspita”.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/627447
Com estas florestas de arranha-céus que vão crescendo, muita gente pensa que passarinho é coisa de jardim zoológico; e outras até acham que seja apenas antiguidade
de museu. Certamente chegaremos lá; mas por enquanto ainda existem bairros afortunados onde haja uma casa, casa que tenha um quintal, quintal que tenha uma
árvore. Bom será que essa árvore seja a mangueira. Pois nesse vasto palácio verde podem morar muitos passarinhos.
Os velhos cronistas desta terra encantaram-se com canindés e araras, tuins e sabiás, maracanãs e “querejuás todos azuis de cor finíssima...”. Nós esquecemos tudo:
quando um poeta fala num pássaro, o leitor pensa que é leitura... Mas há um passarinho chamado bem-te-vi. Creio que ele está para acabar.
E é pena, pois com esse nome que tem – e que é a sua própria voz – devia estar em todas as repartições e outros lugares, numa elegante gaiola, para no momento
oportuno anunciar a sua presença. Seria um sobressalto providencial e sob forma tão inocente e agradável que ninguém se aborreceria.
O que leva a crer no desaparecimento do bem-te-vi são as mudanças que começo a observar na sua voz. O ano passado, aqui nas mangueiras dos meus simpáticos
vizinhos, apareceu um bem-te-vi caprichoso, muito moderno, que se recusava a articular as três sílabas tradicionais do seu nome, limitando-se a gritar: “...te-vi! ...te-vi”,
com a maior irreverência gramatical. Como dizem que as últimas gerações andam muito rebeldes e novidadeiras, achei natural que também os passarinhos estivessem
contagiados pelo novo estilo humano.
Logo a seguir, o mesmo passarinho, ou seu filho ou seu irmão – como posso saber, com a folhagem cerrada da mangueira? – animou-se a uma audácia maior. Não quis
saber das duas sílabas, e começou a gritar apenas daqui, dali, invisível e brincalhão: “...vi! ...vi!...” o que me pareceu divertido, nesta era do twist.
O tempo passou, o bem-te-vi deve ter viajado, talvez seja cosmonauta, talvez tenha voado com o seu team de futebol – que se não há de pensar de bem-te-vis assim
progressistas, que rompem com o canto da família e mudam o leme dos seus brasões? Talvez tenha sido atacado por esses crioulos fortes que agora saem do mato de
repente e disparam sem razão nenhuma no primeiro indivíduo que encontram.
Mas hoje ouvi um bem-te-vi cantar. E cantava assim: “Bem-bem-bem...te –vi!” Pensei: “É uma nova escola poética que se eleva da mangueira!...” Depois, o passarinho
mudou. E fez: “Bem-te-te-te...vi!” Tornei a refletir: “Deve estar estudando a sua cartilha... Estará soletrando...” E o passarinho: “Bem-bem-bem...te-te-te... vi-vi-vi!”
Os ornitólogos devem saber se isso é caso comum ou raro. Eu jamais tinha ouvido uma coisa assim! Mas as crianças, que sabem mais do que eu, e vão diretas aos
assuntos, ouviram, pensaram e disseram: “Que engraçado! Um bem-te-vi gago!”
(MEIRELES, Cecília. 1901-1964 – Escolha o seu sonho: (crônicas) – 26ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2005.)
Acentuar corretamente as palavras faz parte do apreço que se deve ter com a norma culta na redação de um texto. A alternativa que apresenta uma palavra do texto que
é acentuada graficamente por motivo DISTINTO das demais é:
a) Últimas.
b) Zoológico.
c) Agradável.
d) Ornitólogo.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/435356
O direito à literatura
O assunto que me foi confiado nesta série é aparentemente meio desligado dos problemas reais: “Direitos humanos e literatura”. As maneiras de abordá‐lo são muitas,
mas não posso começar a falar sobre o tema específico sem fazer algumas reflexões prévias a respeito dos próprios direitos humanos. [...]
[...] pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo. Esta me
parece a essência do problema, inclusive no plano estritamente individual, pois é necessário um grande esforço de educação e autoeducação a fim de reconhecermos
sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência mais funda é achar que os nossos direitos são mais urgentes que os do próximo.
[...] a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto
é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro
horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado. [...]
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03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece
corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito. [...]
Portanto, a luta pelos direitos humanos abrange a luta por um estado de coisas em que todos possam ter acesso aos diferentes níveis de cultura. A distinção entre cultura
popular e cultura erudita não deve servir para justificar e manter uma separação iníqua, como se do ponto de vista cultural a sociedade fosse dividida em esferas
incomunicáveis, dando lugar a dois tipos incomunicáveis de fruidores. Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura
em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável.
(CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004.)
Dentre os pares a seguir, assinale a alternativa em que todas as palavras foram acentuadas de acordo com a mesma justificativa para acentuação de palavras da língua
portuguesa.
a) Há, série.
b) Nós, próprios.
c) Iníqua, ninguém.
d) Próximo, específico.
e) Também, tendências.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/379525
Eu vinha voltando para casa, dentro da noite de Londres. Uma noite fria, nevoenta, silenciosa – uma noite de Londres. Noite de inverno que começa às quatro horas da
tarde e termina às oito da manhã. Noite de navio perdido em alto-mar, de cemitério, de charneca, de fim de ano, de morro dos ventos uivantes. Noite de vampiros, de
lobisomens, de fantasmas, de assassinos, de Jack, o Estripador. Eu vinha vindo e apressava o passo, querendo chegar depressa, antes que aquela noite tão densa me
dissolvesse para sempre em suas sombras. De espaço a espaço, a luz amarelo-âmbar dos postes pontilhava a rua com seu pequeno foco, como olhos de pantera a
seguir-me os passos na escuridão.
Os meus olhos a fitavam, assombrados, e eu não podia acreditar no que eles viam. Quadrada como uma janelinha aberta no céu. Mas amarela como todas as luas do
mundo, flutuando na noite, plena de luz, solitária e bela.
As luas de Londres... Ah, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira! A lua de Londres era quadrada!
Pensei estar sonhando e baixei os olhos humildemente, indigno de merecê-la, tendo bebido mais do que imaginava. Entrei em casa bêbado de lua e fui refugiar-me em
meu quarto, refeito já do estranho delírio, no ambiente cálido e acolhedor do meu tugúrio, cercado de objetos familiares.
Mas foi só chegar à janela, e lá estava ela, dependurada no céu em desafio: uma lua deslumbrante que a neblina não conseguia ofuscar, cubo de luz suspenso no
espaço, de contornos precisos, nítido em seus ângulos retos, a desafiar-me com seu mistério. A lua quadrada de Londres!
Evitei olhá-la outra vez, para não sucumbir ao seu fascínio. Corri as cortinas e fui dormir sob seus eflúvios – enigma imemorial a zombar de todas as astronomias através
dos séculos, da mais remota antiguidade aos nossos dias, e oferecendo unicamente a mim a sua verdadeira face. É possível que um sábio egípcio, há cinco mil anos, do
alto de uma pirâmide, a tenha vislumbrado uma noite e tentado perquirir o seu segredo. É possível que em Babilônia um cortesão de Nabucodonosor se tenha enamorado
perdidamente de uma princesa, na moldura quadrada de seus raios. É possível que na China de Confúcio um mandarim se tenha curvado reverente no jardim, entre
papoulas, sob o império de seu brilho retilíneo. É possível que na África, numa clareira das selvas, um feiticeiro da tribo lhe tenha oferecido em holocausto a carcaça
sangrenta de um antílope. É possível que nos mares gelados do Norte um viking tenha há 12 séculos levantado os olhos sob o elmo de chifres, e contemplado aquela
surpreendente forma geométrica, procurando orientar por ela o seu bergantim. É possível que na Idade Média um alquimista tenha aumentado, sob a influência de sua
radiância quadrangular, o efeito milagroso de um elixir da longa vida. É possível que, no longo dos anos, mais de uma donzela haja estremecido em sonhos ao receber no
corpo a carícia estranhamente angulosa do luar. Mas, nos dias de hoje, somente a mim a lua se oferecia em toda a sua nudez quadrada. Dormi sorrindo, ao pensar que
os astronautas modernos se preparam para ir à Lua em breve – sem ao menos desconfiar que ela não é redonda, mas quadrada como uma janela aberta no cosmo –
verdade celestial que só um noctívago em Londres fora capaz de merecer.
Lembro-me de uma história – história que inventei, mas que nem por isso deixa de ser verdadeira. Era um marinheiro dinamarquês, de um cargueiro atracado no porto
do Rio de Janeiro por uma noite apenas. Saíra pela cidade desconhecida, de bar em bar, e vinha voltando solitário e bêbado pela madrugada, quando se deu o milagre:
nas sujas águas do canal do Mangue, viu refletida uma claridade difusa – ergueu os olhos e viu que as nuvens se haviam rasgado no céu, e o Cristo surgira para ele, de
braços abertos, em todo o seu divino esplendor. Fulminado pela visão, caiu de joelhos e chorou de arrependimento pela vida de pecado e impenitência que levara até
então. De volta à sua terra, converteu-se, tornou-se místico, acabou num convento. E anos mais tarde, depois de uma vida inteira dedicada a Deus, o monge recebe a
visita de um brasileiro. Aquele homem era da cidade em que se dera o milagre da sua conversão.
Não diz a história se o religioso deixou de sê-lo, por causa da prosaica revelação. Não diz, porque me eximo de acrescentar que, na realidade, depois de viver tanto
tempo uma crença construída sobre o equívoco, este equívoco passava a ser mesmo um milagre, como tudo mais nesta vida.
O milagre da lua quadrada de Londres não me foi desfeito por nenhum londrino descrente do surrealismo astronômico nos céus britânicos. Bastou olhar de manhã pela
janela e pude ver, recortado contra o céu, o gigantesco guindaste no cume de uma construção, e numa das pontas da armação de aço atravessada no ar, junto ao
contrapeso, o quadrado de vidro que à noite se acende. A minha lua quadrada de Londres.
Quadrado que talvez simbolize todo um sistema de vida, mais do que anuncia a pequena palavra Laig nele escrita, marca de fabricação do guindaste. De qualquer
maneira, os ingleses ganharam, pelo menos na minha imaginação, o emblema do seu modo de ser, impresso nessa visão de uma noite, que foi a lua quadrada de
Londres.
(SABINO, Fernando, 1923-2004 – As melhores crônicas – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010. 224 p.)
A opção que apresenta um vocábulo do texto acentuado graficamente por razão DISTINTA das demais é:
a) Sábio.
b) História.
c) Radiância.
d) Construída.
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Questão 13: CONSULPLAN - AJ TRF2/TRF 2/Apoio Especializado/Serviço Social/2017
Assunto: Uso do Hifen
Medo e preconceito
O tema é espinhoso. Todos somos por ele atingidos de uma forma ou de outra, como autores ou como objetos dele. O preconceito nasce do medo, sua raiz cultural,
psíquica, antropológica está nos tempos mais primitivos – por isso é uma postura primitiva –, em que todo diferente era um provável inimigo. Precisávamos atacar antes
que ele nos destruísse. Assim, se de um lado aniquilava, de outro esse medo nos protegia – a perpetuação da espécie era o impulso primeiro. Hoje, quando de trogloditas
passamos a ditos civilizados, o medo se revela no preconceito e continua atacando, mas não para nossa sobrevivência natural; para expressar nossa inferioridade
assustada, vestida de arrogância. Que mata sob muitas formas, em guerras frequentes, por questões de raça, crença e outras, e na agressão a pessoas vitimadas pela
calúnia, injustiça, isolamento e desonra. Às vezes, por um gesto fatal.
Que medo é esse que nos mostra tão destrutivos? Talvez a ideia de que “ele é diferente, pode me ameaçar”, estimulada pela inata maldade do nosso lado de sombra (ele
existe, sim).
Nossa agressividade de animais predadores se oculta sob uma camada de civilização, mas está à espreita – e explode num insulto, na perseguição a um adversário que
enxovalhamos porque não podemos vencê-lo com honra, ou numa bala nada perdida. Nessa guerra ou guerrilha usamos muitas armas: uma delas, poderosa e sutil, é a
palavra. Paradoxais são as palavras, que podem ser carícias ou punhais. Minha profissão lida com elas, que desde sempre me encantam e me assombram: houve um
tempo, recente, em que não podíamos usar a palavra “negro”. Tinha de ser “afrodescendente”, ou cometíamos um crime. Ora, ao mesmo tempo havia uma banda Raça
Negra, congressos de Negritude... e afinal descobrimos que, em lugar de evitar a palavra, podíamos honrá-la. Lembremos que termos usados para agredir também
podem ser expressões de afeto. “Meu nego”, “minha neguinha”, podem chamar uma pessoa amada, ainda que loura. “Gordo”, tanto usado para bullying, frequentemente
é o apelido carinhoso de um amigo, que assim vai assinar bilhetes a pessoas queridas. Ao mesmo tempo, palavras como “judeu, turco, alemão” carregam, mais do que
ignorância, um odioso preconceito.
De momento está em evidência a agressão racial em campos esportivos: “negro”, “macaco” e outros termos, usados como chibata para massacrar alguém, revelam nosso
lado pior, que em outras circunstâncias gostaríamos de disfarçar – a grosseria, e a nossa própria inferioridade. Nesses casos, como em agressões devidas à orientação
sexual, a atitude é crime, e precisamos da lei.
No país da impunidade, necessitamos de punição imediata, severa e radical. Me perdoem os seguidores da ideia de que até na escola devemos eliminar punições do “sem
limites”. Não vale a desculpa habitual de “não foi com má intenção, foi no calor da hora, não deem importância”. Temos de nos importar, sim, e de cuidar da nossa
turma, grupo, comunidade, equipe ou país. Algumas doenças precisam de remédios fortes: preconceito é uma delas.
“Isso não tem jeito mesmo”, me dizem também. Acho que tem. É possível conviver de forma honrada com o diferente: minha família, de imigrantes alemães aqui
chegados há quase 200 anos, hoje inclui italianos, negros, libaneses, portugueses. Não nos ocorreria amar ou respeitar a uns menos do que a outros: somos todos da
velha raça humana. Isso ocorre em incontáveis famílias, grupos, povos. Porque são especiais? Não. Simplesmente entenderam que as diferenças podem enriquecer.
Num país que sofre de tamanhas carências em coisas essenciais, não devíamos ter energia e tempo para perseguir o outro, causando-lhe sofrimento e vexame, por suas
ideias, pela cor de sua pele, formato dos olhos, deuses que venera ou pessoa que ama. Nossa energia precisa se devotar a mudanças importantes que o povo reclama.
Nestes tempos de perseguição, calúnia, impunidade e desculpas tolas, só o rigor da lei pode nos impedir de recair rapidamente na velha selvageria. Mudar é preciso.
a) O não preconceito seria bem vindo para que os homens tivessem mais paz no seu dia-a-dia.
b) O preconceito é arqui-inimigo da paz entre os homens, inquieta os espíritos e promove o desequilíbrio social.
c) O preconceito é algo tão arraigado no homem que, para alguns, é extremamente penosa a lide com a diversidade.
d) Medo e preconceito se inter-relacionam desde o surgimento do homem. Urge mudar esse destino a que o homem está fadado.
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Com estas florestas de arranha-céus que vão crescendo, muita gente pensa que passarinho é coisa de jardim zoológico; e outras até acham que seja apenas antiguidade
de museu. Certamente chegaremos lá; mas por enquanto ainda existem bairros afortunados onde haja uma casa, casa que tenha um quintal, quintal que tenha uma
árvore. Bom será que essa árvore seja a mangueira. Pois nesse vasto palácio verde podem morar muitos passarinhos.
Os velhos cronistas desta terra encantaram-se com canindés e araras, tuins e sabiás, maracanãs e “querejuás todos azuis de cor finíssima...”. Nós esquecemos tudo:
quando um poeta fala num pássaro, o leitor pensa que é leitura... Mas há um passarinho chamado bem-te-vi. Creio que ele está para acabar.
E é pena, pois com esse nome que tem – e que é a sua própria voz – devia estar em todas as repartições e outros lugares, numa elegante gaiola, para no momento
oportuno anunciar a sua presença. Seria um sobressalto providencial e sob forma tão inocente e agradável que ninguém se aborreceria.
O que leva a crer no desaparecimento do bem-te-vi são as mudanças que começo a observar na sua voz. O ano passado, aqui nas mangueiras dos meus simpáticos
vizinhos, apareceu um bem-te-vi caprichoso, muito moderno, que se recusava a articular as três sílabas tradicionais do seu nome, limitando-se a gritar: “...te-vi! ...te-vi”,
com a maior irreverência gramatical. Como dizem que as últimas gerações andam muito rebeldes e novidadeiras, achei natural que também os passarinhos estivessem
contagiados pelo novo estilo humano.
Logo a seguir, o mesmo passarinho, ou seu filho ou seu irmão – como posso saber, com a folhagem cerrada da mangueira? – animou-se a uma audácia maior. Não quis
saber das duas sílabas, e começou a gritar apenas daqui, dali, invisível e brincalhão: “...vi! ...vi!...” o que me pareceu divertido, nesta era do twist.
O tempo passou, o bem-te-vi deve ter viajado, talvez seja cosmonauta, talvez tenha voado com o seu team de futebol – que se não há de pensar de bem-te-vis assim
progressistas, que rompem com o canto da família e mudam o leme dos seus brasões? Talvez tenha sido atacado por esses crioulos fortes que agora saem do mato de
repente e disparam sem razão nenhuma no primeiro indivíduo que encontram.
Mas hoje ouvi um bem-te-vi cantar. E cantava assim: “Bem-bem-bem...te –vi!” Pensei: “É uma nova escola poética que se eleva da mangueira!...” Depois, o passarinho
mudou. E fez: “Bem-te-te-te...vi!” Tornei a refletir: “Deve estar estudando a sua cartilha... Estará soletrando...” E o passarinho: “Bem-bem-bem...te-te-te... vi-vi-vi!”
Os ornitólogos devem saber se isso é caso comum ou raro. Eu jamais tinha ouvido uma coisa assim! Mas as crianças, que sabem mais do que eu, e vão diretas aos
assuntos, ouviram, pensaram e disseram: “Que engraçado! Um bem-te-vi gago!”
(MEIRELES, Cecília. 1901-1964 – Escolha o seu sonho: (crônicas) – 26ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2005.)
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Assinale a alternativa em que o encontro vocálico está corretamente analisado.
a) poética – hiato.
b) mangueira – tritongo.
c) leitor – ditongo oral crescente.
d) irreverência – ditongo nasal decrescente.
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Denomina-se gravidez na adolescência a gestação ocorrida em jovens de até 21 anos que se encontram, portanto, em pleno desenvolvimento dessa fase da vida – a
adolescência. Esse tipo de gravidez em geral não foi planejada nem desejada e acontece em meio a relacionamentos sem estabilidade. No Brasil os números são
alarmantes.
Cabe destacar que a gravidez precoce não é um problema exclusivo das meninas. Não se pode esquecer que embora os rapazes não possuam as condições biológicas
necessárias para engravidar, um filho não é concebido por uma única pessoa. E se é à menina, que cabe a difícil missão de carregar no ventre, o filho, durante toda a
gestação, de enfrentar as dificuldades e dores do parto e de amamentar o rebento após o nascimento, o rapaz não pode se eximir de sua parcela de responsabilidade.
Por isso, quando uma adolescente engravida, não é apenas a sua vida que sofre mudanças. O pai, assim como as famílias de ambos, também passa pelo difícil processo
de adaptação a uma situação imprevista e inesperada.
Essa situação favoreceu o surgimento de uma geração cujos valores éticos e morais encontram-se desgastados. O excesso de informações e liberdade recebida por esses
jovens os levam à banalização de assuntos como o sexo, por exemplo. Essa liberação sexual, acompanhada de certa falta de limite e responsabilidade é um dos motivos
que favorecem a incidência de gravidez na adolescência.
Outro fator que deve ser ressaltado é o afastamento dos membros da família e a desestruturação familiar. Seja por separação, seja pelo corre-corre do dia a dia, os pais
estão cada vez mais afastados de seus filhos. Isso além de dificultar o diálogo de pais e filhos, dá ao adolescente uma liberdade sem responsabilidade. Ele passa, muitas
vezes, a não ter a quem dar satisfações de sua rotina diária, vindo a procurar os pais ou responsáveis apenas quando o problema já se instalou.
A adolescência já é uma fase complexa da vida. Além dos hormônios, que nessa etapa afloram causando as mais diversas mudanças no adolescente, outros assuntos
preocupam e permeiam as mentes dos jovens: escola, vestibular, profissão etc.
A gravidez, por sua vez, também é uma etapa complexa na vida. Ter um filho requer desejo tanto do pai quanto da mãe, mas não só isso. Atualmente, com problemas
como a instabilidade econômica e a crescente violência, são necessários, além de muita consciência e responsabilidade, um amplo planejamento. Quando isso não
acontece, a iminência de acontecerem problemas é muito grande.
A adolescência é o momento de formação escolar e de preparação para o mundo do trabalho. A ocorrência de uma gravidez nessa fase, portanto, significa o atraso ou
até mesmo a interrupção desses processos. O que pode comprometer o início da carreira ou o desenvolvimento profissional.
a) Filho.
b) Gravidez.
c) Enfrentar.
d) Problema.
e) Desestruturação.
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Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a
chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.
Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas
como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.
Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus
passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.
Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu
ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.
Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que
significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá). Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em
torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.
Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história
geológica do planeta.
Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres
unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.
Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres
multicelulares surgiram.
Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que
acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.
Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa
inclinação de 23,5 graus.
Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento
caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.
Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das
placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o
nosso planeta especial.
Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.
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(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)
Releia o trecho a seguir: “Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito [...].” (3º§). Em relação à formação da palavra
destacada, ela é formada por um processo de
a) derivação sufixal.
b) derivação prefixal.
c) derivação parassintética.
d) composição por aglutinação.
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Por que Marte perdeu sua água e acabou não ficando parecido com a Terra?
Embora a superfície de Marte seja hoje árida e inóspita, há bilhões de anos provavelmente estava tão coberta de água quanto a Terra.
O que provocou o desaparecimento deste recurso crucial para o desenvolvimento da vida?
Uma das teorias vigentes é de que a água sumiu do planeta vermelho quando ele perdeu o campo magnético que o protegia dos ventos solares.
No entanto, um estudo recente feito por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostrou que a perda do campo magnético não permite explicar o
desaparecimento de toda a água que existia no planeta.
O resto, segundo a pesquisa, foi absorvido pelas rochas de basalto, que podem reter em seu interior aproximadamente 25% mais água que as pedras do mesmo tipo
na Terra, já que são ricas em óxido de ferro.
Este processo foi tão intenso que é estimado que a crosta do planeta tenha consumido um oceano de mais de 3 km de profundidade.
Processo irreversível
Os pesquisadores da Universidade de Oxford chegaram a essa conclusão após calcular quanta água era possível de eliminar da superfície do planeta pela interação do
líquido com os minerais das rochas.
O cálculo incluiu também fatores como a temperatura das pedras e a pressão atmosférica. Os resultados mostram que as rochas levaram grande parte da água da
superfície para o interior do planeta.
Depois de absorvida, a água não pode ressurgir, porque as rochas basálticas não funcionam exatamente como uma esponja: elas quebram as moléculas, absorvendo
apenas o oxigênio, enquanto o hidrogênio se espalha pelo espaço.
Essas rochas então se afundaram no manto (camada logo abaixo da superfície, assim como na Terra), deixando o planeta seco, sem a possibilidade de abrigar vida.
Diferenças sutis, mas importantes
Por que a Terra não passou por um processo parecido?
Segundo os pesquisadores de um estudo publicado na última edição da revista Nature, “Marte é um planeta muito menor que a Terra, com um perfil de temperatura
diferente e uma quantidade maior de ferro em seu manto”.
“São diferenças sutis, mas podem ter um efeito significativo, que aumenta com o tempo”, diz o paper.
Esses fatores permitiram que a superfície de Marte fosse mais reativa à água que a nossa, possibilitando a formação de minerais que absorveram água e se afundaram
para o interior do manto.
Já na Terra, em seus primeiros anos de formação, as rochas hidratadas tendiam a flutuar até se desidratarem.
(Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-42445360.)
Assinale a alternativa cujo conteúdo apresente a correlação correta entre a palavra e o processo que tenha lhe formado.
Com estas florestas de arranha-céus que vão crescendo, muita gente pensa que passarinho é coisa de jardim zoológico; e outras até acham que seja apenas antiguidade
de museu. Certamente chegaremos lá; mas por enquanto ainda existem bairros afortunados onde haja uma casa, casa que tenha um quintal, quintal que tenha uma
árvore. Bom será que essa árvore seja a mangueira. Pois nesse vasto palácio verde podem morar muitos passarinhos.
Os velhos cronistas desta terra encantaram-se com canindés e araras, tuins e sabiás, maracanãs e “querejuás todos azuis de cor finíssima...”. Nós esquecemos tudo:
quando um poeta fala num pássaro, o leitor pensa que é leitura... Mas há um passarinho chamado bem-te-vi. Creio que ele está para acabar.
E é pena, pois com esse nome que tem – e que é a sua própria voz – devia estar em todas as repartições e outros lugares, numa elegante gaiola, para no momento
oportuno anunciar a sua presença. Seria um sobressalto providencial e sob forma tão inocente e agradável que ninguém se aborreceria.
O que leva a crer no desaparecimento do bem-te-vi são as mudanças que começo a observar na sua voz. O ano passado, aqui nas mangueiras dos meus simpáticos
vizinhos, apareceu um bem-te-vi caprichoso, muito moderno, que se recusava a articular as três sílabas tradicionais do seu nome, limitando-se a gritar: “...te-vi! ...te-vi”,
com a maior irreverência gramatical. Como dizem que as últimas gerações andam muito rebeldes e novidadeiras, achei natural que também os passarinhos estivessem
contagiados pelo novo estilo humano.
Logo a seguir, o mesmo passarinho, ou seu filho ou seu irmão – como posso saber, com a folhagem cerrada da mangueira? – animou-se a uma audácia maior. Não quis
saber das duas sílabas, e começou a gritar apenas daqui, dali, invisível e brincalhão: “...vi! ...vi!...” o que me pareceu divertido, nesta era do twist.
O tempo passou, o bem-te-vi deve ter viajado, talvez seja cosmonauta, talvez tenha voado com o seu team de futebol – que se não há de pensar de bem-te-vis assim
progressistas, que rompem com o canto da família e mudam o leme dos seus brasões? Talvez tenha sido atacado por esses crioulos fortes que agora saem do mato de
repente e disparam sem razão nenhuma no primeiro indivíduo que encontram.
Mas hoje ouvi um bem-te-vi cantar. E cantava assim: “Bem-bem-bem...te –vi!” Pensei: “É uma nova escola poética que se eleva da mangueira!...” Depois, o passarinho
mudou. E fez: “Bem-te-te-te...vi!” Tornei a refletir: “Deve estar estudando a sua cartilha... Estará soletrando...” E o passarinho: “Bem-bem-bem...te-te-te... vi-vi-vi!”
Os ornitólogos devem saber se isso é caso comum ou raro. Eu jamais tinha ouvido uma coisa assim! Mas as crianças, que sabem mais do que eu, e vão diretas aos
assuntos, ouviram, pensaram e disseram: “Que engraçado! Um bem-te-vi gago!”
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/cadernos/experimental/13690866/imprimir 9/107
03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
(MEIRELES, Cecília. 1901-1964 – Escolha o seu sonho: (crônicas) – 26ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2005.)
A alternativa cujas palavras, retiradas do texto, mostram o mesmo tipo de processo de formação é:
a) folhagem – elegante
b) passarinho – invisível
c) gagueira – mangueira
d) irreverência – caprichoso
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A sociedade passou por profundas transformações em que a realidade socioeconômica modificou-se com rapidez junto ao desenvolvimento incessante das economias de
massas. Os mecanismos de produção desenvolveram-se de tal forma a adequarem-se às necessidades e vontades humanas. Contudo, o homem não mediu as possíveis
consequências que tal desenvolvimento pudesse causar de modo a provocar o desequilíbrio ao meio ambiente e a própria ameaça à vida humana.
Desse modo, a preocupação com o meio ambiente é questionada, sendo centro de tomada de decisões, diante da grave problemática que ameaça romper com o
equilíbrio ecológico do Planeta. E não apenas nos tradicionais meios de comunicação, tais como jornais impressos, rádio, televisão, revistas, dentre outros, como também
nos espaços virtuais de interatividade, por meio das novas mídias, as quais representam novos meios de comunicação, tem-se o debate sobre a problemática ambiental.
O capitalismo foi reestruturado e a partir das transformações científicas e tecnológicas deu-se origem a um novo estabelecimento social, em que por meio de redes e da
cultura da virtualidade, configura-se a chamada sociedade informacional, na qual a comunicação e a informação constituem-se ferramentas essenciais da Era Digital.
As novas mídias, por meio da utilização da Internet, estão sendo consideradas como novos instrumentos de proteção do meio ambiente, na medida em que proporcionam
a expansão da informação ambiental, de práticas sustentáveis, de reivindicações e ensejo de decisões em prol do meio ambiente.
No ciberespaço, devido à conectividade em tempo real, é possível promover debates de inúmeras questões como a construção da hidrelétrica de Belo Monte, o Novo
Código Florestal, Barra Grande, dentre outras, as quais ensejam por tomada de decisões políticas, jurídicas e sociais. [...]
Vislumbra-se que a Internet é um meio que aproxima pessoas e distâncias, sendo utilizada por um número ilimitado de pessoas, a custo razoável e em tempo real. De
fato, a Internet proporciona benefícios, pois, além de promover a circulação de informações, a curto espaço de tempo, muitos debates virtuais produzem manifestações
sociais. Assim sendo, tem-se a democratização das informações através dos espaços virtuais, como blogs, websites, redes sociais, jornais virtuais, sites especializados,
sites oficiais, dentre outros, de modo a expandir conhecimentos, promover discussões e, por vezes, influenciando nas tomadas de decisões dos governantes e na
proliferação de movimentos sociais. Desse modo, os cidadãos acabam participando e exercendo a cidadania de forma democrática no [...] ciberespaço.
Faz-se necessária a execução de ações concretas em prol do meio ambiente, com adaptação e intermédio do novo padrão de democracia participativa fomentado pelas
novas mídias, a fim de enfrentar a gestão dos riscos ambientais, dentre outras questões socioambientais. Ainda, são necessárias discussões aprofundadas sobre a
complexidade ambiental, agregando a interdisciplinaridade para escolhas sustentáveis e na difusão do conhecimento. E, embora haja inúmeros desafios a percorrer com a
utilização das tecnologias de comunicação e informação (novas TIC’s), entende-se que a atuação das novas mídias é de suma importância, pois possibilita a expansão da
informação, a práxis ambiental, o debate e as aspirações dos cidadãos, contribuindo, dessa forma, para a proteção do meio ambiente.
(SILVA NUNES, Denise. Internet e as novas mídias: contribuições para a proteção do meio ambiente no ciberespaço. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 115, ago. 2013. Disponível em:
http://ambito - juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13051& revista_caderno=17. Acesso em: jan. 2017. Adaptado.)
Acerca dos elementos linguísticos empregados em “Os mecanismos de produção desenvolveram-se de tal forma a adequarem-se às necessidades e vontades humanas.” ,
assinale o comentário cujas informações estão corretas de acordo com a norma padrão da língua.
a) A forma verbal “adequarem” é responsável pela exigência da preposição “a” que lhe antecede e que lhe sucede.
b) A ausência de preposição diante do complemento “vontades humanas” demonstra que tal termo não mantém uma relação com o elemento regente.
c) A regência da forma verbal “adequarem” inclui os termos coordenados “necessidades” e “vontades humanas”.
d) A forma verbal “desenvolveram” constitui termo regente exigindo o emprego da preposição “de” e “a” conforme pode ser indicado no período em análise.
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O direito à literatura
O assunto que me foi confiado nesta série é aparentemente meio desligado dos problemas reais: “Direitos humanos e literatura”. As maneiras de abordá‐lo são muitas,
mas não posso começar a falar sobre o tema específico sem fazer algumas reflexões prévias a respeito dos próprios direitos humanos. [...]
[...] pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo. Esta me
parece a essência do problema, inclusive no plano estritamente individual, pois é necessário um grande esforço de educação e autoeducação a fim de reconhecermos
sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência mais funda é achar que os nossos direitos são mais urgentes que os do próximo.
[...] a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto
é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro
horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado. [...]
Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece
corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito. [...]
Portanto, a luta pelos direitos humanos abrange a luta por um estado de coisas em que todos possam ter acesso aos diferentes níveis de cultura. A distinção entre cultura
popular e cultura erudita não deve servir para justificar e manter uma separação iníqua, como se do ponto de vista cultural a sociedade fosse dividida em esferas
incomunicáveis, dando lugar a dois tipos incomunicáveis de fruidores. Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura
em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável.
(CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004.)
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“[...] indispensável para nós é também indispensável para o próximo. Esta me parece a essência do problema, inclusive no plano estritamente individual, [...]” (2º§)
Quanto às palavras destacadas, pode‐se afirmar que
Com estas florestas de arranha-céus que vão crescendo, muita gente pensa que passarinho é coisa de jardim zoológico; e outras até acham que seja apenas antiguidade
de museu. Certamente chegaremos lá; mas por enquanto ainda existem bairros afortunados onde haja uma casa, casa que tenha um quintal, quintal que tenha uma
árvore. Bom será que essa árvore seja a mangueira. Pois nesse vasto palácio verde podem morar muitos passarinhos.
Os velhos cronistas desta terra encantaram-se com canindés e araras, tuins e sabiás, maracanãs e “querejuás todos azuis de cor finíssima...”. Nós esquecemos tudo:
quando um poeta fala num pássaro, o leitor pensa que é leitura... Mas há um passarinho chamado bem-te-vi. Creio que ele está para acabar.
E é pena, pois com esse nome que tem – e que é a sua própria voz – devia estar em todas as repartições e outros lugares, numa elegante gaiola, para no momento
oportuno anunciar a sua presença. Seria um sobressalto providencial e sob forma tão inocente e agradável que ninguém se aborreceria.
O que leva a crer no desaparecimento do bem-te-vi são as mudanças que começo a observar na sua voz. O ano passado, aqui nas mangueiras dos meus simpáticos
vizinhos, apareceu um bem-te-vi caprichoso, muito moderno, que se recusava a articular as três sílabas tradicionais do seu nome, limitando-se a gritar: “...te-vi! ...te-vi”,
com a maior irreverência gramatical. Como dizem que as últimas gerações andam muito rebeldes e novidadeiras, achei natural que também os passarinhos estivessem
contagiados pelo novo estilo humano.
Logo a seguir, o mesmo passarinho, ou seu filho ou seu irmão – como posso saber, com a folhagem cerrada da mangueira? – animou-se a uma audácia maior. Não quis
saber das duas sílabas, e começou a gritar apenas daqui, dali, invisível e brincalhão: “...vi! ...vi!...” o que me pareceu divertido, nesta era do twist.
O tempo passou, o bem-te-vi deve ter viajado, talvez seja cosmonauta, talvez tenha voado com o seu team de futebol – que se não há de pensar de bem-te-vis assim
progressistas, que rompem com o canto da família e mudam o leme dos seus brasões? Talvez tenha sido atacado por esses crioulos fortes que agora saem do mato de
repente e disparam sem razão nenhuma no primeiro indivíduo que encontram.
Mas hoje ouvi um bem-te-vi cantar. E cantava assim: “Bem-bem-bem...te –vi!” Pensei: “É uma nova escola poética que se eleva da mangueira!...” Depois, o passarinho
mudou. E fez: “Bem-te-te-te...vi!” Tornei a refletir: “Deve estar estudando a sua cartilha... Estará soletrando...” E o passarinho: “Bem-bem-bem...te-te-te... vi-vi-vi!”
Os ornitólogos devem saber se isso é caso comum ou raro. Eu jamais tinha ouvido uma coisa assim! Mas as crianças, que sabem mais do que eu, e vão diretas aos
assuntos, ouviram, pensaram e disseram: “Que engraçado! Um bem-te-vi gago!”
(MEIRELES, Cecília. 1901-1964 – Escolha o seu sonho: (crônicas) – 26ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2005.)
Das frases a seguir, apenas uma apresenta adjetivo no superlativo absoluto sintético. Assinale-a.
Os adultos que educam hoje vivem na cultura que incentiva ao extremo o consumo. Somos levados a consumir de tudo um pouco: além de coisas materiais, consumimos
informações, ideias, estilos de ser e de viver, conceitos que interferem na vida (qualidade de vida, por exemplo), o sexo, músicas, moda, culturas variadas, aparência do
corpo, a obrigatoriedade de ser feliz etc. Até a educação escolar virou item de consumo agora. A ordem é consumir, e obedecemos muitas vezes cegamente a esse
imperativo.
Quem viveu sem usar telefone celular por muito tempo não sabe mais como seria a vida sem essa inovação tecnológica, por exemplo. O problema é que a oferta cria a
demanda em sociedades consumistas, que é o caso atual, e os produtos e as ideias que o mercado oferece passam a ser considerados absolutamente necessários a partir
de então.
A questão é que temos tido comportamento exemplar de consumistas, boa parte das vezes sem crítica alguma. Não sabemos mais o que é ter uma vida simples porque
almejamos ter mais, por isso trabalhamos mais etc. Vejam que a ideia de lazer, hoje, faz todo sentido para quase todos nós. Já a ideia do ócio, não. Ou seja: para
descansar de uma atividade, nos ocupamos com outra. A vadiagem e a preguiça são desvalorizadas.
Bem, é isso que temos ensinado aos mais novos, mais do que qualquer outra coisa. Quando uma criança de oito anos pede a seus pais um celular e ganha, ensinamos a
consumir o que é oferecido; quando um filho pede para o pai levá‐la ao show
do RBD, e este leva mesmo se considera o espetáculo ruim, ensinamos a consumir, seja
qual for a estética em questão; quando um jovem pede uma roupa de marca para ir a uma festa e os pais dão, ensinamos que o que consumimos é mais importante do
que o que somos.
Não há problema em consumir; o problema passa a existir quando o consumo determina a vida. Isso é extremamente perigoso, principalmente quando os filhos chegam
à adolescência. Há um mercado generoso de oferta de drogas. Ensinamos a consumir desde cedo e, nessa hora, queremos e esperamos que eles recusem essa oferta.
Como?!
Na educação, essa nossa característica leva a consequências sutis, mas decisivas na formação dos mais novos. Como exemplo, podemos lembrar que estes aprendem a
avaliar as pessoas pelo que elas aparentam poder consumir e não por aquilo que são e pelas ideias que têm e que o grupo social deles é formado por pares que
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consomem coisas semelhantes. Não é a toa que os pequenos furtos são um fenômeno presente em todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas.
Nessa ideologia consumista, é importante considerar que os objetos perdem sua primeira função. Um carro deixa de ser um veículo de transporte, um telefone celular
deixa de ser um meio de comunicação; ambos passam a significar status, poder de consumo, condição social, entre outras coisas.
A educação tem o objetivo de formar pessoas autônomas e livres. Mas, sob essa cultura do consumo, esses dois conceitos se transformaram completamente e perderam
o seu sentido original. Os jovens hoje acreditam que têm liberdade para escolher qualquer coisa, por exemplo. Na verdade, as escolhas que fazem estão, na maioria das
vezes, determinadas pelo consumo e pela publicidade. Tempos loucos, ou não?
(SAYÃO, Rosely. Tempos loucos – Parte 2. Disponível em: http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/arch2006‐10‐01_2006‐10‐15.html. Acesso em: dezembro de 2015.)
“No 5º§ do texto lido, há dois vocábulos sublinhados. Em relação a tais termos, pode‐se afirmar que são responsáveis por ___________________ e pertencem à classe
de palavras de ____________________.” Assinale a alternativa que completa correta e sequencialmente a afirmativa anterior.
a) julgamentos / adjetivos
b) argumentos / advérbios
c) exemplos / substantivos
d) opiniões / locuções adverbiais
e) informações / locuções conjuntivas
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O coronel, que então morava já na cidade, tinha um compadre sitiante que ele estimava muito. Quando um filho do compadre Zeferino ficava doente, ia para a casa do
coronel, ficava morando ali até ficar bom, o coronel é que arranjava médico, remédio, tudo.
Quase todos os meses o compadre pobre mandava um caixote de ovos para o coronel. Seu sítio era retirado umas duas léguas de uma estaçãozinha da Leopoldina, e
compadre Zeferino despachava o caixote de ovos de lá, frete a pagar. Sempre escrevia no caixote: CUIDADO É OVOS – e cada ovo era enrolado em sua palha de milho
com todo cuidado para não se quebrar na viagem. Mas, que o quê: a maior parte quebrava com os solavancos do trem.
Os meninos filhos do coronel morriam de rir abrindo o caixote de presente do compadre Zeferino; a mulher dele abanava a cabeça como quem diz: qual... Os meninos,
com as mãos lambuzadas de clara e gema, iam separando os ovos bons. O coronel, na cadeira de balanço, ficava sério; mas, reparando bem, a gente via que ele às
vezes sorria das risadas dos meninos e das bobagens que eles diziam: por exemplo, um gritava para o outro – “cuidado, é ovos”!
– Quantos salvaram?
Os meninos diziam. Então ele se voltava para a mulher: “Mulher, a quanto está a dúzia de ovos aqui no Cachoeiro?”
A mulher dizia. Então ele fazia um cálculo do frete que pagara, mais do carreto da estação até a casa e coçava a cabeça com um ar engraçado:
– Até que os ovos do compadre Zeferino não estão me saindo muito caros desta vez. [...]
(BRAGA, R. O Compadre Pobre. In. BRAGA, R. 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 2013. Fragmento.)
A expressão do ponto de vista do narrador pode ser identificada através de alguns recursos, sendo um deles o da adjetivação. Tal fato pode ser identificado no fragmento
transcrito em:
Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a
chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.
Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas
como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.
Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus
passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.
Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu
ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.
Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que
significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá). Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em
torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.
Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história
geológica do planeta.
Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres
unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.
Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres
multicelulares surgiram.
Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que
acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.
Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa
inclinação de 23,5 graus.
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Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento
caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.
Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das
placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o
nosso planeta especial.
Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.
(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)
Analise a forma verbal destacada no trecho a seguir e assinale a alternativa que apresenta a classificação adequada de tal forma verbal: “Portanto, mesmo que existam
outras ‘Terras’ pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.”
a) Presente do indicativo.
b) Presente do subjuntivo.
c) Pretérito perfeito do indicativo.
d) Pretérito imperfeito do subjuntivo.
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Por que Marte perdeu sua água e acabou não ficando parecido com a Terra?
Embora a superfície de Marte seja hoje árida e inóspita, há bilhões de anos provavelmente estava tão coberta de água quanto a Terra.
O que provocou o desaparecimento deste recurso crucial para o desenvolvimento da vida?
Uma das teorias vigentes é de que a água sumiu do planeta vermelho quando ele perdeu o campo magnético que o protegia dos ventos solares.
No entanto, um estudo recente feito por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostrou que a perda do campo magnético não permite explicar o
desaparecimento de toda a água que existia no planeta.
O resto, segundo a pesquisa, foi absorvido pelas rochas de basalto, que podem reter em seu interior aproximadamente 25% mais água que as pedras do mesmo tipo
na Terra, já que são ricas em óxido de ferro.
Este processo foi tão intenso que é estimado que a crosta do planeta tenha consumido um oceano de mais de 3 km de profundidade.
Processo irreversível
Os pesquisadores da Universidade de Oxford chegaram a essa conclusão após calcular quanta água era possível de eliminar da superfície do planeta pela interação do
líquido com os minerais das rochas.
O cálculo incluiu também fatores como a temperatura das pedras e a pressão atmosférica. Os resultados mostram que as rochas levaram grande parte da água da
superfície para o interior do planeta.
Depois de absorvida, a água não pode ressurgir, porque as rochas basálticas não funcionam exatamente como uma esponja: elas quebram as moléculas, absorvendo
apenas o oxigênio, enquanto o hidrogênio se espalha pelo espaço.
Essas rochas então se afundaram no manto (camada logo abaixo da superfície, assim como na Terra, deixando o planeta seco, sem a possibilidade de abrigar vida.
Diferenças sutis, mas importantes
Por que a Terra não passou por um processo parecido?
Segundo os pesquisadores de um estudo publicado na última edição da revista Nature, “Marte é um planeta muito menor que a Terra, com um perfil de temperatura
diferente e uma quantidade maior de ferro em seu manto”.
“São diferenças sutis, mas podem ter um efeito significativo, que aumenta com o tempo”, diz o paper.
Esses fatores permitiram que a superfície de Marte fosse mais reativa à água que a nossa, possibilitando a formação de minerais que absorveram água e se afundaram
para o interior do manto.
Já na Terra, em seus primeiros anos de formação, as rochas hidratadas tendiam a flutuar até se desidratarem.
(Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-42445360.)
Em “Este processo foi tão intenso que é estimado que a crosta do planeta tenha consumido um oceano de mais de 3 km de profundidade.” (6º§), a locução verbal
destacada está no
a) futuro do subjuntivo.
b) imperativo afirmativo.
c) presente do indicativo.
d) presente do subjuntivo.
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“Porque esse é o meu nome! Porque não posso ter outro em minha vida! Porque estaria mentindo e assinando mentiras. Porque não valho a poeira dos pés daqueles que
mandou enforcar! Eu já dei a minha alma ao Senhor, deixe-me ficar com meu nome!”. A citação acima foi retirada da obra As Bruxas de Salém, de Arthur Miller, que
também foi tema de filme, lançado em 1996. O trecho em questão, porém, também foi utilizado como argumentação em uma decisão judicial a favor da autora que
reclamava de atentado à honra.
A argumentação não só mostra como a Literatura ajuda a fundamentar a realidade, mas como o próprio Direito se utiliza dessa ferramenta para interpretar a sociedade.
Essa relação entre Direito e Literatura pode ser analisada de três formas: o Direito na Literatura; o Direito da Literatura, que trata dos direitos do autor ou de uma obra e
de temas relacionados, como a liberdade de expressão; e, ainda, a utilização de práticas da crítica literária para compreender e avaliar os direitos, as instituições e
procedimentos judiciais, o que seria o Direito como Literatura.
Esta última relação do Direito com a Literatura, como explica Vera Karam, professora da disciplina de Direito e Literatura da Faculdade de Direito da Universidade Federal
do Paraná (UFPR), é o estudo de temas jurídicos – e da própria realidade em que estão inseridos – com a ajuda das obras literárias. “A Literatura surge como uma
metáfora que o direito usa para tentar articular uma boa solução para aquilo que é chamado a responder”, explica. [...]
“O aplicador do direito é constantemente demandado a dar respostas a conflitos concretos e diversos, e a Literatura justamente abre um espaço de reflexão e de ação
mais crítico, porque é mais sensível às especificidades do humano”, aponta Vera.
“A Literatura amplia os horizontes, já que possibilita ao leitor experimentar, de um modo seguro, situações que ele provavelmente jamais viveria. A boa literatura estimula
a reflexão e desperta o senso crítico”, complementa Lenio Streck, procurador de Justiça do Rio Grande do Sul e professor de Pós-Graduação em Direito na Unisinos-RS.
Para Vera, além de trazer novas perspectivas aos operadores do Direito, a Literatura antecipa temas relacionados ao universo jurídico. “A ficção literária tem essa riqueza,
essa sutileza, essa sensibilidade que permite que o Direito às vezes fique até mais bem preparado para o enfrentamento de conflitos que seriam inimagináveis fora da
ficção”, diz.
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A linguagem, que no Direito encontra suas especificidades e na Literatura é registrada de maneira mais diversa e livre, também é apontada pelos especialistas como um
ponto-chave da interpretação jurídica por meio das obras. “Olhando a operacionalidade, a realidade não nos toca, as ficções, sim. Com isso, confundimos as ficções da
realidade com a realidade das ficções. Ficamos endurecidos. A Literatura pode ser mais do que isso. Faltam grandes narrativas no Direito, e a Literatura pode humanizá-
Streck.
lo”, finaliza
Pelo alto, a população do leste de Alepo, na Síria, foi castigada por bombas de barril lançadas por helicópteros e aviões do regime de Bashar Assad e por caças russos. Ao
explodirem, esses artefatos espalham rolamentos, pregos e pedaços de metal ao redor, destruindo prédios e perfurando pessoas. Na noite de 17 de agosto, o menino
Omran Daqneesh, de 4 anos, estava dormindo com os irmãos de 1, 6 e 10 anos quando uma bomba caiu sobre sua casa. As imagens do vídeo que mostram Omran
coberto de poeira e sangue dentro de uma ambulância chocaram o mundo pelo contraste entre inocência e brutalidade. Seu irmão mais velho morreu no hospital.
Em terra, os moradores eram acossados pelos grupos extremistas ligados à Al Qaeda, que criaram tribunais para aplicar a lei islâmica. As mulheres foram obrigadas a
usar o véu. Quem reclamava do fechamento das rádios ou das escolas ou tentava fugir era preso, torturado e até assassinado.
Com a coalizão liderada pelos EUA bombardeando os terroristas do Estado Islâmico em outras cidades, a Rússia e o Irã ficaram livres para ajudar Assad a retomar
territórios ocupados por outros grupos armados, o que deixou a guerra ainda mais sangrenta. Duzentos mil sírios somaram-se aos 4,5 milhões que já haviam deixado o
país nos anos anteriores. O fluxo de refugiados para a Europa caiu de 1 milhão em 2015 para 300.000 neste ano, em parte devido às barreiras físicas erguidas nas
fronteiras e às restrições para aceitação de asilo. O drama da maioria dos sírios que fogem da tirania de Assad e dos rebeldes acabou represado nos campos lamacentos
da Turquia.
Denomina-se gravidez na adolescência a gestação ocorrida em jovens de até 21 anos que se encontram, portanto, em pleno desenvolvimento dessa fase da vida – a
adolescência. Esse tipo de gravidez em geral não foi planejada nem desejada e acontece em meio a relacionamentos sem estabilidade. No Brasil os números são
alarmantes.
Cabe destacar que a gravidez precoce não é um problema exclusivo das meninas. Não se pode esquecer que embora os rapazes não possuam as condições biológicas
necessárias para engravidar, um filho não é concebido por uma única pessoa. E se é à menina, que cabe a difícil missão de carregar no ventre, o filho, durante toda a
gestação, de enfrentar as dificuldades e dores do parto e de amamentar o rebento após o nascimento, o rapaz não pode se eximir de sua parcela de responsabilidade.
Por isso, quando uma adolescente engravida, não é apenas a sua vida que sofre mudanças. O pai, assim como as famílias de ambos, também passa pelo difícil processo
de adaptação a uma situação imprevista e inesperada.
Essa situação favoreceu o surgimento de uma geração cujos valores éticos e morais encontram-se desgastados. O excesso de informações e liberdade recebida por esses
jovens os levam à banalização de assuntos como o sexo, por exemplo. Essa liberação sexual, acompanhada de certa falta de limite e responsabilidade é um dos motivos
que favorecem a incidência de gravidez na adolescência.
Outro fator que deve ser ressaltado é o afastamento dos membros da família e a desestruturação familiar. Seja por separação, seja pelo corre-corre do dia a dia, os pais
estão cada vez mais afastados de seus filhos. Isso além de dificultar o diálogo de pais e filhos, dá ao adolescente uma liberdade sem responsabilidade. Ele passa, muitas
vezes, a não ter a quem dar satisfações de sua rotina diária, vindo a procurar os pais ou responsáveis apenas quando o problema já se instalou.
A adolescência já é uma fase complexa da vida. Além dos hormônios, que nessa etapa afloram causando as mais diversas mudanças no adolescente, outros assuntos
preocupam e permeiam as mentes dos jovens: escola, vestibular, profissão etc.
A gravidez, por sua vez, também é uma etapa complexa na vida. Ter um filho requer desejo tanto do pai quanto da mãe, mas não só isso. Atualmente, com problemas
como a instabilidade econômica e a crescente violência, são necessários, além de muita consciência e responsabilidade, um amplo planejamento. Quando isso não
acontece, a iminência de acontecerem problemas é muito grande.
A adolescência é o momento de formação escolar e de preparação para o mundo do trabalho. A ocorrência de uma gravidez nessa fase, portanto, significa o atraso ou
até mesmo a interrupção desses processos. O que pode comprometer o início da carreira ou o desenvolvimento profissional.
Pesquisas sugerem que atiradores são deprimidos e suicidas. Iniciativas centradas no diálogo e na saúde mental de estudantes e professores podem ajudar a evitar
tragédias, dizem especialistas.
Em 1999, poucos dias depois dos ataques ao Colégio Columbine, nos Estados Unidos, um incidente semelhante atingiu a pequena cidade de Taber, em Alberta, no
Canadá. Um garoto de 14 anos invadiu o colégio W. R. Myers, disparando a esmo. Matou um estudante e feriu outros dois.
Especialista em estresse pós-traumático, o psicólogo Kevin Cameron foi chamado de imediato, para prestar atendimento às vítimas e sobreviventes. Desde então, ele e
seus colegas tentam se antecipar a esse tipo de tragédia: “É possível prevenir tiroteios em colégio. E temos nos aprimorado nessa tarefa”, me disse ele durante o final de
semana.
Cameron comanda hoje o Centro Norte-Americano para Avaliação de Riscos e Resposta a Traumas. Seu trabalho envolve ensinar educadores, policiais e pais a identificar
jovens em risco para cometer atos de violência extrema, de modo a ajudá-los. Segundo ele, há ao menos duas coisas importantes a saber sobre esses adolescentes: a
maioria sofre de problemas psicológicos graves, está deprimida e tem comportamento suicida. Não raro, têm histórico de convívio conflituoso com a família ou de abuso
doméstico; e a maioria fala sobre seus planos, com amigos, pais ou professores, antes de executá-los: “A questão é que a maior parte das pessoas não leva a sério.
Ninguém acha que aquele garoto seria capaz de praticar algo tão horrendo”, me disse Cameron. [...]
Segundo Cameron, o programa vem se mostrando bem-sucedido. Baseia-se em criar, nas escolas, ambiente propício ao diálogo e de proximidade com as famílias dos
estudantes. A ideia é conhecer o contexto em que vivem, que problemas enfrentam, de modo a oferecer ajuda se necessário. Em 2013, o jornal The New York Times
escreveu a respeito da iniciativa.
Na esteira do atentado à Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na última quarta-feira, a questão se tornou fundamental também para o Brasil. Incidentes dessa
natureza não são tão comuns no país quanto nos EUA ou no Canadá. Mas pesquisadores defendem que mudar a dinâmica do convívio escolar, de modo a estimular o
diálogo e oferecer suporte psicológico a alunos e estudantes, pode reduzir índices de violência: “As escolas mais violentas são aquelas onde há pior comunicação”, me
disse a professora Kathie Njaine, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz e especialista em violência em escolas.
Njaine me disse que observou isso em trabalhos desenvolvidos por orientandas suas em municípios da Baixada Fluminense: “Mesmo naquelas situações em que o
entorno do colégio era violento, as escolas onde havia uma boa relação com os jovens e as famílias tinham menos conflitos”, afirmou.
Construir ambiente propício ao diálogo nem sempre é tarefa simples. Por vezes, esbarra em problemas relacionados à estrutura das escolas: com tantos alunos, nem
sempre professores e funcionários conseguem prestar a devida atenção a todos. É um desafio, também, porque exige que, não raro, as escolas lidem com problemas
surgidos fora de seus muros. Compreender os problemas dos jovens requer, por exemplo, estar atento ao contexto em que vivem. “É importante olhar para as relações
com a família, para os projetos de vida desses adolescentes”, diz Njaine.
Se o projeto de Los Angeles serve de exemplo, esse esforço de comunicação traz resultados: “Quando tragédias como a de Suzano acontecem, muita gente passa a
discutir segurança pública. Passa a falar sobre a necessidade de colocar policiais nas escolas. Isso não basta”, diz Njaine. “Isso não resolve se você não pensar na
educação como um todo. É preciso criar, nas escolas, ambientes abertos ao diálogo”.
Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a
água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou
de alegria tem o sabor dos oceanos.
A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos.
Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.
Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da
natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não
podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que
através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente.
Somos parte dele e ele de nós.
Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por
acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se
sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.
Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar
para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos
trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na
velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heroico.
Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com
que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as
grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.
(TRIGUEIRO, André. Intimidade ecológica. Mundo Sustentável, 10 jun. 2003. Disponível em: http://mundosustentavel.com.br/2003/06/10/ intimidade-ecologica/. Acesso em janeiro de 2018.)
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Em “Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta.” (1º§), o termo destacado expressa
a) presente pontual.
b) ação de duração contínua.
c) presente universal ou permansivo.
d) ação imperfectiva, não concluída e habitual.
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Com estas florestas de arranha-céus que vão crescendo, muita gente pensa que passarinho é coisa de jardim zoológico; e outras até acham que seja apenas antiguidade
de museu. Certamente chegaremos lá; mas por enquanto ainda existem bairros afortunados onde haja uma casa, casa que tenha um quintal, quintal que tenha uma
árvore. Bom será que essa árvore seja a mangueira. Pois nesse vasto palácio verde podem morar muitos passarinhos.
Os velhos cronistas desta terra encantaram-se com canindés e araras, tuins e sabiás, maracanãs e “querejuás todos azuis de cor finíssima...”. Nós esquecemos tudo:
quando um poeta fala num pássaro, o leitor pensa que é leitura... Mas há um passarinho chamado bem-te-vi. Creio que ele está para acabar.
E é pena, pois com esse nome que tem – e que é a sua própria voz – devia estar em todas as repartições e outros lugares, numa elegante gaiola, para no momento
oportuno anunciar a sua presença. Seria um sobressalto providencial e sob forma tão inocente e agradável que ninguém se aborreceria.
O que leva a crer no desaparecimento do bem-te-vi são as mudanças que começo a observar na sua voz. O ano passado, aqui nas mangueiras dos meus simpáticos
vizinhos, apareceu um bem-te-vi caprichoso, muito moderno, que se recusava a articular as três sílabas tradicionais do seu nome, limitando-se a gritar: “...te-vi! ...te-vi”,
com a maior irreverência gramatical. Como dizem que as últimas gerações andam muito rebeldes e novidadeiras, achei natural que também os passarinhos estivessem
contagiados pelo novo estilo humano.
Logo a seguir, o mesmo passarinho, ou seu filho ou seu irmão – como posso saber, com a folhagem cerrada da mangueira? – animou-se a uma audácia maior. Não quis
saber das duas sílabas, e começou a gritar apenas daqui, dali, invisível e brincalhão: “...vi! ...vi!...” o que me pareceu divertido, nesta era do twist.
O tempo passou, o bem-te-vi deve ter viajado, talvez seja cosmonauta, talvez tenha voado com o seu team de futebol – que se não há de pensar de bem-te-vis assim
progressistas, que rompem com o canto da família e mudam o leme dos seus brasões? Talvez tenha sido atacado por esses crioulos fortes que agora saem do mato de
repente e disparam sem razão nenhuma no primeiro indivíduo que encontram.
Mas hoje ouvi um bem-te-vi cantar. E cantava assim: “Bem-bem-bem...te –vi!” Pensei: “É uma nova escola poética que se eleva da mangueira!...” Depois, o passarinho
mudou. E fez: “Bem-te-te-te...vi!” Tornei a refletir: “Deve estar estudando a sua cartilha... Estará soletrando...” E o passarinho: “Bem-bem-bem...te-te-te... vi-vi-vi!”
Os ornitólogos devem saber se isso é caso comum ou raro. Eu jamais tinha ouvido uma coisa assim! Mas as crianças, que sabem mais do que eu, e vão diretas aos
assuntos, ouviram, pensaram e disseram: “Que engraçado! Um bem-te-vi gago!”
(MEIRELES, Cecília. 1901-1964 – Escolha o seu sonho: (crônicas) – 26ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2005.)
“O que leva a crer no desaparecimento do bem-te-vi são as mudanças...” A partícula grifada no excerto anterior, classifica-se como
a) artigo definido.
b) pronome pessoal.
c) pronome demonstrativo.
d) pronome de tratamento
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Os adultos que educam hoje vivem na cultura que incentiva ao extremo o consumo. Somos levados a consumir de tudo um pouco: além de coisas materiais, consumimos
informações, ideias, estilos de ser e de viver, conceitos que interferem na vida (qualidade de vida, por exemplo), o sexo, músicas, moda, culturas variadas, aparência do
corpo, a obrigatoriedade de ser feliz etc. Até a educação escolar virou item de consumo agora. A ordem é consumir, e obedecemos muitas vezes cegamente a esse
imperativo.
Quem viveu sem usar telefone celular por muito tempo não sabe mais como seria a vida sem essa inovação tecnológica, por exemplo. O problema é que a oferta cria a
demanda em sociedades consumistas, que é o caso atual, e os produtos e as ideias que o mercado oferece passam a ser considerados absolutamente necessários a partir
de então.
A questão é que temos tido comportamento exemplar de consumistas, boa parte das vezes sem crítica alguma. Não sabemos mais o que é ter uma vida simples porque
almejamos ter mais, por isso trabalhamos mais etc. Vejam que a ideia de lazer, hoje, faz todo sentido para quase todos nós. Já a ideia do ócio, não. Ou seja: para
descansar de uma atividade, nos ocupamos com outra. A vadiagem e a preguiça são desvalorizadas.
Bem, é isso que temos ensinado aos mais novos, mais do que qualquer outra coisa. Quando uma criança de oito anos pede a seus pais um celular e ganha, ensinamos a
consumir o que é oferecido; quando um filho pede para o pai levá‐la ao show
do RBD, e este leva mesmo se considera o espetáculo ruim, ensinamos a consumir, seja
qual for a estética em questão; quando um jovem pede uma roupa de marca para ir a uma festa e os pais dão, ensinamos que o que consumimos é mais importante do
que o que somos.
Não há problema em consumir; o problema passa a existir quando o consumo determina a vida. Isso é extremamente perigoso, principalmente quando os filhos chegam
à adolescência. Há um mercado generoso de oferta de drogas. Ensinamos a consumir desde cedo e, nessa hora, queremos e esperamos que eles recusem essa oferta.
Como?!
Na educação, essa nossa característica leva a consequências sutis, mas decisivas na formação dos mais novos. Como exemplo, podemos lembrar que estes aprendem a
avaliar as pessoas pelo que elas aparentam poder consumir e não por aquilo que são e pelas ideias que têm e que o grupo social deles é formado por pares que
consomem coisas semelhantes. Não é a toa que os pequenos furtos são um fenômeno presente em todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas.
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Nessa ideologia consumista, é importante considerar que os objetos perdem sua primeira função. Um carro deixa de ser um veículo de transporte, um telefone celular
deixa de ser um meio de comunicação; ambos passam a significar status, poder de consumo, condição social, entre outras coisas.
A educação tem o objetivo de formar pessoas autônomas e livres. Mas, sob essa cultura do consumo, esses dois conceitos se transformaram completamente e perderam
o seu sentido original. Os jovens hoje acreditam que têm liberdade para escolher qualquer coisa, por exemplo. Na verdade, as escolhas que fazem estão, na maioria das
vezes, determinadas pelo consumo e pela publicidade. Tempos loucos, ou não?
(SAYÃO, Rosely. Tempos loucos – Parte 2. Disponível em: http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/arch2006‐10‐01_2006‐10‐15.html. Acesso em: dezembro de 2015.)
Em “Somos levados a consumir de tudo um pouco: além de coisas materiais, [...]” (1º§) a expressão “além de” indica
a) acréscimo.
b) objetividade.
c) coloquialismo.
d) intensificação.
e) temporalidade.
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O direito à literatura
O assunto que me foi confiado nesta série é aparentemente meio desligado dos problemas reais: “Direitos humanos e literatura”. As maneiras de abordá‐lo são muitas,
mas não posso começar a falar sobre o tema específico sem fazer algumas reflexões prévias a respeito dos próprios direitos humanos. [...]
[...] pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo. Esta me
parece a essência do problema, inclusive no plano estritamente individual, pois é necessário um grande esforço de educação e autoeducação a fim de reconhecermos
sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência mais funda é achar que os nossos direitos são mais urgentes que os do próximo.
[...] a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto
é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro
horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado. [...]
Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece
corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito. [...]
Portanto, a luta pelos direitos humanos abrange a luta por um estado de coisas em que todos possam ter acesso aos diferentes níveis de cultura. A distinção entre cultura
popular e cultura erudita não deve servir para justificar e manter uma separação iníqua, como se do ponto de vista cultural a sociedade fosse dividida em esferas
incomunicáveis, dando lugar a dois tipos incomunicáveis de fruidores. Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura
em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável.
(CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004.)
O efeito de sentido produzido pelas palavras destacadas em “O assunto que me foi confiado nesta série é aparentemente meio desligado dos problemas reais: [...]” (1º§)
está corretamente identificado em (considere a ordem em que as palavras aparecem no trecho):
a) Modo, modo.
b) Afirmação, dúvida.
c) Modo, intensidade.
d) Contraste, intensidade.
e) Afirmação, temporalidade.
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Denomina-se gravidez na adolescência a gestação ocorrida em jovens de até 21 anos que se encontram, portanto, em pleno desenvolvimento dessa fase da vida – a
adolescência. Esse tipo de gravidez em geral não foi planejada nem desejada e acontece em meio a relacionamentos sem estabilidade. No Brasil os números são
alarmantes.
Cabe destacar que a gravidez precoce não é um problema exclusivo das meninas. Não se pode esquecer que embora os rapazes não possuam as condições biológicas
necessárias para engravidar, um filho não é concebido por uma única pessoa. E se é à menina, que cabe a difícil missão de carregar no ventre, o filho, durante toda a
gestação, de enfrentar as dificuldades e dores do parto e de amamentar o rebento após o nascimento, o rapaz não pode se eximir de sua parcela de responsabilidade.
Por isso, quando uma adolescente engravida, não é apenas a sua vida que sofre mudanças. O pai, assim como as famílias de ambos, também passa pelo difícil processo
de adaptação a uma situação imprevista e inesperada.
Essa situação favoreceu o surgimento de uma geração cujos valores éticos e morais encontram-se desgastados. O excesso de informações e liberdade recebida por esses
jovens os levam à banalização de assuntos como o sexo, por exemplo. Essa liberação sexual, acompanhada de certa falta de limite e responsabilidade é um dos motivos
que favorecem a incidência de gravidez na adolescência.
Outro fator que deve ser ressaltado é o afastamento dos membros da família e a desestruturação familiar. Seja por separação, seja pelo corre-corre do dia a dia, os pais
estão cada vez mais afastados de seus filhos. Isso além de dificultar o diálogo de pais e filhos, dá ao adolescente uma liberdade sem responsabilidade. Ele passa, muitas
vezes, a não ter a quem dar satisfações de sua rotina diária, vindo a procurar os pais ou responsáveis apenas quando o problema já se instalou.
A adolescência já é uma fase complexa da vida. Além dos hormônios, que nessa etapa afloram causando as mais diversas mudanças no adolescente, outros assuntos
preocupam e permeiam as mentes dos jovens: escola, vestibular, profissão etc.
A gravidez, por sua vez, também é uma etapa complexa na vida. Ter um filho requer desejo tanto do pai quanto da mãe, mas não só isso. Atualmente, com problemas
como a instabilidade econômica e a crescente violência, são necessários, além de muita consciência e responsabilidade, um amplo planejamento. Quando isso não
acontece, a iminência de acontecerem problemas é muito grande.
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A adolescência é o momento de formação escolar e de preparação para o mundo do trabalho. A ocorrência de uma gravidez nessa fase, portanto, significa o atraso ou
até mesmo a interrupção desses processos. O que pode comprometer o início da carreira ou o desenvolvimento profissional.
Eu vinha voltando para casa, dentro da noite de Londres. Uma noite fria, nevoenta, silenciosa – uma noite de Londres. Noite de inverno que começa às quatro horas da
tarde e termina às oito da manhã. Noite de navio perdido em alto-mar, de cemitério, de charneca, de fim de ano, de morro dos ventos uivantes. Noite de vampiros, de
lobisomens, de fantasmas, de assassinos, de Jack, o Estripador. Eu vinha vindo e apressava o passo, querendo chegar depressa, antes que aquela noite tão densa me
dissolvesse para sempre em suas sombras. De espaço a espaço, a luz amarelo-âmbar dos postes pontilhava a rua com seu pequeno foco, como olhos de pantera a
seguir-me os passos na escuridão.
Os meus olhos a fitavam, assombrados, e eu não podia acreditar no que eles viam. Quadrada como uma janelinha aberta no céu. Mas amarela como todas as luas do
mundo, flutuando na noite, plena de luz, solitária e bela.
As luas de Londres... Ah, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira! A lua de Londres era quadrada!
Pensei estar sonhando e baixei os olhos humildemente, indigno de merecê-la, tendo bebido mais do que imaginava. Entrei em casa bêbado de lua e fui refugiar-me em
meu quarto, refeito já do estranho delírio, no ambiente cálido e acolhedor do meu tugúrio, cercado de objetos familiares.
Mas foi só chegar à janela, e lá estava ela, dependurada no céu em desafio: uma lua deslumbrante que a neblina não conseguia ofuscar, cubo de luz suspenso no
espaço, de contornos precisos, nítido em seus ângulos retos, a desafiar-me com seu mistério. A lua quadrada de Londres!
Evitei olhá-la outra vez, para não sucumbir ao seu fascínio. Corri as cortinas e fui dormir sob seus eflúvios – enigma imemorial a zombar de todas as astronomias através
dos séculos, da mais remota antiguidade aos nossos dias, e oferecendo unicamente a mim a sua verdadeira face. É possível que um sábio egípcio, há cinco mil anos, do
alto de uma pirâmide, a tenha vislumbrado uma noite e tentado perquirir o seu segredo. É possível que em Babilônia um cortesão de Nabucodonosor se tenha enamorado
perdidamente de uma princesa, na moldura quadrada de seus raios. É possível que na China de Confúcio um mandarim se tenha curvado reverente no jardim, entre
papoulas, sob o império de seu brilho retilíneo. É possível que na África, numa clareira das selvas, um feiticeiro da tribo lhe tenha oferecido em holocausto a carcaça
sangrenta de um antílope. É possível que nos mares gelados do Norte um viking tenha há 12 séculos levantado os olhos sob o elmo de chifres, e contemplado aquela
surpreendente forma geométrica, procurando orientar por ela o seu bergantim. É possível que na Idade Média um alquimista tenha aumentado, sob a influência de sua
radiância quadrangular, o efeito milagroso de um elixir da longa vida. É possível que, no longo dos anos, mais de uma donzela haja estremecido em sonhos ao receber no
corpo a carícia estranhamente angulosa do luar. Mas, nos dias de hoje, somente a mim a lua se oferecia em toda a sua nudez quadrada. Dormi sorrindo, ao pensar que
os astronautas modernos se preparam para ir à Lua em breve – sem ao menos desconfiar que ela não é redonda, mas quadrada como uma janela aberta no cosmo –
verdade celestial que só um noctívago em Londres fora capaz de merecer.
Lembro-me de uma história – história que inventei, mas que nem por isso deixa de ser verdadeira. Era um marinheiro dinamarquês, de um cargueiro atracado no porto
do Rio de Janeiro por uma noite apenas. Saíra pela cidade desconhecida, de bar em bar, e vinha voltando solitário e bêbado pela madrugada, quando se deu o milagre:
nas sujas águas do canal do Mangue, viu refletida uma claridade difusa – ergueu os olhos e viu que as nuvens se haviam rasgado no céu, e o Cristo surgira para ele, de
braços abertos, em todo o seu divino esplendor. Fulminado pela visão, caiu de joelhos e chorou de arrependimento pela vida de pecado e impenitência que levara até
então. De volta à sua terra, converteu-se, tornou-se místico, acabou num convento. E anos mais tarde, depois de uma vida inteira dedicada a Deus, o monge recebe a
visita de um brasileiro. Aquele homem era da cidade em que se dera o milagre da sua conversão.
Não diz a história se o religioso deixou de sê-lo, por causa da prosaica revelação. Não diz, porque me eximo de acrescentar que, na realidade, depois de viver tanto
tempo uma crença construída sobre o equívoco, este equívoco passava a ser mesmo um milagre, como tudo mais nesta vida.
O milagre da lua quadrada de Londres não me foi desfeito por nenhum londrino descrente do surrealismo astronômico nos céus britânicos. Bastou olhar de manhã pela
janela e pude ver, recortado contra o céu, o gigantesco guindaste no cume de uma construção, e numa das pontas da armação de aço atravessada no ar, junto ao
contrapeso, o quadrado de vidro que à noite se acende. A minha lua quadrada de Londres.
Quadrado que talvez simbolize todo um sistema de vida, mais do que anuncia a pequena palavra Laig nele escrita, marca de fabricação do guindaste. De qualquer
maneira, os ingleses ganharam, pelo menos na minha imaginação, o emblema do seu modo de ser, impresso nessa visão de uma noite, que foi a lua quadrada de
Londres.
(SABINO, Fernando, 1923-2004 – As melhores crônicas – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010. 224 p.)
“Evitei olhá-la outra vez, para não sucumbir ao seu fascínio.” A articulação das orações do período expressa uma ideia de
a) condição.
b) finalidade.
c) comparação.
d) consequência.
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A falha da supracitada suposição deve-se ao fato de o referido ponto de vista ignorar fatores e características importantes de um ser humano. Uma máquina ou um
programa computacional não possuem capacidade de trabalhar casuisticamente (trabalhariam somente com teses padronizadas e programadas), assim como são
incapazes de colocar emoções nas acusações ou defesas, e muito menos podem interagir com o cliente e com todas as variáveis de cada situação. Existem muitas
características exclusivamente humanas que são essenciais para as profissões jurídicas e jamais poderão ser alcançados por softwares.
(Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-mar-29/opiniao-influencia-desenvolvimento-tecnologico-direito. Uma análise sobre a influência do desenvolvimento tecnológico no Direito. 29/03/2019.
Por Flavio Quinaud Pedron, André Reale e Cleidineia Ramalho. Fragmento.)
Em “ Existe, contudo, um parvo e limitado ponto de vista segundo (...)” (1º§) o termo separado por vírgulas:
a) Amplia a informação posterior.
b) Contesta a informação anterior.
c) Intensifica a formalidade textual.
d) Justifica a contestação feita a seguir.
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O período que compõe a última fala do menino “Eu falei muito para você não pensar só em comida, mas você vai e não esquece.” possui
a) conjunção adversativa que expressa um valor contrastivo e que pode ser substituída por “portanto”.
b) conjunção que expressa uma relação de contraste entre dois fatos e pode ser substituída por “apesar disso”.
c) conectivo de coordenação “mas” podendo ser substituído por “daí que” anunciando um efeito do fato anterior.
d) adjunto conjuntivo de explicação expressando a continuação lógica do raciocínio iniciado com a oração anterior.
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Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a
chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.
Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas
como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.
Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus
passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.
Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu
ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.
Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que
significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá). Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em
torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.
Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história
geológica do planeta.
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Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres
unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.
Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres
multicelulares surgiram.
Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que
acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.
Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa
inclinação de 23,5 graus.
Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento
caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.
Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das
placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o
nosso planeta especial.
Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.
(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)
Releia o trecho: “Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona
habitável, o que significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá).” (5º§) A expressão destacada estabelece que tipo
de relação entre o conteúdo do parágrafo que introduz e o conteúdo do parágrafo anterior?
a) Adição.
b) Conclusão.
c) Explicação.
d) Adversidade.
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Por que Marte perdeu sua água e acabou não ficando parecido com a Terra?
Embora a superfície de Marte seja hoje árida e inóspita, há bilhões de anos provavelmente estava tão coberta de água quanto a Terra.
O que provocou o desaparecimento deste recurso crucial para o desenvolvimento da vida?
Uma das teorias vigentes é de que a água sumiu do planeta vermelho quando ele perdeu o campo magnético que o protegia dos ventos solares.
No entanto, um estudo recente feito por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostrou que a perda do campo magnético não permite explicar o
desaparecimento de toda a água que existia no planeta.
O resto, segundo a pesquisa, foi absorvido pelas rochas de basalto, que podem reter em seu interior aproximadamente 25% mais água que as pedras do mesmo tipo
na Terra, já que são ricas em óxido de ferro.
Este processo foi tão intenso que é estimado que a crosta do planeta tenha consumido um oceano de mais de 3 km de profundidade.
Processo irreversível
Os pesquisadores da Universidade de Oxford chegaram a essa conclusão após calcular quanta água era possível de eliminar da superfície do planeta pela interação do
líquido com os minerais das rochas.
O cálculo incluiu também fatores como a temperatura das pedras e a pressão atmosférica. Os resultados mostram que as rochas levaram grande parte da água da
superfície para o interior do planeta.
Depois de absorvida, a água não pode ressurgir, porque as rochas basálticas não funcionam exatamente como uma esponja: elas quebram as moléculas, absorvendo
apenas o oxigênio, enquanto o hidrogênio se espalha pelo espaço.
Essas rochas então se afundaram no manto (camada logo abaixo da superfície, assim como na Terra), deixando o planeta seco, sem a possibilidade de abrigar vida.
Diferenças sutis, mas importantes
Por que a Terra não passou por um processo parecido?
Segundo os pesquisadores de um estudo publicado na última edição da revista Nature, “Marte é um planeta muito menor que a Terra, com um perfil de temperatura
diferente e uma quantidade maior de ferro em seu manto”.
“São diferenças sutis, mas podem ter um efeito significativo, que aumenta com o tempo”, diz o paper.
Esses fatores permitiram que a superfície de Marte fosse mais reativa à água que a nossa, possibilitando a formação de minerais que absorveram água e se afundaram
para o interior do manto.
Já na Terra, em seus primeiros anos de formação, as rochas hidratadas tendiam a flutuar até se desidratarem.
(Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-42445360.)
Analise o trecho a seguir: “Embora a superfície de Marte seja hoje árida e inóspita, há bilhões de anos provavelmente estava tão coberta de água quanto a Terra.” (1º§)
A palavra destacada estabelece que tipo de relação entre a ideia que introduz e a oração seguinte?
a) Concessão.
b) Explicação.
c) Consecução.
d) Consequência.
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Com estas florestas de arranha-céus que vão crescendo, muita gente pensa que passarinho é coisa de jardim zoológico; e outras até acham que seja apenas antiguidade
de museu. Certamente chegaremos lá; mas por enquanto ainda existem bairros afortunados onde haja uma casa, casa que tenha um quintal, quintal que tenha uma
árvore. Bom será que essa árvore seja a mangueira. Pois nesse vasto palácio verde podem morar muitos passarinhos.
Os velhos cronistas desta terra encantaram-se com canindés e araras, tuins e sabiás, maracanãs e “querejuás todos azuis de cor finíssima...”. Nós esquecemos tudo:
quando um poeta fala num pássaro, o leitor pensa que é leitura... Mas há um passarinho chamado bem-te-vi. Creio que ele está para acabar.
E é pena, pois com esse nome que tem – e que é a sua própria voz – devia estar em todas as repartições e outros lugares, numa elegante gaiola, para no momento
oportuno anunciar a sua presença. Seria um sobressalto providencial e sob forma tão inocente e agradável que ninguém se aborreceria.
O que leva a crer no desaparecimento do bem-te-vi são as mudanças que começo a observar na sua voz. O ano passado, aqui nas mangueiras dos meus simpáticos
vizinhos, apareceu um bem-te-vi caprichoso, muito moderno, que se recusava a articular as três sílabas tradicionais do seu nome, limitando-se a gritar: “...te-vi! ...te-vi”,
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com a maior irreverência gramatical. Como dizem que as últimas gerações andam muito rebeldes e novidadeiras, achei natural que também os passarinhos estivessem
contagiados pelo novo estilo humano.
Logo a seguir, o mesmo passarinho, ou seu filho ou seu irmão – como posso saber, com a folhagem cerrada da mangueira? – animou-se a uma audácia maior. Não quis
saber das duas sílabas, e começou a gritar apenas daqui, dali, invisível e brincalhão: “...vi! ...vi!...” o que me pareceu divertido, nesta era do twist.
O tempo passou, o bem-te-vi deve ter viajado, talvez seja cosmonauta, talvez tenha voado com o seu team de futebol – que se não há de pensar de bem-te-vis assim
progressistas, que rompem com o canto da família e mudam o leme dos seus brasões? Talvez tenha sido atacado por esses crioulos fortes que agora saem do mato de
repente e disparam sem razão nenhuma no primeiro indivíduo que encontram.
Mas hoje ouvi um bem-te-vi cantar. E cantava assim: “Bem-bem-bem...te –vi!” Pensei: “É uma nova escola poética que se eleva da mangueira!...” Depois, o passarinho
mudou. E fez: “Bem-te-te-te...vi!” Tornei a refletir: “Deve estar estudando a sua cartilha... Estará soletrando...” E o passarinho: “Bem-bem-bem...te-te-te... vi-vi-vi!”
Os ornitólogos devem saber se isso é caso comum ou raro. Eu jamais tinha ouvido uma coisa assim! Mas as crianças, que sabem mais do que eu, e vão diretas aos
assuntos, ouviram, pensaram e disseram: “Que engraçado! Um bem-te-vi gago!”
(MEIRELES, Cecília. 1901-1964 – Escolha o seu sonho: (crônicas) – 26ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2005.)
“Seria um sobressalto providencial e sob forma tão inocente e agradável que ninguém se aborreceria.” O vocábulo “tão”, associado ao conectivo “que”, estabelece uma
relação coesiva de
a) explicação.
b) concessão.
c) consequência.
d) simultaneidade.
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O tema é espinhoso. Todos somos por ele atingidos de uma forma ou de outra, como autores ou como objetos dele. O preconceito nasce do medo, sua raiz cultural,
psíquica, antropológica está nos tempos mais primitivos – por isso é uma postura primitiva –, em que todo diferente era um provável inimigo. Precisávamos atacar antes
que ele nos destruísse. Assim, se de um lado aniquilava, de outro esse medo nos protegia – a perpetuação da espécie era o impulso primeiro. Hoje, quando de trogloditas
passamos a ditos civilizados, o medo se revela no preconceito e continua atacando, mas não para nossa sobrevivência natural; para expressar nossa inferioridade
assustada, vestida de arrogância. Que mata sob muitas formas, em guerras frequentes, por questões de raça, crença e outras, e na agressão a pessoas vitimadas pela
calúnia, injustiça, isolamento e desonra. Às vezes, por um gesto fatal.
Que medo é esse que nos mostra tão destrutivos? Talvez a ideia de que “ele é diferente, pode me ameaçar”, estimulada pela inata maldade do nosso lado de sombra (ele
existe, sim).
Nossa agressividade de animais predadores se oculta sob uma camada de civilização, mas está à espreita – e explode num insulto, na perseguição a um adversário que
enxovalhamos porque não podemos vencê-lo com honra, ou numa bala nada perdida. Nessa guerra ou guerrilha usamos muitas armas: uma delas, poderosa e sutil, é a
palavra. Paradoxais são as palavras, que podem ser carícias ou punhais. Minha profissão lida com elas, que desde sempre me encantam e me assombram: houve um
tempo, recente, em que não podíamos usar a palavra “negro”. Tinha de ser “afrodescendente”, ou cometíamos um crime. Ora, ao mesmo tempo havia uma banda Raça
Negra, congressos de Negritude... e afinal descobrimos que, em lugar de evitar a palavra, podíamos honrá-la. Lembremos que termos usados para agredir também
podem ser expressões de afeto. “Meu nego”, “minha neguinha”, podem chamar uma pessoa amada, ainda que loura. “Gordo”, tanto usado para bullying, frequentemente
é o apelido carinhoso de um amigo, que assim vai assinar bilhetes a pessoas queridas. Ao mesmo tempo, palavras como “judeu, turco, alemão” carregam, mais do que
ignorância, um odioso preconceito.
De momento está em evidência a agressão racial em campos esportivos: “negro”, “macaco” e outros termos, usados como chibata para massacrar alguém, revelam nosso
lado pior, que em outras circunstâncias gostaríamos de disfarçar – a grosseria, e a nossa própria inferioridade. Nesses casos, como em agressões devidas à orientação
sexual, a atitude é crime, e precisamos da lei.
No país da impunidade, necessitamos de punição imediata, severa e radical. Me perdoem os seguidores da ideia de que até na escola devemos eliminar punições do “sem
limites”. Não vale a desculpa habitual de “não foi com má intenção, foi no calor da hora, não deem importância”. Temos de nos importar, sim, e de cuidar da nossa
turma, grupo, comunidade, equipe ou país. Algumas doenças precisam de remédios fortes: preconceito é uma delas.
“Isso não tem jeito mesmo”, me dizem também. Acho que tem. É possível conviver de forma honrada com o diferente: minha família, de imigrantes alemães aqui
chegados há quase 200 anos, hoje inclui italianos, negros, libaneses, portugueses. Não nos ocorreria amar ou respeitar a uns menos do que a outros: somos todos da
velha raça humana. Isso ocorre em incontáveis famílias, grupos, povos. Porque são especiais? Não. Simplesmente entenderam que as diferenças podem enriquecer.
Num país que sofre de tamanhas carências em coisas essenciais, não devíamos ter energia e tempo para perseguir o outro, causando-lhe sofrimento e vexame, por suas
ideias, pela cor de sua pele, formato dos olhos, deuses que venera ou pessoa que ama. Nossa energia precisa se devotar a mudanças importantes que o povo reclama.
Nestes tempos de perseguição, calúnia, impunidade e desculpas tolas, só o rigor da lei pode nos impedir de recair rapidamente na velha selvageria. Mudar é preciso.
Atualmente, já está muito claro que nossas experiências mentais estão sempre criando estruturas cerebrais que facilitam a resposta rápida a futuras demandas
semelhantes. O tema mais importante, no entanto, não é que as estruturas se ampliem sempre, é a liberdade natural da mente, que opera além das estruturas.
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Um motorista não é seu carro, nem por onde circula. Ele tem a liberdade de deixar o carro e seguir por outros meios e também de repensar seus trajetos. Ainda assim, se
as estradas ficarem bloqueadas ou o carro quebrar, ele terá dificuldade em andar a pé e usará o tempo arrumando o carro ou colocando a estrada em condições de uso.
Só ao final de um tempo ele conseguirá ultrapassar as fixações estruturais internas e refazer suas opções.
Em verdade, a liberdade do motorista é tal que nem mesmo motorista ele é. Ele é um ser livre. A prática espiritual profunda conduz a essa liberdade, naturalmente
presente. As fixações são o carma. As experiências comuns no mundo, eventos maiores e menores, vão se consolidando como trajetos e redes neurais internas e
estruturas cármicas que balizam a operação da mente, estruturando recursos limitados como se fossem as únicas opções, ainda que, essencialmente, a mente siga livre.
As estruturas grosseiras como os espaços das cidades, as ruas físicas, e em um sentido mais amplo tudo o que aciona nossos sentidos físicos, surgem também como
resultado das atividades mentais repetitivas, assim como a circulação da energia interna, que é o aspecto sutil. Um automobilista precisa de uma transformação interna e
externa complexa para se tornar um ciclista; não é fácil. Já o tripulante do sofá tem dificuldade em incluir exercícios, novos hábitos de alimentação e mudanças na
autoimagem – os desafios são idênticos.
Nossos melhores pensamentos constroem mundos melhores e também cérebros melhores. Já os pensamentos aflitivos constroem mundos piores e cérebros com
estruturas que conduzem à aflição e à doença.
Tanto os aspectos grosseiros como os sutis flutuam; é visível. A única expressão incessantemente presente e disponível é a liberdade natural silenciosa dentro de nós
mesmos. É dessa natureza que surge a energia que, livre de condicionamentos, cria novos caminhos neurais e novas configurações de mundo. Os mestres de sabedoria
apontam-na como sempre disponível, mesmo durante experiências como a doença e a morte. É dessa região inabalável que irradiam sua sabedoria, compaixão e
destemor.
Atualmente, já está muito claro que nossas experiências mentais estão sempre criando estruturas cerebrais que facilitam a resposta rápida a futuras demandas
semelhantes. O tema mais importante, no entanto, não é que as estruturas se ampliem sempre, é a liberdade natural da mente, que opera além das estruturas.
Um motorista não é seu carro, nem por onde circula. Ele tem a liberdade de deixar o carro e seguir por outros meios e também de repensar seus trajetos. Ainda assim, se
as estradas ficarem bloqueadas ou o carro quebrar, ele terá dificuldade em andar a pé e usará o tempo arrumando o carro ou colocando a estrada em condições de uso.
Só ao final de um tempo ele conseguirá ultrapassar as fixações estruturais internas e refazer suas opções.
Em verdade, a liberdade do motorista é tal que nem mesmo motorista ele é. Ele é um ser livre. A prática espiritual profunda conduz a essa liberdade, naturalmente
presente. As fixações são o carma. As experiências comuns no mundo, eventos maiores e menores, vão se consolidando como trajetos e redes neurais internas e
estruturas cármicas que balizam a operação da mente, estruturando recursos limitados como se fossem as únicas opções, ainda que, essencialmente, a mente siga livre.
As estruturas grosseiras como os espaços das cidades, as ruas físicas, e em um sentido mais amplo tudo o que aciona nossos sentidos físicos, surgem também como
resultado das atividades mentais repetitivas, assim como a circulação da energia interna, que é o aspecto sutil. Um automobilista precisa de uma transformação interna e
externa complexa para se tornar um ciclista; não é fácil. Já o tripulante do sofá tem dificuldade em incluir exercícios, novos hábitos de alimentação e mudanças na
autoimagem – os desafios são idênticos.
Nossos melhores pensamentos constroem mundos melhores e também cérebros melhores. Já os pensamentos aflitivos constroem mundos piores e cérebros com
estruturas que conduzem à aflição e à doença.
Tanto os aspectos grosseiros como os sutis flutuam; é visível. A única expressão incessantemente presente e disponível é a liberdade natural silenciosa dentro de nós
mesmos. É dessa natureza que surge a energia que, livre de condicionamentos, cria novos caminhos neurais e novas configurações de mundo. Os mestres de sabedoria
apontam-na como sempre disponível, mesmo durante experiências como a doença e a morte. É dessa região inabalável que irradiam sua sabedoria, compaixão e
destemor.
A sociedade passou por profundas transformações em que a realidade socioeconômica modificou-se com rapidez junto ao desenvolvimento incessante das economias de
massas. Os mecanismos de produção desenvolveram-se de tal forma a adequarem-se às necessidades e vontades humanas. Contudo, o homem não mediu as possíveis
consequências que tal desenvolvimento pudesse causar de modo a provocar o desequilíbrio ao meio ambiente e a própria ameaça à vida humana.
Desse modo, a preocupação com o meio ambiente é questionada, sendo centro de tomada de decisões, diante da grave problemática que ameaça romper com o
equilíbrio ecológico do Planeta. E não apenas nos tradicionais meios de comunicação, tais como jornais impressos, rádio, televisão, revistas, dentre outros, como também
nos espaços virtuais de interatividade, por meio das novas mídias, as quais representam novos meios de comunicação, tem-se o debate sobre a problemática ambiental.
O capitalismo foi reestruturado e a partir das transformações científicas e tecnológicas deu-se origem a um novo estabelecimento social, em que por meio de redes e da
cultura da virtualidade, configura-se a chamada sociedade informacional, na qual a comunicação e a informação constituem-se ferramentas essenciais da Era Digital.
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As novas mídias, por meio da utilização da Internet, estão sendo consideradas como novos instrumentos de proteção do meio ambiente, na medida em que proporcionam
a expansão da informação ambiental, de práticas sustentáveis, de reivindicações e ensejo de decisões em prol do meio ambiente.
No ciberespaço, devido à conectividade em tempo real, é possível promover debates de inúmeras questões como a construção da hidrelétrica de Belo Monte, o Novo
Código Florestal, Barra Grande, dentre outras, as quais ensejam por tomada de decisões políticas, jurídicas e sociais. [...]
Vislumbra-se que a Interneté um meio que aproxima pessoas e distâncias, sendo utilizada por um número ilimitado de pessoas, a custo razoável e em tempo real. De
fato, a Internet proporciona benefícios, pois, além de promover a circulação de informações, a curto espaço de tempo, muitos debates virtuais produzem manifestações
sociais. Assim sendo, tem-se a democratização das informações através dos espaços virtuais, como blogs, websites, redes sociais, jornais virtuais, sites especializados,
sites oficiais, dentre outros, de modo a expandir conhecimentos, promover discussões e, por vezes, influenciando nas tomadas de decisões dos governantes e na
proliferação de movimentos sociais. Desse modo, os cidadãos acabam participando e exercendo a cidadania de forma democrática no [...]ciberespaço.
Faz-se necessária a execução de ações concretas em prol do meio ambiente, com adaptação e intermédio do novo padrão de democracia participativa fomentado pelas
novas mídias, a fim de enfrentar a gestão dos riscos ambientais, dentre outras questões socioambientais. Ainda, são necessárias discussões aprofundadas sobre a
complexidade ambiental, agregando a interdisciplinaridade para escolhas sustentáveis e na difusão do conhecimento. E, embora haja inúmeros desafios a percorrer com a
utilização das tecnologias de comunicação e informação (novas TIC’s), entende-se que a atuação das novas mídias é de suma importância, pois possibilita a expansão da
informação, a práxis ambiental, o debate e as aspirações dos cidadãos, contribuindo, dessa forma, para a proteção do meio ambiente.
(SILVA NUNES, Denise. Internet e as novas mídias: contribuições para a proteção do meio ambiente no ciberespaço. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 115, ago. 2013. Disponível em:
http://ambito - juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13051& revista_caderno=17. Acesso em: jan. 2017. Adaptado.)
No desenvolvimento textual, é notório que o emprego de conectivos e operadores argumentativos contribui para a eficácia da argumentação, deste modo, a sua ampla
compreensão se faz necessária. Nesta perspectiva, em “[...] entende-se que a atuação das novas mídias é de suma importância, pois possibilita a expansão da
informação, a práxis ambiental, o debate e as aspirações dos cidadãos
, [...]” pode-se afirmar acerca do termo destacado que
a) articula, em um enunciado, tese e argumento estabelecendo uma ligação semântica em que há uma relação de explicação.
b) relaciona o argumento que o antecede ao que o sucede, tornando-os equivalentes quanto à ênfase que lhes é atribuída.
c) orienta para uma conclusão implícita em relação à informação antecedente de modo que sua função é finalizar o ponto de vista exposto.
d) indica uma pressuposição em relação ao assunto antes de sua enunciação, evidenciando sua importância no desenvolvimento da argumentação.
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Pouco a pouco uma vida nova, ainda confusa, se foi esboçando. Acomodar-se-iam num sítio pequeno, o que parecia difícil a Fabiano, criado solto no mato. Cultivariam
um pedaço de terra. Mudar-se-iam depois para uma cidade, e os meninos frequentariam escolas, seriam diferentes deles. Sinhá Vitória esquentava-se. Fabiano ria, tinha
desejo de esfregar as mãos agarradas à boca do saco e à coronha da espingarda de pederneira.
Não sentia a espingarda, o saco, as pedras miúdas que lhe entravam nas alpercatas, o cheiro de carniças que empestavam o caminho. As palavras de Sinhá Vitória
encantavam-no.
Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. Repetia
docilmente as palavras de Sinhá Vitória, as palavras que Sinhá Vitória murmurava porque tinha confiança nele. E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma
cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis,
acabando-se como Baleia. Que iriam fazer?
Retardaram-se, temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para
a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinhá Vitoria e os dois meninos.
“O romance ‘Vidas Secas’ publicado em 1938 retrata a história de Fabiano, Sinhá Vitória e seus filhos, que, acompanhados da cachorra Baleia, mudam de região de
tempos em tempos para fugir da seca. Os problemas sociais, a fome, a miséria e a desigualdade entre segmentos da sociedade são explorados no romance que mostra a
realidade brasileira, como a injustiça social. Do ponto de vista jurídico, a obra traz uma reflexão sobre a desigualdade de direitos entre os diversos segmentos da
sociedade, além de mostrar como a privação da palavra por parte dos personagens se contrapõe ao excesso das autoridades e da lei.”
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Os adultos que educam hoje vivem na cultura que incentiva ao extremo o consumo. Somos levados a consumir de tudo um pouco: além de coisas materiais, consumimos
informações, ideias, estilos de ser e de viver, conceitos que interferem na vida (qualidade de vida, por exemplo), o sexo, músicas, moda, culturas variadas, aparência do
corpo, a obrigatoriedade de ser feliz etc. Até a educação escolar virou item de consumo agora. A ordem é consumir, e obedecemos muitas vezes cegamente a esse
imperativo.
Quem viveu sem usar telefone celular por muito tempo não sabe mais como seria a vida sem essa inovação tecnológica, por exemplo. O problema é que a oferta cria a
demanda em sociedades consumistas, que é o caso atual, e os produtos e as ideias que o mercado oferece passam a ser considerados absolutamente necessários a partir
de então.
A questão é que temos tido comportamento exemplar de consumistas, boa parte das vezes sem crítica alguma. Não sabemos mais o que é ter uma vida simples porque
almejamos ter mais, por isso trabalhamos mais etc. Vejam que a ideia de lazer, hoje, faz todo sentido para quase todos nós. Já a ideia do ócio, não. Ou seja: para
descansar de uma atividade, nos ocupamos com outra. A vadiagem e a preguiça são desvalorizadas.
Bem, é isso que temos ensinado aos mais novos, mais do que qualquer outra coisa. Quando uma criança de oito anos pede a seus pais um celular e ganha, ensinamos a
consumir o que é oferecido; quando um filho pede para o pai levá‐la ao show
do RBD, e este leva mesmo se considera o espetáculo ruim, ensinamos a consumir, seja
qual for a estética em questão; quando um jovem pede uma roupa de marca para ir a uma festa e os pais dão, ensinamos que o que consumimos é mais importante do
que o que somos.
Não há problema em consumir; o problema passa a existir quando o consumo determina a vida. Isso é extremamente perigoso, principalmente quando os filhos chegam
à adolescência. Há um mercado generoso de oferta de drogas. Ensinamos a consumir desde cedo e, nessa hora, queremos e esperamos que eles recusem essa oferta.
Como?!
Na educação, essa nossa característica leva a consequências sutis, mas decisivas na formação dos mais novos. Como exemplo, podemos lembrar que estes aprendem a
avaliar as pessoas pelo que elas aparentam poder consumir e não por aquilo que são e pelas ideias que têm e que o grupo social deles é formado por pares que
consomem coisas semelhantes. Não é a toa que os pequenos furtos são um fenômeno presente em todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas.
Nessa ideologia consumista, é importante considerar que os objetos perdem sua primeira função. Um carro deixa de ser um veículo de transporte, um telefone celular
deixa de ser um meio de comunicação; ambos passam a significar status, poder de consumo, condição social, entre outras coisas.
A educação tem o objetivo de formar pessoas autônomas e livres. Mas, sob essa cultura do consumo, esses dois conceitos se transformaram completamente e perderam
o seu sentido original. Os jovens hoje acreditam que têm liberdade para escolher qualquer coisa, por exemplo. Na verdade, as escolhas que fazem estão, na maioria das
vezes, determinadas pelo consumo e pela publicidade. Tempos loucos, ou não?
(SAYÃO, Rosely. Tempos loucos – Parte 2. Disponível em: http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/arch2006‐10‐01_2006‐10‐15.html. Acesso em: dezembro de 2015.)
Em “Na educação, essa nossa característica leva a consequências sutis, mas decisivas na formação dos mais novos.” (6º§) o “mas” pode ser substituído, sem que haja
alteração de sentido, por:
a) logo.
b) como.
c) todavia.
d) por isso.
e) porquanto.
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A fatídica pergunta “O que você quer ser quando crescer?”, feita para crianças já no final da infância ou até antes, é clássica e não muda. Algumas vezes, ela expressa
apenas uma brincadeira, para que os pais se orgulhem da resposta que o filho dará e que os pais já sabiam que ele daria. Outras vezes, representa o anseio deles para
oferecer ao filho um objetivo maior para a sua vida. E algumas vezes não passa de uma lição moralista a uma criança que resiste aos estudos. “O que você quer ser
quando crescer, menino? Se não for bom aluno, vai ficar desempregado ou ganhar muito pouco!”, já ouvi uma mãe dizer ao filho, desesperada com as notas escolares do
garoto.
Mas, se a pergunta não muda, as respostas mudam, e muito. Já houve um tempo em que muitas crianças – garotas principalmente – queriam ser professoras. Meninos e
meninas pensavam em ser engenheiros, médicos, advogados, cientistas. Hoje, é difícil ouvir essas respostas.
Quais são as profissões mais atraentes para eles atualmente? Antes de olhar para tal questão, é bom lembrar que as crianças sabem pouco sobre profissões; o que elas
dizem querer é apenas um reflexo da percepção que têm a respeito do que o mundo lhes apresenta como importante e de grande reconhecimento ou remuneração.
Ser famoso e cultuado pelas mídias, se destacar na televisão ou internet e receber muito dinheiro parecem ser, hoje, os anseios de muitas delas. Cada vez mais crianças
e adolescentes afirmam que, quando crescerem, querem ser blogueiros, modelos, artistas, chefes de cozinha, jogadores de futebol, “vlogueiros” etc. Como você pode
perceber, caro leitor, são sempre atividades com grande projeção, mas que pouquíssimas pessoas conseguem alcançar. Só que isso as crianças não têm condição de
entender.
O que sabemos é que muitas dessas crianças são tratadas como celebridades, estão bastante expostas e chegam a ganhar presentes de marcas e até dinheiro – algumas
vezes, muito dinheiro – com o que chamam de “empresa”. E sempre com o apoio dos pais, é claro, porque precisam de uma grande infraestrutura para fazer o que
fazem.
Será que isso é bom para elas? Depende do ponto de vista. Para quem acredita que sucesso, popularidade e ganhos financeiros fazem bem à criança, pode ser positivo.
Mas não sabemos até quando. O sucesso e a fama são ondas que vêm e vão. Quando acabarem – e acabam! –, o que será desses meninos e meninas? Estão eles
preparados para cair e se levantar? Na minha opinião, não. Se isso já é difícil para os adultos, imagine, caro leitor, para uma criança.
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Para quem preza a infância dos filhos e prioriza o aprendizado da convivência deles com outras crianças, nada disso é bom, mesmo que eles digam que querem muito
participar e que vários colegas fazem. Qual é o seu ponto de vista?
Denomina-se gravidez na adolescência a gestação ocorrida em jovens de até 21 anos que se encontram, portanto, em pleno desenvolvimento dessa fase da vida – a
adolescência. Esse tipo de gravidez em geral não foi planejada nem desejada e acontece em meio a relacionamentos sem estabilidade. No Brasil os números são
alarmantes.
Cabe destacar que a gravidez precoce não é um problema exclusivo das meninas. Não se pode esquecer que embora os rapazes não possuam as condições biológicas
necessárias para engravidar, um filho não é concebido por uma única pessoa. E se é à menina, que cabe a difícil missão de carregar no ventre, o filho, durante toda a
gestação, de enfrentar as dificuldades e dores do parto e de amamentar o rebento após o nascimento, o rapaz não pode se eximir de sua parcela de responsabilidade.
Por isso, quando uma adolescente engravida, não é apenas a sua vida que sofre mudanças. O pai, assim como as famílias de ambos, também passa pelo difícil processo
de adaptação a uma situação imprevista e inesperada.
Essa situação favoreceu o surgimento de uma geração cujos valores éticos e morais encontram-se desgastados. O excesso de informações e liberdade recebida por esses
jovens os levam à banalização de assuntos como o sexo, por exemplo. Essa liberação sexual, acompanhada de certa falta de limite e responsabilidade é um dos motivos
que favorecem a incidência de gravidez na adolescência.
Outro fator que deve ser ressaltado é o afastamento dos membros da família e a desestruturação familiar. Seja por separação, seja pelo corre-corre do dia a dia, os pais
estão cada vez mais afastados de seus filhos. Isso além de dificultar o diálogo de pais e filhos, dá ao adolescente uma liberdade sem responsabilidade. Ele passa, muitas
vezes, a não ter a quem dar satisfações de sua rotina diária, vindo a procurar os pais ou responsáveis apenas quando o problema já se instalou.
A adolescência já é uma fase complexa da vida. Além dos hormônios, que nessa etapa afloram causando as mais diversas mudanças no adolescente, outros assuntos
preocupam e permeiam as mentes dos jovens: escola, vestibular, profissão etc.
A gravidez, por sua vez, também é uma etapa complexa na vida. Ter um filho requer desejo tanto do pai quanto da mãe, mas não só isso. Atualmente, com problemas
como a instabilidade econômica e a crescente violência, são necessários, além de muita consciência e responsabilidade, um amplo planejamento. Quando isso não
acontece, a iminência de acontecerem problemas é muito grande.
A adolescência é o momento de formação escolar e de preparação para o mundo do trabalho. A ocorrência de uma gravidez nessa fase, portanto, significa o atraso ou
até mesmo a interrupção desses processos. O que pode comprometer o início da carreira ou o desenvolvimento profissional.
Tudo começa com o desejo de nos sentirmos bem, comendo apenas alimentos puros, “limpos”.
Até aí, tudo bem.
Isso nos leva a dizer adeus a certos grupos de alimentos, como grãos, açúcares e produtos animais. No final, a dieta se reduz a uma quantidade tão restrita de alimentos
que acabamos ficando desnutridos. Esse transtorno tem um nome: ortorexia nervosa.
O termo foi criado em 1997 pelo médico americano Steven Bratman, aliando a palavra para “correto” ─ do grego orthos ─ com “apetite” ─ orexis ─ (de onde vem, aliás,
a palavra anorexia, ou, sem apetite, transtorno que, muitas vezes, é mascarado pela ortorexia).
Embora o objetivo do anoréxico seja perder peso, e o do ortoréxico, ficar saudável, ambos os transtornos restringem a alimentação do indivíduo, colocando sua vida em
risco.
No entanto, enquanto a anorexia é reconhecida como um mal, a ortorexia tem a desvantagem de ser uma doença “disfarçada de virtude”.
Uma dieta baseada em alimentos frescos, não industrializados, está longe de ser ruim. O problema é quando isso se torna uma obsessão.
Citando exemplos de dietas que considera preocupantes, Bratmanfaz alusão a pessoas que têm medo de consumir laticínios, ou aquelas que só consomem alimentos
crus (por temer que o processo de cozimento dos legumes e verduras “destrua seu campo etéreo”).
“No final, o ortoréxico acaba passando grande parte da sua vida planejando, comprando, preparando e comendo seus pratos”, explica Bratman em seu livro Health Food
Junkies (em tradução livre, “Viciados em Comida Saudável”).
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Quando escreveu a obra, no final da década de 90, Bratman se referia a hábitos alimentares de pequenos grupos de pessoas.
Quase duas décadas depois, a obsessão com a comida saudável está por toda parte, inclusive no mundo digital.
Para confirmar esse fato, basta fazer uma busca por #CleanEating no Instagram ou no Twitter.
Bratman não só deu nome ao transtorno como também foi a primeira pessoa a ser diagnosticada com ele. O médico admitiu que se deixou seduzir de tal forma pela
“alimentação virtuosa” que se negava a comer legumes mais de 15 minutos após seu cozimento.
“No entanto, a realidade me obriga a reconhecer que a distinção já não é tão clara. Me parece que uma alta porcentagem de ortoréxicos hoje em dia se foca em perder
peso.”
“Como deixou de ser aceitável que uma pessoa magra conte as calorias que consome, muitas pessoas que seriam diagnosticadas como anoréxicas falam em ‘comer de
maneira saudável’, o que, por coincidência, implica em escolher apenas alimentos com baixo teor calórico.”
“Esses pratos inspirados pelo Instagram, com umas folhas de espinafre, uns grãos de quinoa ─ que estão muito na moda, algumas sementes de romã ─ que são lindas ─
são muito bonitos, mas não têm nutrientes suficientes”, disse à BBC Miguel Toribio-Mateas, nutricionista e especialista em neurociência clínica.
“Você termina com uma comida que te dá 200 calorias, o que não é nada em termos energéticos, e sem proteínas.
Está tudo bem se você tem vontade (de comer assim um dia ou outro), mas se você se recusa a comer o resto da comida normal porque acha que ela é suja ou algo que
você não pode jamais colocar na sua vida porque vai te fazer mal, há um problema”, acrescenta o especialista.
E se o termo “comida normal” deixa você confuso, o nutricionista faz alusão, por exemplo, a um prato de “peixe com batatas”.
Hoje em dia, há tamanha avalanche de conselhos sobre nutrição e saúde na internet e na mídia que fica difícil ignorá-los e lidar com eles.
“O açúcar, nesse momento, é o demônio. Porque se você o consome com muita frequência, no mínimo ganha um pouco de peso. E se (faz isso) descontroladamente,
pode desenvolver diabetes (do tipo) 2. Mas de vez em quando, ter a flexibilidade mental para poder decidir, ‘hoje vou comer um chocolate’, é importante. E isso é
impossível para os anoréxicos”, disse Toribio-Mateas.
Além do problema de ser aceita socialmente, a ortorexia também é tida como doença “do primeiro mundo”, ou “das classes privilegiadas” ─ o que não está de todo
errado, disse o nutricionista.
“Se você tem de contar o dinheiro antes de ir às compras, não vai pagar o que cobram pelos alimentos que estão na moda e são tidos como ‘limpos’.”
E acrescentou: “Não é que a romã não seja deliciosa. Mas se você pretende viver dela e de outros poucos produtos sobre os quais você leu que possuem alto teor de
antioxidantes e nada mais, essa não é uma decisão racional”.
Toribio-Mateas disse que a maioria dos seus pacientes é mulher. Segundo ele, elas vêm procurar conselhos para uma dieta “perfeita”. Ou são arrastadas à clínica pelos
familiares ─ já que elas próprias estão convencidas de que não há nada de errado.
“É difícil tratá-las, até porque são muito bem informadas”, explicou. “Tenho uma paciente que só come legumes fervidos ou grelhados. Rejeita a carne por causa dos
hormônios, rejeita os ovos porque acha que têm gordura demais, só consome uma quantidade mínima de óleo de coco ─ porque está convencida de que ele ajuda a
queimar gordura.”
“Há mitos que são mais fáceis de derrubar, mas como dizer a alguém que não coma tantos legumes?”, perguntou.
“Tenho de convencê-la a introduzir (em sua dieta) outros alimentos que, segundo exames clínicos, estão faltando no seu organismo.”
Finalmente, a ortorexia não implica apenas em uma redução nas opções alimentares do paciente.
“Os ortoréxicos não podem ir a um restaurante ou bar porque não sabem o que está sendo servido. E não podem ir comer na casa de amigos, a não ser que eles
também sejam ortoréxicos”, concluiu Toribio-Mateas
.
A paixão terminou, o amor é uma lembrança irresgatável, mas ainda há tanta presença e ternura...
Abraços podem durar um tempo enorme. A gente se inclina na direção do outro, cheio de sentimentos conturbados, e ele nos segura com força, como se tentasse
comunicar alguma coisa. É possível sentir um coração batendo contra o outro, perceber no peito a outra respiração. Tantas coisas estão contidas nesse gesto, tanta
ternura, tanta dúvida. Amor. Quando o abraço se desfaz, fica um sorriso indeciso, uma expressão incompleta nos olhos, o movimento de um corpo que se afasta e parece
dizer adeus.
Como todo mundo, tenho sentimentos ambivalentes sobre relacionamentos que acabam. São momentos tristes, terrivelmente tristes. Mas, ao fim e ao cabo, inevitáveis.
A gente não pode passar a vida preso a coisas que já não respiram. Mesmo cheios de dúvidas e ainda repletos de carinho, em algum momento é preciso romper, andar,
recomeçar. O abraço que não quer terminar é lindo, mas abre uma porta para lugar nenhum. É necessário sair dele para ser de novo uma pessoa inteira – e ter a chance,
adiante, de estar inteiro em outro abraço.
Esses momentos de ruptura são essenciais em nossa vida. As separações, assim como os encontros, nos definem – inclusive por que costumam levar um tempo enorme.
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A gente passa um ano juntos, apaixonados, e podemos levar o dobro nos separando de verdade, fazendo a ruptura das almas. Separar dois corpos é fácil, mas como se
faz para tirar o outro de dentro de si?
Com todos os problemas e dificuldades, gosto de pensar nesse período de sentimentos estendidos como o tempo da delicadeza. (Obrigado, Chico Buarque, por esta e
tantas outras coisas.) A paixão terminou, o amor é uma lembrança irresgatável, mas ainda há presença e ternura. Enormes. A raiva ficou para trás. A frustração gastou-
se. O ciúme raspa as unhas nas paredes do porão, lá embaixo, mas a cada dia incomoda menos. Os sentimentos dolorosos – quase todos – deram lugar a uma sensação
agridoce de cumplicidade. Ainda não é possível desejar que ela ou ele seja feliz em outra companhia, mas esse dia chegará, um dia.
Acredito – enfim – que é possível deixar de amar amando. O afastamento pode ser feito com ódio, mas fica uma ferida imensa, dura de cicatrizar. Podemos cortar as
pontes repentinamente, com medo de um sofrimento duradouro, mas isso vai nos assombrar no futuro, na hora de amar de novo. Enfim, há diferentes maneiras de
deixar de amar. Eu acho possível – e louvável – sair da intimidade do outro com um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos. Sair, mas ficar feliz em vê-lo, contente de
ouvi-la, ainda ter vontade de contar a essa pessoa que nos conhece tão bem tudo que aconteceu na semana passada, mas escolhendo não contar – por pudor, e porque,
afinal, já não cabe.
Sou capaz de antecipar o olhar de descrédito do leitor e da leitora. Não é assim que funciona, ele ou ela dirá. Se os sentimentos são bons, as pessoas não se separam.
Mas isso não é verdade. As pessoas rompem cheias de bons sentimentos, transbordando deles, a ponto de não saber o que fazer com tudo aquilo. Exceto as exceções,
exceto os traumas e barbaridades, a gente não deixa de querer de uma hora para outra. A paixão acaba, é certo. O amor, aquele de querer ficar colado para sempre,
também acaba. Mas há sentimentos lindos que ainda ligam ex-casais. Tão lindos que entalam na garganta, que temos vontade de abraçar e não largar. Lembra?
Pois então, respeitemos os nossos sentimentos delicados. As relações terminam, mas isso não é o fim dos afetos. Não há que ter vergonha de gostar da ex que você
mesmo deixou, não há problema em pensar com carinho (e sem raiva) naquele desgraçado que não quis continuar. Dentro de nós há tanta coisa ruim que não
deveríamos resistir quando se manifesta uma doçura. Melhor abraçá-la bem forte, acolhê-la como um amor que estivesse de volta. Apenas para uma visita, mas, ainda
assim, bem-vindo.
a) Conclusão.
b) Contradição.
c) Comparação.
d) Consequência.
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A paixão terminou, o amor é uma lembrança irresgatável, mas ainda há tanta presença e ternura...
Abraços podem durar um tempo enorme. A gente se inclina na direção do outro, cheio de sentimentos conturbados, e ele nos segura com força, como se tentasse
comunicar alguma coisa. É possível sentir um coração batendo contra o outro, perceber no peito a outra respiração. Tantas coisas estão contidas nesse gesto, tanta
ternura, tanta dúvida. Amor. Quando o abraço se desfaz, fica um sorriso indeciso, uma expressão incompleta nos olhos, o movimento de um corpo que se afasta e parece
dizer adeus.
Como todo mundo, tenho sentimentos ambivalentes sobre relacionamentos que acabam. São momentos tristes, terrivelmente tristes. Mas, ao fim e ao cabo, inevitáveis.
A gente não pode passar a vida preso a coisas que já não respiram. Mesmo cheios de dúvidas e ainda repletos de carinho, em algum momento é preciso romper, andar,
recomeçar. O abraço que não quer terminar é lindo, mas abre uma porta para lugar nenhum. É necessário sair dele para ser de novo uma pessoa inteira – e ter a chance,
adiante, de estar inteiro em outro abraço.
Esses momentos de ruptura são essenciais em nossa vida. As separações, assim como os encontros, nos definem – inclusive por que costumam levar um tempo enorme.
A gente passa um ano juntos, apaixonados, e podemos levar o dobro nos separando de verdade, fazendo a ruptura das almas. Separar dois corpos é fácil, mas como se
faz para tirar o outro de dentro de si?
Com todos os problemas e dificuldades, gosto de pensar nesse período de sentimentos estendidos como o tempo da delicadeza. (Obrigado, Chico Buarque, por esta e
tantas outras coisas.) A paixão terminou, o amor é uma lembrança irresgatável, mas ainda há presença e ternura. Enormes. A raiva ficou para trás. A frustração gastou-
se. O ciúme raspa as unhas nas paredes do porão, lá embaixo, mas a cada dia incomoda menos. Os sentimentos dolorosos – quase todos – deram lugar a uma sensação
agridoce de cumplicidade. Ainda não é possível desejar que ela ou ele seja feliz em outra companhia, mas esse dia chegará, um dia.
Acredito – enfim – que é possível deixar de amar amando. O afastamento pode ser feito com ódio, mas fica uma ferida imensa, dura de cicatrizar. Podemos cortar as
pontes repentinamente, com medo de um sofrimento duradouro, mas isso vai nos assombrar no futuro, na hora de amar de novo. Enfim, há diferentes maneiras de
deixar de amar. Eu acho possível – e louvável – sair da intimidade do outro com um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos. Sair, mas ficar feliz em vê-lo, contente de
ouvi-la, ainda ter vontade de contar a essa pessoa que nos conhece tão bem tudo que aconteceu na semana passada, mas escolhendo não contar – por pudor, e porque,
afinal, já não cabe.
Sou capaz de antecipar o olhar de descrédito do leitor e da leitora. Não é assim que funciona, ele ou ela dirá. Se os sentimentos são bons, as pessoas não se separam.
Mas isso não é verdade. As pessoas rompem cheias de bons sentimentos, transbordando deles, a ponto de não saber o que fazer com tudo aquilo. Exceto as exceções,
exceto os traumas e barbaridades, a gente não deixa de querer de uma hora para outra. A paixão acaba, é certo. O amor, aquele de querer ficar colado para sempre,
também acaba. Mas há sentimentos lindos que ainda ligam ex-casais. Tão lindos que entalam na garganta, que temos vontade de abraçar e não largar. Lembra?
Pois então, respeitemos os nossos sentimentos delicados. As relações terminam, mas isso não é o fim dos afetos. Não há que ter vergonha de gostar da ex que você
mesmo deixou, não há problema em pensar com carinho (e sem raiva) naquele desgraçado que não quis continuar. Dentro de nós há tanta coisa ruim que não
deveríamos resistir quando se manifesta uma doçura. Melhor abraçá-la bem forte, acolhê-la como um amor que estivesse de volta. Apenas para uma visita, mas, ainda
assim, bem-vindo.
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Questão 53: CONSULPLAN - Tec Leg (CM BH)/CM BH/II/2018
Assunto: Questões Variadas de Classe de Palavras
A questão baseia no texto apresentado abaixo.
Trapezista
Querida, eu juro que não era eu. Que coisa ridícula! Se você estivesse aqui – Alô? Alô? – olha, se você estivesse aqui ia ver a minha cara, inocente como o Diabo. O quê?
Mas como, ironia? “Como o Diabo” é força de expressão, que diabo. Você acha que eu ia brincar numa hora desta? Alô! Eu juro, pelo que há de mais sagrado, pelo
túmulo de minha mãe, pela nossa conta no banco, pela cabeça dos nossos filhos que não era eu naquela foto de carnaval no Cascalho que saiu na Folha da Manhã. O
quê? Alô! Alô! Como é que eu sei qual é a foto? Mas você não acaba de dizer... Ah, você não chegou a dizer... ah, você não chegou a dizer qual era o jornal. Bom, bem.
Você não vai acreditar mas acontece que eu também vi a foto. Não desliga! Eu também vi a foto e tive a mesma reação. Que sujeito parecido comigo, pensei. Podia ser
gêmeo. Agora, querida, nunca, em nenhum momento, está ouvindo? Em nenhum momento me passou pela cabeça a ideia de que você fosse pensar — querida, eu estou
até começando a achar graça —, que você fosse pensar que aquele era eu. Por amor de Deus. Pra começo de conversa você pode me imaginar de pareô vermelho e
colar havaiano, pulando no Cascalho com uma bandida em cada braço? Não, faça-me o favor. E a cara das bandidas! Francamente, já que você não confia na minha
fidelidade, que confiasse no meu bom gosto, poxa! O quê? Querida, eu não disse “pareô vermelho”. Tenho a mais absoluta, a mais tranquila, a mais inabalável certeza
que eu disse apenas “pareô”. Como é que eu podia saber que era vermelho se a fotografia não era em cores, certo? Alô? Alô? Não desliga! Não... Olha, se você desligar
está tudo acabado. Tudo acabado. Você não precisa nem voltar da praia. Fica aí com as crianças e funda uma colônia de pescadores. Não, estou falando sério.
Perdi a paciência. Afinal, se você não confia em mim não adianta nada a gente continuar. Um casamento deve se... se... como é mesmo a palavra?... se alicerçar na
confiança mútua. O casamento é como um número de trapézio, um precisa confiar no outro até de olhos fechados. É isso mesmo. E sabe de outra coisa? Eu não
precisava ficar na cidade durante o carnaval. Foi tudo mentira. Eu não tinha trabalho acumulado no escritório coisíssima nenhuma. Eu fiquei sabe para quê? Para testar
você. Ficar na cidade foi como dar um salto mortal, sem rede, só para saber se você me pegaria no ar. Um teste do nosso amor. E você falhou. Você me decepcionou.
Não vou nem gritar por socorro. Não, não me interrompa.
Desculpas não adiantam mais. O próximo som que você ouvir será do meu corpo se estatelando, com o baque surdo da desilusão, no duro chão da realidade. Alô? Eu
disse que o próximo som... que... O quê? Você não estava ouvindo nada? Qual foi a última coisa que você ouviu, coração?
Pois sim, eu não falei — tenho certeza absoluta que não falei — em “pareô vermelho”. Sei lá que cor era o pareô daquele cretino na foto. Você precisa acreditar em
mim, querida. O casamento é como um número de...
Sim. Não. Claro. Como? Não. Certo. Quando você voltar pode perguntar para o... Você quer que eu jure? De novo? Pois eu juro. Passei sábado, domingo, segunda e
terça no escritório. Não vi carnaval nem pela janela. Só vim em casa tomar um banho e comer um sanduíche e vou logo voltar para lá. Como? Você telefonou para o
escritório. Meu bem, é claro que a telefonista não estava trabalhando, não é, bem. Ha, ha, você é demais. Olha, querida? Alô? Sábado eu estou aí. beijo nas crianças.
Socorro. Eu disse, um beijo.
(In: Veríssimo, L. F. As mentiras que os homens contam. São Paulo, Objetiva: ????.)
Assinale a alternativa que classifica corretamente a função da palavra destacada na frase recortada.
Denomina-se gravidez na adolescência a gestação ocorrida em jovens de até 21 anos que se encontram, portanto, em pleno desenvolvimento dessa fase da vida – a
adolescência. Esse tipo de gravidez em geral não foi planejada nem desejada e acontece em meio a relacionamentos sem estabilidade. No Brasil os números são
alarmantes.
Cabe destacar que a gravidez precoce não é um problema exclusivo das meninas. Não se pode esquecer que embora os rapazes não possuam as condições biológicas
necessárias para engravidar, um filho não é concebido por uma única pessoa. E se é à menina, que cabe a difícil missão de carregar no ventre, o filho, durante toda a
gestação, de enfrentar as dificuldades e dores do parto e de amamentar o rebento após o nascimento, o rapaz não pode se eximir de sua parcela de responsabilidade.
Por isso, quando uma adolescente engravida, não é apenas a sua vida que sofre mudanças. O pai, assim como as famílias de ambos, também passa pelo difícil processo
de adaptação a uma situação imprevista e inesperada.
Essa situação favoreceu o surgimento de uma geração cujos valores éticos e morais encontram-se desgastados. O excesso de informações e liberdade recebida por esses
jovens os levam à banalização de assuntos como o sexo, por exemplo. Essa liberação sexual, acompanhada de certa falta de limite e responsabilidade é um dos motivos
que favorecem a incidência de gravidez na adolescência.
Outro fator que deve ser ressaltado é o afastamento dos membros da família e a desestruturação familiar. Seja por separação, seja pelo corre-corre do dia a dia, os pais
estão cada vez mais afastados de seus filhos. Isso além de dificultar o diálogo de pais e filhos, dá ao adolescente uma liberdade sem responsabilidade. Ele passa, muitas
vezes, a não ter a quem dar satisfações de sua rotina diária, vindo a procurar os pais ou responsáveis apenas quando o problema já se instalou.
A adolescência já é uma fase complexa da vida. Além dos hormônios, que nessa etapa afloram causando as mais diversas mudanças no adolescente, outros assuntos
preocupam e permeiam as mentes dos jovens: escola, vestibular, profissão etc.
A gravidez, por sua vez, também é uma etapa complexa na vida. Ter um filho requer desejo tanto do pai quanto da mãe, mas não só isso. Atualmente, com problemas
como a instabilidade econômica e a crescente violência, são necessários, além de muita consciência e responsabilidade, um amplo planejamento. Quando isso não
acontece, a iminência de acontecerem problemas é muito grande.
A adolescência é o momento de formação escolar e de preparação para o mundo do trabalho. A ocorrência de uma gravidez nessa fase, portanto, significa o atraso ou
até mesmo a interrupção desses processos. O que pode comprometer o início da carreira ou o desenvolvimento profissional.
1. Substantivo.
2. Adjetivo.
3. Pronome.
4. Verbo.
5. Advérbio.
()“ Cabe destacar que a gravidez precoce não é um problema exclusivo das meninas.”
()“ A gravidez, por sua vez, também é uma etapa complexa na vida.”
()“ Outro fator que deve ser ressaltado é o afastamento dos membros da família e a desestruturação familiar.”
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()“ A gravidez, por sua vez, também é uma etapa complexa na vida.”
()“ No Brasil os números são alarmantes.”
A sequência está correta em
a) 5, 4, 3, 2, 1.
b) 1, 2, 3, 4, 5.
c) 2, 5, 4, 1, 3.
d) 4, 3, 1, 5, 2.
e) 3, 1, 2, 4, 5.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/382053
Tudo começa com o desejo de nos sentirmos bem, comendo apenas alimentos puros, “limpos”.
Até aí, tudo bem.
Isso nos leva a dizer adeus a certos grupos de alimentos, como grãos, açúcares e produtos animais. No final, a dieta se reduz a uma quantidade tão restrita de alimentos
que acabamos ficando desnutridos. Esse transtorno tem um nome: ortorexia nervosa.
O termo foi criado em 1997 pelo médico americano Steven Bratman, aliando a palavra para “correto” ─ do grego orthos ─ com “apetite” ─ orexis ─ (de onde vem, aliás,
a palavra anorexia, ou, sem apetite, transtorno que, muitas vezes, é mascarado pela ortorexia).
Embora o objetivo do anoréxico seja perder peso, e o do ortoréxico, ficar saudável, ambos os transtornos restringem a alimentação do indivíduo, colocando sua vida em
risco.
No entanto, enquanto a anorexia é reconhecida como um mal, a ortorexia tem a desvantagem de ser uma doença “disfarçada de virtude”.
Uma dieta baseada em alimentos frescos, não industrializados, está longe de ser ruim. O problema é quando isso se torna uma obsessão.
“No final, o ortoréxico acaba passando grande parte da sua vida planejando, comprando, preparando e comendo seus pratos”, explica Bratman em seu livro Health Food
Junkies (em tradução livre, “Viciados em Comida Saudável”).
Quando escreveu a obra, no final da década de 90, Bratman se referia a hábitos alimentares de pequenos grupos de pessoas.
Quase duas décadas depois, a obsessão com a comida saudável está por toda parte, inclusive no mundo digital.
Para confirmar esse fato, basta fazer uma busca por #CleanEating no Instagram ou no Twitter.
Bratman não só deu nome ao transtorno como também foi a primeira pessoa a ser diagnosticada com ele. O médico admitiu que se deixou seduzir de tal forma pela
“alimentação virtuosa” que se negava a comer legumes mais de 15 minutos após seu cozimento.
“No entanto, a realidade me obriga a reconhecer que a distinção já não é tão clara. Me parece que uma alta porcentagem de ortoréxicos hoje em dia se foca em perder
peso.”
“Como deixou de ser aceitável que uma pessoa magra conte as calorias que consome, muitas pessoas que seriam diagnosticadas como anoréxicas falam em ‘comer de
maneira saudável’, o que, por coincidência, implica em escolher apenas alimentos com baixo teor calórico.”
“Esses pratos inspirados pelo Instagram, com umas folhas de espinafre, uns grãos de quinoa ─ que estão muito na moda, algumas sementes de romã ─ que são lindas ─
são muito bonitos, mas não têm nutrientes suficientes”, disse à BBC Miguel Toribio-Mateas, nutricionista e especialista em neurociência clínica.
“Você termina com uma comida que te dá 200 calorias, o que não é nada em termos energéticos, e sem proteínas.
Está tudo bem se você tem vontade (de comer assim um dia ou outro), mas se você se recusa a comer o resto da comida normal porque acha que ela é suja ou algo que
você não pode jamais colocar na sua vida porque vai te fazer mal, há um problema”, acrescenta o especialista.
E se o termo “comida normal” deixa você confuso, o nutricionista faz alusão, por exemplo, a um prato de “peixe com batatas”.
Hoje em dia, há tamanha avalanche de conselhos sobre nutrição e saúde na internet e na mídia que fica difícil ignorá-los e lidar com eles.
“O açúcar, nesse momento, é o demônio. Porque se você o consome com muita frequência, no mínimo ganha um pouco de peso. E se (faz isso) descontroladamente,
pode desenvolver diabetes (do tipo) 2. Mas de vez em quando, ter a flexibilidade mental para poder decidir, ‘hoje vou comer um chocolate’, é importante. E isso é
impossível para os anoréxicos”, disse Toribio-Mateas.
Além do problema de ser aceita socialmente, a ortorexia também é tida como doença “do primeiro mundo”, ou “das classes privilegiadas” ─ o que não está de todo
errado, disse o nutricionista.
“Se você tem de contar o dinheiro antes de ir às compras, não vai pagar o que cobram pelos alimentos que estão na moda e são tidos como ‘limpos’.”
E acrescentou: “Não é que a romã não seja deliciosa. Mas se você pretende viver dela e de outros poucos produtos sobre os quais você leu que possuem alto teor de
antioxidantes e nada mais, essa não é uma decisão racional”.
Toribio-Mateas disse que a maioria dos seus pacientes é mulher. Segundo ele, elas vêm procurar conselhos para uma dieta “perfeita”. Ou são arrastadas à clínica pelos
familiares ─ já que elas próprias estão convencidas de que não há nada de errado.
“É difícil tratá-las, até porque são muito bem informadas”, explicou. “Tenho uma paciente que só come legumes fervidos ou grelhados. Rejeita a carne por causa dos
hormônios, rejeita os ovos porque acha que têm gordura demais, só consome uma quantidade mínima de óleo de coco ─ porque está convencida de que ele ajuda a
queimar gordura.”
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“Há mitos que são mais fáceis de derrubar, mas como dizer a alguém que não coma tantos legumes?”, perguntou.
“Tenho de convencê-la a introduzir (em sua dieta) outros alimentos que, segundo exames clínicos, estão faltando no seu organismo.”
Finalmente, a ortorexia não implica apenas em uma redução nas opções alimentares do paciente.
“Os ortoréxicos não podem ir a um restaurante ou bar porque não sabem o que está sendo servido. E não podem ir comer na casa de amigos, a não ser que eles
também sejam ortoréxicos”, concluiu Toribio-Mateas
.
Eu vinha voltando para casa, dentro da noite de Londres. Uma noite fria, nevoenta, silenciosa – uma noite de Londres. Noite de inverno que começa às quatro horas da
tarde e termina às oito da manhã. Noite de navio perdido em alto-mar, de cemitério, de charneca, de fim de ano, de morro dos ventos uivantes. Noite de vampiros, de
lobisomens, de fantasmas, de assassinos, de Jack, o Estripador. Eu vinha vindo e apressava o passo, querendo chegar depressa, antes que aquela noite tão densa me
dissolvesse para sempre em suas sombras. De espaço a espaço, a luz amarelo-âmbar dos postes pontilhava a rua com seu pequeno foco, como olhos de pantera a
seguir-me os passos na escuridão.
Os meus olhos a fitavam, assombrados, e eu não podia acreditar no que eles viam. Quadrada como uma janelinha aberta no céu. Mas amarela como todas as luas do
mundo, flutuando na noite, plena de luz, solitária e bela.
As luas de Londres... Ah, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira! A lua de Londres era quadrada!
Pensei estar sonhando e baixei os olhos humildemente, indigno de merecê-la, tendo bebido mais do que imaginava. Entrei em casa bêbado de lua e fui refugiar-me em
meu quarto, refeito já do estranho delírio, no ambiente cálido e acolhedor do meu tugúrio, cercado de objetos familiares.
Mas foi só chegar à janela, e lá estava ela, dependurada no céu em desafio: uma lua deslumbrante que a neblina não conseguia ofuscar, cubo de luz suspenso no
espaço, de contornos precisos, nítido em seus ângulos retos, a desafiar-me com seu mistério. A lua quadrada de Londres!
Evitei olhá-la outra vez, para não sucumbir ao seu fascínio. Corri as cortinas e fui dormir sob seus eflúvios – enigma imemorial a zombar de todas as astronomias através
dos séculos, da mais remota antiguidade aos nossos dias, e oferecendo unicamente a mim a sua verdadeira face. É possível que um sábio egípcio, há cinco mil anos, do
alto de uma pirâmide, a tenha vislumbrado uma noite e tentado perquirir o seu segredo. É possível que em Babilônia um cortesão de Nabucodonosor se tenha enamorado
perdidamente de uma princesa, na moldura quadrada de seus raios. É possível que na China de Confúcio um mandarim se tenha curvado reverente no jardim, entre
papoulas, sob o império de seu brilho retilíneo. É possível que na África, numa clareira das selvas, um feiticeiro da tribo lhe tenha oferecido em holocausto a carcaça
sangrenta de um antílope. É possível que nos mares gelados do Norte um vikingtenha há 12 séculos levantado os olhos sob o elmo de chifres, e contemplado aquela
surpreendente forma geométrica, procurando orientar por ela o seu bergantim. É possível que na Idade Média um alquimista tenha aumentado, sob a influência de sua
radiância quadrangular, o efeito milagroso de um elixir da longa vida. É possível que, no longo dos anos, mais de uma donzela haja estremecido em sonhos ao receber no
corpo a carícia estranhamente angulosa do luar. Mas, nos dias de hoje, somente a mim a lua se oferecia em toda a sua nudez quadrada. Dormi sorrindo, ao pensar que
os astronautas modernos se preparam para ir à Lua em breve – sem ao menos desconfiar que ela não é redonda, mas quadrada como uma janela aberta no cosmo –
verdade celestial que só um noctívago em Londres fora capaz de merecer.
Lembro-me de uma história – história que inventei, mas que nem por isso deixa de ser verdadeira. Era um marinheiro dinamarquês, de um cargueiro atracado no porto
do Rio de Janeiro por uma noite apenas. Saíra pela cidade desconhecida, de bar em bar, e vinha voltando solitário e bêbado pela madrugada, quando se deu o milagre:
nas sujas águas do canal do Mangue, viu refletida uma claridade difusa – ergueu os olhos e viu que as nuvens se haviam rasgado no céu, e o Cristo surgira para ele, de
braços abertos, em todo o seu divino esplendor. Fulminado pela visão, caiu de joelhos e chorou de arrependimento pela vida de pecado e impenitência que levara até
então. De volta à sua terra, converteu-se, tornou-se místico, acabou num convento. E anos mais tarde, depois de uma vida inteira dedicada a Deus, o monge recebe a
visita de um brasileiro. Aquele homem era da cidade em que se dera o milagre da sua conversão.
Não diz a história se o religioso deixou de sê-lo, por causa da prosaica revelação. Não diz, porque me eximo de acrescentar que, na realidade, depois de viver tanto
tempo uma crença construída sobre o equívoco, este equívoco passava a ser mesmo um milagre, como tudo mais nesta vida.
O milagre da lua quadrada de Londres não me foi desfeito por nenhum londrino descrente do surrealismo astronômico nos céus britânicos. Bastou olhar de manhã pela
janela e pude ver, recortado contra o céu, o gigantesco guindaste no cume de uma construção, e numa das pontas da armação de aço atravessada no ar, junto ao
contrapeso, o quadrado de vidro que à noite se acende. A minha lua quadrada de Londres.
Quadrado que talvez simbolize todo um sistema de vida, mais do que anuncia a pequena palavra Laig nele escrita, marca de fabricação do guindaste. De qualquer
maneira, os ingleses ganharam, pelo menos na minha imaginação, o emblema do seu modo de ser, impresso nessa visão de uma noite, que foi a lua quadrada de
Londres.
(SABINO, Fernando, 1923-2004 – As melhores crônicas – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010. 224 p.)
Quanto à classe gramatical das palavras sublinhadas, tem-se a correspondência correta em:
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Questão 57: CONSULPLAN - Ana (CFESS)/CFESS/2017
Assunto: Colocação pronominal
São só contas de vidro
Os índios ficaram deslumbrados com as contas de vidro que os portugueses lhes davam. Por quê? Por causa da beleza dessas contas de vidro? Pouco provável. Para
encontrar coisas belas, tudo o que os nativos tinham de fazer era olhar ao redor: as árvores, os pássaros, as flores. Mas as contas de vidro representavam duas coisas.
Em primeiro lugar, eram novidade, coisa desconhecida por ali. Em segundo lugar, eram novidade, de uma tecnologia que os índios não dominavam e que, por isso,
admiravam. Mais de cinco séculos se passaram e continuamos dominados pela mesma reverência à tecnologia. Exemplo: o automóvel tem absoluta prioridade em relação
aos pedestres, mesmo em situações em que estes são vários e em que o veículo transporta uma única pessoa. Muitos brasileiros ficam assombrados ao saber que em
Brasília os motoristas respeitam a faixa de segurança. Em outras cidades, faixa de segurança é mero detalhe, pouco importante diante da potência que é o automóvel.
Isso também explica a quantidade de acidentes de trânsito que temos; a sensação de poder de que goza o motorista muitas vezes perturba sua capacidade de
discernimento.
O verdadeiro progresso traz junto consigo os mecanismos de controle para esses excessos. Na Europa e nos Estados Unidos, os motoristas, em geral (claro que há
numerosas exceções), dirigem com cautela, pela simples razão de que podem responder no tribunal por qualquer problema, até mesmo psicológico, que venham a causar
a outras pessoas. A noção de espaço público lá está muito presente. No Brasil é diferente. Se o espaço é público, isso não significa que é de todos, que todos têm de
cuidar dele; não, se o espaço é público, ele não é de ninguém. Nos cinemas brasileiros, celulares tocam com frequência e às vezes seus proprietários mantêm longas
conversas, em voz alta, durante a exibição do filme. Os outros espectadores que se lixem. Existe aí um motivo adicional, além do desrespeito ao local coletivo. O telefone,
no Brasil, ainda guarda a aura de um passado em que era privilégio de poucos. Conseguir uma linha era missão quase impossível. Quem tinha telefone tinha poder, e
esta imagem, de certo modo, persiste. Infelizmente, porque poucos meios de comunicação são tão invasivos. Cartas e e-mails ficam pacientemente à nossa espera. O
telefone, não. O telefone soa insistentemente, e temos de atender, não importa o que estejamos fazendo no momento – almoçando, tomando banho, fazendo amor. E
quem liga também não dá bola para esses detalhes. A elementar pergunta – “Você pode falar? ” – raramente é feita. Ligação telefônica desloca para um segundo plano
qualquer outra coisa. Digamos que você esteja sendo atendido por um funcionário no banco. Se tocar o telefone, você e todos os outros que estão esperando terão de se
conformar: o funcionário atenderá à chamada, não raro longa.
O celular é ótima coisa. Pessoas que, por falta de telefone, ficavam em verdadeiro estado de marginalização social, agora podem se comunicar facilmente. Existe hoje
uma verdadeira cultura do celular, mas ela, infelizmente, ainda não inclui a noção de respeito ao outro. Chegaremos lá, claro, se não mediante leis, como fazem os países
mais adiantados, então pela evolução natural da arte do convívio. As pessoas aprendem. E um dia descobrem que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de
vidro.
(SCLIAR, Moacyr. Do jeito que nós vivemos. Belo Horizonte: Ed. Leitura, 2007.)
Assinale a alteração proposta para o trecho selecionado cuja correção gramatical é preservada caso o termo destacado já tivesse sido introduzido no texto anteriormente
sendo um referente para o termo anafórico.
Pesquisas sugerem que atiradores são deprimidos e suicidas. Iniciativas centradas no diálogo e na saúde mental de estudantes e professores podem ajudar a evitar
tragédias, dizem especialistas.
Em 1999, poucos dias depois dos ataques ao Colégio Columbine, nos Estados Unidos, um incidente semelhante atingiu a pequena cidade de Taber, em Alberta, no
Canadá. Um garoto de 14 anos invadiu o colégio W. R. Myers, disparando a esmo. Matou um estudante e feriu outros dois.
Especialista em estresse pós-traumático, o psicólogo Kevin Cameron foi chamado de imediato, para prestar atendimento às vítimas e sobreviventes. Desde então, ele e
seus colegas tentam se antecipar a esse tipo de tragédia: “É possível prevenir tiroteios em colégio. E temos nos aprimorado nessa tarefa”, me disse ele durante o final de
semana.
Cameron comanda hoje o Centro Norte-Americano para Avaliação de Riscos e Resposta a Traumas. Seu trabalho envolve ensinar educadores, policiais e pais a identificar
jovens em risco para cometer atos de violência extrema, de modo a ajudá-los. Segundo ele, há ao menos duas coisas importantes a saber sobre esses adolescentes: a
maioria sofre de problemas psicológicos graves, está deprimida e tem comportamento suicida. Não raro, têm histórico de convívio conflituoso com a família ou de abuso
doméstico; e a maioria fala sobre seus planos, com amigos, pais ou professores, antes de executá-los: “A questão é que a maior parte das pessoas não leva a sério.
Ninguém acha que aquele garoto seria capaz de praticar algo tão horrendo”, me disse Cameron. [...]
Segundo Cameron, o programa vem se mostrando bem-sucedido. Baseia-se em criar, nas escolas, ambiente propício ao diálogo e de proximidade com as famílias dos
estudantes. A ideia é conhecer o contexto em que vivem, que problemas enfrentam, de modo a oferecer ajuda se necessário. Em 2013, o jornal The New York Times
escreveu a respeito da iniciativa.
Na esteira do atentado à Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na última quarta-feira, a questão se tornou fundamental também para o Brasil. Incidentes dessa
natureza não são tão comuns no país quanto nos EUA ou no Canadá. Mas pesquisadores defendem que mudar a dinâmica do convívio escolar, de modo a estimular o
diálogo e oferecer suporte psicológico a alunos e estudantes, pode reduzir índices de violência: “As escolas mais violentas são aquelas onde há pior comunicação”, me
disse a professora Kathie Njaine, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz e especialista em violência em escolas.
Njaine me disse que observou isso em trabalhos desenvolvidos por orientandas suas em municípios da Baixada Fluminense: “Mesmo naquelas situações em que o
entorno do colégio era violento, as escolas onde havia uma boa relação com os jovens e as famílias tinham menos conflitos”, afirmou.
Construir ambiente propício ao diálogo nem sempre é tarefa simples. Por vezes, esbarra em problemas relacionados à estrutura das escolas: com tantos alunos, nem
sempre professores e funcionários conseguem prestar a devida atenção a todos. É um desafio, também, porque exige que, não raro, as escolas lidem com problemas
surgidos fora de seus muros. Compreender os problemas dos jovens requer, por exemplo, estar atento ao contexto em que vivem. “É importante olhar para as relações
com a família, para os projetos de vida desses adolescentes”, diz Njaine.
Se o projeto de Los Angeles serve de exemplo, esse esforço de comunicação traz resultados: “Quando tragédias como a de Suzano acontecem, muita gente passa a
discutir segurança pública. Passa a falar sobre a necessidade de colocar policiais nas escolas. Isso não basta”, diz Njaine. “Isso não resolve se você não pensar na
educação como um todo. É preciso criar, nas escolas, ambientes abertos ao diálogo”.
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a) disparando a esmo. ” / repentinamente
“
b) oferecer suporte psicológico” sustentação
“
c) um incidente semelhante” acontecimento imprevisível
“
d) ambiente propício ao diálogo” caracteristicamente adequado
“
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Com estas florestas de arranha-céus que vão crescendo, muita gente pensa que passarinho é coisa de jardim zoológico; e outras até acham que seja apenas antiguidade
de museu. Certamente chegaremos lá; mas por enquanto ainda existem bairros afortunados onde haja uma casa, casa que tenha um quintal, quintal que tenha uma
árvore. Bom será que essa árvore seja a mangueira. Pois nesse vasto palácio verde podem morar muitos passarinhos.
Os velhos cronistas desta terra encantaram-se com canindés e araras, tuins e sabiás, maracanãs e “querejuás todos azuis de cor finíssima...”. Nós esquecemos tudo:
quando um poeta fala num pássaro, o leitor pensa que é leitura... Mas há um passarinho chamado bem-te-vi. Creio que ele está para acabar.
E é pena, pois com esse nome que tem – e que é a sua própria voz – devia estar em todas as repartições e outros lugares, numa elegante gaiola, para no momento
oportuno anunciar a sua presença. Seria um sobressalto providencial e sob forma tão inocente e agradável que ninguém se aborreceria.
O que leva a crer no desaparecimento do bem-te-vi são as mudanças que começo a observar na sua voz. O ano passado, aqui nas mangueiras dos meus simpáticos
vizinhos, apareceu um bem-te-vi caprichoso, muito moderno, que se recusava a articular as três sílabas tradicionais do seu nome, limitando-se a gritar: “...te-vi! ...te-vi”,
com a maior irreverência gramatical. Como dizem que as últimas gerações andam muito rebeldes e novidadeiras, achei natural que também os passarinhos estivessem
contagiados pelo novo estilo humano.
Logo a seguir, o mesmo passarinho, ou seu filho ou seu irmão – como posso saber, com a folhagem cerrada da mangueira? – animou-se a uma audácia maior. Não quis
saber das duas sílabas, e começou a gritar apenas daqui, dali, invisível e brincalhão: “...vi! ...vi!...” o que me pareceu divertido, nesta era do twist.
O tempo passou, o bem-te-vi deve ter viajado, talvez seja cosmonauta, talvez tenha voado com o seu team de futebol – que se não há de pensar de bem-te-vis assim
progressistas, que rompem com o canto da família e mudam o leme dos seus brasões? Talvez tenha sido atacado por esses crioulos fortes que agora saem do mato de
repente e disparam sem razão nenhuma no primeiro indivíduo que encontram.
Mas hoje ouvi um bem-te-vi cantar. E cantava assim: “Bem-bem-bem...te –vi!” Pensei: “É uma nova escola poética que se eleva da mangueira!...” Depois, o passarinho
mudou. E fez: “Bem-te-te-te...vi!” Tornei a refletir: “Deve estar estudando a sua cartilha... Estará soletrando...” E o passarinho: “Bem-bem-bem...te-te-te... vi-vi-vi!”
Os ornitólogos devem saber se isso é caso comum ou raro. Eu jamais tinha ouvido uma coisa assim! Mas as crianças, que sabem mais do que eu, e vão diretas aos
assuntos, ouviram, pensaram e disseram: “Que engraçado! Um bem-te-vi gago!”
(MEIRELES, Cecília. 1901-1964 – Escolha o seu sonho: (crônicas) – 26ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2005.)
“É: talvez não seja mesmo exotismo, mas apenas gagueira...” O sinônimo da palavra sublinhada na frase anterior é
a) excessividade.
b) excitabilidade.
c) excentricidade.
d) excepcionalidade.
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Atualmente, já está muito claro que nossas experiências mentais estão sempre criando estruturas cerebrais que facilitam a resposta rápida a futuras demandas
semelhantes. O tema mais importante, no entanto, não é que as estruturas se ampliem sempre, é a liberdade natural da mente, que opera além das estruturas.
Um motorista não é seu carro, nem por onde circula. Ele tem a liberdade de deixar o carro e seguir por outros meios e também de repensar seus trajetos. Ainda assim, se
as estradas ficarem bloqueadas ou o carro quebrar, ele terá dificuldade em andar a pé e usará o tempo arrumando o carro ou colocando a estrada em condições de uso.
Só ao final de um tempo ele conseguirá ultrapassar as fixações estruturais internas e refazer suas opções.
Em verdade, a liberdade do motorista é tal que nem mesmo motorista ele é. Ele é um ser livre. A prática espiritual profunda conduz a essa liberdade, naturalmente
presente. As fixações são o carma. As experiências comuns no mundo, eventos maiores e menores, vão se consolidando como trajetos e redes neurais internas e
estruturas cármicas que balizam a operação da mente, estruturando recursos limitados como se fossem as únicas opções, ainda que, essencialmente, a mente siga livre.
As estruturas grosseiras como os espaços das cidades, as ruas físicas, e em um sentido mais amplo tudo o que aciona nossos sentidos físicos, surgem também como
resultado das atividades mentais repetitivas, assim como a circulação da energia interna, que é o aspecto sutil. Um automobilista precisa de uma transformação interna e
externa complexa para se tornar um ciclista; não é fácil. Já o tripulante do sofá tem dificuldade em incluir exercícios, novos hábitos de alimentação e mudanças na
autoimagem – os desafios são idênticos.
Nossos melhores pensamentos constroem mundos melhores e também cérebros melhores. Já os pensamentos aflitivos constroem mundos piores e cérebros com
estruturas que conduzem à aflição e à doença.
Tanto os aspectos grosseiros como os sutis flutuam; é visível. A única expressão incessantemente presente e disponível é a liberdade natural silenciosa dentro de nós
mesmos. É dessa natureza que surge a energia que, livre de condicionamentos, cria novos caminhos neurais e novas configurações de mundo. Os mestres de sabedoria
apontam-na como sempre disponível, mesmo durante experiências como a doença e a morte. É dessa região inabalável que irradiam sua sabedoria, compaixão e
destemor.
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c) “... que balizam a operação da mente,…” – limitam
d) “... eventos maiores e menores, vão se consolidando como trajetos...” – comovendo
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A representação das mulheres no parlamento brasileiro é uma questão fundamental em nossa cultura política. A desproporção é espantosa tendo cerca de 90% dos
cargos ocupados por homens e apenas cerca de 10% por mulheres.
Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas mulheres ocupando cargos nos espaços de poder em geral. No mundo da iniciativa privada os números não são
diferentes. Mulheres trabalham demais, são maioria em algumas profissões, mas ocupam pouquíssimos cargos de poder. Como se fosse um direito natural, o poder é
reservado aos homens em todos os níveis enquanto as mulheres sofrem sob estereótipos e idealizações também naturalizados.
O ato de naturalizar corresponde a um procedimento moral e cognitivo que se torna hábito. Por meio dele, passamos a acreditar que as coisas são como são e não
poderiam ser de outro modo. Nem poderiam ser questionadas.
Mesmo assim, há questões básicas relativas ao que chamamos de sociedade patriarcal às quais ninguém pode se furtar. Nessa mesma sociedade em que o poder
concerne aos homens, não podemos dizer que às mulheres foi reservada a violência? Alguém terá coragem de dizer que isso é natural sem ferir princípios morais que
sustentam a sociedade como um todo? Sabemos que a violência contra as mulheres é uma constante cultural. Ela é física e simbólica, psíquica e econômica e se
aproveita da naturalização da suposta fragilidade das mulheres construída por séculos de discursos e práticas misóginas. Misoginia é o ódio contra as mulheres apenas
porque são mulheres. [...]
Na ausência de questionamento, o machismo aparece como culto da ignorância útil na manutenção da dominação que depende do confinamento das mulheres na esfera
da vida doméstica para que se mantenham longe do poder. O machismo se mostra como o que há de mais arcaico em termos de ética e política. O machismo é uma
forma de autoritarismo que volta à cena em nossa época. Enquanto isso, a violência doméstica simplesmente cresce e as mulheres continuam afastadas do poder. Mas
por quanto tempo?
Ao longo da história, a consciência da condição das mulheres entre a violência e o poder teve um de seus momentos mais importantes na conquista do voto pelas
sufragistas. Hoje, o direito à candidatura e à eleição, o direito a ser votada, nos mostra um outro mundo possível. [...]
“Mesmo assim, há questões básicas relativas ao que chamamos de sociedade patriarcal às quais ninguém pode se furtar. Nessa mesma sociedade em que o poder
concerne aos homens, [...]” (4º§) De acordo com o contexto, assinale o par de vocábulos que pode substituir os termos grifados anteriormente, na sequência em que
aparecem.
a) aceitar / tange
b) reconhecer / favorece
c) esquivar-se / pertence
d) compelir-se / enriquece
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a) Advento.
b) Adoração.
c) Descoberta.
d) Aparecimento.
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03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
A fatídica pergunta “O que você quer ser quando crescer?”, feita para crianças já no final da infância ou até antes, é clássica e não muda. Algumas vezes, ela expressa
apenas uma brincadeira, para que os pais se orgulhem da resposta que o filho dará e que os pais já sabiam que ele daria. Outras vezes, representa o anseio deles para
oferecer ao filho um objetivo maior para a sua vida. E algumas vezes não passa de uma lição moralista a uma criança que resiste aos estudos. “O que você quer ser
quando crescer, menino? Se não for bom aluno, vai ficar desempregado ou ganhar muito pouco!”, já ouvi uma mãe dizer ao filho, desesperada com as notas escolares do
garoto.
Mas, se a pergunta não muda, as respostas mudam, e muito. Já houve um tempo em que muitas crianças – garotas principalmente – queriam ser professoras. Meninos e
meninas pensavam em ser engenheiros, médicos, advogados, cientistas. Hoje, é difícil ouvir essas respostas.
Quais são as profissões mais atraentes para eles atualmente? Antes de olhar para tal questão, é bom lembrar que as crianças sabem pouco sobre profissões; o que elas
dizem querer é apenas um reflexo da percepção que têm a respeito do que o mundo lhes apresenta como importante e de grande reconhecimento ou remuneração.
Ser famoso e cultuado pelas mídias, se destacar na televisão ou internet e receber muito dinheiro parecem ser, hoje, os anseios de muitas delas. Cada vez mais crianças
e adolescentes afirmam que, quando crescerem, querem ser blogueiros, modelos, artistas, chefes de cozinha, jogadores de futebol, “vlogueiros” etc. Como você pode
perceber, caro leitor, são sempre atividades com grande projeção, mas que pouquíssimas pessoas conseguem alcançar. Só que isso as crianças não têm condição de
entender.
Algumas delas acham que já são grandes e têm, na internet , blogs e canais de vídeos, um bom público, composto tanto de outras crianças quanto de adultos. É fácil
entender os motivos que levam os mais jovens a serem frequentadores assíduos desses canais: estão isolados, sem espaços públicos para encontrar outras crianças e
para brincar. A internet tornou-se, portanto, esse espaço para eles. Mas e quanto aos adultos? Será que estão ali por mera curiosidade? Ainda não sabemos.
O que sabemos é que muitas dessas crianças são tratadas como celebridades, estão bastante expostas e chegam a ganhar presentes de marcas e até dinheiro – algumas
vezes, muito dinheiro – com o que chamam de “empresa”. E sempre com o apoio dos pais, é claro, porque precisam de uma grande infraestrutura para fazer o que
fazem.
Será que isso é bom para elas? Depende do ponto de vista. Para quem acredita que sucesso, popularidade e ganhos financeiros fazem bem à criança, pode ser positivo.
Mas não sabemos até quando. O sucesso e a fama são ondas que vêm e vão. Quando acabarem – e acabam! –, o que será desses meninos e meninas? Estão eles
preparados para cair e se levantar? Na minha opinião, não. Se isso já é difícil para os adultos, imagine, caro leitor, para uma criança.
Para quem preza a infância dos filhos e prioriza o aprendizado da convivência deles com outras crianças, nada disso é bom, mesmo que eles digam que querem muito
participar e que vários colegas fazem. Qual é o seu ponto de vista?
Denomina-se gravidez na adolescência a gestação ocorrida em jovens de até 21 anos que se encontram, portanto, em pleno desenvolvimento dessa fase da vida – a
adolescência. Esse tipo de gravidez em geral não foi planejada nem desejada e acontece em meio a relacionamentos sem estabilidade. No Brasil os números são
alarmantes.
Cabe destacar que a gravidez precoce não é um problema exclusivo das meninas. Não se pode esquecer que embora os rapazes não possuam as condições biológicas
necessárias para engravidar, um filho não é concebido por uma única pessoa. E se é à menina, que cabe a difícil missão de carregar no ventre, o filho, durante toda a
gestação, de enfrentar as dificuldades e dores do parto e de amamentar o rebento após o nascimento, o rapaz não pode se eximir de sua parcela de responsabilidade.
Por isso, quando uma adolescente engravida, não é apenas a sua vida que sofre mudanças. O pai, assim como as famílias de ambos, também passa pelo difícil processo
de adaptação a uma situação imprevista e inesperada.
Essa situação favoreceu o surgimento de uma geração cujos valores éticos e morais encontram-se desgastados. O excesso de informações e liberdade recebida por esses
jovens os levam à banalização de assuntos como o sexo, por exemplo. Essa liberação sexual, acompanhada de certa falta de limite e responsabilidade é um dos motivos
que favorecem a incidência de gravidez na adolescência.
Outro fator que deve ser ressaltado é o afastamento dos membros da família e a desestruturação familiar. Seja por separação, seja pelo corre-corre do dia a dia, os pais
estão cada vez mais afastados de seus filhos. Isso além de dificultar o diálogo de pais e filhos, dá ao adolescente uma liberdade sem responsabilidade. Ele passa, muitas
vezes, a não ter a quem dar satisfações de sua rotina diária, vindo a procurar os pais ou responsáveis apenas quando o problema já se instalou.
A adolescência já é uma fase complexa da vida. Além dos hormônios, que nessa etapa afloram causando as mais diversas mudanças no adolescente, outros assuntos
preocupam e permeiam as mentes dos jovens: escola, vestibular, profissão etc.
A gravidez, por sua vez, também é uma etapa complexa na vida. Ter um filho requer desejo tanto do pai quanto da mãe, mas não só isso. Atualmente, com problemas
como a instabilidade econômica e a crescente violência, são necessários, além de muita consciência e responsabilidade, um amplo planejamento. Quando isso não
acontece, a iminência de acontecerem problemas é muito grande.
A adolescência é o momento de formação escolar e de preparação para o mundo do trabalho. A ocorrência de uma gravidez nessa fase, portanto, significa o atraso ou
até mesmo a interrupção desses processos. O que pode comprometer o início da carreira ou o desenvolvimento profissional.
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03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
Questão 65: CONSULPLAN - Tec (Venda NI)/Pref VN Imigrante/Informática/2016
Assunto: Sinônimos e Antônimos
Ortorexia nervosa: o transtorno que mostra que até o saudável, em excesso, é ruim
Tudo começa com o desejo de nos sentirmos bem, comendo apenas alimentos puros, “limpos”.
Até aí, tudo bem.
Isso nos leva a dizer adeus a certos grupos de alimentos, como grãos, açúcares e produtos animais. No final, a dieta se reduz a uma quantidade tão restrita de alimentos
que acabamos ficando desnutridos. Esse transtorno tem um nome: ortorexia nervosa.
O termo foi criado em 1997 pelo médico americano Steven Bratman, aliando a palavra para “correto” ─ do grego orthos ─ com “apetite” ─ orexis ─ (de onde vem, aliás,
a palavra anorexia, ou, sem apetite, transtorno que, muitas vezes, é mascarado pela ortorexia).
Embora o objetivo do anoréxico seja perder peso, e o do ortoréxico, ficar saudável, ambos os transtornos restringem a alimentação do indivíduo, colocando sua vida em
risco.
No entanto, enquanto a anorexia é reconhecida como um mal, a ortorexia tem a desvantagem de ser uma doença “disfarçada de virtude”.
Uma dieta baseada em alimentos frescos, não industrializados, está longe de ser ruim. O problema é quando isso se torna uma obsessão.
“No final, o ortoréxico acaba passando grande parte da sua vida planejando, comprando, preparando e comendo seus pratos”, explica Bratman em seu livro Health Food
Junkies (em tradução livre, “Viciados em Comida Saudável”).
Quando escreveu a obra, no final da década de 90, Bratman se referia a hábitos alimentares de pequenos grupos de pessoas.
Quase duas décadas depois, a obsessão com a comida saudável está por toda parte, inclusive no mundo digital.
Para confirmar esse fato, basta fazer uma busca por #CleanEating no Instagram ou no Twitter.
Bratman não só deu nome ao transtorno como também foi a primeira pessoa a ser diagnosticada com ele. O médico admitiu que se deixou seduzir de tal forma pela
“alimentação virtuosa” que se negava a comer legumes mais de 15 minutos após seu cozimento.
“No entanto, a realidade me obriga a reconhecer que a distinção já não é tão clara. Me parece que uma alta porcentagem de ortoréxicos hoje em dia se foca em perder
peso.”
“Como deixou de ser aceitável que uma pessoa magra conte as calorias que consome, muitas pessoas que seriam diagnosticadas como anoréxicas falam em ‘comer de
maneira saudável’, o que, por coincidência, implica em escolher apenas alimentos com baixo teor calórico.”
“Esses pratos inspirados pelo Instagram, com umas folhas de espinafre, uns grãos de quinoa ─ que estão muito na moda, algumas sementes de romã ─ que são lindas ─
são muito bonitos, mas não têm nutrientes suficientes”, disse à BBC Miguel Toribio-Mateas, nutricionista e especialista em neurociência clínica.
“Você termina com uma comida que te dá 200 calorias, o que não é nada em termos energéticos, e sem proteínas.
Está tudo bem se você tem vontade (de comer assim um dia ou outro), mas se você se recusa a comer o resto da comida normal porque acha que ela é suja ou algo que
você não pode jamais colocar na sua vida porque vai te fazer mal, há um problema”, acrescenta o especialista.
E se o termo “comida normal” deixa você confuso, o nutricionista faz alusão, por exemplo, a um prato de “peixe com batatas”.
Hoje em dia, há tamanha avalanche de conselhos sobre nutrição e saúde na internet e na mídia que fica difícil ignorá-los e lidar com eles.
“O açúcar, nesse momento, é o demônio. Porque se você o consome com muita frequência, no mínimo ganha um pouco de peso. E se (faz isso) descontroladamente,
pode desenvolver diabetes (do tipo) 2. Mas de vez em quando, ter a flexibilidade mental para poder decidir, ‘hoje vou comer um chocolate’, é importante. E isso é
impossível para os anoréxicos”, disse Toribio-Mateas.
Além do problema de ser aceita socialmente, a ortorexia também é tida como doença “do primeiro mundo”, ou “das classes privilegiadas” ─ o que não está de todo
errado, disse o nutricionista.
“Se você tem de contar o dinheiro antes de ir às compras, não vai pagar o que cobram pelos alimentos que estão na moda e são tidos como ‘limpos’.”
E acrescentou: “Não é que a romã não seja deliciosa. Mas se você pretende viver dela e de outros poucos produtos sobre os quais você leu que possuem alto teor de
antioxidantes e nada mais, essa não é uma decisão racional”.
Toribio-Mateas disse que a maioria dos seus pacientes é mulher. Segundo ele, elas vêm procurar conselhos para uma dieta “perfeita”. Ou são arrastadas à clínica pelos
familiares ─ já que elas próprias estão convencidas de que não há nada de errado.
“É difícil tratá-las, até porque são muito bem informadas”, explicou. “Tenho uma paciente que só come legumes fervidos ou grelhados. Rejeita a carne por causa dos
hormônios, rejeita os ovos porque acha que têm gordura demais, só consome uma quantidade mínima de óleo de coco ─ porque está convencida de que ele ajuda a
queimar gordura.”
“Há mitos que são mais fáceis de derrubar, mas como dizer a alguém que não coma tantos legumes?”, perguntou.
“Tenho de convencê-la a introduzir (em sua dieta) outros alimentos que, segundo exames clínicos, estão faltando no seu organismo.”
Finalmente, a ortorexia não implica apenas em uma redução nas opções alimentares do paciente.
“Os ortoréxicos não podem ir a um restaurante ou bar porque não sabem o que está sendo servido. E não podem ir comer na casa de amigos, a não ser que eles
também sejam ortoréxicos”, concluiu Toribio-Mateas
.
A paixão terminou, o amor é uma lembrança irresgatável, mas ainda há tanta presença e ternura...
Abraços podem durar um tempo enorme. A gente se inclina na direção do outro, cheio de sentimentos conturbados, e ele nos segura com força, como se tentasse
comunicar alguma coisa. É possível sentir um coração batendo contra o outro, perceber no peito a outra respiração. Tantas coisas estão contidas nesse gesto, tanta
ternura, tanta dúvida. Amor. Quando o abraço se desfaz, fica um sorriso indeciso, uma expressão incompleta nos olhos, o movimento de um corpo que se afasta e parece
dizer adeus.
Como todo mundo, tenho sentimentos ambivalentes sobre relacionamentos que acabam. São momentos tristes, terrivelmente tristes. Mas, ao fim e ao cabo, inevitáveis.
A gente não pode passar a vida preso a coisas que já não respiram. Mesmo cheios de dúvidas e ainda repletos de carinho, em algum momento é preciso romper, andar,
recomeçar. O abraço que não quer terminar é lindo, mas abre uma porta para lugar nenhum. É necessário sair dele para ser de novo uma pessoa inteira – e ter a chance,
adiante, de estar inteiro em outro abraço.
Esses momentos de ruptura são essenciais em nossa vida. As separações, assim como os encontros, nos definem – inclusive por que costumam levar um tempo enorme.
A gente passa um ano juntos, apaixonados, e podemos levar o dobro nos separando de verdade, fazendo a ruptura das almas. Separar dois corpos é fácil, mas como se
faz para tirar o outro de dentro de si?
Com todos os problemas e dificuldades, gosto de pensar nesse período de sentimentos estendidos como o tempo da delicadeza. (Obrigado, Chico Buarque, por esta e
tantas outras coisas.) A paixão terminou, o amor é uma lembrança irresgatável, mas ainda há presença e ternura. Enormes. A raiva ficou para trás. A frustração gastou-
se. O ciúme raspa as unhas nas paredes do porão, lá embaixo, mas a cada dia incomoda menos. Os sentimentos dolorosos – quase todos – deram lugar a uma sensação
agridoce de cumplicidade. Ainda não é possível desejar que ela ou ele seja feliz em outra companhia, mas esse dia chegará, um dia.
Acredito – enfim – que é possível deixar de amar amando. O afastamento pode ser feito com ódio, mas fica uma ferida imensa, dura de cicatrizar. Podemos cortar as
pontes repentinamente, com medo de um sofrimento duradouro, mas isso vai nos assombrar no futuro, na hora de amar de novo. Enfim, há diferentes maneiras de
deixar de amar. Eu acho possível – e louvável – sair da intimidade do outro com um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos. Sair, mas ficar feliz em vê-lo, contente de
ouvi-la, ainda ter vontade de contar a essa pessoa que nos conhece tão bem tudo que aconteceu na semana passada, mas escolhendo não contar – por pudor, e porque,
afinal, já não cabe.
Sou capaz de antecipar o olhar de descrédito do leitor e da leitora. Não é assim que funciona, ele ou ela dirá. Se os sentimentos são bons, as pessoas não se separam.
Mas isso não é verdade. As pessoas rompem cheias de bons sentimentos, transbordando deles, a ponto de não saber o que fazer com tudo aquilo. Exceto as exceções,
exceto os traumas e barbaridades, a gente não deixa de querer de uma hora para outra. A paixão acaba, é certo. O amor, aquele de querer ficar colado para sempre,
também acaba. Mas há sentimentos lindos que ainda ligam ex-casais. Tão lindos que entalam na garganta, que temos vontade de abraçar e não largar. Lembra?
Pois então, respeitemos os nossos sentimentos delicados. As relações terminam, mas isso não é o fim dos afetos. Não há que ter vergonha de gostar da ex que você
mesmo deixou, não há problema em pensar com carinho (e sem raiva) naquele desgraçado que não quis continuar. Dentro de nós há tanta coisa ruim que não
deveríamos resistir quando se manifesta uma doçura. Melhor abraçá-la bem forte, acolhê-la como um amor que estivesse de volta. Apenas para uma visita, mas, ainda
assim, bem-vindo.
O coronel, que então morava já na cidade, tinha um compadre sitiante que ele estimava muito. Quando um filho do compadre Zeferino ficava doente, ia para a casa do
coronel, ficava morando ali até ficar bom, o coronel é que arranjava médico, remédio, tudo.
Quase todos os meses o compadre pobre mandava um caixote de ovos para o coronel. Seu sítio era retirado umas duas léguas de uma estaçãozinha da Leopoldina, e
compadre Zeferino despachava o caixote de ovos de lá, frete a pagar. Sempre escrevia no caixote: CUIDADO É OVOS – e cada ovo era enrolado em sua palha de milho
com todo cuidado para não se quebrar na viagem. Mas, que o quê: a maior parte quebrava com os solavancos do trem.
Os meninos filhos do coronel morriam de rir abrindo o caixote de presente do compadre Zeferino; a mulher dele abanava a cabeça como quem diz: qual... Os meninos,
com as mãos lambuzadas de clara e gema, iam separando os ovos bons. O coronel, na cadeira de balanço, ficava sério; mas, reparando bem, a gente via que ele às
vezes sorria das risadas dos meninos e das bobagens que eles diziam: por exemplo, um gritava para o outro – “cuidado, é ovos”!
– Quantos salvaram?
Os meninos diziam. Então ele se voltava para a mulher: “Mulher, a quanto está a dúzia de ovos aqui no Cachoeiro?”
A mulher dizia. Então ele fazia um cálculo do frete que pagara, mais do carreto da estação até a casa e coçava a cabeça com um ar engraçado:
– Até que os ovos do compadre Zeferino não estão me saindo muito caros desta vez. [...]
(BRAGA, R. O Compadre Pobre. In. BRAGA, R. 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 2013. Fragmento.)
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Em “O coronel, que então morava já na cidade, tinha um compadre sitiante que ele estimava muito.”, o termo destacado poderia ser substituído, sem que houvesse
perda relevante de sentido por, EXCETO:
a) Prezava.
b) Apreciava.
c) Valorizava.
d) Empertigava.
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Eu vinha voltando para casa, dentro da noite de Londres. Uma noite fria, nevoenta, silenciosa – uma noite de Londres. Noite de inverno que começa às quatro horas da
tarde e termina às oito da manhã. Noite de navio perdido em alto-mar, de cemitério, de charneca, de fim de ano, de morro dos ventos uivantes. Noite de vampiros, de
lobisomens, de fantasmas, de assassinos, de Jack, o Estripador. Eu vinha vindo e apressava o passo, querendo chegar depressa, antes que aquela noite tão densa me
dissolvesse para sempre em suas sombras. De espaço a espaço, a luz amarelo-âmbar dos postes pontilhava a rua com seu pequeno foco, como olhos de pantera a
seguir-me os passos na escuridão.
Os meus olhos a fitavam, assombrados, e eu não podia acreditar no que eles viam. Quadrada como uma janelinha aberta no céu. Mas amarela como todas as luas do
mundo, flutuando na noite, plena de luz, solitária e bela.
As luas de Londres... Ah, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira! A lua de Londres era quadrada!
Pensei estar sonhando e baixei os olhos humildemente, indigno de merecê-la, tendo bebido mais do que imaginava. Entrei em casa bêbado de lua e fui refugiar-me em
meu quarto, refeito já do estranho delírio, no ambiente cálido e acolhedor do meu tugúrio, cercado de objetos familiares.
Mas foi só chegar à janela, e lá estava ela, dependurada no céu em desafio: uma lua deslumbrante que a neblina não conseguia ofuscar, cubo de luz suspenso no
espaço, de contornos precisos, nítido em seus ângulos retos, a desafiar-me com seu mistério. A lua quadrada de Londres!
Evitei olhá-la outra vez, para não sucumbir ao seu fascínio. Corri as cortinas e fui dormir sob seus eflúvios – enigma imemorial a zombar de todas as astronomias através
dos séculos, da mais remota antiguidade aos nossos dias, e oferecendo unicamente a mim a sua verdadeira face. É possível que um sábio egípcio, há cinco mil anos, do
alto de uma pirâmide, a tenha vislumbrado uma noite e tentado perquirir o seu segredo. É possível que em Babilônia um cortesão de Nabucodonosor se tenha enamorado
perdidamente de uma princesa, na moldura quadrada de seus raios. É possível que na China de Confúcio um mandarim se tenha curvado reverente no jardim, entre
papoulas, sob o império de seu brilho retilíneo. É possível que na África, numa clareira das selvas, um feiticeiro da tribo lhe tenha oferecido em holocausto a carcaça
sangrenta de um antílope. É possível que nos mares gelados do Norte um viking
tenha há 12 séculos levantado os olhos sob o elmo de chifres, e contemplado aquela
surpreendente forma geométrica, procurando orientar por ela o seu bergantim. É possível que na Idade Média um alquimista tenha aumentado, sob a influência de sua
radiância quadrangular, o efeito milagroso de um elixir da longa vida. É possível que, no longo dos anos, mais de uma donzela haja estremecido em sonhos ao receber no
corpo a carícia estranhamente angulosa do luar. Mas, nos dias de hoje, somente a mim a lua se oferecia em toda a sua nudez quadrada. Dormi sorrindo, ao pensar que
os astronautas modernos se preparam para ir à Lua em breve – sem ao menos desconfiar que ela não é redonda, mas quadrada como uma janela aberta no cosmo –
verdade celestial que só um noctívago em Londres fora capaz de merecer.
Lembro-me de uma história – história que inventei, mas que nem por isso deixa de ser verdadeira. Era um marinheiro dinamarquês, de um cargueiro atracado no porto
do Rio de Janeiro por uma noite apenas. Saíra pela cidade desconhecida, de bar em bar, e vinha voltando solitário e bêbado pela madrugada, quando se deu o milagre:
nas sujas águas do canal do Mangue, viu refletida uma claridade difusa – ergueu os olhos e viu que as nuvens se haviam rasgado no céu, e o Cristo surgira para ele, de
braços abertos, em todo o seu divino esplendor. Fulminado pela visão, caiu de joelhos e chorou de arrependimento pela vida de pecado e impenitência que levara até
então. De volta à sua terra, converteu-se, tornou-se místico, acabou num convento. E anos mais tarde, depois de uma vida inteira dedicada a Deus, o monge recebe a
visita de um brasileiro. Aquele homem era da cidade em que se dera o milagre da sua conversão.
Não diz a história se o religioso deixou de sê-lo, por causa da prosaica revelação. Não diz, porque me eximo de acrescentar que, na realidade, depois de viver tanto
tempo uma crença construída sobre o equívoco, este equívoco passava a ser mesmo um milagre, como tudo mais nesta vida.
O milagre da lua quadrada de Londres não me foi desfeito por nenhum londrino descrente do surrealismo astronômico nos céus britânicos. Bastou olhar de manhã pela
janela e pude ver, recortado contra o céu, o gigantesco guindaste no cume de uma construção, e numa das pontas da armação de aço atravessada no ar, junto ao
contrapeso, o quadrado de vidro que à noite se acende. A minha lua quadrada de Londres.
Quadrado que talvez simbolize todo um sistema de vida, mais do que anuncia a pequena palavra Laig nele escrita, marca de fabricação do guindaste. De qualquer
maneira, os ingleses ganharam, pelo menos na minha imaginação, o emblema do seu modo de ser, impresso nessa visão de uma noite, que foi a lua quadrada de
Londres.
(SABINO, Fernando, 1923-2004 – As melhores crônicas – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010. 224 p.)
Em relação ao significado das palavras destacadas e vocábulos entre parênteses, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
a) F, V, F, V, F.
b) F, V, V, V, F.
c) V, F, V, F, V.
d) V, F, F, V, F.
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Assunto: Sinônimos e Antônimos
A lua quadrada de Londres
Eu vinha voltando para casa, dentro da noite de Londres. Uma noite fria, nevoenta, silenciosa – uma noite de Londres. Noite de inverno que começa às quatro horas da
tarde e termina às oito da manhã. Noite de navio perdido em alto-mar, de cemitério, de charneca, de fim de ano, de morro dos ventos uivantes. Noite de vampiros, de
lobisomens, de fantasmas, de assassinos, de Jack, o Estripador. Eu vinha vindo e apressava o passo, querendo chegar depressa, antes que aquela noite tão densa me
dissolvesse para sempre em suas sombras. De espaço a espaço, a luz amarelo-âmbar dos postes pontilhava a rua com seu pequeno foco, como olhos de pantera a
seguir-me os passos na escuridão.
Os meus olhos a fitavam, assombrados, e eu não podia acreditar no que eles viam. Quadrada como uma janelinha aberta no céu. Mas amarela como todas as luas do
mundo, flutuando na noite, plena de luz, solitária e bela.
As luas de Londres... Ah, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira! A lua de Londres era quadrada!
Pensei estar sonhando e baixei os olhos humildemente, indigno de merecê-la, tendo bebido mais do que imaginava. Entrei em casa bêbado de lua e fui refugiar-me em
meu quarto, refeito já do estranho delírio, no ambiente cálido e acolhedor do meu tugúrio, cercado de objetos familiares.
Mas foi só chegar à janela, e lá estava ela, dependurada no céu em desafio: uma lua deslumbrante que a neblina não conseguia ofuscar, cubo de luz suspenso no
espaço, de contornos precisos, nítido em seus ângulos retos, a desafiar-me com seu mistério. A lua quadrada de Londres!
Evitei olhá-la outra vez, para não sucumbir ao seu fascínio. Corri as cortinas e fui dormir sob seus eflúvios – enigma imemorial a zombar de todas as astronomias através
dos séculos, da mais remota antiguidade aos nossos dias, e oferecendo unicamente a mim a sua verdadeira face. É possível que um sábio egípcio, há cinco mil anos, do
alto de uma pirâmide, a tenha vislumbrado uma noite e tentado perquirir o seu segredo. É possível que em Babilônia um cortesão de Nabucodonosor se tenha enamorado
perdidamente de uma princesa, na moldura quadrada de seus raios. É possível que na China de Confúcio um mandarim se tenha curvado reverente no jardim, entre
papoulas, sob o império de seu brilho retilíneo. É possível que na África, numa clareira das selvas, um feiticeiro da tribo lhe tenha oferecido em holocausto a carcaça
sangrenta de um antílope. É possível que nos mares gelados do Norte um viking tenha há 12 séculos levantado os olhos sob o elmo de chifres, e contemplado aquela
surpreendente forma geométrica, procurando orientar por ela o seu bergantim. É possível que na Idade Média um alquimista tenha aumentado, sob a influência de sua
radiância quadrangular, o efeito milagroso de um elixir da longa vida. É possível que, no longo dos anos, mais de uma donzela haja estremecido em sonhos ao receber no
corpo a carícia estranhamente angulosa do luar. Mas, nos dias de hoje, somente a mim a lua se oferecia em toda a sua nudez quadrada. Dormi sorrindo, ao pensar que
os astronautas modernos se preparam para ir à Lua em breve – sem ao menos desconfiar que ela não é redonda, mas quadrada como uma janela aberta no cosmo –
verdade celestial que só um noctívago em Londres fora capaz de merecer.
Lembro-me de uma história – história que inventei, mas que nem por isso deixa de ser verdadeira. Era um marinheiro dinamarquês, de um cargueiro atracado no porto
do Rio de Janeiro por uma noite apenas. Saíra pela cidade desconhecida, de bar em bar, e vinha voltando solitário e bêbado pela madrugada, quando se deu o milagre:
nas sujas águas do canal do Mangue, viu refletida uma claridade difusa – ergueu os olhos e viu que as nuvens se haviam rasgado no céu, e o Cristo surgira para ele, de
braços abertos, em todo o seu divino esplendor. Fulminado pela visão, caiu de joelhos e chorou de arrependimento pela vida de pecado e impenitência que levara até
então. De volta à sua terra, converteu-se, tornou-se místico, acabou num convento. E anos mais tarde, depois de uma vida inteira dedicada a Deus, o monge recebe a
visita de um brasileiro. Aquele homem era da cidade em que se dera o milagre da sua conversão.
Não diz a história se o religioso deixou de sê-lo, por causa da prosaica revelação. Não diz, porque me eximo de acrescentar que, na realidade, depois de viver tanto
tempo uma crença construída sobre o equívoco, este equívoco passava a ser mesmo um milagre, como tudo mais nesta vida.
O milagre da lua quadrada de Londres não me foi desfeito por nenhum londrino descrente do surrealismo astronômico nos céus britânicos. Bastou olhar de manhã pela
janela e pude ver, recortado contra o céu, o gigantesco guindaste no cume de uma construção, e numa das pontas da armação de aço atravessada no ar, junto ao
contrapeso, o quadrado de vidro que à noite se acende. A minha lua quadrada de Londres.
Quadrado que talvez simbolize todo um sistema de vida, mais do que anuncia a pequena palavra Laig nele escrita, marca de fabricação do guindaste. De qualquer
maneira, os ingleses ganharam, pelo menos na minha imaginação, o emblema do seu modo de ser, impresso nessa visão de uma noite, que foi a lua quadrada de
Londres.
(SABINO, Fernando, 1923-2004 – As melhores crônicas – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010. 224 p.)
“Não diz a história se o religioso deixou de sê-lo, por causa da prosaica revelação.”. A palavra que possui o sentido oposto de “prosaica” é
a) chula.
b) vulgar.
c) notável.
d) corriqueira.
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Quer falemos de uma flor ou de um carvalho, de uma minhoca ou de um belo pássaro, de uma maçã ou de uma pessoa, creio que estaremos certos ao reconhecermos
que a vida é um processo ativo, e não passivo. Pouco importa que o estímulo venha de dentro ou de fora, pouco importa que o ambiente seja favorável ou desfavorável.
Em qualquer uma dessas condições, os comportamentos de um organismo estarão voltados para a sua manutenção, seu crescimento e sua reprodução. Essa é a própria
natureza do processo a que chamamos vida. Esta tendência está em ação em todas as ocasiões. Na verdade, somente a presença ou ausência desse processo direcional
total permite-nos dizer se um dado organismo está vivo ou morto.
A tendência realizadora pode, evidentemente, ser frustrada ou desvirtuada, mas não pode ser destruída sem que se destrua também o organismo. Lembro-me de um
episódio da minha meninice, que ilustra essa tendência. A caixa em que armazenávamos nosso suprimento de batatas para o inverno era guardada no porão, vários pés
abaixo de uma pequena janela. As condições eram desfavoráveis, mas as batatas começavam a germinar – eram brotos pálidos e brancos, tão diferentes dos rebentos
verdes e sadios que as batatas produziam quando plantadas na terra, durante a primavera. Mas esses brotos tristes e esguios cresceram dois ou três pés em busca da luz
distante da janela. Em seu crescimento bizarro e vão, esses brotos eram uma expressão desesperada da tendência direcional de que estou falando. Nunca seriam plantas,
nunca amadureceriam, nunca realizariam seu verdadeiro potencial. Mas sob as mais adversas circunstâncias, estavam tentando ser uma planta.
A vida não entregaria os pontos, mesmo que não pudesse florescer. Ao lidar com clientes cujas vidas foram terrivelmente desvirtuadas, ao trabalhar com homens e
mulheres nas salas de fundo dos hospitais do Estado, sempre penso nesses brotos de batatas. As condições em que se desenvolveram essas pessoas têm sido tão
desfavoráveis que suas vidas quase sempre parecem anormais, distorcidas, pouco humanas. E, no entanto, pode-se confiar que a tendência realizadora está presente
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nessas pessoas. A chave para entender seu comportamento é a luta em que se empenham para crescer e ser, utilizando-se dos recursos que acreditam ser os
disponíveis. Para as pessoas saudáveis, os resultados podem parecer bizarros e inúteis, mas são uma tentativa desesperada da vida para existir. Esta tendência
construtiva e poderosa é o alicerce da abordagem centrada na pessoa.
Toda sociedade grande e complexa tem, na verdade, duas qualidades: é muito firme e muito elástica. Em seu interior, constantemente se abre um espaço para as
decisões individuais. Apresentam-se oportunidades que podem ser aproveitadas ou perdidas. Aparecem encruzilhadas em que as pessoas têm de fazer escolhas, e de
suas escolhas, conforme sua posição social, pode depender seu destino pessoal imediato, ou o de uma família inteira, ou ainda, em certas situações, de nações inteiras
ou de grupos dentro delas. Pode depender de suas escolhas que a resoluçãocompleta das tensões existentes ocorra na geração atual ou somente na seguinte. Delas pode
depender a determinação de qual das pessoas ou grupos em confronto, dentro de um sistema particular de tensões, se tornará o executor das transformações para as
quais as tensões estão impelindo, e de que lado e em que lugar se localizarão os centros das novas formas de integração rumo às quais se deslocam as mais antigas, em
virtude, sempre, de suas tensões. Mas as oportunidades entre as quais a pessoa assim se vê forçada a optar não são, em si mesmas, criadas por essa pessoa. São
prescritas e limitadas pela estrutura específica de sua sociedade e pela natureza das funções que as pessoas exercem dentro dela. E, seja qual for a oportunidade que ela
aproveite, seu ato se entremeará com os de outras pessoas; desencadeará outras sequências de ações, cuja direção e resultado provisório não dependerão desse
indivíduo, mas da distribuição do poder e da estrutura das tensões em toda essa rede humana móvel.
(ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.)
Para que um termo ou expressão tenha um efeito conotativo, é necessário considerar o contexto no qual estão inseridos assim como as combinações utilizadas. Partindo
de tal pressuposto, é possível reconhecer a ocorrência de tal efeito no trecho a seguir selecionado.
A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não
sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o
mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que
nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada ___ criar _____ partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração
que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo
reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que
tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se
traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é
construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não
conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje.
Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos
sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem
reciprocidade.
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma
ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi
aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam
assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as
dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado
caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
(Eliane Brum. Disponível em: http://www.portalraizes.com/28-2/. Fragmento.)
No título do texto, a autora utiliza palavras que são formadas a partir de um mesmo radical “despreparo” e “preparada”. O prefixo empregado em uma delas possui o
mesmo sentido expresso pelo destacado em:
a) ateu, inativo.
b) decair, decrescer.
c) aversão, amovível.
d) adventício, contrasselar.
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Questão 73: CONSULPLAN - AJ TRF2/TRF 2/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017
Assunto: Outras questões de semântica
Onde o Direito e a Literatura se encontram
“Porque esse é o meu nome! Porque não posso ter outro em minha vida! Porque estaria mentindo e assinando mentiras. Porque não valho a poeira dos pés daqueles que
mandou enforcar! Eu já dei a minha alma ao Senhor, deixe-me ficar com meu nome!”. A citação acima foi retirada da obra As Bruxas de Salém, de Arthur Miller, que
também foi tema de filme, lançado em 1996. O trecho em questão, porém, também foi utilizado como argumentação em uma decisão judicial a favor da autora que
reclamava de atentado à honra.
A argumentação não só mostra como a Literatura ajuda a fundamentar a realidade, mas como o próprio Direito se utiliza dessa ferramenta para interpretar a sociedade.
Essa relação entre Direito e Literatura pode ser analisada de três formas: o Direito na Literatura; o Direito da Literatura, que trata dos direitos do autor ou de uma obra e
de temas relacionados, como a liberdade de expressão; e, ainda, a utilização de práticas da crítica literária para compreender e avaliar os direitos, as instituições e
procedimentos judiciais, o que seria o Direito como Literatura.
Esta última relação do Direito com a Literatura, como explica Vera Karam, professora da disciplina de Direito e Literatura da Faculdade de Direito da Universidade Federal
do Paraná (UFPR), é o estudo de temas jurídicos – e da própria realidade em que estão inseridos – com a ajuda das obras literárias. “A Literatura surge como uma
metáfora que o direito usa para tentar articular uma boa solução para aquilo que é chamado a responder”, explica. [...]
“O aplicador do direito é constantemente demandado a dar respostas a conflitos concretos e diversos, e a Literatura justamente abre um espaço de reflexão e de ação
mais crítico, porque é mais sensível às especificidades do humano”, aponta Vera.
“A Literatura amplia os horizontes, já que possibilita ao leitor experimentar, de um modo seguro, situações que ele provavelmente jamais viveria. A boa literatura estimula
a reflexão e desperta o senso crítico”, complementa Lenio Streck, procurador de Justiça do Rio Grande do Sul e professor de Pós-Graduação em Direito na Unisinos-RS.
Para Vera, além de trazer novas perspectivas aos operadores do Direito, a Literatura antecipa temas relacionados ao universo jurídico. “A ficção literária tem essa riqueza,
essa sutileza, essa sensibilidade que permite que o Direito às vezes fique até mais bem preparado para o enfrentamento de conflitos que seriam inimagináveis fora da
ficção”, diz.
A linguagem, que no Direito encontra suas especificidades e na Literatura é registrada de maneira mais diversa e livre, também é apontada pelos especialistas como um
ponto-chave da interpretação jurídica por meio das obras. “Olhando a operacionalidade, a realidade não nos toca, as ficções, sim. Com isso, confundimos as ficções da
realidade com a realidade das ficções. Ficamos endurecidos. A Literatura pode ser mais do que isso. Faltam grandes narrativas no Direito, e a Literatura pode humanizá-
Streck.
lo”, finaliza
a) “e da própria realidade em que estão inseridos [...]” = e do subsistente realismo no qual colocam-se.
b) “se utiliza dessa ferramenta para interpretar a sociedade.” = vale-se de tal disjuntivo com o fim de decifrar o social.
c) “situações que ele provavelmente jamais viveria.” (5º§) = circunstâncias as quais, de modo plausível, jamais vivenciaria.
d) “demandado a dar respostas a conflitos concretos e diversos, [...]” = subversões múltiplas e reais demandadas a proferir ponderações.
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(Gregório Duvivier.)
O tempo pro brasileiro é tão fluido que a gente inventou a expressão “hora no relógio” – na Bahia, diz-se “hora de relógio”. Nesse momento um suíço ou um inglês tem
uma síncope. “Existe alguma hora que não seja de relógio?”
Caro amigo, existe uma imensa variedade de horas. Na expressão “espera só meia horinha”, “meia horinha” costuma demorar duas horas de relógio, enquanto na frase
“tô te esperando há horas”, “horas” pode significar só “meia horinha” de relógio. Por isso a importância da expressão “de relógio”: na hora do relógio, cada um dos
minutos dura estranhos 60 segundos de relógio – não confundir, claro, com os segundinhos e os minutinhos, que podem durar horas de relógio. “O senhor tem cinco
minutinhos?” “Tenho – mas no relógio só tenho uns dois”.
Sim, o diminutivo muda tudo. Quando se marca “de manhãzinha”, é no início da manhã, de oito às dez, mas se por acaso marcarem “de tardinha”, estarão se referindo
ao fim da tarde, de cinco às sete. Nada é tão simples: de noitinha volta a ser no início da noite, tornando tardinha e noitinha conceitos intercambiáveis. Que cara é essa,
amigo saxão? Você mede comprimento com pés e polegadas.
Não pense que para por aí: tem surgido, cada vez mais frequente, o diminutivo do gerúndio. Ouvi de uma amiga: “outro dia te vi todo correndinho na Lagoa”. Nada mais
ridículo do que achar que se estava correndo e descobrir que só se estava correndinho. Esse é o meu problema com esportes: só chego nos diminutivos. Não chego a me
exercitar, só fico me exercitandinho. Antes disso, fico alongandinho. E depois reclamandinho. Diz-se de um casal que começa a namorar que ambos estão namorandinho
– no entanto, não se diz que um homem que começa a morrer já está morrendinho.
O diminutivo costuma recair sobre coisas pelas quais a gente tem ao menos um pouco de carinho. Por isso pode-se dizer criancinha, velhinho, mas jamais
“adolescentezinho”. Pode-se dizer gatinho, cachorrinho, mas jamais “atendentinho de telemarketing
”. A não ser, claro, no seu uso irônico: se te chamarem de
“queridinho”, querem é que você exploda.
Foi o Ricardo Araújo Pereira quem atentou para o fato de que pomos o diminutivo em advérbios. “É devagar, é devagar, devagarinho”, diz o poeta Martinho – que
carrega o diminutivo no nome. Deve ser coisa nossa, pensei, orgulhoso, até ouvir “despacito”, o “devagarinho” deles. Estranhamente, o vocalista fala mil palavras por
minuto – de relógio. Prefiro o Martinho.
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Questão 75: CONSULPLAN - Estag (TJ MG)/TJ MG/Serviço Social/2016
Assunto: Outras questões de semântica
Texto I para responder à questão.
Ninguém pode negar o conflito como parte fundamental do fenômeno político. Só existe política porque existem diferenças, discordâncias, visões de mundo que se
distanciam, ideologias, lutas por direitos, por hegemonia. Isso quer dizer que no cerne do fenômeno político está a democracia como um desejo de participação que
implica as tenções próprias à diferença que busca um lugar no contexto social. [...]
Esse texto não tem por finalidade tratar da importância do conflito ou da crítica, mas analisar um fenômeno que surgiu, e se potencializou, na era das redes sociais: a
“militância de tribunal”. Essa prática é apresentada como manifestação de ativismo político, mas se reduz ao ato de proferir julgamentos, todos de natureza condenatória,
contra seus adiversários e, muitas vezes, em desfavor dos próprios parceiros de projeto político. São típicos julgamentos de excessão, nos quais a figura do acusador e do
julgador se confundem, não existe uma acusação bem delimitada, nem a oportunidade do acusado se defender. Nesses julgamentos, que muito revela do “militante de
tribunal”, os eventuais erros do “acusado”, por um lado, são potencializados, sem qualquer compromisso com a facticidade; por outro, perdem importância para a
hipótese previamente formulada pelo acusador-julgador, a partir de preconceitos, perversões, ressentimentos, inveja e, sobretudo, ódio.
Ódio direcionado ao inimigo, aquele com o qual o “acusador-julgador” não se identifica e, por essa razão, nega a possibilidade de dialogar e, o que tem se tornado cada
vez mais frequente, o ódio relacionado ao próximo, aquele que é, ou deveria ser, um aliado nas trincheiras políticas. Ódio que nasce daquilo que Freud chamou de
“narcisismo das pequenas diferenças”. Ódio ao semelhante, aquele que admiramos, do qual somos “parceiros”, ao qual, contudo, dedicamos nosso ódio sempre que ele
não faz exatamente aquilo que deveria – ou o que nós acreditamos que deveria – fazer.
Exemplos não faltam. Pense-se na militante feminista que gasta mais tempo a “condenar” outras mulheres, a julgar outros “feminismos”, do que no enfrentamento
concreto à dominação masculina. A Internet está cheia de exemplos de especialistas em julgamento e condenação. A caça por sucesso naquilo que imaginam ser o
“clubinho das feministas” (por muitas que se dizem feministas enquanto realizam o feminismo como uma mera moral) tem algo da antiga caça às bruxas que regozija até
hoje o machismo estrutural. Nunca se verá a “militante de tribunal feminista” em atitude isenta elogiando a postura correta, mas sempre espetacularizando a postura
“errada” daquela que deseja condenar. Muitas constroem seus nomes virtuais, seu capital político, aquilo que imaginam ser um verdadeiro protagonismo feminista, no
meio dessas pequenas guerras e linchamentos virtuais nas quais se consideram vencedoras pela gritaria. Há, infelizmente, feministas que se perdem, esvaziam o
feminismo e servem de espetáculo àqueles que adoram odiar o feminismo. [...] Apoio mesmo, concreto, às grandes lutas do feminismo, isso não, pois não é tão fácil nem
deve dar tanto prazer quanto a condenação no tribunal virtual montado em sua própria casa. [...]
(Marcia Tiburi e Rubens Casara. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2016/01/odio-ao-semelhante-sobre-a-militanciadetribunal/.Publicado dia: 10/01/2016. Adaptado.)
No 4º§ do texto, considerando-se o contexto apresentado, as aspas são empregadas em “condenar” e “feminismos” com o propósito de
a) atribuir sentido particular.
b) indicar o uso de arcaísmos.
c) delimitar trecho citado textualmente.
d) ressaltar tais vocábulos dentro do contexto.
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A fatídica pergunta “O que você quer ser quando crescer?”, feita para crianças já no final da infância ou até antes, é clássica e não muda. Algumas vezes, ela expressa
apenas uma brincadeira, para que os pais se orgulhem da resposta que o filho dará e que os pais já sabiam que ele daria. Outras vezes, representa o anseio deles para
oferecer ao filho um objetivo maior para a sua vida. E algumas vezes não passa de uma lição moralista a uma criança que resiste aos estudos. “O que você quer ser
quando crescer, menino? Se não for bom aluno, vai ficar desempregado ou ganhar muito pouco!”, já ouvi uma mãe dizer ao filho, desesperada com as notas escolares do
garoto.
Mas, se a pergunta não muda, as respostas mudam, e muito. Já houve um tempo em que muitas crianças – garotas principalmente – queriam ser professoras. Meninos e
meninas pensavam em ser engenheiros, médicos, advogados, cientistas. Hoje, é difícil ouvir essas respostas.
Quais são as profissões mais atraentes para eles atualmente? Antes de olhar para tal questão, é bom lembrar que as crianças sabem pouco sobre profissões; o que elas
dizem querer é apenas um reflexo da percepção que têm a respeito do que o mundo lhes apresenta como importante e de grande reconhecimento ou remuneração.
Ser famoso e cultuado pelas mídias, se destacar na televisão ou internet e receber muito dinheiro parecem ser, hoje, os anseios de muitas delas. Cada vez mais crianças
e adolescentes afirmam que, quando crescerem, querem ser blogueiros, modelos, artistas, chefes de cozinha, jogadores de futebol, “vlogueiros” etc. Como você pode
perceber, caro leitor, são sempre atividades com grande projeção, mas que pouquíssimas pessoas conseguem alcançar. Só que isso as crianças não têm condição de
entender.
O que sabemos é que muitas dessas crianças são tratadas como celebridades, estão bastante expostas e chegam a ganhar presentes de marcas e até dinheiro – algumas
vezes, muito dinheiro – com o que chamam de “empresa”. E sempre com o apoio dos pais, é claro, porque precisam de uma grande infraestrutura para fazer o que
fazem.
Será que isso é bom para elas? Depende do ponto de vista. Para quem acredita que sucesso, popularidade e ganhos financeiros fazem bem à criança, pode ser positivo.
Mas não sabemos até quando. O sucesso e a fama são ondas que vêm e vão. Quando acabarem – e acabam! –, o que será desses meninos e meninas? Estão eles
preparados para cair e se levantar? Na minha opinião, não. Se isso já é difícil para os adultos, imagine, caro leitor, para uma criança.
Para quem preza a infância dos filhos e prioriza o aprendizado da convivência deles com outras crianças, nada disso é bom, mesmo que eles digam que querem muito
participar e que vários colegas fazem. Qual é o seu ponto de vista?
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d) anunciar uma informação que se opõe à anterior.
e) indicar as causas de um resultado anunciando anteriormente.
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Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a
água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou
de alegria tem o sabor dos oceanos.
A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos.
Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.
Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da
natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não
podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que
através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente.
Somos parte dele e ele de nós.
Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por
acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se
sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.
Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar
para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos
trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na
velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heroico.
Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com
que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as
grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.
(TRIGUEIRO, André. Intimidade ecológica. Mundo Sustentável, 10 jun. 2003. Disponível em: http://mundosustentavel.com.br/2003/06/10/ intimidade-ecologica/. Acesso em janeiro de 2018.)
“Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio.” (3º§) Em relação ao período anterior destacado e à
estrutura linguística apresentada, considere as afirmativas a seguir.
Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a
chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.
Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas
como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.
Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus
passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.
Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu
ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.
Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que
significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá). Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em
torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.
Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história
geológica do planeta.
Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres
unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.
Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres
multicelulares surgiram.
Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que
acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.
Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa
inclinação de 23,5 graus.
Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento
caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.
Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das
placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o
nosso planeta especial.
Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.
(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)
“Portanto, mesmo que existam outras ‘Terras’ pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.” (14º§). Considerando o
parágrafo, analise as afirmativas a seguir.
I. “mesmo que existam outras ‘Terras’ pela galáxia” é uma oração subordinada adverbial concessiva de “defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida
complexa que nele existe”.
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II. Trata-se de um período composto por coordenação e subordinação.
III. “que nele existe” é uma oração subordinada adjetiva explicativa.
a) I.
b) III.
c) I e II.
d) II e III.
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Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a
chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.
Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas
como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.
Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus
passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.
Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu
ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.
Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que
significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá). Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em
torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.
Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história
geológica do planeta.
Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres
unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.
Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres
multicelulares surgiram.
Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que
acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.
Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa
inclinação de 23,5 graus.
Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento
caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.
Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das
placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o
nosso planeta especial.
Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.
(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)
Analise sintaticamente o período apresentado a seguir: “Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler” (2º§). Marque V
para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
a) V, F, V, F.
b) V, V, F, V.
c) F, V, V, F.
d) F, F, V, V.
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Trapezista
Querida, eu juro que não era eu. Que coisa ridícula! Se você estivesse aqui – Alô? Alô? – olha, se você estivesse aqui ia ver a minha cara, inocente como o Diabo. O quê?
Mas como, ironia? “Como o Diabo” é força de expressão, que diabo. Você acha que eu ia brincar numa hora desta? Alô! Eu juro, pelo que há de mais sagrado, pelo
túmulo de minha mãe, pela nossa conta no banco, pela cabeça dos nossos filhos que não era eu naquela foto de carnaval no Cascalho que saiu na Folha da Manhã. O
quê? Alô! Alô! Como é que eu sei qual é a foto? Mas você não acaba de dizer... Ah, você não chegou a dizer... ah, você não chegou a dizer qual era o jornal. Bom, bem.
Você não vai acreditar mas acontece que eu também vi a foto. Não desliga! Eu também vi a foto e tive a mesma reação. Que sujeito parecido comigo, pensei. Podia ser
gêmeo. Agora, querida, nunca, em nenhum momento, está ouvindo? Em nenhum momento me passou pela cabeça a ideia de que você fosse pensar — querida, eu estou
até começando a achar graça —, que você fosse pensar que aquele era eu. Por amor de Deus. Pra começo de conversa você pode me imaginar de pareô vermelho e
colar havaiano, pulando no Cascalho com uma bandida em cada braço? Não, faça-me o favor. E a cara das bandidas! Francamente, já que você não confia na minha
fidelidade, que confiasse no meu bom gosto, poxa! O quê? Querida, eu não disse “pareô vermelho”. Tenho a mais absoluta, a mais tranquila, a mais inabalável certeza
que eu disse apenas “pareô”. Como é que eu podia saber que era vermelho se a fotografia não era em cores, certo? Alô? Alô? Não desliga! Não... Olha, se você desligar
está tudo acabado. Tudo acabado. Você não precisa nem voltar da praia. Fica aí com as crianças e funda uma colônia de pescadores. Não, estou falando sério.
Perdi a paciência. Afinal, se você não confia em mim não adianta nada a gente continuar. Um casamento deve se... se... como é mesmo a palavra?... se alicerçar na
confiança mútua. O casamento é como um número de trapézio, um precisa confiar no outro até de olhos fechados. É isso mesmo. E sabe de outra coisa? Eu não
precisava ficar na cidade durante o carnaval. Foi tudo mentira. Eu não tinha trabalho acumulado no escritório coisíssima nenhuma. Eu fiquei sabe para quê? Para testar
você. Ficar na cidade foi como dar um salto mortal, sem rede, só para saber se você me pegaria no ar. Um teste do nosso amor. E você falhou. Você me decepcionou.
Não vou nem gritar por socorro. Não, não me interrompa.
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Desculpas não adiantam mais. O próximo som que você ouvir será do meu corpo se estatelando, com o baque surdo da desilusão, no duro chão da realidade. Alô? Eu
disse que o próximo som... que... O quê? Você não estava ouvindo nada? Qual foi a última coisa que você ouviu, coração?
Pois sim, eu não falei — tenho certeza absoluta que não falei — em “pareô vermelho”. Sei lá que cor era o pareô daquele cretino na foto. Você precisa acreditar em
mim, querida. O casamento é como um número de...
Sim. Não. Claro. Como? Não. Certo. Quando você voltar pode perguntar para o... Você quer que eu jure? De novo? Pois eu juro. Passei sábado, domingo, segunda e
terça no escritório. Não vi carnaval nem pela janela. Só vim em casa tomar um banho e comer um sanduíche e vou logo voltar para lá. Como? Você telefonou para o
escritório. Meu bem, é claro que a telefonista não estava trabalhando, não é, bem. Ha, ha, você é demais. Olha, querida? Alô? Sábado eu estou aí. beijo nas crianças.
Socorro. Eu disse, um beijo.
(In: Veríssimo, L. F. As mentiras que os homens contam. São Paulo, Objetiva: ????.)
Analise a frase a seguir: “Querida, eu juro que não era eu.” (1º§) A palavra destacada exerce, no período que compõe, a função sintática de:
a) Aposto.
b) Sujeito.
c) Vocativo.
d) Predicativo do sujeito.
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Os índios ficaram deslumbrados com as contas de vidro que os portugueses lhes davam. Por quê? Por causa da beleza dessas contas de vidro? Pouco provável. Para
encontrar coisas belas, tudo o que os nativos tinham de fazer era olhar ao redor: as árvores, os pássaros, as flores. Mas as contas de vidro representavam duas coisas.
Em primeiro lugar, eram novidade, coisa desconhecida por ali. Em segundo lugar, eram novidade, de uma tecnologia que os índios não dominavam e que, por isso,
admiravam. Mais de cinco séculos se passaram e continuamos dominados pela mesma reverência à tecnologia. Exemplo: o automóvel tem absoluta prioridade em relação
aos pedestres, mesmo em situações em que estes são vários e em que o veículo transporta uma única pessoa. Muitos brasileiros ficam assombrados ao saber que em
Brasília os motoristas respeitam a faixa de segurança. Em outras cidades, faixa de segurança é mero detalhe, pouco importante diante da potência que é o automóvel.
Isso também explica a quantidade de acidentes de trânsito que temos; a sensação de poder de que goza o motorista muitas vezes perturba sua capacidade de
discernimento.
O verdadeiro progresso traz junto consigo os mecanismos de controle para esses excessos. Na Europa e nos Estados Unidos, os motoristas, em geral (claro que há
numerosas exceções), dirigem com cautela, pela simples razão de que podem responder no tribunal por qualquer problema, até mesmo psicológico, que venham a causar
a outras pessoas. A noção de espaço público lá está muito presente. No Brasil é diferente. Se o espaço é público, isso não significa que é de todos, que todos têm de
cuidar dele; não, se o espaço é público, ele não é de ninguém. Nos cinemas brasileiros, celulares tocam com frequência e às vezes seus proprietários mantêm longas
conversas, em voz alta, durante a exibição do filme. Os outros espectadores que se lixem. Existe aí um motivo adicional, além do desrespeito ao local coletivo. O telefone,
no Brasil, ainda guarda a aura de um passado em que era privilégio de poucos. Conseguir uma linha era missão quase impossível. Quem tinha telefone tinha poder, e
esta imagem, de certo modo, persiste. Infelizmente, porque poucos meios de comunicação são tão invasivos. Cartas e e-mails ficam pacientemente à nossa espera. O
telefone, não. O telefone soa insistentemente, e temos de atender, não importa o que estejamos fazendo no momento – almoçando, tomando banho, fazendo amor. E
quem liga também não dá bola para esses detalhes. A elementar pergunta – “Você pode falar? ” – raramente é feita. Ligação telefônica desloca para um segundo plano
qualquer outra coisa. Digamos que você esteja sendo atendido por um funcionário no banco. Se tocar o telefone, você e todos os outros que estão esperando terão de se
conformar: o funcionário atenderá à chamada, não raro longa.
O celular é ótima coisa. Pessoas que, por falta de telefone, ficavam em verdadeiro estado de marginalização social, agora podem se comunicar facilmente. Existe hoje
uma verdadeira cultura do celular, mas ela, infelizmente, ainda não inclui a noção de respeito ao outro. Chegaremos lá, claro, se não mediante leis, como fazem os países
mais adiantados, então pela evolução natural da arte do convívio. As pessoas aprendem. E um dia descobrem que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de
vidro.
(SCLIAR, Moacyr. Do jeito que nós vivemos. Belo Horizonte: Ed. Leitura, 2007.)
Tendo em vista as relações de sintaxe estabelecidas nas orações a seguir, relacione adequadamente as colunas, considerando os termos destacados.
1. Objeto indireto.
2. Sujeito simples.
3. Adjunto adverbial.
4. Predicativo do sujeito.
a) 1, 2, 3, 4.
b) 2, 4, 3, 1.
c) 3, 1, 2, 4.
d) 4, 3, 1, 2.
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O tema é espinhoso. Todos somos por ele atingidos de uma forma ou de outra, como autores ou como objetos dele. O preconceito nasce do medo, sua raiz cultural,
psíquica, antropológica está nos tempos mais primitivos – por isso é uma postura primitiva –, em que todo diferente era um provável inimigo. Precisávamos atacar antes
que ele nos destruísse. Assim, se de um lado aniquilava, de outro esse medo nos protegia – a perpetuação da espécie era o impulso primeiro. Hoje, quando de trogloditas
passamos a ditos civilizados, o medo se revela no preconceito e continua atacando, mas não para nossa sobrevivência natural; para expressar nossa inferioridade
assustada, vestida de arrogância. Que mata sob muitas formas, em guerras frequentes, por questões de raça, crença e outras, e na agressão a pessoas vitimadas pela
calúnia, injustiça, isolamento e desonra. Às vezes, por um gesto fatal.
Que medo é esse que nos mostra tão destrutivos? Talvez a ideia de que “ele é diferente, pode me ameaçar”, estimulada pela inata maldade do nosso lado de sombra (ele
existe, sim).
Nossa agressividade de animais predadores se oculta sob uma camada de civilização, mas está à espreita – e explode num insulto, na perseguição a um adversário que
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enxovalhamos porque não podemos vencê-lo com honra, ou numa bala nada perdida. Nessa guerra ou guerrilha usamos muitas armas: uma delas, poderosa e sutil, é a
palavra. Paradoxais são as palavras, que podem ser carícias ou punhais. Minha profissão lida com elas, que desde sempre me encantam e me assombram: houve um
tempo, recente, em que não podíamos usar a palavra “negro”. Tinha de ser “afrodescendente”, ou cometíamos um crime. Ora, ao mesmo tempo havia uma banda Raça
Negra, congressos de Negritude... e afinal descobrimos que, em lugar de evitar a palavra, podíamos honrá-la. Lembremos que termos usados para agredir também
podem ser expressões de afeto. “Meu nego”, “minha neguinha”, podem chamar uma pessoa amada, ainda que loura. “Gordo”, tanto usado para bullying, frequentemente
é o apelido carinhoso de um amigo, que assim vai assinar bilhetes a pessoas queridas. Ao mesmo tempo, palavras como “judeu, turco, alemão” carregam, mais do que
ignorância, um odioso preconceito.
De momento está em evidência a agressão racial em campos esportivos: “negro”, “macaco” e outros termos, usados como chibata para massacrar alguém, revelam nosso
lado pior, que em outras circunstâncias gostaríamos de disfarçar – a grosseria, e a nossa própria inferioridade. Nesses casos, como em agressões devidas à orientação
sexual, a atitude é crime, e precisamos da lei.
No país da impunidade, necessitamos de punição imediata, severa e radical. Me perdoem os seguidores da ideia de que até na escola devemos eliminar punições do “sem
limites”. Não vale a desculpa habitual de “não foi com má intenção, foi no calor da hora, não deem importância”. Temos de nos importar, sim, e de cuidar da nossa
turma, grupo, comunidade, equipe ou país. Algumas doenças precisam de remédios fortes: preconceito é uma delas.
“Isso não tem jeito mesmo”, me dizem também. Acho que tem. É possível conviver de forma honrada com o diferente: minha família, de imigrantes alemães aqui
chegados há quase 200 anos, hoje inclui italianos, negros, libaneses, portugueses. Não nos ocorreria amar ou respeitar a uns menos do que a outros: somos todos da
velha raça humana. Isso ocorre em incontáveis famílias, grupos, povos. Porque são especiais? Não. Simplesmente entenderam que as diferenças podem enriquecer.
Num país que sofre de tamanhas carências em coisas essenciais, não devíamos ter energia e tempo para perseguir o outro, causando-lhe sofrimento e vexame, por suas
ideias, pela cor de sua pele, formato dos olhos, deuses que venera ou pessoa que ama. Nossa energia precisa se devotar a mudanças importantes que o povo reclama.
Nestes tempos de perseguição, calúnia, impunidade e desculpas tolas, só o rigor da lei pode nos impedir de recair rapidamente na velha selvageria. Mudar é preciso.
A representação das mulheres no parlamento brasileiro é uma questão fundamental em nossa cultura política. A desproporção é espantosa tendo cerca de 90% dos
cargos ocupados por homens e apenas cerca de 10% por mulheres.
Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas mulheres ocupando cargos nos espaços de poder em geral. No mundo da iniciativa privada os números não são
diferentes. Mulheres trabalham demais, são maioria em algumas profissões, mas ocupam pouquíssimos cargos de poder. Como se fosse um direito natural, o poder é
reservado aos homens em todos os níveis enquanto as mulheres sofrem sob estereótipos e idealizações também naturalizados.
O ato de naturalizar corresponde a um procedimento moral e cognitivo que se torna hábito. Por meio dele, passamos a acreditar que as coisas são como são e não
poderiam ser de outro modo. Nem poderiam ser questionadas.
Mesmo assim, há questões básicas relativas ao que chamamos de sociedade patriarcal às quais ninguém pode se furtar. Nessa mesma sociedade em que o poder
concerne aos homens, não podemos dizer que às mulheres foi reservada a violência? Alguém terá coragem de dizer que isso é natural sem ferir princípios morais que
sustentam a sociedade como um todo? Sabemos que a violência contra as mulheres é uma constante cultural. Ela é física e simbólica, psíquica e econômica e se
aproveita da naturalização da suposta fragilidade das mulheres construída por séculos de discursos e práticas misóginas. Misoginia é o ódio contra as mulheres apenas
porque são mulheres. [...]
Na ausência de questionamento, o machismo aparece como culto da ignorância útil na manutenção da dominação que depende do confinamento das mulheres na esfera
da vida doméstica para que se mantenham longe do poder. O machismo se mostra como o que há de mais arcaico em termos de ética e política. O machismo é uma
forma de autoritarismo que volta à cena em nossa época. Enquanto isso, a violência doméstica simplesmente cresce e as mulheres continuam afastadas do poder. Mas
por quanto tempo?
Ao longo da história, a consciência da condição das mulheres entre a violência e o poder teve um de seus momentos mais importantes na conquista do voto pelas
sufragistas. Hoje, o direito à candidatura e à eleição, o direito a ser votada, nos mostra um outro mundo possível. [...]
No segmento destacado, o verbo haver é um exemplo de emprego de verbo impessoal: “ Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas mulheres ocupando cargos
nos espaços de poder em geral.” (2º§). Dentre as alternativas a seguir, identifique a frase em que o mesmo NÃO acontece:
BOSTON — Milhares de pessoas participaram de um evento intitulado "Rali da Liberdade de Expressão", em Boston, organizado pela extrema-direita dos EUA, neste
sábado à tarde, que levantou preocupação de que o evento se tornasse violento. Ao mesmo tempo, também em Boston, grupos de ativistas realizam um enorme
contraprotesto, com dezenas de cartazes em repúdio a ideias nazistas, de supremacia branca e xenófobas.
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A manifestação de extrema-direita terminou pouco depois das 15h, mas muitos dos que protestavam contra ela continuaram reunidos na cidade. Às 16h, as ruas
próximas ao local da marcha começaram a ser liberadas, mas agentes de segurança continuaram patrulhando a região. Mais de 500 policiais foram deslocados para os
locais de protestos, com o objetivo de evitar que a ação da extrema-direita marcada para hoje repita os acontecimentos de Charlottesville
, quando dezenas ficaram
feridas e uma mulher morreu.
A polícia criou uma zona neutra entre as manifestações dos dois grupos e evitou maiores confrontos. Ao menos oito pessoas, aparentemente do grupo contraprotesto,
foram detidas, de acordo com a CNN. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tuitou sobre as marchas deste sábado agradecendo às forças de segurança pelo
seu trabalho.
Os membros da extrema-direita conseguiram uma autorização da prefeitura de Boston para realizar o encontro, que ocorreu apenas uma semana depois da caótica e
assustadora manifestação da extrema-direita no campus da Universidade da Virginia em Charlottesville
, que reuniu até mesmo neonazistas, supremacistas brancos e
simpatizantes do grupo racista Ku Klux Klan.
— Houve dúvidas sobre por que concedemos uma autorização para o evento — comentou o prefeito de Boston, Marty Walsh, na sexta-feira. — Os tribunais tornaram
bem claro. Eles têm o direito de se reunir, não importa quão repugnantes sejam suas opiniões. Mas eles não têm o direito de criar ambientes inseguros. Eles têm direito à
liberdade de expressão. Em troca, eles têm que respeitar nossa cidade.
Os organizadores do evento da extrema-direita em Boston disseram que o encontro deste sábado não é solidário com os supremacistas brancos, mas a polícia instalou
novas câmeras de vigilância na região e colocou restrições ao evento — como a proibição de mochilas, varas e outras armas em potencial — na esperança de evitar a
violência.
“Milhares de pessoas participaram de um evento [...]” (1º§) A relação entre verbo e complemento no segmento anteriormente destacado é a mesma indicada em:
a) “[...] tuitou sobre as marchas deste sábado [...]” (4º§)
b) “ [...] organizado pela extrema-direita dos EUA [...]” (1º§)
c) “[...] mas agentes de segurança continuaram patrulhando a região. ” (2º§)
d) “[...] que levantou preocupação de que o evento se tornasse violento. ” (1º§)
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[...] como é necessário haver uma palavra para designar o grupo especial de funcionários encarregados de representar essa autoridade, conviremos em reservar para
esse uso a palavra Estado. Sem dúvida é muito frequente chamar-se de Estado não o órgão governamental, mas a sociedade política em seu conjunto, o povo governado
e seu governo juntos, e nós mesmos empregamos a palavra nesse sentido. Assim, fala-se em Estados europeus, diz-se que a França é um Estado. Porém, como é bom
que haja termos especiais para realidades tão diferentes quanto a sociedade e um de seus órgãos, chamaremos mais especialmente de Estado os agentes da autoridade
soberana, e de sociedade política o grupo complexo de que o Estado é o órgão eminente. [...]
Eis o que define o Estado. É um grupo de funcionários sui generis, no seio do qual se elaboram representações e volições que envolvem a coletividade, embora não
sejam obra da coletividade. Não é correto dizer que o Estado encarna a consciência coletiva, pois esta o transborda por todos os lados. É em grande parte difusa; a cada
instante há uma infinidade de sentimentos sociais, de estados sociais de todo o tipo de que o Estado só percebe o eco enfraquecido. Ele só é a sede de uma consciência
especial, restrita, porém mais elevada, mais clara, que tem de si mesma um sentimento mais vivo. [...] Podemos então dizer em resumo; o Estado é um órgão especial
encarregado de elaborar certas representações que valem para a coletividade. Essas representações distinguem-se das outras representações coletivas por seu maior
grau de consciência e de reflexão. [...]
(DURKHEIM, Émile. Lições de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 67-71.)
“Assim, fala-se em Estados europeus, diz-se que a França é um Estado. Porém, como é bom que haja termos especiais para realidades tão diferentes quanto a sociedade
e um de seus órgãos, chamaremos mais especialmente de Estado os agentes da autoridade soberana, e de sociedade política o grupo complexo de que o Estado é o
órgão eminente.[...]”. Considerando o trecho destacado anteriormente, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) O segmento “haja termos especiais” exemplifica a impessoalidade da oração devido à forma verbal utilizada.
( ) A impessoalidade das formas verbais “fala-se” e “diz-se” caracteriza as orações, das quais fazem parte, como orações desprovidas de sujeito.
( ) Apesar de não apresentar pistas desinenciais para indicação do sujeito, a forma verbal “chamaremos” permite que o sujeito seja recuperado no contexto.
( ) É possível verificar que a omissão da identidade do sujeito em “fala-se em Estados europeus, diz-se que a França” tem como razão discursiva o gênero de
texto apresentado e sua estrutura.
a) V, F, F, V.
b) F, V, F, F.
c) V, V, F, V.
d) F, F, V, F.
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O direito à literatura
O assunto que me foi confiado nesta série é aparentemente meio desligado dos problemas reais: “Direitos humanos e literatura”. As maneiras de abordá‐lo são muitas,
mas não posso começar a falar sobre o tema específico sem fazer algumas reflexões prévias a respeito dos próprios direitos humanos. [...]
[...] pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo. Esta me
parece a essência do problema, inclusive no plano estritamente individual, pois é necessário um grande esforço de educação e autoeducação a fim de reconhecermos
sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência mais funda é achar que os nossos direitos são mais urgentes que os do próximo.
[...] a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto
é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro
horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado. [...]
Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece
corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito. [...]
Portanto, a luta pelos direitos humanos abrange a luta por um estado de coisas em que todos possam ter acesso aos diferentes níveis de cultura. A distinção entre cultura
popular e cultura erudita não deve servir para justificar e manter uma separação iníqua, como se do ponto de vista cultural a sociedade fosse dividida em esferas
incomunicáveis, dando lugar a dois tipos incomunicáveis de fruidores. Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura
em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável.
(CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004.)
Em “[...] pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo.”
(2º§) a forma verbal “tem” estabelece concordância verbal com seu referente, sujeito da oração, a saber:
a) “humanos”.
b) “reconhecer”.
c) “um pressuposto”.
d) “direitos humanos”.
e) “pensar em direitos humanos”.
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A família transformou-se em bode expiatório das mazelas de nossa sociedade. Crianças se descontrolam, brigam, desobedecem? Jovens fazem algazarras, bebem em
demasia, usam drogas ilegais, namoram escandalosamente em espaços públicos? Faltou educação de berço. Como é bom ter uma “Geni” para nela atirar todas as
pedras, principalmente quando se trata dos mais novos.
Até o Secretário Estadual da Educação de São Paulo, em um artigo de sua autoria, para defender sua tese de que estamos vivendo em uma “sociedade órfã”, inicia suas
justificativas afirmando que “... a fragmentação da família, a perda de importância da figura paterna – e também a materna – a irrelevância da Igreja e da Escola em
múltiplos ambientes geram um convívio amorfo”.
As escolas também costumam agir assim: quando um aluno é considerado problemático e indisciplinado, ou apresenta um ritmo de aprendizagem diferente do esperado
pela instituição, a família é chamada para resolver o “problema”.
Vamos refletir sobre expressões usadas a respeito da família: “família fragmentada”, “família desestruturada”, “família disfuncional”, “família sem valores” e outras
semelhantes. Não lhe parece, caro leitor, que tais expressões apontam na direção de que a família decidiu entornar o caldo da sociedade?
Não é a família que está fragmentada: é a vida. Hoje, os tratamentos médicos, o conhecimento, as metodologias, as relações interpessoais, as escolas, o Estado etc.
estão fragmentados. Mesmo não sendo a família um agente passivo nesse contexto, é salutar lembrar que ela se desenvolve conectada ao clima sociocultural em que
vive.
A família não está desestruturada ou disfuncional: ela passa por um período de transição, com sucessivas e intensas mudanças, o que provoca uma redefinição de papéis
e funções. Esse processo está em andamento, o que nos permite falar, hoje, não em família, mas em famílias, no plural, já que há grande diversidade de desenhos,
dinâmicas etc.
As famílias não estão sem valores: elas têm valores fortes, em sua maioria eleitos pelas prioridades que a sociedade determina. O consumo é um deles: as famílias não
decidiram consumir cada vez mais, foi o sistema econômico que apontou esse valor para elas.
Há problemas com a escola, sim: ela tem ensinado sem educar devido, principalmente, à primazia do conteúdo – que insisto em dizer que não é conhecimento –, às
políticas públicas adotadas e à ausência de outras, prioritárias. Por isso, a escola tem tido um papel irrelevante na formação dos mais novos.
Há famílias em situações de risco e fragilidade? Há. A escola perdeu sua importância na socialização de crianças e jovens? Sim. Mães e pais podem estar mais ocupados
com suas vidas do que com os filhos? Sim. Mas isso ocorre porque as ideologias socioculturais da juventude, do sucesso e da instantaneidade ganharam grande
relevância, e não há políticas públicas – de novo – que busquem equilibrar tal contexto. E, mesmo assim, têm sido as famílias a instituição protetora dos mais novos!
A sociedade não precisa, tampouco demanda, que o Estado exerça a função de babá, de pai ou de mãe. Ela necessita que o Estado reconheça, na prática, que as famílias
e a escola dependem de ações públicas de apoio ao seu pleno desenvolvimento e que garantam os seus direitos.
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Assunto: Funções sintáticas (sujeito, predicado, objeto, adjunto, complemento etc)
Ortorexia nervosa: o transtorno que mostra que até o saudável, em excesso, é ruim
Tudo começa com o desejo de nos sentirmos bem, comendo apenas alimentos puros, “limpos”.
Até aí, tudo bem.
Isso nos leva a dizer adeus a certos grupos de alimentos, como grãos, açúcares e produtos animais. No final, a dieta se reduz a uma quantidade tão restrita de alimentos
que acabamos ficando desnutridos. Esse transtorno tem um nome: ortorexia nervosa.
O termo foi criado em 1997 pelo médico americano Steven Bratman, aliando a palavra para “correto” ─ do grego orthos ─ com “apetite” ─ orexis ─ (de onde vem, aliás,
a palavra anorexia, ou, sem apetite, transtorno que, muitas vezes, é mascarado pela ortorexia).
Embora o objetivo do anoréxico seja perder peso, e o do ortoréxico, ficar saudável, ambos os transtornos restringem a alimentação do indivíduo, colocando sua vida em
risco.
No entanto, enquanto a anorexia é reconhecida como um mal, a ortorexia tem a desvantagem de ser uma doença “disfarçada de virtude”.
Uma dieta baseada em alimentos frescos, não industrializados, está longe de ser ruim. O problema é quando isso se torna uma obsessão.
“No final, o ortoréxico acaba passando grande parte da sua vida planejando, comprando, preparando e comendo seus pratos”, explica Bratman em seu livro Health Food
Junkies (em tradução livre, “Viciados em Comida Saudável”).
Quando escreveu a obra, no final da década de 90, Bratman se referia a hábitos alimentares de pequenos grupos de pessoas.
Quase duas décadas depois, a obsessão com a comida saudável está por toda parte, inclusive no mundo digital.
Para confirmar esse fato, basta fazer uma busca por #CleanEating no Instagram ou no Twitter.
Bratman não só deu nome ao transtorno como também foi a primeira pessoa a ser diagnosticada com ele. O médico admitiu que se deixou seduzir de tal forma pela
“alimentação virtuosa” que se negava a comer legumes mais de 15 minutos após seu cozimento.
“No entanto, a realidade me obriga a reconhecer que a distinção já não é tão clara. Me parece que uma alta porcentagem de ortoréxicos hoje em dia se foca em perder
peso.”
“Como deixou de ser aceitável que uma pessoa magra conte as calorias que consome, muitas pessoas que seriam diagnosticadas como anoréxicas falam em ‘comer de
maneira saudável’, o que, por coincidência, implica em escolher apenas alimentos com baixo teor calórico.”
“Esses pratos inspirados pelo Instagram, com umas folhas de espinafre, uns grãos de quinoa ─ que estão muito na moda, algumas sementes de romã ─ que são lindas ─
são muito bonitos, mas não têm nutrientes suficientes”, disse à BBC Miguel Toribio-Mateas, nutricionista e especialista em neurociência clínica.
“Você termina com uma comida que te dá 200 calorias, o que não é nada em termos energéticos, e sem proteínas.
Está tudo bem se você tem vontade (de comer assim um dia ou outro), mas se você se recusa a comer o resto da comida normal porque acha que ela é suja ou algo que
você não pode jamais colocar na sua vida porque vai te fazer mal, há um problema”, acrescenta o especialista.
E se o termo “comida normal” deixa você confuso, o nutricionista faz alusão, por exemplo, a um prato de “peixe com batatas”.
Hoje em dia, há tamanha avalanche de conselhos sobre nutrição e saúde na internet e na mídia que fica difícil ignorá-los e lidar com eles.
“O açúcar, nesse momento, é o demônio. Porque se você o consome com muita frequência, no mínimo ganha um pouco de peso. E se (faz isso) descontroladamente,
pode desenvolver diabetes (do tipo) 2. Mas de vez em quando, ter a flexibilidade mental para poder decidir, ‘hoje vou comer um chocolate’, é importante. E isso é
impossível para os anoréxicos”, disse Toribio-Mateas.
Além do problema de ser aceita socialmente, a ortorexia também é tida como doença “do primeiro mundo”, ou “das classes privilegiadas” ─ o que não está de todo
errado, disse o nutricionista.
“Se você tem de contar o dinheiro antes de ir às compras, não vai pagar o que cobram pelos alimentos que estão na moda e são tidos como ‘limpos’.”
E acrescentou: “Não é que a romã não seja deliciosa. Mas se você pretende viver dela e de outros poucos produtos sobre os quais você leu que possuem alto teor de
antioxidantes e nada mais, essa não é uma decisão racional”.
Toribio-Mateas disse que a maioria dos seus pacientes é mulher. Segundo ele, elas vêm procurar conselhos para uma dieta “perfeita”. Ou são arrastadas à clínica pelos
familiares ─ já que elas próprias estão convencidas de que não há nada de errado.
“É difícil tratá-las, até porque são muito bem informadas”, explicou. “Tenho uma paciente que só come legumes fervidos ou grelhados. Rejeita a carne por causa dos
hormônios, rejeita os ovos porque acha que têm gordura demais, só consome uma quantidade mínima de óleo de coco ─ porque está convencida de que ele ajuda a
queimar gordura.”
“Há mitos que são mais fáceis de derrubar, mas como dizer a alguém que não coma tantos legumes?”, perguntou.
“Tenho de convencê-la a introduzir (em sua dieta) outros alimentos que, segundo exames clínicos, estão faltando no seu organismo.”
Finalmente, a ortorexia não implica apenas em uma redução nas opções alimentares do paciente.
“Os ortoréxicos não podem ir a um restaurante ou bar porque não sabem o que está sendo servido. E não podem ir comer na casa de amigos, a não ser que eles
também sejam ortoréxicos”, concluiu Toribio-Mateas
.
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a) “O problema é quando isso se torna uma obsessão.”
b) a não ser que eles também sejam ortoréxicos, concluiu Toribio-Mateas.”
“...
c) “Como deixou de ser aceitável que uma pessoa magra conte as calorias que consome,...”
d) ambos os transtornos restringem a alimentação do indivíduo, colocando sua vida em risco.”
“...
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Um levantamento do Ministério Público de São Paulo traz um dado revelador: dois terços dos jovens infratores da capital paulista fazem parte de famílias que não têm um
pai dentro de casa. Além de não viverem com o pai, 42% não têm contato algum com ele e 37% têm parentes com antecedentes criminais.
Ajudam a engrossar essas estatísticas os garotos Waldik Gabriel, de 11 anos, morto em Cidade Tiradentes, Zona Leste de São Paulo, depois de fugir da Guarda Civil
Metropolitana, e Ítalo, de 10 anos, envolvido em três ocorrências de roubo só em 2016, morto pela Polícia Militar no início de junho, depois de furtar um carro na Zona
Sul da cidade. O pai de Waldik é caminhoneiro e não vivia com a mãe. O de Ítalo está preso por tráfico. A mãe já cumpriu pena por furto e roubo.
É certo que um pai presente e próximo ao filho faz diferença. Mas, mais que a figura masculina propriamente dita, faz falta uma família estruturada, independentemente
da configuração, que dê atenção, carinho, apoio, noções de continência e limite, elementos que protegem os jovens em fase de desenvolvimento.
A mãe e a avó, nessa família brasileira que cresce cada vez mais matriarcal, desdobram-se para tentar cumprir esses requisitos e preencher as lacunas, mas são
“atropeladas” pela rotina dura. Muitas vezes, não têm tempo, energia, dinheiro e voz para lidar com esses garotos e garotas que crescem na rua, longe da escola, em
bairros sem equipamentos de esporte e cultura, próximos de amigos e parentes que podem estar envolvidos com o crime.
A criança precisa ter muita autoestima e persistência para buscar nesse horizonte nebuloso um projeto de vida. Sem apoio emocional, sem uma escola que estimule seu
potencial, sem ter o que fazer com seu tempo livre, sem enxergar uma luz no fim do túnel, ela fica muito mais perto da droga, do tráfico, do delito, da violência e da
gestação na adolescência. É nessa mesma família, sem pai à vista, de baixa renda, longe da sala de aula, nas periferias, que pipocam os quase 15% das jovens que são
mães na adolescência, taxa alarmante que resiste a baixar nas regiões mais carentes.
E o que acontece com essa menina que engravida porque enxerga na maternidade um papel social, uma forma de justificar sua existência no mundo? Iludidas com a
perspectiva de estabilizar um relacionamento (a família estruturada que não têm?), elas ficam, usualmente, sozinhas, ainda mais distantes da escola e de seu projeto de
vida. O pai da criança some no mundo, e são elas que arcam com o ônus do filho, sobrecarregando um lar que já vivia no limite.
Sem políticas públicas que foquem nessa família mais vulnerável, no apoio emocional e social para esses jovens, em uma escola mais atraente, em projetos de vida, em
alternativas de lazer, a realidade diária na vida desses jovens continuará a ser a gravidez na adolescência, a violência e a criminalidade.
“Um levantamento do Ministério Público de São Paulo traz um dado (I) revelador: dois terços dos jovens infratores da capital paulista fazem parte de famílias que não
têm um pai (II) dentro de casa. Além de (III) não viverem (IV) com o pai, 42% não têm contato algum com ele e 37% têm parentes com antecedentes criminais.”
São equivalentes quanto aos aspectos citados anteriormente apenas:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) II, III e IV.
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A paixão terminou, o amor é uma lembrança irresgatável, mas ainda há tanta presença e ternura...
Abraços podem durar um tempo enorme. A gente se inclina na direção do outro, cheio de sentimentos conturbados, e ele nos segura com força, como se tentasse
comunicar alguma coisa. É possível sentir um coração batendo contra o outro, perceber no peito a outra respiração. Tantas coisas estão contidas nesse gesto, tanta
ternura, tanta dúvida. Amor. Quando o abraço se desfaz, fica um sorriso indeciso, uma expressão incompleta nos olhos, o movimento de um corpo que se afasta e parece
dizer adeus.
Como todo mundo, tenho sentimentos ambivalentes sobre relacionamentos que acabam. São momentos tristes, terrivelmente tristes. Mas, ao fim e ao cabo, inevitáveis.
A gente não pode passar a vida preso a coisas que já não respiram. Mesmo cheios de dúvidas e ainda repletos de carinho, em algum momento é preciso romper, andar,
recomeçar. O abraço que não quer terminar é lindo, mas abre uma porta para lugar nenhum. É necessário sair dele para ser de novo uma pessoa inteira – e ter a chance,
adiante, de estar inteiro em outro abraço.
Esses momentos de ruptura são essenciais em nossa vida. As separações, assim como os encontros, nos definem – inclusive por que costumam levar um tempo enorme.
A gente passa um ano juntos, apaixonados, e podemos levar o dobro nos separando de verdade, fazendo a ruptura das almas. Separar dois corpos é fácil, mas como se
faz para tirar o outro de dentro de si?
Com todos os problemas e dificuldades, gosto de pensar nesse período de sentimentos estendidos como o tempo da delicadeza. (Obrigado, Chico Buarque, por esta e
tantas outras coisas.) A paixão terminou, o amor é uma lembrança irresgatável, mas ainda há presença e ternura. Enormes. A raiva ficou para trás. A frustração gastou-
se. O ciúme raspa as unhas nas paredes do porão, lá embaixo, mas a cada dia incomoda menos. Os sentimentos dolorosos – quase todos – deram lugar a uma sensação
agridoce de cumplicidade. Ainda não é possível desejar que ela ou ele seja feliz em outra companhia, mas esse dia chegará, um dia.
Acredito – enfim – que é possível deixar de amar amando. O afastamento pode ser feito com ódio, mas fica uma ferida imensa, dura de cicatrizar. Podemos cortar as
pontes repentinamente, com medo de um sofrimento duradouro, mas isso vai nos assombrar no futuro, na hora de amar de novo. Enfim, há diferentes maneiras de
deixar de amar. Eu acho possível – e louvável – sair da intimidade do outro com um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos. Sair, mas ficar feliz em vê-lo, contente de
ouvi-la, ainda ter vontade de contar a essa pessoa que nos conhece tão bem tudo que aconteceu na semana passada, mas escolhendo não contar – por pudor, e porque,
afinal, já não cabe.
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03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
Sou capaz de antecipar o olhar de descrédito do leitor e da leitora. Não é assim que funciona, ele ou ela dirá. Se os sentimentos são bons, as pessoas não se separam.
Mas isso não é verdade. As pessoas rompem cheias de bons sentimentos, transbordando deles, a ponto de não saber o que fazer com tudo aquilo. Exceto as exceções,
exceto os traumas e barbaridades, a gente não deixa de querer de uma hora para outra. A paixão acaba, é certo. O amor, aquele de querer ficar colado para sempre,
também acaba. Mas há sentimentos lindos que ainda ligam ex-casais. Tão lindos que entalam na garganta, que temos vontade de abraçar e não largar. Lembra?
Pois então, respeitemos os nossos sentimentos delicados. As relações terminam, mas isso não é o fim dos afetos. Não há que ter vergonha de gostar da ex que você
mesmo deixou, não há problema em pensar com carinho (e sem raiva) naquele desgraçado que não quis continuar. Dentro de nós há tanta coisa ruim que não
deveríamos resistir quando se manifesta uma doçura. Melhor abraçá-la bem forte, acolhê-la como um amor que estivesse de volta. Apenas para uma visita, mas, ainda
assim, bem-vindo.
a) “Tantas coisas estão contidas nesse gesto, tanta ternura, tanta dúvida.”
b) “Melhor abraçá-la bem forte, acolhê-la como um amor que estivesse de volta.”
c) “O abraço que não quer terminar é lindo, mas abre uma porta para lugar nenhum.”
d) “Quando o abraço se desfaz, fica um sorriso indeciso, uma expressão incompleta nos olhos, o movimento de um corpo que se afasta e parece dizer adeus.”
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O coronel, que então morava já na cidade, tinha um compadre sitiante que ele estimava muito. Quando um filho do compadre Zeferino ficava doente, ia para a casa do
coronel, ficava morando ali até ficar bom, o coronel é que arranjava médico, remédio, tudo.
Quase todos os meses o compadre pobre mandava um caixote de ovos para o coronel. Seu sítio era retirado umas duas léguas de uma estaçãozinha da Leopoldina, e
compadre Zeferino despachava o caixote de ovos de lá, frete a pagar. Sempre escrevia no caixote: CUIDADO É OVOS – e cada ovo era enrolado em sua palha de milho
com todo cuidado para não se quebrar na viagem. Mas, que o quê: a maior parte quebrava com os solavancos do trem.
Os meninos filhos do coronel morriam de rir abrindo o caixote de presente do compadre Zeferino; a mulher dele abanava a cabeça como quem diz: qual... Os meninos,
com as mãos lambuzadas de clara e gema, iam separando os ovos bons. O coronel, na cadeira de balanço, ficava sério; mas, reparando bem, a gente via que ele às
vezes sorria das risadas dos meninos e das bobagens que eles diziam: por exemplo, um gritava para o outro – “cuidado, é ovos”!
– Quantos salvaram?
Os meninos diziam. Então ele se voltava para a mulher: “Mulher, a quanto está a dúzia de ovos aqui no Cachoeiro?”
A mulher dizia. Então ele fazia um cálculo do frete que pagara, mais do carreto da estação até a casa e coçava a cabeça com um ar engraçado:
– Até que os ovos do compadre Zeferino não estão me saindo muito caros desta vez. [...]
(BRAGA, R. O Compadre Pobre. In. BRAGA, R. 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 2013. Fragmento.)
De acordo com as relações sintáticas estabelecidas no texto, leia e analise as considerações a seguir.
I. Para relatar a forma como o compadre arrumava a encomenda dos ovos empregou-se o predicado nominal em “... e cada ovo era enrolado em sua palha de
milho com todo carinho ...”.
II. O sujeito indeterminado foi empregado para demonstrar a ação da mulher do coronel em: “... como quem diz: qual...”.
III. Para indicar as ações da mulher e dos filhos do coronel foram empregados verbo transitivo direto e indireto, respectivamente, vistos em: “ abanava a cabeça”,
“acabavam o serviço ”.
a) I.
b) III.
c) I e II.
d) II e III.
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Eu vinha voltando para casa, dentro da noite de Londres. Uma noite fria, nevoenta, silenciosa – uma noite de Londres. Noite de inverno que começa às quatro horas da
tarde e termina às oito da manhã. Noite de navio perdido em alto-mar, de cemitério, de charneca, de fim de ano, de morro dos ventos uivantes. Noite de vampiros, de
lobisomens, de fantasmas, de assassinos, de Jack, o Estripador. Eu vinha vindo e apressava o passo, querendo chegar depressa, antes que aquela noite tão densa me
dissolvesse para sempre em suas sombras. De espaço a espaço, a luz amarelo-âmbar dos postes pontilhava a rua com seu pequeno foco, como olhos de pantera a
seguir-me os passos na escuridão.
Os meus olhos a fitavam, assombrados, e eu não podia acreditar no que eles viam. Quadrada como uma janelinha aberta no céu. Mas amarela como todas as luas do
mundo, flutuando na noite, plena de luz, solitária e bela.
As luas de Londres... Ah, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira! A lua de Londres era quadrada!
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Pensei estar sonhando e baixei os olhos humildemente, indigno de merecê-la, tendo bebido mais do que imaginava. Entrei em casa bêbado de lua e fui refugiar-me em
meu quarto, refeito já do estranho delírio, no ambiente cálido e acolhedor do meu tugúrio, cercado de objetos familiares.
Mas foi só chegar à janela, e lá estava ela, dependurada no céu em desafio: uma lua deslumbrante que a neblina não conseguia ofuscar, cubo de luz suspenso no
espaço, de contornos precisos, nítido em seus ângulos retos, a desafiar-me com seu mistério. A lua quadrada de Londres!
Evitei olhá-la outra vez, para não sucumbir ao seu fascínio. Corri as cortinas e fui dormir sob seus eflúvios – enigma imemorial a zombar de todas as astronomias através
dos séculos, da mais remota antiguidade aos nossos dias, e oferecendo unicamente a mim a sua verdadeira face. É possível que um sábio egípcio, há cinco mil anos, do
alto de uma pirâmide, a tenha vislumbrado uma noite e tentado perquirir o seu segredo. É possível que em Babilônia um cortesão de Nabucodonosor se tenha enamorado
perdidamente de uma princesa, na moldura quadrada de seus raios. É possível que na China de Confúcio um mandarim se tenha curvado reverente no jardim, entre
papoulas, sob o império de seu brilho retilíneo. É possível que na África, numa clareira das selvas, um feiticeiro da tribo lhe tenha oferecido em holocausto a carcaça
sangrenta de um antílope. É possível que nos mares gelados do Norte um viking tenha há 12 séculos levantado os olhos sob o elmo de chifres, e contemplado aquela
surpreendente forma geométrica, procurando orientar por ela o seu bergantim. É possível que na Idade Média um alquimista tenha aumentado, sob a influência de sua
radiância quadrangular, o efeito milagroso de um elixir da longa vida. É possível que, no longo dos anos, mais de uma donzela haja estremecido em sonhos ao receber no
corpo a carícia estranhamente angulosa do luar. Mas, nos dias de hoje, somente a mim a lua se oferecia em toda a sua nudez quadrada. Dormi sorrindo, ao pensar que
os astronautas modernos se preparam para ir à Lua em breve – sem ao menos desconfiar que ela não é redonda, mas quadrada como uma janela aberta no cosmo –
verdade celestial que só um noctívago em Londres fora capaz de merecer.
Lembro-me de uma história – história que inventei, mas que nem por isso deixa de ser verdadeira. Era um marinheiro dinamarquês, de um cargueiro atracado no porto
do Rio de Janeiro por uma noite apenas. Saíra pela cidade desconhecida, de bar em bar, e vinha voltando solitário e bêbado pela madrugada, quando se deu o milagre:
nas sujas águas do canal do Mangue, viu refletida uma claridade difusa – ergueu os olhos e viu que as nuvens se haviam rasgado no céu, e o Cristo surgira para ele, de
braços abertos, em todo o seu divino esplendor. Fulminado pela visão, caiu de joelhos e chorou de arrependimento pela vida de pecado e impenitência que levara até
então. De volta à sua terra, converteu-se, tornou-se místico, acabou num convento. E anos mais tarde, depois de uma vida inteira dedicada a Deus, o monge recebe a
visita de um brasileiro. Aquele homem era da cidade em que se dera o milagre da sua conversão.
Não diz a história se o religioso deixou de sê-lo, por causa da prosaica revelação. Não diz, porque me eximo de acrescentar que, na realidade, depois de viver tanto
tempo uma crença construída sobre o equívoco, este equívoco passava a ser mesmo um milagre, como tudo mais nesta vida.
O milagre da lua quadrada de Londres não me foi desfeito por nenhum londrino descrente do surrealismo astronômico nos céus britânicos. Bastou olhar de manhã pela
janela e pude ver, recortado contra o céu, o gigantesco guindaste no cume de uma construção, e numa das pontas da armação de aço atravessada no ar, junto ao
contrapeso, o quadrado de vidro que à noite se acende. A minha lua quadrada de Londres.
Quadrado que talvez simbolize todo um sistema de vida, mais do que anuncia a pequena palavra Laig nele escrita, marca de fabricação do guindaste. De qualquer
maneira, os ingleses ganharam, pelo menos na minha imaginação, o emblema do seu modo de ser, impresso nessa visão de uma noite, que foi a lua quadrada de
Londres.
(SABINO, Fernando, 1923-2004 – As melhores crônicas – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010. 224 p.)
Assinale a alternativa em que a função sintática exercida pelos termos em destaque está corretamente indicada.
Eu vinha voltando para casa, dentro da noite de Londres. Uma noite fria, nevoenta, silenciosa – uma noite de Londres. Noite de inverno que começa às quatro horas da
tarde e termina às oito da manhã. Noite de navio perdido em alto-mar, de cemitério, de charneca, de fim de ano, de morro dos ventos uivantes. Noite de vampiros, de
lobisomens, de fantasmas, de assassinos, de Jack, o Estripador. Eu vinha vindo e apressava o passo, querendo chegar depressa, antes que aquela noite tão densa me
dissolvesse para sempre em suas sombras. De espaço a espaço, a luz amarelo-âmbar dos postes pontilhava a rua com seu pequeno foco, como olhos de pantera a
seguir-me os passos na escuridão.
Os meus olhos a fitavam, assombrados, e eu não podia acreditar no que eles viam. Quadrada como uma janelinha aberta no céu. Mas amarela como todas as luas do
mundo, flutuando na noite, plena de luz, solitária e bela.
As luas de Londres... Ah, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira! A lua de Londres era quadrada!
Pensei estar sonhando e baixei os olhos humildemente, indigno de merecê-la, tendo bebido mais do que imaginava. Entrei em casa bêbado de lua e fui refugiar-me em
meu quarto, refeito já do estranho delírio, no ambiente cálido e acolhedor do meu tugúrio, cercado de objetos familiares.
Mas foi só chegar à janela, e lá estava ela, dependurada no céu em desafio: uma lua deslumbrante que a neblina não conseguia ofuscar, cubo de luz suspenso no
espaço, de contornos precisos, nítido em seus ângulos retos, a desafiar-me com seu mistério. A lua quadrada de Londres!
Evitei olhá-la outra vez, para não sucumbir ao seu fascínio. Corri as cortinas e fui dormir sob seus eflúvios – enigma imemorial a zombar de todas as astronomias através
dos séculos, da mais remota antiguidade aos nossos dias, e oferecendo unicamente a mim a sua verdadeira face. É possível que um sábio egípcio, há cinco mil anos, do
alto de uma pirâmide, a tenha vislumbrado uma noite e tentado perquirir o seu segredo. É possível que em Babilônia um cortesão de Nabucodonosor se tenha enamorado
perdidamente de uma princesa, na moldura quadrada de seus raios. É possível que na China de Confúcio um mandarim se tenha curvado reverente no jardim, entre
papoulas, sob o império de seu brilho retilíneo. É possível que na África, numa clareira das selvas, um feiticeiro da tribo lhe tenha oferecido em holocausto a carcaça
sangrenta de um antílope. É possível que nos mares gelados do Norte um viking tenha há 12 séculos levantado os olhos sob o elmo de chifres, e contemplado aquela
surpreendente forma geométrica, procurando orientar por ela o seu bergantim. É possível que na Idade Média um alquimista tenha aumentado, sob a influência de sua
radiância quadrangular, o efeito milagroso de um elixir da longa vida. É possível que, no longo dos anos, mais de uma donzela haja estremecido em sonhos ao receber no
corpo a carícia estranhamente angulosa do luar. Mas, nos dias de hoje, somente a mim a lua se oferecia em toda a sua nudez quadrada. Dormi sorrindo, ao pensar que
os astronautas modernos se preparam para ir à Lua em breve – sem ao menos desconfiar que ela não é redonda, mas quadrada como uma janela aberta no cosmo –
verdade celestial que só um noctívago em Londres fora capaz de merecer.
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Lembro-me de uma história – história que inventei, mas que nem por isso deixa de ser verdadeira. Era um marinheiro dinamarquês, de um cargueiro atracado no porto
do Rio de Janeiro por uma noite apenas. Saíra pela cidade desconhecida, de bar em bar, e vinha voltando solitário e bêbado pela madrugada, quando se deu o milagre:
nas sujas águas do canal do Mangue, viu refletida uma claridade difusa – ergueu os olhos e viu que as nuvens se haviam rasgado no céu, e o Cristo surgira para ele, de
braços abertos, em todo o seu divino esplendor. Fulminado pela visão, caiu de joelhos e chorou de arrependimento pela vida de pecado e impenitência que levara até
então. De volta à sua terra, converteu-se, tornou-se místico, acabou num convento. E anos mais tarde, depois de uma vida inteira dedicada a Deus, o monge recebe a
visita de um brasileiro. Aquele homem era da cidade em que se dera o milagre da sua conversão.
Não diz a história se o religioso deixou de sê-lo, por causa da prosaica revelação. Não diz, porque me eximo de acrescentar que, na realidade, depois de viver tanto
tempo uma crença construída sobre o equívoco, este equívoco passava a ser mesmo um milagre, como tudo mais nesta vida.
O milagre da lua quadrada de Londres não me foi desfeito por nenhum londrino descrente do surrealismo astronômico nos céus britânicos. Bastou olhar de manhã pela
janela e pude ver, recortado contra o céu, o gigantesco guindaste no cume de uma construção, e numa das pontas da armação de aço atravessada no ar, junto ao
contrapeso, o quadrado de vidro que à noite se acende. A minha lua quadrada de Londres.
Quadrado que talvez simbolize todo um sistema de vida, mais do que anuncia a pequena palavra Laig nele escrita, marca de fabricação do guindaste. De qualquer
maneira, os ingleses ganharam, pelo menos na minha imaginação, o emblema do seu modo de ser, impresso nessa visão de uma noite, que foi a lua quadrada de
Londres.
(SABINO, Fernando, 1923-2004 – As melhores crônicas – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010. 224 p.)
A expressão sublinhada que exerce uma função sintática DIFERENTE das demais é:
a) Cubo de luz.
b) Plena de luz.
c) Noite de inverno.
d) Olhos de pantera.
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Por que Marte perdeu sua água e acabou não ficando parecido com a Terra?
Embora a superfície de Marte seja hoje árida e inóspita, há bilhões de anos provavelmente estava tão coberta de água quanto a Terra.
O que provocou o desaparecimento deste recurso crucial para o desenvolvimento da vida?
Uma das teorias vigentes é de que a água sumiu do planeta vermelho quando ele perdeu o campo magnético que o protegia dos ventos solares.
No entanto, um estudo recente feito por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostrou que a perda do campo magnético não permite explicar o
desaparecimento de toda a água que existia no planeta.
O resto, segundo a pesquisa, foi absorvido pelas rochas de basalto, que podem reter em seu interior aproximadamente 25% mais água que as pedras do mesmo tipo
na Terra, já que são ricas em óxido de ferro.
Este processo foi tão intenso que é estimado que a crosta do planeta tenha consumido um oceano de mais de 3 km de profundidade.
Processo irreversível
Os pesquisadores da Universidade de Oxford chegaram a essa conclusão após calcular quanta água era possível de eliminar da superfície do planeta pela interação do
líquido com os minerais das rochas.
O cálculo incluiu também fatores como a temperatura das pedras e a pressão atmosférica. Os resultados mostram que as rochas levaram grande parte da água da
superfície para o interior do planeta.
Depois de absorvida, a água não pode ressurgir, porque as rochas basálticas não funcionam exatamente como uma esponja: elas quebram as moléculas, absorvendo
apenas o oxigênio, enquanto o hidrogênio se espalha pelo espaço.
Essas rochas então se afundaram no manto (camada logo abaixo da superfície, assim como na Terra), deixando o planeta seco, sem a possibilidade de abrigar vida.
Diferenças sutis, mas importantes
Por que a Terra não passou por um processo parecido?
Segundo os pesquisadores de um estudo publicado na última edição da revista Nature, “Marte é um planeta muito menor que a Terra, com um perfil de temperatura
diferente e uma quantidade maior de ferro em seu manto”.
“São diferenças sutis, mas podem ter um efeito significativo, que aumenta com o tempo”, diz o paper.
Esses fatores permitiram que a superfície de Marte fosse mais reativa à água que a nossa, possibilitando a formação de minerais que absorveram água e se afundaram
para o interior do manto.
Já na Terra, em seus primeiros anos de formação, as rochas hidratadas tendiam a flutuar até se desidratarem.
(Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-42445360.)
“[...] um estudo recente feito por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostrou que a perda do campo magnético não permite explicar o
desaparecimento de toda a água que existia no planeta” (4º§). De acordo com o período transcrito, analise as afirmativas a seguir.
I. “que a perda do campo magnético não permite explicar o desaparecimento de toda a água que existia no planeta” é uma oração subordinada substantiva
objetiva direta.
II. “a perda do campo magnético não permite” é a oração principal de “explicar o desaparecimento de toda a água que existia no planeta”.
III. “explicar o desaparecimento de toda a água que existia no planeta” também é uma oração subordinada substantiva objetiva direta.
a) I, II e III.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
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Os índios ficaram deslumbrados com as contas de vidro que os portugueses lhes davam. Por quê? Por causa da beleza dessas contas de vidro? Pouco provável. Para
encontrar coisas belas, tudo o que os nativos tinham de fazer era olhar ao redor: as árvores, os pássaros, as flores. Mas as contas de vidro representavam duas coisas.
Em primeiro lugar, eram novidade, coisa desconhecida por ali. Em segundo lugar, eram novidade, de uma tecnologia que os índios não dominavam e que, por isso,
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admiravam. Mais de cinco séculos se passaram e continuamos dominados pela mesma reverência à tecnologia. Exemplo: o automóvel tem absoluta prioridade em relação
aos pedestres, mesmo em situações em que estes são vários e em que o veículo transporta uma única pessoa. Muitos brasileiros ficam assombrados ao saber que em
Brasília os motoristas respeitam a faixa de segurança. Em outras cidades, faixa de segurança é mero detalhe, pouco importante diante da potência que é o automóvel.
Isso também explica a quantidade de acidentes de trânsito que temos; a sensação de poder de que goza o motorista muitas vezes perturba sua capacidade de
discernimento.
O verdadeiro progresso traz junto consigo os mecanismos de controle para esses excessos. Na Europa e nos Estados Unidos, os motoristas, em geral (claro que há
numerosas exceções), dirigem com cautela, pela simples razão de que podem responder no tribunal por qualquer problema, até mesmo psicológico, que venham a causar
a outras pessoas. A noção de espaço público lá está muito presente. No Brasil é diferente. Se o espaço é público, isso não significa que é de todos, que todos têm de
cuidar dele; não, se o espaço é público, ele não é de ninguém. Nos cinemas brasileiros, celulares tocam com frequência e às vezes seus proprietários mantêm longas
conversas, em voz alta, durante a exibição do filme. Os outros espectadores que se lixem. Existe aí um motivo adicional, além do desrespeito ao local coletivo. O telefone,
no Brasil, ainda guarda a aura de um passado em que era privilégio de poucos. Conseguir uma linha era missão quase impossível. Quem tinha telefone tinha poder, e
esta imagem, de certo modo, persiste. Infelizmente, porque poucos meios de comunicação são tão invasivos. Cartas e e-mails ficam pacientemente à nossa espera. O
telefone, não. O telefone soa insistentemente, e temos de atender, não importa o que estejamos fazendo no momento – almoçando, tomando banho, fazendo amor. E
quem liga também não dá bola para esses detalhes. A elementar pergunta – “Você pode falar? ” – raramente é feita. Ligação telefônica desloca para um segundo plano
qualquer outra coisa. Digamos que você esteja sendo atendido por um funcionário no banco. Se tocar o telefone, você e todos os outros que estão esperando terão de se
conformar: o funcionário atenderá à chamada, não raro longa.
O celular é ótima coisa. Pessoas que, por falta de telefone, ficavam em verdadeiro estado de marginalização social, agora podem se comunicar facilmente. Existe hoje
uma verdadeira cultura do celular, mas ela, infelizmente, ainda não inclui a noção de respeito ao outro. Chegaremos lá, claro, se não mediante leis, como fazem os países
mais adiantados, então pela evolução natural da arte do convívio. As pessoas aprendem. E um dia descobrem que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de
vidro.
(SCLIAR, Moacyr. Do jeito que nós vivemos. Belo Horizonte: Ed. Leitura, 2007.)
As orações substantivas exercem as mesmas funções, no período, dos termos vistos na análise sintática das orações. Analisando sintaticamente o período: “ E um dia
descobrem que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de vidro
.” pode-se identificar o mesmo tipo de oração substantiva vista em:
Há processos estruturais que estão na base das desigualdades e antagonismos que constituem a questão social. Dentre esses processos, alguns podem ser
lembrados agora. O desenvolvimento extensivo e intensivo do capitalismo, na cidade e no campo, provoca os mais diversos movimentos de trabalhadores,
compreendendo indivíduos, famílias, grupos e amplos contingentes. As migrações internas atravessam os campos e as cidades, as regiões e as nações. Movimentam
trabalhadores em busca de terra, trabalho, condições de vida, garantias, direitos. A industrialização e a urbanização expandem‐se de modo contínuo, por fluxos e
refluxos, ou surtos. Assim como ocorre a metropolização dos maiores centros urbano‐industriais, também ocorre a abertura e reabertura das fronteiras. Os surtos de
atividades agrícolas, pecuárias, extrativas, mineradoras e industriais, ao longo das várias repúblicas, assinalam os mais diversos momentos de populações e negócios, de
fatores econômicos ou forças produtivas. As crescentes diversidades sociais estão acompanhadas de crescentes desigualdades sociais. Criam‐se e recriam‐se as condições
de mobilidade social horizontal e vertical, simultaneamente às desigualdades e aos antagonismos. Esse é o contexto em que o emprego, desemprego, subemprego e
pauperismo se tornam realidade cotidiana para muitos trabalhadores. As reivindicações, protestos e greves expressam algo deste contexto. Também os movimentos
sociais, sindicatos e partidos revelam dimensões da complexidade crescente do jogo das forças sociais que se expandem com os desenvolvimentos extensivos e intensivos
do capitalismo na cidade e no campo.
[...] Aos poucos, a história da sociedade parece movimentada por um vasto contingente de operários agrícolas e urbanos, camponeses, empregados e funcionários. São
brancos, mulatos, negros, caboclos, índios, japoneses e outros. Conforme a época e o lugar, a questão social mescla aspectos raciais, regionais e culturais, juntamente
com os econômicos e políticos. Isto é, o tecido da questão social mescla desigualdades e antagonismos de significação estrutural.
(IANNI, Octavio. Pensamento social no Brasil. Bauru: Edusc, 2004. (com adaptações).)
*Considere o período a seguir para responder à questão.
“Há processos estruturais que estão na base das desigualdades e antagonismos que constituem a questão social.”
Acerca da estruturação do período destacado, é correto afirmar que em sua constituição pode(m) ser indicada(s):
[...] como é necessário haver uma palavra para designar o grupo especial de funcionários encarregados de representar essa autoridade, conviremos em reservar para
esse uso a palavra Estado. Sem dúvida é muito frequente chamar-se de Estado não o órgão governamental, mas a sociedade política em seu conjunto, o povo governado
e seu governo juntos, e nós mesmos empregamos a palavra nesse sentido. Assim, fala-se em Estados europeus, diz-se que a França é um Estado. Porém, como é bom
que haja termos especiais para realidades tão diferentes quanto a sociedade e um de seus órgãos, chamaremos mais especialmente de Estado os agentes da autoridade
soberana, e de sociedade política o grupo complexo de que o Estado é o órgão eminente. [...]
Eis o que define o Estado. É um grupo de funcionários sui generis, no seio do qual se elaboram representações e volições que envolvem a coletividade, embora não
sejam obra da coletividade. Não é correto dizer que o Estado encarna a consciência coletiva, pois esta o transborda por todos os lados. É em grande parte difusa; a cada
instante há uma infinidade de sentimentos sociais, de estados sociais de todo o tipo de que o Estado só percebe o eco enfraquecido. Ele só é a sede de uma consciência
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especial, restrita, porém mais elevada, mais clara, que tem de si mesma um sentimento mais vivo. [...] Podemos então dizer em resumo; o Estado é um órgão especial
encarregado de elaborar certas representações que valem para a coletividade. Essas representações distinguem-se das outras representações coletivas por seu maior
grau de consciência e de reflexão. [...]
(DURKHEIM, Émile. Lições de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 67-71.)
“É um grupo de funcionários sui generis, no seio do qual se elaboram representações e volições que envolvem a coletividade, embora não sejam obra da coletividade.”
(2º§) Acerca da estrutura linguística e conexões estabelecidas no interior do trecho destacado anteriormente, analise as afirmativas a seguir.
I. O período em análise é constituído por: uma oração principal à qual estão subordinadas três orações, duas adverbiais e uma substantiva.
II. A oração adverbial é introduzida por uma conjunção que estabelece uma relação em que se apresenta uma informação vista como fato real.
III. O termo “que” exerce função sintática equivalente à função exercida por “o Estado” em “... o Estado encarna a consciência coletiva,...”
(Gregório Duvivier.)
O tempo pro brasileiro é tão fluido que a gente inventou a expressão “hora no relógio” – na Bahia, diz-se “hora de relógio”. Nesse momento um suíço ou um inglês tem
uma síncope. “Existe alguma hora que não seja de relógio?”
Caro amigo, existe uma imensa variedade de horas. Na expressão “espera só meia horinha”, “meia horinha” costuma demorar duas horas de relógio, enquanto na frase
“tô te esperando há horas”, “horas” pode significar só “meia horinha” de relógio. Por isso a importância da expressão “de relógio”: na hora do relógio, cada um dos
minutos dura estranhos 60 segundos de relógio – não confundir, claro, com os segundinhos e os minutinhos, que podem durar horas de relógio. “O senhor tem cinco
minutinhos?” “Tenho – mas no relógio só tenho uns dois”.
Sim, o diminutivo muda tudo. Quando se marca “de manhãzinha”, é no início da manhã, de oito às dez, mas se por acaso marcarem “de tardinha”, estarão se referindo
ao fim da tarde, de cinco às sete. Nada é tão simples: de noitinha volta a ser no início da noite, tornando tardinha e noitinha conceitos intercambiáveis. Que cara é essa,
amigo saxão? Você mede comprimento com pés e polegadas.
Não pense que para por aí: tem surgido, cada vez mais frequente, o diminutivo do gerúndio. Ouvi de uma amiga: “outro dia te vi todo correndinho na Lagoa”. Nada mais
ridículo do que achar que se estava correndo e descobrir que só se estava correndinho. Esse é o meu problema com esportes: só chego nos diminutivos. Não chego a me
exercitar, só fico me exercitandinho. Antes disso, fico alongandinho. E depois reclamandinho. Diz-se de um casal que começa a namorar que ambos estão namorandinho
– no entanto, não se diz que um homem que começa a morrer já está morrendinho.
O diminutivo costuma recair sobre coisas pelas quais a gente tem ao menos um pouco de carinho. Por isso pode-se dizer criancinha, velhinho, mas jamais
“adolescentezinho”. Pode-se dizer gatinho, cachorrinho, mas jamais “atendentinho de telemarketing
”. A não ser, claro, no seu uso irônico: se te chamarem de
“queridinho”, querem é que você exploda.
Foi o Ricardo Araújo Pereira quem atentou para o fato de que pomos o diminutivo em advérbios. “É devagar, é devagar, devagarinho”, diz o poeta Martinho – que
carrega o diminutivo no nome. Deve ser coisa nossa, pensei, orgulhoso, até ouvir “despacito”, o “devagarinho” deles. Estranhamente, o vocalista fala mil palavras por
minuto – de relógio. Prefiro o Martinho.
I. Em “Existe alguma hora que não seja de relógio?”, a oração sublinhada é uma oração subordinada adjetiva explicativa.
II. Em “[...] tem surgido, cada vez mais frequente, o diminutivo do gerúndio.”, a expressão destacada atua como sujeito da locução verbal “ter surgido”.
III. “Não pense que para por aí [...]”, a oração sublinhada é uma oração subordinada substantiva objetiva direta.
IV. Em “[...] se te chamarem de ‘queridinho’, querem é que você exploda.”, a oração destacada é uma oração subordinada adverbial causal.
a) I e II.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/560063
“Porque esse é o meu nome! Porque não posso ter outro em minha vida! Porque estaria mentindo e assinando mentiras. Porque não valho a poeira dos pés daqueles que
mandou enforcar! Eu já dei a minha alma ao Senhor, deixe-me ficar com meu nome!”. A citação acima foi retirada da obra As Bruxas de Salém, de Arthur Miller, que
também foi tema de filme, lançado em 1996. O trecho em questão, porém, também foi utilizado como argumentação em uma decisão judicial a favor da autora que
reclamava de atentado à honra.
A argumentação não só mostra como a Literatura ajuda a fundamentar a realidade, mas como o próprio Direito se utiliza dessa ferramenta para interpretar a sociedade.
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Essa relação entre Direito e Literatura pode ser analisada de três formas: o Direito na Literatura; o Direito da Literatura, que trata dos direitos do autor ou de uma obra e
de temas relacionados, como a liberdade de expressão; e, ainda, a utilização de práticas da crítica literária para compreender e avaliar os direitos, as instituições e
procedimentos judiciais, o que seria o Direito como Literatura.
Esta última relação do Direito com a Literatura, como explica Vera Karam, professora da disciplina de Direito e Literatura da Faculdade de Direito da Universidade Federal
do Paraná (UFPR), é o estudo de temas jurídicos – e da própria realidade em que estão inseridos – com a ajuda das obras literárias. “A Literatura surge como uma
metáfora que o direito usa para tentar articular uma boa solução para aquilo que é chamado a responder”, explica. [...]
“O aplicador do direito é constantemente demandado a dar respostas a conflitos concretos e diversos, e a Literatura justamente abre um espaço de reflexão e de ação
mais crítico, porque é mais sensível às especificidades do humano”, aponta Vera.
“A Literatura amplia os horizontes, já que possibilita ao leitor experimentar, de um modo seguro, situações que ele provavelmente jamais viveria. A boa literatura estimula
a reflexão e desperta o senso crítico”, complementa Lenio Streck, procurador de Justiça do Rio Grande do Sul e professor de Pós-Graduação em Direito na Unisinos-RS.
Para Vera, além de trazer novas perspectivas aos operadores do Direito, a Literatura antecipa temas relacionados ao universo jurídico. “A ficção literária tem essa riqueza,
essa sutileza, essa sensibilidade que permite que o Direito às vezes fique até mais bem preparado para o enfrentamento de conflitos que seriam inimagináveis fora da
ficção”, diz.
A linguagem, que no Direito encontra suas especificidades e na Literatura é registrada de maneira mais diversa e livre, também é apontada pelos especialistas como um
ponto-chave da interpretação jurídica por meio das obras. “Olhando a operacionalidade, a realidade não nos toca, as ficções, sim. Com isso, confundimos as ficções da
realidade com a realidade das ficções. Ficamos endurecidos. A Literatura pode ser mais do que isso. Faltam grandes narrativas no Direito, e a Literatura pode humanizá-
Streck.
lo”, finaliza
Em “ a poeira dos pés daqueles que mandou enforcar!” o termo destacado indica, sintaticamente, a mesma função exercida pelo termo grifado em:
a) “que também foi tema de filme, lançado em 1996.”
b) “o Direito da Literatura, que trata dos direitos do autor ou de uma obra [...]”
c) “A Literatura surge como uma metáfora que o Direito usa para tentar articular uma boa solução [...]”
d) “decisão judicial a favor da autora que reclamava de atentado à honra.”
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/470888
Pesquisas sugerem que atiradores são deprimidos e suicidas. Iniciativas centradas no diálogo e na saúde mental de estudantes e professores podem ajudar a evitar
tragédias, dizem especialistas.
Em 1999, poucos dias depois dos ataques ao Colégio Columbine, nos Estados Unidos, um incidente semelhante atingiu a pequena cidade de Taber, em Alberta, no
Canadá. Um garoto de 14 anos invadiu o colégio W. R. Myers, disparando a esmo. Matou um estudante e feriu outros dois.
Especialista em estresse pós-traumático, o psicólogo Kevin Cameron foi chamado de imediato, para prestar atendimento às vítimas e sobreviventes. Desde então, ele e
seus colegas tentam se antecipar a esse tipo de tragédia: “É possível prevenir tiroteios em colégio. E temos nos aprimorado nessa tarefa”, me disse ele durante o final de
semana.
Cameron comanda hoje o Centro Norte-Americano para Avaliação de Riscos e Resposta a Traumas. Seu trabalho envolve ensinar educadores, policiais e pais a identificar
jovens em risco para cometer atos de violência extrema, de modo a ajudá-los. Segundo ele, há ao menos duas coisas importantes a saber sobre esses adolescentes: a
maioria sofre de problemas psicológicos graves, está deprimida e tem comportamento suicida. Não raro, têm histórico de convívio conflituoso com a família ou de abuso
doméstico; e a maioria fala sobre seus planos, com amigos, pais ou professores, antes de executá-los: “A questão é que a maior parte das pessoas não leva a sério.
Ninguém acha que aquele garoto seria capaz de praticar algo tão horrendo”, me disse Cameron. [...]
Segundo Cameron, o programa vem se mostrando bem-sucedido. Baseia-se em criar, nas escolas, ambiente propício ao diálogo e de proximidade com as famílias dos
estudantes. A ideia é conhecer o contexto em que vivem, que problemas enfrentam, de modo a oferecer ajuda se necessário. Em 2013, o jornal The New York Times
escreveu a respeito da iniciativa.
Na esteira do atentado à Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na última quarta-feira, a questão se tornou fundamental também para o Brasil. Incidentes dessa
natureza não são tão comuns no país quanto nos EUA ou no Canadá. Mas pesquisadores defendem que mudar a dinâmica do convívio escolar, de modo a estimular o
diálogo e oferecer suporte psicológico a alunos e estudantes, pode reduzir índices de violência: “As escolas mais violentas são aquelas onde há pior comunicação”, me
disse a professora Kathie Njaine, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz e especialista em violência em escolas.
Njaine me disse que observou isso em trabalhos desenvolvidos por orientandas suas em municípios da Baixada Fluminense: “Mesmo naquelas situações em que o
entorno do colégio era violento, as escolas onde havia uma boa relação com os jovens e as famílias tinham menos conflitos”, afirmou.
Construir ambiente propício ao diálogo nem sempre é tarefa simples. Por vezes, esbarra em problemas relacionados à estrutura das escolas: com tantos alunos, nem
sempre professores e funcionários conseguem prestar a devida atenção a todos. É um desafio, também, porque exige que, não raro, as escolas lidem com problemas
surgidos fora de seus muros. Compreender os problemas dos jovens requer, por exemplo, estar atento ao contexto em que vivem. “É importante olhar para as relações
com a família, para os projetos de vida desses adolescentes”, diz Njaine.
Se o projeto de Los Angeles serve de exemplo, esse esforço de comunicação traz resultados: “Quando tragédias como a de Suzano acontecem, muita gente passa a
discutir segurança pública. Passa a falar sobre a necessidade de colocar policiais nas escolas. Isso não basta”, diz Njaine. “Isso não resolve se você não pensar na
educação como um todo. É preciso criar, nas escolas, ambientes abertos ao diálogo”.
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03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
Questão 101: CONSULPLAN - Ana TI (CM BH)/CM BH/Infraestrutura de Sistema/2018
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
A questão baseia no texto apresentado abaixo.
Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a
água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou
de alegria tem o sabor dos oceanos.
A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos.
Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.
Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da
natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não
podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que
através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente.
Somos parte dele e ele de nós.
Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por
acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se
sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.
Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar
para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos
trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na
velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heroico.
Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com
que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as
grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.
(TRIGUEIRO, André. Intimidade ecológica. Mundo Sustentável, 10 jun. 2003. Disponível em: http://mundosustentavel.com.br/2003/06/10/ intimidade-ecologica/. Acesso em janeiro de 2018.)
Assinale a alternativa que apresenta o trecho “Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais,
perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por acaso, com nós mesmos.” (4º§) pontuado corretamente, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, mesmo
após algumas alterações.
a) Neste início de terceiro milênio perdemos o contato com a Mãe Terra e não por acaso, com nós mesmos, quando a humanidade estabelece novos recordes de
destruição dos recursos naturais.
b) Perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por acaso com nós mesmos neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de
destruição dos recursos naturais.
c) Neste início, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, de terceiro milênio, perdemos o contato com a Mãe Terra e
não por acaso com nós mesmos.
d) Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e
com nós mesmos, não por acaso.
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A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não
sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o
mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que
nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada ___ criar _____ partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração
que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo
reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que
tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se
traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é
construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não
conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje.
Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos
sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem
reciprocidade.
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma
ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi
aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam
assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as
dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado
caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
(Eliane Brum. Disponível em: http://www.portalraizes.com/28-2/. Fragmento.)
O trecho “Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade.” (6º§) permanece correto, alterando-se a pontuação empregada, de acordo com a
norma-padrão da língua portuguesa, em:
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03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
Texto para a questão.
BOSTON — Milhares de pessoas participaram de um evento intitulado "Rali da Liberdade de Expressão", em Boston, organizado pela extrema-direita dos EUA, neste
sábado à tarde, que levantou preocupação de que o evento se tornasse violento. Ao mesmo tempo, também em Boston, grupos de ativistas realizam um enorme
contraprotesto, com dezenas de cartazes em repúdio a ideias nazistas, de supremacia branca e xenófobas.
A manifestação de extrema-direita terminou pouco depois das 15h, mas muitos dos que protestavam contra ela continuaram reunidos na cidade. Às 16h, as ruas
próximas ao local da marcha começaram a ser liberadas, mas agentes de segurança continuaram patrulhando a região. Mais de 500 policiais foram deslocados para os
locais de protestos, com o objetivo de evitar que a ação da extrema-direita marcada para hoje repita os acontecimentos de Charlottesville
, quando dezenas ficaram
feridas e uma mulher morreu.
A polícia criou uma zona neutra entre as manifestações dos dois grupos e evitou maiores confrontos. Ao menos oito pessoas, aparentemente do grupo contraprotesto,
foram detidas, de acordo com a CNN. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tuitou sobre as marchas deste sábado agradecendo às forças de segurança pelo
seu trabalho.
Os membros da extrema-direita conseguiram uma autorização da prefeitura de Boston para realizar o encontro, que ocorreu apenas uma semana depois da caótica e
assustadora manifestação da extrema-direita no campus da Universidade da Virginia em Charlottesville
, que reuniu até mesmo neonazistas, supremacistas brancos e
simpatizantes do grupo racista Ku Klux Klan.
— Houve dúvidas sobre por que concedemos uma autorização para o evento — comentou o prefeito de Boston, Marty Walsh, na sexta-feira. — Os tribunais tornaram
bem claro. Eles têm o direito de se reunir, não importa quão repugnantes sejam suas opiniões. Mas eles não têm o direito de criar ambientes inseguros. Eles têm direito à
liberdade de expressão. Em troca, eles têm que respeitar nossa cidade.
Os organizadores do evento da extrema-direita em Boston disseram que o encontro deste sábado não é solidário com os supremacistas brancos, mas a polícia instalou
novas câmeras de vigilância na região e colocou restrições ao evento — como a proibição de mochilas, varas e outras armas em potencial — na esperança de evitar a
violência.
– O segmento separado pelos travessões em: “Os organizadores do evento da extrema-direita em Boston disseram que o encontro deste sábado não é solidário com os
supremacistas brancos, mas a polícia instalou novas câmeras de vigilância na região e colocou restrições ao evento — como a proibição de mochilas, varas e outras armas
em potencial — na esperança de evitar a violência. ” (7º§) indica
a) o deslocamento do adjunto adverbial, sendo opcional o uso dos travessões nesse caso.
b) aposto especificativo, individualizando o termo a que ser refere, pode ser também demarcado por vírgulas.
c) introdução das observações apresentadas pelos organizadores do evento mencionado, empregando-se o discurso direto.
d) termo que não pode ser isento do uso do sinal de pontuação para separá-lo do restante da frase, podendo os travessões serem substituídos por vírgulas.
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(Gregório Duvivier.)
O tempo pro brasileiro é tão fluido que a gente inventou a expressão “hora no relógio” – na Bahia, diz-se “hora de relógio”. Nesse momento um suíço ou um inglês tem
uma síncope. “Existe alguma hora que não seja de relógio?”
Caro amigo, existe uma imensa variedade de horas. Na expressão “espera só meia horinha”, “meia horinha” costuma demorar duas horas de relógio, enquanto na frase
“tô te esperando há horas”, “horas” pode significar só “meia horinha” de relógio. Por isso a importância da expressão “de relógio”: na hora do relógio, cada um dos
minutos dura estranhos 60 segundos de relógio – não confundir, claro, com os segundinhos e os minutinhos, que podem durar horas de relógio. “O senhor tem cinco
minutinhos?” “Tenho – mas no relógio só tenho uns dois”.
Sim, o diminutivo muda tudo. Quando se marca “de manhãzinha”, é no início da manhã, de oito às dez, mas se por acaso marcarem “de tardinha”, estarão se referindo
ao fim da tarde, de cinco às sete. Nada é tão simples: de noitinha volta a ser no início da noite, tornando tardinha e noitinha conceitos intercambiáveis. Que cara é essa,
amigo saxão? Você mede comprimento com pés e polegadas.
Não pense que para por aí: tem surgido, cada vez mais frequente, o diminutivo do gerúndio. Ouvi de uma amiga: “outro dia te vi todo correndinho na Lagoa”. Nada mais
ridículo do que achar que se estava correndo e descobrir que só se estava correndinho. Esse é o meu problema com esportes: só chego nos diminutivos. Não chego a me
exercitar, só fico me exercitandinho. Antes disso, fico alongandinho. E depois reclamandinho. Diz-se de um casal que começa a namorar que ambos estão namorandinho
– no entanto, não se diz que um homem que começa a morrer já está morrendinho.
O diminutivo costuma recair sobre coisas pelas quais a gente tem ao menos um pouco de carinho. Por isso pode-se dizer criancinha, velhinho, mas jamais
“adolescentezinho”. Pode-se dizer gatinho, cachorrinho, mas jamais “atendentinho de telemarketing
”. A não ser, claro, no seu uso irônico: se te chamarem de
“queridinho”, querem é que você exploda.
Foi o Ricardo Araújo Pereira quem atentou para o fato de que pomos o diminutivo em advérbios. “É devagar, é devagar, devagarinho”, diz o poeta Martinho – que
carrega o diminutivo no nome. Deve ser coisa nossa, pensei, orgulhoso, até ouvir “despacito”, o “devagarinho” deles. Estranhamente, o vocalista fala mil palavras por
minuto – de relógio. Prefiro o Martinho.
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c) “Por isso, a importância da expressão ‘de relógio’ [...]” 2º§
d) “Nesse momento um suíço ou um inglês tem uma síncope.” 1º§
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Ninguém pode negar o conflito como parte fundamental do fenômeno político. Só existe política porque existem diferenças, discordâncias, visões de mundo que se
distanciam, ideologias, lutas por direitos, por hegemonia. Isso quer dizer que no cerne do fenômeno político está a democracia como um desejo de participação que
implica as tenções próprias à diferença que busca um lugar no contexto social. [...]
Esse texto não tem por finalidade tratar da importância do conflito ou da crítica, mas analisar um fenômeno que surgiu, e se potencializou, na era das redes sociais: a
“militância de tribunal”. Essa prática é apresentada como manifestação de ativismo político, mas se reduz ao ato de proferir julgamentos, todos de natureza condenatória,
contra seus adiversários e, muitas vezes, em desfavor dos próprios parceiros de projeto político. São típicos julgamentos de excessão, nos quais a figura do acusador e do
julgador se confundem, não existe uma acusação bem delimitada, nem a oportunidade do acusado se defender. Nesses julgamentos, que muito revela do “militante de
tribunal”, os eventuais erros do “acusado”, por um lado, são potencializados, sem qualquer compromisso com a facticidade; por outro, perdem importância para a
hipótese previamente formulada pelo acusador-julgador, a partir de preconceitos, perversões, ressentimentos, inveja e, sobretudo, ódio.
Ódio direcionado ao inimigo, aquele com o qual o “acusador-julgador” não se identifica e, por essa razão, nega a possibilidade de dialogar e, o que tem se tornado cada
vez mais frequente, o ódio relacionado ao próximo, aquele que é, ou deveria ser, um aliado nas trincheiras políticas. Ódio que nasce daquilo que Freud chamou de
“narcisismo das pequenas diferenças”. Ódio ao semelhante, aquele que admiramos, do qual somos “parceiros”, ao qual, contudo, dedicamos nosso ódio sempre que ele
não faz exatamente aquilo que deveria – ou o que nós acreditamos que deveria – fazer.
Exemplos não faltam. Pense-se na militante feminista que gasta mais tempo a “condenar” outras mulheres, a julgar outros “feminismos”, do que no enfrentamento
concreto à dominação masculina. A Internet está cheia de exemplos de especialistas em julgamento e condenação. A caça por sucesso naquilo que imaginam ser o
“clubinho das feministas” (por muitas que se dizem feministas enquanto realizam o feminismo como uma mera moral) tem algo da antiga caça às bruxas que regozija até
hoje o machismo estrutural. Nunca se verá a “militante de tribunal feminista” em atitude isenta elogiando a postura correta, mas sempre espetacularizando a postura
“errada” daquela que deseja condenar. Muitas constroem seus nomes virtuais, seu capital político, aquilo que imaginam ser um verdadeiro protagonismo feminista, no
meio dessas pequenas guerras e linchamentos virtuais nas quais se consideram vencedoras pela gritaria. Há, infelizmente, feministas que se perdem, esvaziam o
feminismo e servem de espetáculo àqueles que adoram odiar o feminismo. [...] Apoio mesmo, concreto, às grandes lutas do feminismo, isso não, pois não é tão fácil nem
deve dar tanto prazer quanto a condenação no tribunal virtual montado em sua própria casa. [...]
(Marcia Tiburi e Rubens Casara. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2016/01/odio-ao-semelhante-sobre-a-militanciadetribunal/.Publicado dia: 10/01/2016. Adaptado.)
Considerando-se a adequação do texto de acordo com a norma padrão da língua, assinale a alternativa cuja indicação apresenta-se correta em relação às regras de
pontuação.
Denomina-se gravidez na adolescência a gestação ocorrida em jovens de até 21 anos que se encontram, portanto, em pleno desenvolvimento dessa fase da vida – a
adolescência. Esse tipo de gravidez em geral não foi planejada nem desejada e acontece em meio a relacionamentos sem estabilidade. No Brasil os números são
alarmantes.
Cabe destacar que a gravidez precoce não é um problema exclusivo das meninas. Não se pode esquecer que embora os rapazes não possuam as condições biológicas
necessárias para engravidar, um filho não é concebido por uma única pessoa. E se é à menina, que cabe a difícil missão de carregar no ventre, o filho, durante toda a
gestação, de enfrentar as dificuldades e dores do parto e de amamentar o rebento após o nascimento, o rapaz não pode se eximir de sua parcela de responsabilidade.
Por isso, quando uma adolescente engravida, não é apenas a sua vida que sofre mudanças. O pai, assim como as famílias de ambos, também passa pelo difícil processo
de adaptação a uma situação imprevista e inesperada.
Essa situação favoreceu o surgimento de uma geração cujos valores éticos e morais encontram-se desgastados. O excesso de informações e liberdade recebida por esses
jovens os levam à banalização de assuntos como o sexo, por exemplo. Essa liberação sexual, acompanhada de certa falta de limite e responsabilidade é um dos motivos
que favorecem a incidência de gravidez na adolescência.
Outro fator que deve ser ressaltado é o afastamento dos membros da família e a desestruturação familiar. Seja por separação, seja pelo corre-corre do dia a dia, os pais
estão cada vez mais afastados de seus filhos. Isso além de dificultar o diálogo de pais e filhos, dá ao adolescente uma liberdade sem responsabilidade. Ele passa, muitas
vezes, a não ter a quem dar satisfações de sua rotina diária, vindo a procurar os pais ou responsáveis apenas quando o problema já se instalou.
A adolescência já é uma fase complexa da vida. Além dos hormônios, que nessa etapa afloram causando as mais diversas mudanças no adolescente, outros assuntos
preocupam e permeiam as mentes dos jovens: escola, vestibular, profissão etc.
A gravidez, por sua vez, também é uma etapa complexa na vida. Ter um filho requer desejo tanto do pai quanto da mãe, mas não só isso. Atualmente, com problemas
como a instabilidade econômica e a crescente violência, são necessários, além de muita consciência e responsabilidade, um amplo planejamento. Quando isso não
acontece, a iminência de acontecerem problemas é muito grande.
A adolescência é o momento de formação escolar e de preparação para o mundo do trabalho. A ocorrência de uma gravidez nessa fase, portanto, significa o atraso ou
até mesmo a interrupção desses processos. O que pode comprometer o início da carreira ou o desenvolvimento profissional.
A família transformou-se em bode expiatório das mazelas de nossa sociedade. Crianças se descontrolam, brigam, desobedecem? Jovens fazem algazarras, bebem em
demasia, usam drogas ilegais, namoram escandalosamente em espaços públicos? Faltou educação de berço. Como é bom ter uma “Geni” para nela atirar todas as
pedras, principalmente quando se trata dos mais novos.
Até o Secretário Estadual da Educação de São Paulo, em um artigo de sua autoria, para defender sua tese de que estamos vivendo em uma “sociedade órfã”, inicia suas
justificativas afirmando que “... a fragmentação da família, a perda de importância da figura paterna – e também a materna – a irrelevância da Igreja e da Escola em
múltiplos ambientes geram um convívio amorfo”.
As escolas também costumam agir assim: quando um aluno é considerado problemático e indisciplinado, ou apresenta um ritmo de aprendizagem diferente do esperado
pela instituição, a família é chamada para resolver o “problema”.
Vamos refletir sobre expressões usadas a respeito da família: “família fragmentada”, “família desestruturada”, “família disfuncional”, “família sem valores” e outras
semelhantes. Não lhe parece, caro leitor, que tais expressões apontam na direção de que a família decidiu entornar o caldo da sociedade?
Não é a família que está fragmentada: é a vida. Hoje, os tratamentos médicos, o conhecimento, as metodologias, as relações interpessoais, as escolas, o Estado etc.
estão fragmentados. Mesmo não sendo a família um agente passivo nesse contexto, é salutar lembrar que ela se desenvolve conectada ao clima sociocultural em que
vive.
A família não está desestruturada ou disfuncional: ela passa por um período de transição, com sucessivas e intensas mudanças, o que provoca uma redefinição de papéis
e funções. Esse processo está em andamento, o que nos permite falar, hoje, não em família, mas em famílias, no plural, já que há grande diversidade de desenhos,
dinâmicas etc.
As famílias não estão sem valores: elas têm valores fortes, em sua maioria eleitos pelas prioridades que a sociedade determina. O consumo é um deles: as famílias não
decidiram consumir cada vez mais, foi o sistema econômico que apontou esse valor para elas.
Há problemas com a escola, sim: ela tem ensinado sem educar devido, principalmente, à primazia do conteúdo – que insisto em dizer que não é conhecimento –, às
políticas públicas adotadas e à ausência de outras, prioritárias. Por isso, a escola tem tido um papel irrelevante na formação dos mais novos.
Há famílias em situações de risco e fragilidade? Há. A escola perdeu sua importância na socialização de crianças e jovens? Sim. Mães e pais podem estar mais ocupados
com suas vidas do que com os filhos? Sim. Mas isso ocorre porque as ideologias socioculturais da juventude, do sucesso e da instantaneidade ganharam grande
relevância, e não há políticas públicas – de novo – que busquem equilibrar tal contexto. E, mesmo assim, têm sido as famílias a instituição protetora dos mais novos!
A sociedade não precisa, tampouco demanda, que o Estado exerça a função de babá, de pai ou de mãe. Ela necessita que o Estado reconheça, na prática, que as famílias
e a escola dependem de ações públicas de apoio ao seu pleno desenvolvimento e que garantam os seus direitos.
a) um vocativo.
b) uma enumeração.
c) uma expressão explicativa.
d) um adjunto adverbial deslocado.
e) elementos coordenados assindéticos.
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Tudo começa com o desejo de nos sentirmos bem, comendo apenas alimentos puros, “limpos”.
Até aí, tudo bem.
Isso nos leva a dizer adeus a certos grupos de alimentos, como grãos, açúcares e produtos animais. No final, a dieta se reduz a uma quantidade tão restrita de alimentos
que acabamos ficando desnutridos. Esse transtorno tem um nome: ortorexia nervosa.
O termo foi criado em 1997 pelo médico americano Steven Bratman, aliando a palavra para “correto” ─ do grego orthos ─ com “apetite” ─ orexis ─ (de onde vem, aliás,
a palavra anorexia, ou, sem apetite, transtorno que, muitas vezes, é mascarado pela ortorexia).
Embora o objetivo do anoréxico seja perder peso, e o do ortoréxico, ficar saudável, ambos os transtornos restringem a alimentação do indivíduo, colocando sua vida em
risco.
No entanto, enquanto a anorexia é reconhecida como um mal, a ortorexia tem a desvantagem de ser uma doença “disfarçada de virtude”.
Uma dieta baseada em alimentos frescos, não industrializados, está longe de ser ruim. O problema é quando isso se torna uma obsessão.
“No final, o ortoréxico acaba passando grande parte da sua vida planejando, comprando, preparando e comendo seus pratos”, explica Bratman em seu livro Health Food
Junkies (em tradução livre, “Viciados em Comida Saudável”).
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Quando escreveu a obra, no final da década de 90, Bratman se referia a hábitos alimentares de pequenos grupos de pessoas.
Quase duas décadas depois, a obsessão com a comida saudável está por toda parte, inclusive no mundo digital.
Para confirmar esse fato, basta fazer uma busca por #CleanEating no Instagram ou no Twitter.
Bratman não só deu nome ao transtorno como também foi a primeira pessoa a ser diagnosticada com ele. O médico admitiu que se deixou seduzir de tal forma pela
“alimentação virtuosa” que se negava a comer legumes mais de 15 minutos após seu cozimento.
“No entanto, a realidade me obriga a reconhecer que a distinção já não é tão clara. Me parece que uma alta porcentagem de ortoréxicos hoje em dia se foca em perder
peso.”
“Como deixou de ser aceitável que uma pessoa magra conte as calorias que consome, muitas pessoas que seriam diagnosticadas como anoréxicas falam em ‘comer de
maneira saudável’, o que, por coincidência, implica em escolher apenas alimentos com baixo teor calórico.”
“Esses pratos inspirados pelo Instagram, com umas folhas de espinafre, uns grãos de quinoa ─ que estão muito na moda, algumas sementes de romã ─ que são lindas ─
são muito bonitos, mas não têm nutrientes suficientes”, disse à BBC Miguel Toribio-Mateas, nutricionista e especialista em neurociência clínica.
“Você termina com uma comida que te dá 200 calorias, o que não é nada em termos energéticos, e sem proteínas.
Está tudo bem se você tem vontade (de comer assim um dia ou outro), mas se você se recusa a comer o resto da comida normal porque acha que ela é suja ou algo que
você não pode jamais colocar na sua vida porque vai te fazer mal, há um problema”, acrescenta o especialista.
E se o termo “comida normal” deixa você confuso, o nutricionista faz alusão, por exemplo, a um prato de “peixe com batatas”.
Hoje em dia, há tamanha avalanche de conselhos sobre nutrição e saúde na internet e na mídia que fica difícil ignorá-los e lidar com eles.
“O açúcar, nesse momento, é o demônio. Porque se você o consome com muita frequência, no mínimo ganha um pouco de peso. E se (faz isso) descontroladamente,
pode desenvolver diabetes (do tipo) 2. Mas de vez em quando, ter a flexibilidade mental para poder decidir, ‘hoje vou comer um chocolate’, é importante. E isso é
impossível para os anoréxicos”, disse Toribio-Mateas.
Além do problema de ser aceita socialmente, a ortorexia também é tida como doença “do primeiro mundo”, ou “das classes privilegiadas” ─ o que não está de todo
errado, disse o nutricionista.
“Se você tem de contar o dinheiro antes de ir às compras, não vai pagar o que cobram pelos alimentos que estão na moda e são tidos como ‘limpos’.”
E acrescentou: “Não é que a romã não seja deliciosa. Mas se você pretende viver dela e de outros poucos produtos sobre os quais você leu que possuem alto teor de
antioxidantes e nada mais, essa não é uma decisão racional”.
Toribio-Mateas disse que a maioria dos seus pacientes é mulher. Segundo ele, elas vêm procurar conselhos para uma dieta “perfeita”. Ou são arrastadas à clínica pelos
familiares ─ já que elas próprias estão convencidas de que não há nada de errado.
“É difícil tratá-las, até porque são muito bem informadas”, explicou. “Tenho uma paciente que só come legumes fervidos ou grelhados. Rejeita a carne por causa dos
hormônios, rejeita os ovos porque acha que têm gordura demais, só consome uma quantidade mínima de óleo de coco ─ porque está convencida de que ele ajuda a
queimar gordura.”
“Há mitos que são mais fáceis de derrubar, mas como dizer a alguém que não coma tantos legumes?”, perguntou.
“Tenho de convencê-la a introduzir (em sua dieta) outros alimentos que, segundo exames clínicos, estão faltando no seu organismo.”
Finalmente, a ortorexia não implica apenas em uma redução nas opções alimentares do paciente.
“Os ortoréxicos não podem ir a um restaurante ou bar porque não sabem o que está sendo servido. E não podem ir comer na casa de amigos, a não ser que eles
também sejam ortoréxicos”, concluiu Toribio-Mateas
.
Um levantamento do Ministério Público de São Paulo traz um dado revelador: dois terços dos jovens infratores da capital paulista fazem parte de famílias que não têm um
pai dentro de casa. Além de não viverem com o pai, 42% não têm contato algum com ele e 37% têm parentes com antecedentes criminais.
Ajudam a engrossar essas estatísticas os garotos Waldik Gabriel, de 11 anos, morto em Cidade Tiradentes, Zona Leste de São Paulo, depois de fugir da Guarda Civil
Metropolitana, e Ítalo, de 10 anos, envolvido em três ocorrências de roubo só em 2016, morto pela Polícia Militar no início de junho, depois de furtar um carro na Zona
Sul da cidade. O pai de Waldik é caminhoneiro e não vivia com a mãe. O de Ítalo está preso por tráfico. A mãe já cumpriu pena por furto e roubo.
É certo que um pai presente e próximo ao filho faz diferença. Mas, mais que a figura masculina propriamente dita, faz falta uma família estruturada, independentemente
da configuração, que dê atenção, carinho, apoio, noções de continência e limite, elementos que protegem os jovens em fase de desenvolvimento.
A mãe e a avó, nessa família brasileira que cresce cada vez mais matriarcal, desdobram-se para tentar cumprir esses requisitos e preencher as lacunas, mas são
“atropeladas” pela rotina dura. Muitas vezes, não têm tempo, energia, dinheiro e voz para lidar com esses garotos e garotas que crescem na rua, longe da escola, em
bairros sem equipamentos de esporte e cultura, próximos de amigos e parentes que podem estar envolvidos com o crime.
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A criança precisa ter muita autoestima e persistência para buscar nesse horizonte nebuloso um projeto de vida. Sem apoio emocional, sem uma escola que estimule seu
potencial, sem ter o que fazer com seu tempo livre, sem enxergar uma luz no fim do túnel, ela fica muito mais perto da droga, do tráfico, do delito, da violência e da
gestação na adolescência. É nessa mesma família, sem pai à vista, de baixa renda, longe da sala de aula, nas periferias, que pipocam os quase 15% das jovens que são
mães na adolescência, taxa alarmante que resiste a baixar nas regiões mais carentes.
E o que acontece com essa menina que engravida porque enxerga na maternidade um papel social, uma forma de justificar sua existência no mundo? Iludidas com a
perspectiva de estabilizar um relacionamento (a família estruturada que não têm?), elas ficam, usualmente, sozinhas, ainda mais distantes da escola e de seu projeto de
vida. O pai da criança some no mundo, e são elas que arcam com o ônus do filho, sobrecarregando um lar que já vivia no limite.
Sem políticas públicas que foquem nessa família mais vulnerável, no apoio emocional e social para esses jovens, em uma escola mais atraente, em projetos de vida, em
alternativas de lazer, a realidade diária na vida desses jovens continuará a ser a gravidez na adolescência, a violência e a criminalidade.
A paixão terminou, o amor é uma lembrança irresgatável, mas ainda há tanta presença e ternura...
Abraços podem durar um tempo enorme. A gente se inclina na direção do outro, cheio de sentimentos conturbados, e ele nos segura com força, como se tentasse
comunicar alguma coisa. É possível sentir um coração batendo contra o outro, perceber no peito a outra respiração. Tantas coisas estão contidas nesse gesto, tanta
ternura, tanta dúvida. Amor. Quando o abraço se desfaz, fica um sorriso indeciso, uma expressão incompleta nos olhos, o movimento de um corpo que se afasta e parece
dizer adeus.
Como todo mundo, tenho sentimentos ambivalentes sobre relacionamentos que acabam. São momentos tristes, terrivelmente tristes. Mas, ao fim e ao cabo, inevitáveis.
A gente não pode passar a vida preso a coisas que já não respiram. Mesmo cheios de dúvidas e ainda repletos de carinho, em algum momento é preciso romper, andar,
recomeçar. O abraço que não quer terminar é lindo, mas abre uma porta para lugar nenhum. É necessário sair dele para ser de novo uma pessoa inteira – e ter a chance,
adiante, de estar inteiro em outro abraço.
Esses momentos de ruptura são essenciais em nossa vida. As separações, assim como os encontros, nos definem – inclusive por que costumam levar um tempo enorme.
A gente passa um ano juntos, apaixonados, e podemos levar o dobro nos separando de verdade, fazendo a ruptura das almas. Separar dois corpos é fácil, mas como se
faz para tirar o outro de dentro de si?
Com todos os problemas e dificuldades, gosto de pensar nesse período de sentimentos estendidos como o tempo da delicadeza. (Obrigado, Chico Buarque, por esta e
tantas outras coisas.) A paixão terminou, o amor é uma lembrança irresgatável, mas ainda há presença e ternura. Enormes. A raiva ficou para trás. A frustração gastou-
se. O ciúme raspa as unhas nas paredes do porão, lá embaixo, mas a cada dia incomoda menos. Os sentimentos dolorosos – quase todos – deram lugar a uma sensação
agridoce de cumplicidade. Ainda não é possível desejar que ela ou ele seja feliz em outra companhia, mas esse dia chegará, um dia.
Acredito – enfim – que é possível deixar de amar amando. O afastamento pode ser feito com ódio, mas fica uma ferida imensa, dura de cicatrizar. Podemos cortar as
pontes repentinamente, com medo de um sofrimento duradouro, mas isso vai nos assombrar no futuro, na hora de amar de novo. Enfim, há diferentes maneiras de
deixar de amar. Eu acho possível – e louvável – sair da intimidade do outro com um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos. Sair, mas ficar feliz em vê-lo, contente de
ouvi-la, ainda ter vontade de contar a essa pessoa que nos conhece tão bem tudo que aconteceu na semana passada, mas escolhendo não contar – por pudor, e porque,
afinal, já não cabe.
Sou capaz de antecipar o olhar de descrédito do leitor e da leitora. Não é assim que funciona, ele ou ela dirá. Se os sentimentos são bons, as pessoas não se separam.
Mas isso não é verdade. As pessoas rompem cheias de bons sentimentos, transbordando deles, a ponto de não saber o que fazer com tudo aquilo. Exceto as exceções,
exceto os traumas e barbaridades, a gente não deixa de querer de uma hora para outra. A paixão acaba, é certo. O amor, aquele de querer ficar colado para sempre,
também acaba. Mas há sentimentos lindos que ainda ligam ex-casais. Tão lindos que entalam na garganta, que temos vontade de abraçar e não largar. Lembra?
Pois então, respeitemos os nossos sentimentos delicados. As relações terminam, mas isso não é o fim dos afetos. Não há que ter vergonha de gostar da ex que você
mesmo deixou, não há problema em pensar com carinho (e sem raiva) naquele desgraçado que não quis continuar. Dentro de nós há tanta coisa ruim que não
deveríamos resistir quando se manifesta uma doçura. Melhor abraçá-la bem forte, acolhê-la como um amor que estivesse de volta. Apenas para uma visita, mas, ainda
assim, bem-vindo.
Eu vinha voltando para casa, dentro da noite de Londres. Uma noite fria, nevoenta, silenciosa – uma noite de Londres. Noite de inverno que começa às quatro horas da
tarde e termina às oito da manhã. Noite de navio perdido em alto-mar, de cemitério, de charneca, de fim de ano, de morro dos ventos uivantes. Noite de vampiros, de
lobisomens, de fantasmas, de assassinos, de Jack, o Estripador. Eu vinha vindo e apressava o passo, querendo chegar depressa, antes que aquela noite tão densa me
dissolvesse para sempre em suas sombras. De espaço a espaço, a luz amarelo-âmbar dos postes pontilhava a rua com seu pequeno foco, como olhos de pantera a
seguir-me os passos na escuridão.
Os meus olhos a fitavam, assombrados, e eu não podia acreditar no que eles viam. Quadrada como uma janelinha aberta no céu. Mas amarela como todas as luas do
mundo, flutuando na noite, plena de luz, solitária e bela.
As luas de Londres... Ah, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira! A lua de Londres era quadrada!
Pensei estar sonhando e baixei os olhos humildemente, indigno de merecê-la, tendo bebido mais do que imaginava. Entrei em casa bêbado de lua e fui refugiar-me em
meu quarto, refeito já do estranho delírio, no ambiente cálido e acolhedor do meu tugúrio, cercado de objetos familiares.
Mas foi só chegar à janela, e lá estava ela, dependurada no céu em desafio: uma lua deslumbrante que a neblina não conseguia ofuscar, cubo de luz suspenso no
espaço, de contornos precisos, nítido em seus ângulos retos, a desafiar-me com seu mistério. A lua quadrada de Londres!
Evitei olhá-la outra vez, para não sucumbir ao seu fascínio. Corri as cortinas e fui dormir sob seus eflúvios – enigma imemorial a zombar de todas as astronomias através
dos séculos, da mais remota antiguidade aos nossos dias, e oferecendo unicamente a mim a sua verdadeira face. É possível que um sábio egípcio, há cinco mil anos, do
alto de uma pirâmide, a tenha vislumbrado uma noite e tentado perquirir o seu segredo. É possível que em Babilônia um cortesão de Nabucodonosor se tenha enamorado
perdidamente de uma princesa, na moldura quadrada de seus raios. É possível que na China de Confúcio um mandarim se tenha curvado reverente no jardim, entre
papoulas, sob o império de seu brilho retilíneo. É possível que na África, numa clareira das selvas, um feiticeiro da tribo lhe tenha oferecido em holocausto a carcaça
sangrenta de um antílope. É possível que nos mares gelados do Norte um viking tenha há 12 séculos levantado os olhos sob o elmo de chifres, e contemplado aquela
surpreendente forma geométrica, procurando orientar por ela o seu bergantim. É possível que na Idade Média um alquimista tenha aumentado, sob a influência de sua
radiância quadrangular, o efeito milagroso de um elixir da longa vida. É possível que, no longo dos anos, mais de uma donzela haja estremecido em sonhos ao receber no
corpo a carícia estranhamente angulosa do luar. Mas, nos dias de hoje, somente a mim a lua se oferecia em toda a sua nudez quadrada. Dormi sorrindo, ao pensar que
os astronautas modernos se preparam para ir à Lua em breve – sem ao menos desconfiar que ela não é redonda, mas quadrada como uma janela aberta no cosmo –
verdade celestial que só um noctívago em Londres fora capaz de merecer.
Lembro-me de uma história – história que inventei, mas que nem por isso deixa de ser verdadeira. Era um marinheiro dinamarquês, de um cargueiro atracado no porto
do Rio de Janeiro por uma noite apenas. Saíra pela cidade desconhecida, de bar em bar, e vinha voltando solitário e bêbado pela madrugada, quando se deu o milagre:
nas sujas águas do canal do Mangue, viu refletida uma claridade difusa – ergueu os olhos e viu que as nuvens se haviam rasgado no céu, e o Cristo surgira para ele, de
braços abertos, em todo o seu divino esplendor. Fulminado pela visão, caiu de joelhos e chorou de arrependimento pela vida de pecado e impenitência que levara até
então. De volta à sua terra, converteu-se, tornou-se místico, acabou num convento. E anos mais tarde, depois de uma vida inteira dedicada a Deus, o monge recebe a
visita de um brasileiro. Aquele homem era da cidade em que se dera o milagre da sua conversão.
Não diz a história se o religioso deixou de sê-lo, por causa da prosaica revelação. Não diz, porque me eximo de acrescentar que, na realidade, depois de viver tanto
tempo uma crença construída sobre o equívoco, este equívoco passava a ser mesmo um milagre, como tudo mais nesta vida.
O milagre da lua quadrada de Londres não me foi desfeito por nenhum londrino descrente do surrealismo astronômico nos céus britânicos. Bastou olhar de manhã pela
janela e pude ver, recortado contra o céu, o gigantesco guindaste no cume de uma construção, e numa das pontas da armação de aço atravessada no ar, junto ao
contrapeso, o quadrado de vidro que à noite se acende. A minha lua quadrada de Londres.
Quadrado que talvez simbolize todo um sistema de vida, mais do que anuncia a pequena palavra Laig nele escrita, marca de fabricação do guindaste. De qualquer
maneira, os ingleses ganharam, pelo menos na minha imaginação, o emblema do seu modo de ser, impresso nessa visão de uma noite, que foi a lua quadrada de
Londres.
(SABINO, Fernando, 1923-2004 – As melhores crônicas – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010. 224 p.)
Assinale a alternativa que contém a justificativa adequada para o uso das vírgulas no período: “ Noite de navio perdido em alto-mar, de cemitério, de charneca, de fim de
ano, de morro dos ventos uivantes .”
Pesquisas sugerem que atiradores são deprimidos e suicidas. Iniciativas centradas no diálogo e na saúde mental de estudantes e professores podem ajudar a evitar
tragédias, dizem especialistas.
Em 1999, poucos dias depois dos ataques ao Colégio Columbine, nos Estados Unidos, um incidente semelhante atingiu a pequena cidade de Taber, em Alberta, no
Canadá. Um garoto de 14 anos invadiu o colégio W. R. Myers, disparando a esmo. Matou um estudante e feriu outros dois.
Especialista em estresse pós-traumático, o psicólogo Kevin Cameron foi chamado de imediato, para prestar atendimento às vítimas e sobreviventes. Desde então, ele e
seus colegas tentam se antecipar a esse tipo de tragédia: “É possível prevenir tiroteios em colégio. E temos nos aprimorado nessa tarefa”, me disse ele durante o final de
semana.
Cameron comanda hoje o Centro Norte-Americano para Avaliação de Riscos e Resposta a Traumas. Seu trabalho envolve ensinar educadores, policiais e pais a identificar
jovens em risco para cometer atos de violência extrema, de modo a ajudá-los. Segundo ele, há ao menos duas coisas importantes a saber sobre esses adolescentes: a
maioria sofre de problemas psicológicos graves, está deprimida e tem comportamento suicida. Não raro, têm histórico de convívio conflituoso com a família ou de abuso
doméstico; e a maioria fala sobre seus planos, com amigos, pais ou professores, antes de executá-los: “A questão é que a maior parte das pessoas não leva a sério.
Ninguém acha que aquele garoto seria capaz de praticar algo tão horrendo”, me disse Cameron. [...]
Segundo Cameron, o programa vem se mostrando bem-sucedido. Baseia-se em criar, nas escolas, ambiente propício ao diálogo e de proximidade com as famílias dos
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estudantes. A ideia é conhecer o contexto em que vivem, que problemas enfrentam, de modo a oferecer ajuda se necessário. Em 2013, o jornal The New York Times
escreveu a respeito da iniciativa.
Na esteira do atentado à Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na última quarta-feira, a questão se tornou fundamental também para o Brasil. Incidentes dessa
natureza não são tão comuns no país quanto nos EUA ou no Canadá. Mas pesquisadores defendem que mudar a dinâmica do convívio escolar, de modo a estimular o
diálogo e oferecer suporte psicológico a alunos e estudantes, pode reduzir índices de violência: “As escolas mais violentas são aquelas onde há pior comunicação”, me
disse a professora Kathie Njaine, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz e especialista em violência em escolas.
Njaine me disse que observou isso em trabalhos desenvolvidos por orientandas suas em municípios da Baixada Fluminense: “Mesmo naquelas situações em que o
entorno do colégio era violento, as escolas onde havia uma boa relação com os jovens e as famílias tinham menos conflitos”, afirmou.
Construir ambiente propício ao diálogo nem sempre é tarefa simples. Por vezes, esbarra em problemas relacionados à estrutura das escolas: com tantos alunos, nem
sempre professores e funcionários conseguem prestar a devida atenção a todos. É um desafio, também, porque exige que, não raro, as escolas lidem com problemas
surgidos fora de seus muros. Compreender os problemas dos jovens requer, por exemplo, estar atento ao contexto em que vivem. “É importante olhar para as relações
com a família, para os projetos de vida desses adolescentes”, diz Njaine.
Se o projeto de Los Angeles serve de exemplo, esse esforço de comunicação traz resultados: “Quando tragédias como a de Suzano acontecem, muita gente passa a
discutir segurança pública. Passa a falar sobre a necessidade de colocar policiais nas escolas. Isso não basta”, diz Njaine. “Isso não resolve se você não pensar na
educação como um todo. É preciso criar, nas escolas, ambientes abertos ao diálogo”.
Em relação à transitividade verbal demonstrada nos trechos destacados a seguir, assinale aquele que se DIFERENCIA dos demais.
A sociedade passou por profundas transformações em que a realidade socioeconômica modificou-se com rapidez junto ao desenvolvimento incessante das economias de
massas. Os mecanismos de produção desenvolveram-se de tal forma a adequarem-se às necessidades e vontades humanas. Contudo, o homem não mediu as possíveis
consequências que tal desenvolvimento pudesse causar de modo a provocar o desequilíbrio ao meio ambiente e a própria ameaça à vida humana.
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Desse modo, a preocupação com o meio ambiente é questionada, sendo centro de tomada de decisões, diante da grave problemática que ameaça romper com o
equilíbrio ecológico do Planeta. E não apenas nos tradicionais meios de comunicação, tais como jornais impressos, rádio, televisão, revistas, dentre outros, como também
nos espaços virtuais de interatividade, por meio das novas mídias, as quais representam novos meios de comunicação, tem-se o debate sobre a problemática ambiental.
O capitalismo foi reestruturado e a partir das transformações científicas e tecnológicas deu-se origem a um novo estabelecimento social, em que por meio de redes e da
cultura da virtualidade, configura-se a chamada sociedade informacional, na qual a comunicação e a informação constituem-se ferramentas essenciais da Era Digital.
As novas mídias, por meio da utilização da Internet, estão sendo consideradas como novos instrumentos de proteção do meio ambiente, na medida em que proporcionam
a expansão da informação ambiental, de práticas sustentáveis, de reivindicações e ensejo de decisões em prol do meio ambiente.
No ciberespaço, devido à conectividade em tempo real, é possível promover debates de inúmeras questões como a construção da hidrelétrica de Belo Monte, o Novo
Código Florestal, Barra Grande, dentre outras, as quais ensejam por tomada de decisões políticas, jurídicas e sociais. [...]
(SILVA NUNES, Denise. Internet e as novas mídias: contribuições para a proteção do meio ambiente no ciberespaço. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 115, ago. 2013. Disponível em:
http://ambito - juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13051& revista_caderno=17. Acesso em: jan. 2017. Adaptado.)
Analise os trechos a seguir.
IV. “[...] por meio das novas mídias, as quais representam novos meios de comunicação, [...]”
Os verbos que, no contexto, exigem o mesmo tipo de complemento verbal, foram empregados em apenas
a) I e II.
b) I, III e IV.
c) II e IV.
d) II, III e IV.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/470370
Ninguém pode negar o conflito como parte fundamental do fenômeno político. Só existe política porque existem diferenças, discordâncias, visões de mundo que se
distanciam, ideologias, lutas por direitos, por hegemonia. Isso quer dizer que no cerne do fenômeno político está a democracia como um desejo de participação que
implica as tenções próprias à diferença que busca um lugar no contexto social. [...]
Esse texto não tem por finalidade tratar da importância do conflito ou da crítica, mas analisar um fenômeno que surgiu, e se potencializou, na era das redes sociais: a
“militância de tribunal”. Essa prática é apresentada como manifestação de ativismo político, mas se reduz ao ato de proferir julgamentos, todos de natureza condenatória,
contra seus adiversários e, muitas vezes, em desfavor dos próprios parceiros de projeto político. São típicos julgamentos de excessão, nos quais a figura do acusador e do
julgador se confundem, não existe uma acusação bem delimitada, nem a oportunidade do acusado se defender. Nesses julgamentos, que muito revela do “militante de
tribunal”, os eventuais erros do “acusado”, por um lado, são potencializados, sem qualquer compromisso com a facticidade; por outro, perdem importância para a
hipótese previamente formulada pelo acusador-julgador, a partir de preconceitos, perversões, ressentimentos, inveja e, sobretudo, ódio.
Ódio direcionado ao inimigo, aquele com o qual o “acusador-julgador” não se identifica e, por essa razão, nega a possibilidade de dialogar e, o que tem se tornado cada
vez mais frequente, o ódio relacionado ao próximo, aquele que é, ou deveria ser, um aliado nas trincheiras políticas. Ódio que nasce daquilo que Freud chamou de
“narcisismo das pequenas diferenças”. Ódio ao semelhante, aquele que admiramos, do qual somos “parceiros”, ao qual, contudo, dedicamos nosso ódio sempre que ele
não faz exatamente aquilo que deveria – ou o que nós acreditamos que deveria – fazer.
Exemplos não faltam. Pense-se na militante feminista que gasta mais tempo a “condenar” outras mulheres, a julgar outros “feminismos”, do que no enfrentamento
concreto à dominação masculina. A Internet está cheia de exemplos de especialistas em julgamento e condenação. A caça por sucesso naquilo que imaginam ser o
“clubinho das feministas” (por muitas que se dizem feministas enquanto realizam o feminismo como uma mera moral) tem algo da antiga caça às bruxas que regozija até
hoje o machismo estrutural. Nunca se verá a “militante de tribunal feminista” em atitude isenta elogiando a postura correta, mas sempre espetacularizando a postura
“errada” daquela que deseja condenar. Muitas constroem seus nomes virtuais, seu capital político, aquilo que imaginam ser um verdadeiro protagonismo feminista, no
meio dessas pequenas guerras e linchamentos virtuais nas quais se consideram vencedoras pela gritaria. Há, infelizmente, feministas que se perdem, esvaziam o
feminismo e servem de espetáculo àqueles que adoram odiar o feminismo. [...] Apoio mesmo, concreto, às grandes lutas do feminismo, isso não, pois não é tão fácil nem
deve dar tanto prazer quanto a condenação no tribunal virtual montado em sua própria casa. [...]
(Marcia Tiburi e Rubens Casara. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2016/01/odio-ao-semelhante-sobre-a-militanciadetribunal/.Publicado dia: 10/01/2016. Adaptado.)
Mantendo-se o sentido original e considerando-se as relações de regência estabelecidas entre os termos da oração, assinale a alternativa em que a substituição proposta
está de acordo com as regras prescritas pela gramática normativa.
[...]
Entrevistador – Como você vê o papel do escritor em um país como o Brasil?
*João Antônio – Para mim, o escritor, enquanto escreve, é exclusivamente um escritor – operário da palavra queimando olhos e criando corcunda sobre o papel e a
máquina. Pronto o livro, o autor brasileiro não deve fugir à realidade de que é um vendedor, como um vendedor de cebolas ou batatas. Mas com uma diferença, é claro:
no Brasil o livro não é considerado como produto de primeira necessidade, como os cereais. Também por isso, há de se sair a campo e de se divulgar o que se sabe
fazer. Efetivamente, é mais do que um camelô de sua área: conversa sobre a obra, mas o ideal é que ouça muito o seu parceiro, o leitor. Que jamais se estabeleça um
clima formal, doutoral, beletrístico, mas de debate, discussão, questionamento, amizade. Se o escritor se enclausura numa torre, se atende apenas à onda geral da feira
de vaidades que é a chamada vida literária, jamais poderá sentir a realidade de seu público.
(ANTÔNIO, João. Malagueta, Perus e Bacanaço. São Paulo: Ática, 1998. Fragmento.)
*João Antônio Ferreira Filho (1937-1996), escritor paulista, é considerado um dos melhores contistas brasileiros do século XX.
Acerca dos mecanismos de regência, responsáveis pela estruturação lógico-sintática dos enunciados linguísticos, identifique o trecho em que o “a” em destaque NÃO
estabelece uma relação de regência entre dois termos.
Em vez de uma entrevista formal, Ana Maria Machado resolveu escrever para responder às questões de “Na Ponta do Lápis”. Nada estranho para alguém que escreve tão
naturalmente como um passarinho canta, como ela mesma afirma. Por e-mail, as respostas vieram em forma de depoimento. São quarenta anos de carreira, mais de cem
livros publicados em vinte países e inúmeros prêmios recebidos no Brasil e no exterior. Ela é a primeira representante da literatura infanto-juvenil na Academia Brasileira
de Letras.
As primeiras leituras
Aprendi a ler antes dos cinco anos. Minha família me contava histórias e me mostrava livros. Desde pequena, contos de fadas, Monteiro Lobato etc. Minha avó Ritinha era
uma biblioteca viva de sabedoria popular. Foi nesse período que encontrei o livro que marcaria a minha vida para sempre: Reinações de Narizinho. Depois fui descobrindo
outros, como os de Mark Twain . Na escola e em casa, estava sempre rodeada de amigos que também gostavam de curtir a vida tendo bons livros ao seu lado.
Meu pai era jornalista. Sempre brinquei em máquina de escrever. Faço diário. Sobre tudo e sobre nada. Vou escrevendo como passarinho canta. Mas sempre gostei de
escrever. Escrevia muitas cartas, fazia parte da equipe do jornalzinho da escola, essas coisas. [Hoje] escrevo o tempo todo, não só quando estou diante do papel ou do
computador – esse é só o momento final, em que as palavras saem de mim e tomam forma exterior.
Eu tendo a inverter a pergunta: como é que alguém que conheça bem uma língua tão linda como a nossa, goste de jovens e adore ler consegue dar aula sem transmitir
essa paixão? Isso é que para mim é um mistério. Seria como um torcedor de um time ir ao estádio ver a final do campeonato, com a sua equipe na decisão, e conseguir
não torcer. Não dá nem para imaginar! Só se ele não for um torcedor, não conhecer futebol, não entender o que está acontecendo no campo, nunca tiver assistido a uma
partida etc. E, por causa de tudo isso, conseguir passar o jogo todo reparando em outras coisas: a marquise do estádio, a gola da camisa do vizinho à sua frente, coisas
assim. Para mim, é inconcebível.
Eu costumo dizer que o maior prêmio de um escritor é um bom leitor. É para o leitor que um autor escreve. Um leitor que entende, qualquer que seja a sua idade, é um
presente. Para mim, o importante é que meu leitor se aproxime do que eu escrevo. Só com um leitor é que o livro se completa. Sei muito bem que hoje em dia, com as
novas tecnologias, o livro não é mais o eixo central em torno do qual gira toda a cultura. Mas acho justo que todas as pessoas possam ter acesso a tudo o que a leitura
pode nos trazer. Então, sugiro que esse professor leia muito, descubra os livros de que goste e fale neles para seus alunos. Com verdade e entusiasmo.
(Luiz Henrique Gurgel, Na Ponta do Lápis, Ano VI, Número 14, Julho de 2010.)
A regência verbal pode variar ainda que se trate de um mesmo verbo. Tal fato ocorre vinculado a uma diversidade de significados que o mesmo pode conter e apresentar
de acordo com o contexto em que está sendo empregado. Em “ Aprendi a ler antes dos cinco anos
.”, a regência do verbo em destaque tem por justificativa
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A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não
sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o
mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que
nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada ___ criar _____ partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração
que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo
reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que
tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se
traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é
construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não
conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje.
Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos
sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem
reciprocidade.
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma
ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi
aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam
assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as
dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado
caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
(Eliane Brum. Disponível em: http://www.portalraizes.com/28-2/. Fragmento.)
No primeiro parágrafo, há lacunas que devem ser preenchidas, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, com, respectivamente:
a) a / a.
b) a / à.
c) à / a.
d) à / à.
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Em “[...] a gíria está mais ligada à linguagem dos grupos socialmente menos favorecidos ou de oposição a um contexto social.” a correção da ocorrência de crase seria
corretamente mantida em:
Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a
chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.
Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas
como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.
Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus
passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.
Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu
ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.
Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que
significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá). Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em
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torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.
Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história
geológica do planeta.
Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres
unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.
Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres
multicelulares surgiram.
Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que
acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.
Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa
inclinação de 23,5 graus.
Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento
caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.
Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das
placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o
nosso planeta especial.
Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.
(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)
a) “Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler [...]”
b) “Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra [...]”
c) “Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela [...] é possível determinar o tamanho e massa do planeta.”
d) “[...] quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.”
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Os índios ficaram deslumbrados com as contas de vidro que os portugueses lhes davam. Por quê? Por causa da beleza dessas contas de vidro? Pouco provável. Para
encontrar coisas belas, tudo o que os nativos tinham de fazer era olhar ao redor: as árvores, os pássaros, as flores. Mas as contas de vidro representavam duas coisas.
Em primeiro lugar, eram novidade, coisa desconhecida por ali. Em segundo lugar, eram novidade, de uma tecnologia que os índios não dominavam e que, por isso,
admiravam. Mais de cinco séculos se passaram e continuamos dominados pela mesma reverência à tecnologia. Exemplo: o automóvel tem absoluta prioridade em relação
aos pedestres, mesmo em situações em que estes são vários e em que o veículo transporta uma única pessoa. Muitos brasileiros ficam assombrados ao saber que em
Brasília os motoristas respeitam a faixa de segurança. Em outras cidades, faixa de segurança é mero detalhe, pouco importante diante da potência que é o automóvel.
Isso também explica a quantidade de acidentes de trânsito que temos; a sensação de poder de que goza o motorista muitas vezes perturba sua capacidade de
discernimento.
O verdadeiro progresso traz junto consigo os mecanismos de controle para esses excessos. Na Europa e nos Estados Unidos, os motoristas, em geral (claro que há
numerosas exceções), dirigem com cautela, pela simples razão de que podem responder no tribunal por qualquer problema, até mesmo psicológico, que venham a causar
a outras pessoas. A noção de espaço público lá está muito presente. No Brasil é diferente. Se o espaço é público, isso não significa que é de todos, que todos têm de
cuidar dele; não, se o espaço é público, ele não é de ninguém. Nos cinemas brasileiros, celulares tocam com frequência e às vezes seus proprietários mantêm longas
conversas, em voz alta, durante a exibição do filme. Os outros espectadores que se lixem. Existe aí um motivo adicional, além do desrespeito ao local coletivo. O telefone,
no Brasil, ainda guarda a aura de um passado em que era privilégio de poucos. Conseguir uma linha era missão quase impossível. Quem tinha telefone tinha poder, e
esta imagem, de certo modo, persiste. Infelizmente, porque poucos meios de comunicação são tão invasivos. Cartas e e-mails ficam pacientemente à nossa espera. O
telefone, não. O telefone soa insistentemente, e temos de atender, não importa o que estejamos fazendo no momento – almoçando, tomando banho, fazendo amor. E
quem liga também não dá bola para esses detalhes. A elementar pergunta – “Você pode falar? ” – raramente é feita. Ligação telefônica desloca para um segundo plano
qualquer outra coisa. Digamos que você esteja sendo atendido por um funcionário no banco. Se tocar o telefone, você e todos os outros que estão esperando terão de se
conformar: o funcionário atenderá à chamada, não raro longa.
O celular é ótima coisa. Pessoas que, por falta de telefone, ficavam em verdadeiro estado de marginalização social, agora podem se comunicar facilmente. Existe hoje
uma verdadeira cultura do celular, mas ela, infelizmente, ainda não inclui a noção de respeito ao outro. Chegaremos lá, claro, se não mediante leis, como fazem os países
mais adiantados, então pela evolução natural da arte do convívio. As pessoas aprendem. E um dia descobrem que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de
vidro.
(SCLIAR, Moacyr. Do jeito que nós vivemos. Belo Horizonte: Ed. Leitura, 2007.)
Considerando o estudo da crase, sabe-se que o emprego do acento grave para indicá-la pode ser obrigatório, facultativo ou inadequado. A adequação presente em
“reverência à tecnologia
” apresenta a mesma justificativa vista em:
O tema é espinhoso. Todos somos por ele atingidos de uma forma ou de outra, como autores ou como objetos dele. O preconceito nasce do medo, sua raiz cultural,
psíquica, antropológica está nos tempos mais primitivos – por isso é uma postura primitiva –, em que todo diferente era um provável inimigo. Precisávamos atacar antes
que ele nos destruísse. Assim, se de um lado aniquilava, de outro esse medo nos protegia – a perpetuação da espécie era o impulso primeiro. Hoje, quando de trogloditas
passamos a ditos civilizados, o medo se revela no preconceito e continua atacando, mas não para nossa sobrevivência natural; para expressar nossa inferioridade
assustada, vestida de arrogância. Que mata sob muitas formas, em guerras frequentes, por questões de raça, crença e outras, e na agressão a pessoas vitimadas pela
calúnia, injustiça, isolamento e desonra. Às vezes, por um gesto fatal.
Que medo é esse que nos mostra tão destrutivos? Talvez a ideia de que “ele é diferente, pode me ameaçar”, estimulada pela inata maldade do nosso lado de sombra (ele
existe, sim).
Nossa agressividade de animais predadores se oculta sob uma camada de civilização, mas está à espreita – e explode num insulto, na perseguição a um adversário que
enxovalhamos porque não podemos vencê-lo com honra, ou numa bala nada perdida. Nessa guerra ou guerrilha usamos muitas armas: uma delas, poderosa e sutil, é a
palavra. Paradoxais são as palavras, que podem ser carícias ou punhais. Minha profissão lida com elas, que desde sempre me encantam e me assombram: houve um
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tempo, recente, em que não podíamos usar a palavra “negro”. Tinha de ser “afrodescendente”, ou cometíamos um crime. Ora, ao mesmo tempo havia uma banda Raça
Negra, congressos de Negritude... e afinal descobrimos que, em lugar de evitar a palavra, podíamos honrá-la. Lembremos que termos usados para agredir também
podem ser expressões de afeto. “Meu nego”, “minha neguinha”, podem chamar uma pessoa amada, ainda que loura. “Gordo”, tanto usado para bullying, frequentemente
é o apelido carinhoso de um amigo, que assim vai assinar bilhetes a pessoas queridas. Ao mesmo tempo, palavras como “judeu, turco, alemão” carregam, mais do que
ignorância, um odioso preconceito.
De momento está em evidência a agressão racial em campos esportivos: “negro”, “macaco” e outros termos, usados como chibata para massacrar alguém, revelam nosso
lado pior, que em outras circunstâncias gostaríamos de disfarçar – a grosseria, e a nossa própria inferioridade. Nesses casos, como em agressões devidas à orientação
sexual, a atitude é crime, e precisamos da lei.
No país da impunidade, necessitamos de punição imediata, severa e radical. Me perdoem os seguidores da ideia de que até na escola devemos eliminar punições do “sem
limites”. Não vale a desculpa habitual de “não foi com má intenção, foi no calor da hora, não deem importância”. Temos de nos importar, sim, e de cuidar da nossa
turma, grupo, comunidade, equipe ou país. Algumas doenças precisam de remédios fortes: preconceito é uma delas.
“Isso não tem jeito mesmo”, me dizem também. Acho que tem. É possível conviver de forma honrada com o diferente: minha família, de imigrantes alemães aqui
chegados há quase 200 anos, hoje inclui italianos, negros, libaneses, portugueses. Não nos ocorreria amar ou respeitar a uns menos do que a outros: somos todos da
velha raça humana. Isso ocorre em incontáveis famílias, grupos, povos. Porque são especiais? Não. Simplesmente entenderam que as diferenças podem enriquecer.
Num país que sofre de tamanhas carências em coisas essenciais, não devíamos ter energia e tempo para perseguir o outro, causando-lhe sofrimento e vexame, por suas
ideias, pela cor de sua pele, formato dos olhos, deuses que venera ou pessoa que ama. Nossa energia precisa se devotar a mudanças importantes que o povo reclama.
Nestes tempos de perseguição, calúnia, impunidade e desculpas tolas, só o rigor da lei pode nos impedir de recair rapidamente na velha selvageria. Mudar é preciso.
a) Fui a casa de meu pai. Lá, algumas pessoas preconceituosas ficaram a distância.
b) O professor se referiu a todos que estavam presentes. Eles ficaram frente a frente.
c) O mérito foi dedicado a eles. Os supervisores chegaram a uma hora em ponto na escola.
d) Os estudantes vestiram-se a Momo. Eles foram barrados pelos seguranças a entrada do salão de baile.
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Pouco a pouco uma vida nova, ainda confusa, se foi esboçando. Acomodar-se-iam num sítio pequeno, o que parecia difícil a Fabiano, criado solto no mato. Cultivariam
um pedaço de terra. Mudar-se-iam depois para uma cidade, e os meninos frequentariam escolas, seriam diferentes deles. Sinhá Vitória esquentava-se. Fabiano ria, tinha
desejo de esfregar as mãos agarradas à boca do saco e à coronha da espingarda de pederneira.
Não sentia a espingarda, o saco, as pedras miúdas que lhe entravam nas alpercatas, o cheiro de carniças que empestavam o caminho. As palavras de Sinhá Vitória
encantavam-no.
Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. Repetia
docilmente as palavras de Sinhá Vitória, as palavras que Sinhá Vitória murmurava porque tinha confiança nele. E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma
cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis,
acabando-se como Baleia. Que iriam fazer?
Retardaram-se, temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para
a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinhá Vitoria e os dois meninos.
“O romance ‘Vidas Secas’ publicado em 1938 retrata a história de Fabiano, Sinhá Vitória e seus filhos, que, acompanhados da cachorra Baleia, mudam de região de
tempos em tempos para fugir da seca. Os problemas sociais, a fome, a miséria e a desigualdade entre segmentos da sociedade são explorados no romance que mostra a
realidade brasileira, como a injustiça social. Do ponto de vista jurídico, a obra traz uma reflexão sobre a desigualdade de direitos entre os diversos segmentos da
sociedade, além de mostrar como a privação da palavra por parte dos personagens se contrapõe ao excesso das autoridades e da lei.”
Estado e liberdade
Depois que nos livrarmos do preconceito de que tudo o que faz o Estado e a sua burocracia é errado, malfeito e contrário à liberdade, e de que tudo o que é feito pelos
indivíduos particulares é eficiente e sinônimo de liberdade – poderemos enfrentar adequadamente o verdadeiro problema. Reduzido a uma só frase, o problema consiste
em que, em nosso mundo moderno, tudo é político, o Estado está em toda parte e a responsabilidade política acha-se entrelaçada em toda a estrutura da sociedade. A
liberdade consiste não em negar essa interpenetração, mas em definir seus usos legítimos em todas as esferas, demarcando limites e decidindo qual deve ser o caminho
da penetração, e, em última análise, em salvaguardar a responsabilidade pública e a participação de todos no controle das decisões.
(MANNHEIM, Karl. Liberdade, poder e planificação democrática. São Paulo: Mestre Jou, 1972. p. 66.)
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Acerca das relações estabelecidas entre termos regentes e termos regidos, assinale a afirmativa cuja expressão indica correção.
a) No trecho “em todas as esferas”, a substituição de “em” por “a” acarretaria a inserção do sinal indicativo de crase no “a”.
b) O sinal indicativo de crase em “Reduzido a uma só frase” é facultativo pelo fato de que após o “a” segue-se o artigo indefinido “uma”.
c) Desconsiderando alterações semânticas, a substituição de “Reduzido a uma só frase” por “Reduzindo à frase” exemplifica o fenômeno da crase por motivo
sintático.
d) No trecho “malfeito e contrário à liberdade”, o sinal indicativo de crase no “a” apresenta-se como fenômeno diacrônico consolidado, como pode ser visto em
“contra-ataque” em que se verifica contração de duas letras vogais em contato.
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Faço a mim mesmo uma antiquíssima pergunta. Como proceder quando o Estado exige de mim um ato inadmissível e quando a sociedade espera que eu assuma atitudes
que minha consciência rejeita? É clara minha resposta. Sou totalmente dependente da sociedade em que vivo. Portanto terei de submeter-me a suas prescrições. E nunca
sou responsável por atos que executo sob uma imposição irreprimível. Bela resposta! Observo que este pensamento desmente com violência o sentimento inato de
justiça. Evidentemente, o constrangimento pode atenuar em parte a responsabilidade. Mas não a suprime nunca. E por ocasião do processo de Nuremberg, esta moral
era sentida sem precisar de provas. Ora, nossas instituições, nossas leis, costumes, todos os nossos valores se baseiam em sentimentos inatos de justiça. Existem e se
manifestam em todos os homens. Mas as organizações humanas, caso não se apoiem e se equilibrem sobre a responsabilidade das comunidades, são impotentes. Devo
despertar e sustentar este sentimento de responsabilidade moral; é um dever em face da sociedade. Hoje os cientistas e os técnicos estão investidos de uma
responsabilidade moral particularmente pesada, porque o progresso das armas de extermínio maciço está entregue à sua competência. Por isto julgo indispensável a
criação de uma “sociedade para a responsabilidade social na Ciência”. Esclareceria os problemas por discuti-los e o homem aprenderia a forjar para si um juízo
independente sobre as opções que se lhe apresentarem. Ofereceria também um auxílio àqueles que têm uma necessidade imperiosa do mesmo. Porque os cientistas,
uma vez que seguem a via de sua consciência, estão arriscados a conhecer cruéis momentos.
(In: EINSTEIN, A. Como vejo o mundo. Trad. H. P. de Andrade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. p. 20-21.)
No trecho “[...] o progresso das armas de extermínio maciço está entregue à sua competência”, o uso do acento grave como indicador de crase é opcional. Assinale a
alternativa em que o uso desse mesmo recurso também é opcional.
Há processos estruturais que estão na base das desigualdades e antagonismos que constituem a questão social. Dentre esses processos, alguns podem ser lembrados
agora. O desenvolvimento extensivo e intensivo do capitalismo, na cidade e no campo, provoca os mais diversos movimentos de trabalhadores, compreendendo
indivíduos, famílias, grupos e amplos contingentes. As migrações internas atravessam os campos e as cidades, as regiões e as nações. Movimentam trabalhadores em
busca de terra, trabalho, condições de vida, garantias, direitos. A industrialização e a urbanização expandem‐se de modo contínuo, por fluxos e refluxos, ou surtos. Assim
como ocorre a metropolização dos maiores centros urbano‐industriais, também ocorre a abertura e reabertura das fronteiras. Os surtos de atividades agrícolas, pecuárias,
extrativas, mineradoras e industriais, ao longo das várias repúblicas, assinalam os mais diversos momentos de populações e negócios, de fatores econômicos ou forças
produtivas. As crescentes diversidades sociais estão acompanhadas de crescentes desigualdades sociais. Criam‐se e recriam‐se as condições de mobilidade social
horizontal e vertical, simultaneamente às desigualdades e aos antagonismos. Esse é o contexto em que o emprego, desemprego, subemprego e pauperismo se tornam
realidade cotidiana para muitos trabalhadores. As reivindicações, protestos e greves expressam algo deste contexto. Também os movimentos sociais, sindicatos e partidos
revelam dimensões da complexidade crescente do jogo das forças sociais que se expandem com os desenvolvimentos extensivos e intensivos do capitalismo na cidade e
no campo.
[...] Aos poucos, a história da sociedade parece movimentada por um vasto contingente de operários agrícolas e urbanos, camponeses, empregados e funcionários. São
brancos, mulatos, negros, caboclos, índios, japoneses e outros. Conforme a época e o lugar, a questão social mescla aspectos raciais, regionais e culturais, juntamente
com os econômicos e políticos. Isto é, o tecido da questão social mescla desigualdades e antagonismos de significação estrutural.
(IANNI, Octavio. Pensamento social no Brasil. Bauru: Edusc, 2004. (com adaptações).)
O uso do acento grave, indicador de crase, está exemplificado no texto através da expressão “simultaneamente às desigualdades” (1º§). O contrário, ou seja, o uso
INCORRETO do acento grave, indicando crase, pode ser visto em:
O direito à literatura
O assunto que me foi confiado nesta série é aparentemente meio desligado dos problemas reais: “Direitos humanos e literatura”. As maneiras de abordá‐lo são muitas,
mas não posso começar a falar sobre o tema específico sem fazer algumas reflexões prévias a respeito dos próprios direitos humanos. [...]
[...] pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo. Esta me
parece a essência do problema, inclusive no plano estritamente individual, pois é necessário um grande esforço de educação e autoeducação a fim de reconhecermos
sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência mais funda é achar que os nossos direitos são mais urgentes que os do próximo.
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[...] a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto
é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro
horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado. [...]
Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece
corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito. [...]
Portanto, a luta pelos direitos humanos abrange a luta por um estado de coisas em que todos possam ter acesso aos diferentes níveis de cultura. A distinção entre cultura
popular e cultura erudita não deve servir para justificar e manter uma separação iníqua, como se do ponto de vista cultural a sociedade fosse dividida em esferas
incomunicáveis, dando lugar a dois tipos incomunicáveis de fruidores. Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura
em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável.
(CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004.)
Sem considerar possível alteração de sentido, o sinal indicador de crase que aparece no título do texto seria corretamente eliminado se
Ninguém pode negar o conflito como parte fundamental do fenômeno político. Só existe política porque existem diferenças, discordâncias, visões de mundo que se
distanciam, ideologias, lutas por direitos, por hegemonia. Isso quer dizer que no cerne do fenômeno político está a democracia como um desejo de participação que
implica as tenções próprias à diferença que busca um lugar no contexto social. [...]
Esse texto não tem por finalidade tratar da importância do conflito ou da crítica, mas analisar um fenômeno que surgiu, e se potencializou, na era das redes sociais: a
“militância de tribunal”. Essa prática é apresentada como manifestação de ativismo político, mas se reduz ao ato de proferir julgamentos, todos de natureza condenatória,
contra seus adiversários e, muitas vezes, em desfavor dos próprios parceiros de projeto político. São típicos julgamentos de excessão, nos quais a figura do acusador e do
julgador se confundem, não existe uma acusação bem delimitada, nem a oportunidade do acusado se defender. Nesses julgamentos, que muito revela do “militante de
tribunal”, os eventuais erros do “acusado”, por um lado, são potencializados, sem qualquer compromisso com a facticidade; por outro, perdem importância para a
hipótese previamente formulada pelo acusador-julgador, a partir de preconceitos, perversões, ressentimentos, inveja e, sobretudo, ódio.
Ódio direcionado ao inimigo, aquele com o qual o “acusador-julgador” não se identifica e, por essa razão, nega a possibilidade de dialogar e, o que tem se tornado cada
vez mais frequente, o ódio relacionado ao próximo, aquele que é, ou deveria ser, um aliado nas trincheiras políticas. Ódio que nasce daquilo que Freud chamou de
“narcisismo das pequenas diferenças”. Ódio ao semelhante, aquele que admiramos, do qual somos “parceiros”, ao qual, contudo, dedicamos nosso ódio sempre que ele
não faz exatamente aquilo que deveria – ou o que nós acreditamos que deveria – fazer.
Exemplos não faltam. Pense-se na militante feminista que gasta mais tempo a “condenar” outras mulheres, a julgar outros “feminismos”, do que no enfrentamento
concreto à dominação masculina. A Internet está cheia de exemplos de especialistas em julgamento e condenação. A caça por sucesso naquilo que imaginam ser o
“clubinho das feministas” (por muitas que se dizem feministas enquanto realizam o feminismo como uma mera moral) tem algo da antiga caça às bruxas que regozija até
hoje o machismo estrutural. Nunca se verá a “militante de tribunal feminista” em atitude isenta elogiando a postura correta, mas sempre espetacularizando a postura
“errada” daquela que deseja condenar. Muitas constroem seus nomes virtuais, seu capital político, aquilo que imaginam ser um verdadeiro protagonismo feminista, no
meio dessas pequenas guerras e linchamentos virtuais nas quais se consideram vencedoras pela gritaria. Há, infelizmente, feministas que se perdem, esvaziam o
feminismo e servem de espetáculo àqueles que adoram odiar o feminismo. [...] Apoio mesmo, concreto, às grandes lutas do feminismo, isso não, pois não é tão fácil nem
deve dar tanto prazer quanto a condenação no tribunal virtual montado em sua própria casa. [...]
(Marcia Tiburi e Rubens Casara. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2016/01/odio-ao-semelhante-sobre-a-militanciadetribunal/.Publicado dia: 10/01/2016. Adaptado.)
Em “[...] próprias à diferença que busca um lugar no contexto social.” (1º§) é possível identificar o uso do sinal grave decorrente da união de dois segmentos sintáticos
do texto. O uso correto do sinal grave, indicador de crase, pode ser observado em:
O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, suspendeu a decisão da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias (RJ).
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, suspendeu a decisão da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, que havia bloqueado o
serviço do WhatsApp em todo o país nesta terça-feira (19), determinando o restabelecimento imediato do funcionamento do aplicativo.
O ministro argumenta que o bloqueio “não se mostra razoável” e gera “insegurança jurídica” a seus usuários. “A suspensão do serviço do aplicativo WhatsApp (...)
parece-me violar o preceito fundamental da liberdade de expressão aqui indicado, bem como a legislação de regência sobre o tema. Ademais, a extensão do bloqueio a
todo o território nacional afigura-se, quando menos, medida desproporcional ao motivo que lhe deu causa”, escreveu o presidente da Corte.
Lewandowski não analisa o mérito do processo, em que a juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza determinou que o Facebook, dono do aplicativo, revele o conteúdo
de mensagens para uma investigação policial. Para o ministro, o tema constitui “matéria de alta complexidade técnica, a ser resolvida no julgamento do mérito da própria
ação”.
Eu vinha voltando para casa, dentro da noite de Londres. Uma noite fria, nevoenta, silenciosa – uma noite de Londres. Noite de inverno que começa às quatro horas da
tarde e termina às oito da manhã. Noite de navio perdido em alto-mar, de cemitério, de charneca, de fim de ano, de morro dos ventos uivantes. Noite de vampiros, de
lobisomens, de fantasmas, de assassinos, de Jack, o Estripador. Eu vinha vindo e apressava o passo, querendo chegar depressa, antes que aquela noite tão densa me
dissolvesse para sempre em suas sombras. De espaço a espaço, a luz amarelo-âmbar dos postes pontilhava a rua com seu pequeno foco, como olhos de pantera a
seguir-me os passos na escuridão.
Os meus olhos a fitavam, assombrados, e eu não podia acreditar no que eles viam. Quadrada como uma janelinha aberta no céu. Mas amarela como todas as luas do
mundo, flutuando na noite, plena de luz, solitária e bela.
As luas de Londres... Ah, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira! A lua de Londres era quadrada!
Pensei estar sonhando e baixei os olhos humildemente, indigno de merecê-la, tendo bebido mais do que imaginava. Entrei em casa bêbado de lua e fui refugiar-me em
meu quarto, refeito já do estranho delírio, no ambiente cálido e acolhedor do meu tugúrio, cercado de objetos familiares.
Mas foi só chegar à janela, e lá estava ela, dependurada no céu em desafio: uma lua deslumbrante que a neblina não conseguia ofuscar, cubo de luz suspenso no
espaço, de contornos precisos, nítido em seus ângulos retos, a desafiar-me com seu mistério. A lua quadrada de Londres!
Evitei olhá-la outra vez, para não sucumbir ao seu fascínio. Corri as cortinas e fui dormir sob seus eflúvios – enigma imemorial a zombar de todas as astronomias através
dos séculos, da mais remota antiguidade aos nossos dias, e oferecendo unicamente a mim a sua verdadeira face. É possível que um sábio egípcio, há cinco mil anos, do
alto de uma pirâmide, a tenha vislumbrado uma noite e tentado perquirir o seu segredo. É possível que em Babilônia um cortesão de Nabucodonosor se tenha enamorado
perdidamente de uma princesa, na moldura quadrada de seus raios. É possível que na China de Confúcio um mandarim se tenha curvado reverente no jardim, entre
papoulas, sob o império de seu brilho retilíneo. É possível que na África, numa clareira das selvas, um feiticeiro da tribo lhe tenha oferecido em holocausto a carcaça
sangrenta de um antílope. É possível que nos mares gelados do Norte um vikingtenha há 12 séculos levantado os olhos sob o elmo de chifres, e contemplado aquela
surpreendente forma geométrica, procurando orientar por ela o seu bergantim. É possível que na Idade Média um alquimista tenha aumentado, sob a influência de sua
radiância quadrangular, o efeito milagroso de um elixir da longa vida. É possível que, no longo dos anos, mais de uma donzela haja estremecido em sonhos ao receber no
corpo a carícia estranhamente angulosa do luar. Mas, nos dias de hoje, somente a mim a lua se oferecia em toda a sua nudez quadrada. Dormi sorrindo, ao pensar que
os astronautas modernos se preparam para ir à Lua em breve – sem ao menos desconfiar que ela não é redonda, mas quadrada como uma janela aberta no cosmo –
verdade celestial que só um noctívago em Londres fora capaz de merecer.
Lembro-me de uma história – história que inventei, mas que nem por isso deixa de ser verdadeira. Era um marinheiro dinamarquês, de um cargueiro atracado no porto
do Rio de Janeiro por uma noite apenas. Saíra pela cidade desconhecida, de bar em bar, e vinha voltando solitário e bêbado pela madrugada, quando se deu o milagre:
nas sujas águas do canal do Mangue, viu refletida uma claridade difusa – ergueu os olhos e viu que as nuvens se haviam rasgado no céu, e o Cristo surgira para ele, de
braços abertos, em todo o seu divino esplendor. Fulminado pela visão, caiu de joelhos e chorou de arrependimento pela vida de pecado e impenitência que levara até
então. De volta à sua terra, converteu-se, tornou-se místico, acabou num convento. E anos mais tarde, depois de uma vida inteira dedicada a Deus, o monge recebe a
visita de um brasileiro. Aquele homem era da cidade em que se dera o milagre da sua conversão.
Não diz a história se o religioso deixou de sê-lo, por causa da prosaica revelação. Não diz, porque me eximo de acrescentar que, na realidade, depois de viver tanto
tempo uma crença construída sobre o equívoco, este equívoco passava a ser mesmo um milagre, como tudo mais nesta vida.
O milagre da lua quadrada de Londres não me foi desfeito por nenhum londrino descrente do surrealismo astronômico nos céus britânicos. Bastou olhar de manhã pela
janela e pude ver, recortado contra o céu, o gigantesco guindaste no cume de uma construção, e numa das pontas da armação de aço atravessada no ar, junto ao
contrapeso, o quadrado de vidro que à noite se acende. A minha lua quadrada de Londres.
Quadrado que talvez simbolize todo um sistema de vida, mais do que anuncia a pequena palavra Laig nele escrita, marca de fabricação do guindaste. De qualquer
maneira, os ingleses ganharam, pelo menos na minha imaginação, o emblema do seu modo de ser, impresso nessa visão de uma noite, que foi a lua quadrada de
Londres.
(SABINO, Fernando, 1923-2004 – As melhores crônicas – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010. 224 p.)
Assinale a alternativa em que o acento grave, indicativo de crase, é facultativo.
Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a
água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou
de alegria tem o sabor dos oceanos.
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A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos.
Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.
Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da
natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não
podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que
através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente.
Somos parte dele e ele de nós.
Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por
acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se
sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.
Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar
para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos
trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na
velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heroico.
Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com
que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as
grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.
(TRIGUEIRO, André. Intimidade ecológica. Mundo Sustentável, 10 jun. 2003. Disponível em: http://mundosustentavel.com.br/2003/06/10/ intimidade-ecologica/. Acesso em janeiro de 2018.)
Considerando-se as regras de concordância verbal e nominal de acordo a norma padrão da língua, identifique o trecho destacado do texto em que há incorreção
gramatical.
a) “Assim, deixamos de olhar para o céu e perceber como está o tempo, [...]” (5º§)
b) “As lágrimas que derramamos de dor ou de alegria tem o sabor dos oceanos.” (1º§)
c) “[...] quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, [...]” (4º§)
d) “Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.” (2º§)
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O poeta da roça
Dentre os segmentos a seguir, há exemplos cuja concordância não segue as normas da linguagem escrita, registro da norma padrão, com EXCEÇÃO de:
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Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a
chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.
Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas
como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.
Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus
passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.
Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu
ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.
Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que
significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá). Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em
torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.
Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história
geológica do planeta.
Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres
unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.
Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres
multicelulares surgiram.
Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que
acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.
Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa
inclinação de 23,5 graus.
Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento
caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.
Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das
placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o
nosso planeta especial.
Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.
(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)
Assinale a alternativa cujo conteúdo está totalmente de acordo com as regras de concordância (verbal e/ou nominal) instituídas pela gramática normativa da língua
portuguesa.
a) “Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa efeitos chamado de trânsito.”
b) “defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida e complexidade que nele existem.”
c) “O melhor dado com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler.”
d) “o movimento das placas tectônicas funcionam como um termostato terrestre e regulam a circulação de gás carbônico na atmosfera.”
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Os índios ficaram deslumbrados com as contas de vidro que os portugueses lhes davam. Por quê? Por causa da beleza dessas contas de vidro? Pouco provável. Para
encontrar coisas belas, tudo o que os nativos tinham de fazer era olhar ao redor: as árvores, os pássaros, as flores. Mas as contas de vidro representavam duas coisas.
Em primeiro lugar, eram novidade, coisa desconhecida por ali. Em segundo lugar, eram novidade, de uma tecnologia que os índios não dominavam e que, por isso,
admiravam. Mais de cinco séculos se passaram e continuamos dominados pela mesma reverência à tecnologia. Exemplo: o automóvel tem absoluta prioridade em relação
aos pedestres, mesmo em situações em que estes são vários e em que o veículo transporta uma única pessoa. Muitos brasileiros ficam assombrados ao saber que em
Brasília os motoristas respeitam a faixa de segurança. Em outras cidades, faixa de segurança é mero detalhe, pouco importante diante da potência que é o automóvel.
Isso também explica a quantidade de acidentes de trânsito que temos; a sensação de poder de que goza o motorista muitas vezes perturba sua capacidade de
discernimento.
O verdadeiro progresso traz junto consigo os mecanismos de controle para esses excessos. Na Europa e nos Estados Unidos, os motoristas, em geral (claro que há
numerosas exceções), dirigem com cautela, pela simples razão de que podem responder no tribunal por qualquer problema, até mesmo psicológico, que venham a causar
a outras pessoas. A noção de espaço público lá está muito presente. No Brasil é diferente. Se o espaço é público, isso não significa que é de todos, que todos têm de
cuidar dele; não, se o espaço é público, ele não é de ninguém. Nos cinemas brasileiros, celulares tocam com frequência e às vezes seus proprietários mantêm longas
conversas, em voz alta, durante a exibição do filme. Os outros espectadores que se lixem. Existe aí um motivo adicional, além do desrespeito ao local coletivo. O telefone,
no Brasil, ainda guarda a aura de um passado em que era privilégio de poucos. Conseguir uma linha era missão quase impossível. Quem tinha telefone tinha poder, e
esta imagem, de certo modo, persiste. Infelizmente, porque poucos meios de comunicação são tão invasivos. Cartas e e-mails ficam pacientemente à nossa espera. O
telefone, não. O telefone soa insistentemente, e temos de atender, não importa o que estejamos fazendo no momento – almoçando, tomando banho, fazendo amor. E
quem liga também não dá bola para esses detalhes. A elementar pergunta – “Você pode falar? ” – raramente é feita. Ligação telefônica desloca para um segundo plano
qualquer outra coisa. Digamos que você esteja sendo atendido por um funcionário no banco. Se tocar o telefone, você e todos os outros que estão esperando terão de se
conformar: o funcionário atenderá à chamada, não raro longa.
O celular é ótima coisa. Pessoas que, por falta de telefone, ficavam em verdadeiro estado de marginalização social, agora podem se comunicar facilmente. Existe hoje
uma verdadeira cultura do celular, mas ela, infelizmente, ainda não inclui a noção de respeito ao outro. Chegaremos lá, claro, se não mediante leis, como fazem os países
mais adiantados, então pela evolução natural da arte do convívio. As pessoas aprendem. E um dia descobrem que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de
vidro.
(SCLIAR, Moacyr. Do jeito que nós vivemos. Belo Horizonte: Ed. Leitura, 2007.)
Existe aí um motivo adicional, além do desrespeito ao local coletivo.” cuja correção linguística pode ser observada:
Assinale a alteração para a frase: “
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Questão 135: CONSULPLAN - AJ TRF2/TRF 2/Apoio Especializado/Serviço Social/2017
Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)
Medo e preconceito
O tema é espinhoso. Todos somos por ele atingidos de uma forma ou de outra, como autores ou como objetos dele. O preconceito nasce do medo, sua raiz cultural,
psíquica, antropológica está nos tempos mais primitivos – por isso é uma postura primitiva –, em que todo diferente era um provável inimigo. Precisávamos atacar antes
que ele nos destruísse. Assim, se de um lado aniquilava, de outro esse medo nos protegia – a perpetuação da espécie era o impulso primeiro. Hoje, quando de trogloditas
passamos a ditos civilizados, o medo se revela no preconceito e continua atacando, mas não para nossa sobrevivência natural; para expressar nossa inferioridade
assustada, vestida de arrogância. Que mata sob muitas formas, em guerras frequentes, por questões de raça, crença e outras, e na agressão a pessoas vitimadas pela
calúnia, injustiça, isolamento e desonra. Às vezes, por um gesto fatal.
Que medo é esse que nos mostra tão destrutivos? Talvez a ideia de que “ele é diferente, pode me ameaçar”, estimulada pela inata maldade do nosso lado de sombra (ele
existe, sim).
Nossa agressividade de animais predadores se oculta sob uma camada de civilização, mas está à espreita – e explode num insulto, na perseguição a um adversário que
enxovalhamos porque não podemos vencê-lo com honra, ou numa bala nada perdida. Nessa guerra ou guerrilha usamos muitas armas: uma delas, poderosa e sutil, é a
palavra. Paradoxais são as palavras, que podem ser carícias ou punhais. Minha profissão lida com elas, que desde sempre me encantam e me assombram: houve um
tempo, recente, em que não podíamos usar a palavra “negro”. Tinha de ser “afrodescendente”, ou cometíamos um crime. Ora, ao mesmo tempo havia uma banda Raça
Negra, congressos de Negritude... e afinal descobrimos que, em lugar de evitar a palavra, podíamos honrá-la. Lembremos que termos usados para agredir também
podem ser expressões de afeto. “Meu nego”, “minha neguinha”, podem chamar uma pessoa amada, ainda que loura. “Gordo”, tanto usado para bullying, frequentemente
é o apelido carinhoso de um amigo, que assim vai assinar bilhetes a pessoas queridas. Ao mesmo tempo, palavras como “judeu, turco, alemão” carregam, mais do que
ignorância, um odioso preconceito.
De momento está em evidência a agressão racial em campos esportivos: “negro”, “macaco” e outros termos, usados como chibata para massacrar alguém, revelam nosso
lado pior, que em outras circunstâncias gostaríamos de disfarçar – a grosseria, e a nossa própria inferioridade. Nesses casos, como em agressões devidas à orientação
sexual, a atitude é crime, e precisamos da lei.
No país da impunidade, necessitamos de punição imediata, severa e radical. Me perdoem os seguidores da ideia de que até na escola devemos eliminar punições do “sem
limites”. Não vale a desculpa habitual de “não foi com má intenção, foi no calor da hora, não deem importância”. Temos de nos importar, sim, e de cuidar da nossa
turma, grupo, comunidade, equipe ou país. Algumas doenças precisam de remédios fortes: preconceito é uma delas.
“Isso não tem jeito mesmo”, me dizem também. Acho que tem. É possível conviver de forma honrada com o diferente: minha família, de imigrantes alemães aqui
chegados há quase 200 anos, hoje inclui italianos, negros, libaneses, portugueses. Não nos ocorreria amar ou respeitar a uns menos do que a outros: somos todos da
velha raça humana. Isso ocorre em incontáveis famílias, grupos, povos. Porque são especiais? Não. Simplesmente entenderam que as diferenças podem enriquecer.
Num país que sofre de tamanhas carências em coisas essenciais, não devíamos ter energia e tempo para perseguir o outro, causando-lhe sofrimento e vexame, por suas
ideias, pela cor de sua pele, formato dos olhos, deuses que venera ou pessoa que ama. Nossa energia precisa se devotar a mudanças importantes que o povo reclama.
Nestes tempos de perseguição, calúnia, impunidade e desculpas tolas, só o rigor da lei pode nos impedir de recair rapidamente na velha selvageria. Mudar é preciso.
Ninguém pode negar o conflito como parte fundamental do fenômeno político. Só existe política porque existem diferenças, discordâncias, visões de mundo que se
distanciam, ideologias, lutas por direitos, por hegemonia. Isso quer dizer que no cerne do fenômeno político está a democracia como um desejo de participação que
implica as tenções próprias à diferença que busca um lugar no contexto social. [...]
Esse texto não tem por finalidade tratar da importância do conflito ou da crítica, mas analisar um fenômeno que surgiu, e se potencializou, na era das redes sociais: a
“militância de tribunal”. Essa prática é apresentada como manifestação de ativismo político, mas se reduz ao ato de proferir julgamentos, todos de natureza condenatória,
contra seus adiversários e, muitas vezes, em desfavor dos próprios parceiros de projeto político. São típicos julgamentos de excessão, nos quais a figura do acusador e do
julgador se confundem, não existe uma acusação bem delimitada, nem a oportunidade do acusado se defender. Nesses julgamentos, que muito revela do “militante de
tribunal”, os eventuais erros do “acusado”, por um lado, são potencializados, sem qualquer compromisso com a facticidade; por outro, perdem importância para a
hipótese previamente formulada pelo acusador-julgador, a partir de preconceitos, perversões, ressentimentos, inveja e, sobretudo, ódio.
Ódio direcionado ao inimigo, aquele com o qual o “acusador-julgador” não se identifica e, por essa razão, nega a possibilidade de dialogar e, o que tem se tornado cada
vez mais frequente, o ódio relacionado ao próximo, aquele que é, ou deveria ser, um aliado nas trincheiras políticas. Ódio que nasce daquilo que Freud chamou de
“narcisismo das pequenas diferenças”. Ódio ao semelhante, aquele que admiramos, do qual somos “parceiros”, ao qual, contudo, dedicamos nosso ódio sempre que ele
não faz exatamente aquilo que deveria – ou o que nós acreditamos que deveria – fazer.
Exemplos não faltam. Pense-se na militante feminista que gasta mais tempo a “condenar” outras mulheres, a julgar outros “feminismos”, do que no enfrentamento
concreto à dominação masculina. A Internet está cheia de exemplos de especialistas em julgamento e condenação. A caça por sucesso naquilo que imaginam ser o
“clubinho das feministas” (por muitas que se dizem feministas enquanto realizam o feminismo como uma mera moral) tem algo da antiga caça às bruxas que regozija até
hoje o machismo estrutural. Nunca se verá a “militante de tribunal feminista” em atitude isenta elogiando a postura correta, mas sempre espetacularizando a postura
“errada” daquela que deseja condenar. Muitas constroem seus nomes virtuais, seu capital político, aquilo que imaginam ser um verdadeiro protagonismo feminista, no
meio dessas pequenas guerras e linchamentos virtuais nas quais se consideram vencedoras pela gritaria. Há, infelizmente, feministas que se perdem, esvaziam o
feminismo e servem de espetáculo àqueles que adoram odiar o feminismo. [...] Apoio mesmo, concreto, às grandes lutas do feminismo, isso não, pois não é tão fácil nem
deve dar tanto prazer quanto a condenação no tribunal virtual montado em sua própria casa. [...]
(Marcia Tiburi e Rubens Casara. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2016/01/odio-ao-semelhante-sobre-a-militanciadetribunal/.Publicado dia: 10/01/2016. Adaptado.)
Em “ Só existe política porque existem diferenças, discordâncias, visões de mundo que se distanciam, ideologias, lutas por direitos, por hegemonia.” (1º§), pode-se
afirmar que, em relação à concordância verbal estabelecida,
a) a forma “existem” pode ser substituída, facultativamente, por “existe”; de acordo com a forma no singular de “política”.
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b) a flexão de plural em “distanciam”e em “existem”
associam-se de modo que, a alteração quanto à flexão de uma forma verbal reflete em alteração na forma da
outra.
c) caso as duas ocorrências do verbo “existir”
fossem substituídas pelo verbo “haver”, não haveria flexão de plural para que houvesse a preservação da adequação
quanto à norma padrão.
d) a flexão de plural em “distanciam”está adequada considerando-se o plural de “visões”, contudo existe a possibilidade do emprego do verbo no singular,
atribuindo-se, coerentemente, ênfase a “mundo”.
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A família transformou-se em bode expiatório das mazelas de nossa sociedade. Crianças se descontrolam, brigam, desobedecem? Jovens fazem algazarras, bebem em
demasia, usam drogas ilegais, namoram escandalosamente em espaços públicos? Faltou educação de berço. Como é bom ter uma “Geni” para nela atirar todas as
pedras, principalmente quando se trata dos mais novos.
Até o Secretário Estadual da Educação de São Paulo, em um artigo de sua autoria, para defender sua tese de que estamos vivendo em uma “sociedade órfã”, inicia suas
justificativas afirmando que “... a fragmentação da família, a perda de importância da figura paterna – e também a materna – a irrelevância da Igreja e da Escola em
múltiplos ambientes geram um convívio amorfo”.
As escolas também costumam agir assim: quando um aluno é considerado problemático e indisciplinado, ou apresenta um ritmo de aprendizagem diferente do esperado
pela instituição, a família é chamada para resolver o “problema”.
Vamos refletir sobre expressões usadas a respeito da família: “família fragmentada”, “família desestruturada”, “família disfuncional”, “família sem valores” e outras
semelhantes. Não lhe parece, caro leitor, que tais expressões apontam na direção de que a família decidiu entornar o caldo da sociedade?
Não é a família que está fragmentada: é a vida. Hoje, os tratamentos médicos, o conhecimento, as metodologias, as relações interpessoais, as escolas, o Estado etc.
estão fragmentados. Mesmo não sendo a família um agente passivo nesse contexto, é salutar lembrar que ela se desenvolve conectada ao clima sociocultural em que
vive.
A família não está desestruturada ou disfuncional: ela passa por um período de transição, com sucessivas e intensas mudanças, o que provoca uma redefinição de papéis
e funções. Esse processo está em andamento, o que nos permite falar, hoje, não em família, mas em famílias, no plural, já que há grande diversidade de desenhos,
dinâmicas etc.
As famílias não estão sem valores: elas têm valores fortes, em sua maioria eleitos pelas prioridades que a sociedade determina. O consumo é um deles: as famílias não
decidiram consumir cada vez mais, foi o sistema econômico que apontou esse valor para elas.
Há problemas com a escola, sim: ela tem ensinado sem educar devido, principalmente, à primazia do conteúdo – que insisto em dizer que não é conhecimento –, às
políticas públicas adotadas e à ausência de outras, prioritárias. Por isso, a escola tem tido um papel irrelevante na formação dos mais novos.
Há famílias em situações de risco e fragilidade? Há. A escola perdeu sua importância na socialização de crianças e jovens? Sim. Mães e pais podem estar mais ocupados
com suas vidas do que com os filhos? Sim. Mas isso ocorre porque as ideologias socioculturais da juventude, do sucesso e da instantaneidade ganharam grande
relevância, e não há políticas públicas – de novo – que busquem equilibrar tal contexto. E, mesmo assim, têm sido as famílias a instituição protetora dos mais novos!
A sociedade não precisa, tampouco demanda, que o Estado exerça a função de babá, de pai ou de mãe. Ela necessita que o Estado reconheça, na prática, que as famílias
e a escola dependem de ações públicas de apoio ao seu pleno desenvolvimento e que garantam os seus direitos.
Aos 3 anos, Louis foi explorar a oficina de seu pai e, por acidente, machucou um dos olhos com uma navalha. A infecção atingiu ambos os olhos e, em poucos meses, o
garoto estava completamente cego.
O drama era pior do que parece hoje. Na época, início do século 19, ser cego significava incapacidade para aprender, estudar e ganhar a vida. Ou seja: ele estava
condenado a depender da família ou da caridade dos outros.
Porém, aos 7 anos, Louis já estava completamente familiarizado com a nova vida. Era tão esperto e interessado que chamou a atenção do professor da escola local
que, contrariando o pensamento dominante (de que não valia a pena ensinar cegos), admitiu-o em uma das classes.
Em pouco tempo, Louis se transformou em um dos melhores alunos da escola. Surpresos com o potencial, pai e professor tiveram a ideia de enviá-lo para uma escola
destinada a crianças cegas em Paris – a primeira no mundo especializada na deficiência.
Assim, aos 10 anos, o garoto estava matriculado no L’Institut Royal des Enfants Aveugles. Foi ali que Louis aperfeiçoou o sistema vigente de leitura para cegos e, aos
13 anos, apresentou sua própria criação: o Método Braille. Em algumas décadas, o sistema foi adotado oficialmente em todo o mundo.
Apenas recentemente, com o surgimento de aplicativos como Be My Eyes, smart glasses e assistentes digitais como Siri e Alexa, os deficientes visuais estão tendo
acesso à cultura e informação sem a necessidade do método criado há quase 2 séculos por um menino de 13 anos.
(Carlos Domingos, 21 nov. 2017. Disponível em: https://exame.abril.com.br/blog/oportunidades-disfarcadas/o-menino-de-13-anos-que-criou-obraille/.)
Leia: “Em algumas décadas, o sistema foi adotado oficialmente em todo o mundo.” (5º§) A frase destacada ilustra uma formação típica de voz verbal cuja construção
permite a omissão do agente podendo ser expressa por meio da formulação:
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c) Em todo o mundo, adotaram-se em algumas décadas o sistema oficialmente.
d) O sistema que se adotou oficialmente em todo o mundo, em algumas décadas.
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A falha da supracitada suposição deve-se ao fato de o referido ponto de vista ignorar fatores e características importantes de um ser humano. Uma máquina ou um
programa computacional não possuem capacidade de trabalhar casuisticamente (trabalhariam somente com teses padronizadas e programadas), assim como são
incapazes de colocar emoções nas acusações ou defesas, e muito menos podem interagir com o cliente e com todas as variáveis de cada situação. Existem muitas
características exclusivamente humanas que são essenciais para as profissões jurídicas e jamais poderão ser alcançados por softwares.
(Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-mar-29/opiniao-influencia-desenvolvimento-tecnologico-direito. Uma análise sobre a influência do desenvolvimento tecnológico no Direito. 29/03/2019.
Por Flavio Quinaud Pedron, André Reale e Cleidineia Ramalho. Fragmento.)
Quanto aos termos destacados em: “ Existe, contudo, um parvo e limitado ponto de vista segundo o qual a introdução de novas tecnologias no meio jurídico fomentará a
substituição de advogados e juízes por máquinas, que seriam mais eficientes, assertivas e rápidas (tanto para fazer petições iniciais quanto formular defesas ou tomar
decisões), tudo embasado em softwares que buscariam no arcabouço jurídico normas, doutrinas e jurisprudência.” (1º§) pode-se afirmar que:
I. Todos têm o mesmo referente e são classificados como partículas integrantes das orações em que estão inseridos.
II. As duas ocorrências do vocábulo “que” demonstram o desempenho da função sintática de sujeito nas orações em que se apresentam.
III. Apenas as duas ocorrências do “que” possuem referente textual, o mesmo não ocorre com “o qual”, expressão responsável por contribuir para a progressão
textual.
a) I, II e III.
b) I, apenas.
c) II, apenas.
d) II e III, apenas.
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A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não
sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o
mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que
nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada ___ criar _____ partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração
que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo
reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que
tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se
traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é
construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não
conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje.
Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos
sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem
reciprocidade.
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma
ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi
aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam
assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as
dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado
caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
(Eliane Brum. Disponível em: http://www.portalraizes.com/28-2/. Fragmento.)
No terceiro parágrafo do texto, é possível observar o emprego de alguns termos que fazem referência a um termo (expressão) já citado(a); estabelecendo uma relação
entre orações diferentes e contribuindo, deste modo, para a coesão textual. Os termos destacados a seguir têm seu referente corretamente indicado em, EXCETO:
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Os índios ficaram deslumbrados com as contas de vidro que os portugueses lhes davam. Por quê? Por causa da beleza dessas contas de vidro? Pouco provável. Para
encontrar coisas belas, tudo o que os nativos tinham de fazer era olhar ao redor: as árvores, os pássaros, as flores. Mas as contas de vidro representavam duas coisas.
Em primeiro lugar, eram novidade, coisa desconhecida por ali. Em segundo lugar, eram novidade, de uma tecnologia que os índios não dominavam e que, por isso,
admiravam. Mais de cinco séculos se passaram e continuamos dominados pela mesma reverência à tecnologia. Exemplo: o automóvel tem absoluta prioridade em relação
aos pedestres, mesmo em situações em que estes são vários e em que o veículo transporta uma única pessoa. Muitos brasileiros ficam assombrados ao saber que em
Brasília os motoristas respeitam a faixa de segurança. Em outras cidades, faixa de segurança é mero detalhe, pouco importante diante da potência que é o automóvel.
Isso também explica a quantidade de acidentes de trânsito que temos; a sensação de poder de que goza o motorista muitas vezes perturba sua capacidade de
discernimento.
O verdadeiro progresso traz junto consigo os mecanismos de controle para esses excessos. Na Europa e nos Estados Unidos, os motoristas, em geral (claro que há
numerosas exceções), dirigem com cautela, pela simples razão de que podem responder no tribunal por qualquer problema, até mesmo psicológico, que venham a causar
a outras pessoas. A noção de espaço público lá está muito presente. No Brasil é diferente. Se o espaço é público, isso não significa que é de todos, que todos têm de
cuidar dele; não, se o espaço é público, ele não é de ninguém. Nos cinemas brasileiros, celulares tocam com frequência e às vezes seus proprietários mantêm longas
conversas, em voz alta, durante a exibição do filme. Os outros espectadores que se lixem. Existe aí um motivo adicional, além do desrespeito ao local coletivo. O telefone,
no Brasil, ainda guarda a aura de um passado em que era privilégio de poucos. Conseguir uma linha era missão quase impossível. Quem tinha telefone tinha poder, e
esta imagem, de certo modo, persiste. Infelizmente, porque poucos meios de comunicação são tão invasivos. Cartas e e-mails ficam pacientemente à nossa espera. O
telefone, não. O telefone soa insistentemente, e temos de atender, não importa o que estejamos fazendo no momento – almoçando, tomando banho, fazendo amor. E
quem liga também não dá bola para esses detalhes. A elementar pergunta – “Você pode falar? ” – raramente é feita. Ligação telefônica desloca para um segundo plano
qualquer outra coisa. Digamos que você esteja sendo atendido por um funcionário no banco. Se tocar o telefone, você e todos os outros que estão esperando terão de se
conformar: o funcionário atenderá à chamada, não raro longa.
O celular é ótima coisa. Pessoas que, por falta de telefone, ficavam em verdadeiro estado de marginalização social, agora podem se comunicar facilmente. Existe hoje
uma verdadeira cultura do celular, mas ela, infelizmente, ainda não inclui a noção de respeito ao outro. Chegaremos lá, claro, se não mediante leis, como fazem os países
mais adiantados, então pela evolução natural da arte do convívio. As pessoas aprendem. E um dia descobrem que as brilhantes contas de vidro são só isto: contas de
vidro.
(SCLIAR, Moacyr. Do jeito que nós vivemos. Belo Horizonte: Ed. Leitura, 2007.)
De acordo com o contexto, a manutenção do objeto discursivo “ espaço público” é feita através de:
I.todos .
II.ninguém.
III.local coletivo.
IV. ele (em “ele não é de ninguém”).
Estão corretas apenas as alternativas
a) III e IV.
b) I, II e III.
c) I, II e IV.
d) II, III e IV.
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Os adultos que educam hoje vivem na cultura que incentiva ao extremo o consumo. Somos levados a consumir de tudo um pouco: além de coisas materiais, consumimos
informações, ideias, estilos de ser e de viver, conceitos que interferem na vida (qualidade de vida, por exemplo), o sexo, músicas, moda, culturas variadas, aparência do
corpo, a obrigatoriedade de ser feliz etc. Até a educação escolar virou item de consumo agora. A ordem é consumir, e obedecemos muitas vezes cegamente a esse
imperativo.
Quem viveu sem usar telefone celular por muito tempo não sabe mais como seria a vida sem essa inovação tecnológica, por exemplo. O problema é que a oferta cria a
demanda em sociedades consumistas, que é o caso atual, e os produtos e as ideias que o mercado oferece passam a ser considerados absolutamente necessários a partir
de então.
A questão é que temos tido comportamento exemplar de consumistas, boa parte das vezes sem crítica alguma. Não sabemos mais o que é ter uma vida simples porque
almejamos ter mais, por isso trabalhamos mais etc. Vejam que a ideia de lazer, hoje, faz todo sentido para quase todos nós. Já a ideia do ócio, não. Ou seja: para
descansar de uma atividade, nos ocupamos com outra. A vadiagem e a preguiça são desvalorizadas.
Bem, é isso que temos ensinado aos mais novos, mais do que qualquer outra coisa. Quando uma criança de oito anos pede a seus pais um celular e ganha, ensinamos a
consumir o que é oferecido; quando um filho pede para o pai levá‐la ao show
do RBD, e este leva mesmo se considera o espetáculo ruim, ensinamos a consumir, seja
qual for a estética em questão; quando um jovem pede uma roupa de marca para ir a uma festa e os pais dão, ensinamos que o que consumimos é mais importante do
que o que somos.
Não há problema em consumir; o problema passa a existir quando o consumo determina a vida. Isso é extremamente perigoso, principalmente quando os filhos chegam
à adolescência. Há um mercado generoso de oferta de drogas. Ensinamos a consumir desde cedo e, nessa hora, queremos e esperamos que eles recusem essa oferta.
Como?!
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Na educação, essa nossa característica leva a consequências sutis, mas decisivas na formação dos mais novos. Como exemplo, podemos lembrar que estes aprendem a
avaliar as pessoas pelo que elas aparentam poder consumir e não por aquilo que são e pelas ideias que têm e que o grupo social deles é formado por pares que
consomem coisas semelhantes. Não é a toa que os pequenos furtos são um fenômeno presente em todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas.
Nessa ideologia consumista, é importante considerar que os objetos perdem sua primeira função. Um carro deixa de ser um veículo de transporte, um telefone celular
deixa de ser um meio de comunicação; ambos passam a significar status, poder de consumo, condição social, entre outras coisas.
A educação tem o objetivo de formar pessoas autônomas e livres. Mas, sob essa cultura do consumo, esses dois conceitos se transformaram completamente e perderam
o seu sentido original. Os jovens hoje acreditam que têm liberdade para escolher qualquer coisa, por exemplo. Na verdade, as escolhas que fazem estão, na maioria das
vezes, determinadas pelo consumo e pela publicidade. Tempos loucos, ou não?
(SAYÃO, Rosely. Tempos loucos – Parte 2. Disponível em: http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/arch2006‐10‐01_2006‐10‐15.html. Acesso em: dezembro de 2015.)
O texto lido é formado por ideias bem articuladas, ligadas umas às outras. Para isso, alguns recursos como o uso de expressões que remetem a outras apresentadas
anteriormente foram utilizados. Assinale um exemplo para tal tipo de relação corretamente identificada entre os trechos apresentados.
O direito à literatura
O assunto que me foi confiado nesta série é aparentemente meio desligado dos problemas reais: “Direitos humanos e literatura”. As maneiras de abordá‐lo são muitas,
mas não posso começar a falar sobre o tema específico sem fazer algumas reflexões prévias a respeito dos próprios direitos humanos. [...]
[...] pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo. Esta me
parece a essência do problema, inclusive no plano estritamente individual, pois é necessário um grande esforço de educação e autoeducação a fim de reconhecermos
sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência mais funda é achar que os nossos direitos são mais urgentes que os do próximo.
[...] a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto
é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro
horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado. [...]
Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece
corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito. [...]
Portanto, a luta pelos direitos humanos abrange a luta por um estado de coisas em que todos possam ter acesso aos diferentes níveis de cultura. A distinção entre cultura
popular e cultura erudita não deve servir para justificar e manter uma separação iníqua, como se do ponto de vista cultural a sociedade fosse dividida em esferas
incomunicáveis, dando lugar a dois tipos incomunicáveis de fruidores. Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura
em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável.
(CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004.)
“O assunto (1) que me (2) foi confiado nesta série (3) é aparentemente meio desligado dos problemas reais: ‘Direitos humanos e literatura.’ As maneiras de abordá‐lo (4)
são muitas, mas não posso começar a falar sobre o tema (5) específico sem fazer algumas reflexões prévias a respeito dos próprios direitos humanos. [...]” (1º§)
Algumas palavras funcionam como elementos fundamentais de conexão, auxiliam na construção e no entendimento do texto. Além disso, muitas vezes palavras
diferentes são utilizadas para um mesmo referente, conforme exemplo dos termos destacados:
a) 1, 2 e 3.
b) 1, 4 e 5.
c) 2, 3 e 4.
d) 2, 3 e 5.
e) 3, 4 e 5.
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Tudo começa com o desejo de nos sentirmos bem, comendo apenas alimentos puros, “limpos”.
Até aí, tudo bem.
Isso nos leva a dizer adeus a certos grupos de alimentos, como grãos, açúcares e produtos animais. No final, a dieta se reduz a uma quantidade tão restrita de alimentos
que acabamos ficando desnutridos. Esse transtorno tem um nome: ortorexia nervosa.
O termo foi criado em 1997 pelo médico americano Steven Bratman, aliando a palavra para “correto” ─ do grego orthos ─ com “apetite” ─ orexis ─ (de onde vem, aliás,
a palavra anorexia, ou, sem apetite, transtorno que, muitas vezes, é mascarado pela ortorexia).
Embora o objetivo do anoréxico seja perder peso, e o do ortoréxico, ficar saudável, ambos os transtornos restringem a alimentação do indivíduo, colocando sua vida em
risco.
No entanto, enquanto a anorexia é reconhecida como um mal, a ortorexia tem a desvantagem de ser uma doença “disfarçada de virtude”.
Uma dieta baseada em alimentos frescos, não industrializados, está longe de ser ruim. O problema é quando isso se torna uma obsessão.
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“No final, o ortoréxico acaba passando grande parte da sua vida planejando, comprando, preparando e comendo seus pratos”, explica Bratman em seu livro Health Food
Junkies (em tradução livre, “Viciados em Comida Saudável”).
Quando escreveu a obra, no final da década de 90, Bratman se referia a hábitos alimentares de pequenos grupos de pessoas.
Quase duas décadas depois, a obsessão com a comida saudável está por toda parte, inclusive no mundo digital.
Para confirmar esse fato, basta fazer uma busca por #CleanEating no Instagram ou no Twitter.
Bratman não só deu nome ao transtorno como também foi a primeira pessoa a ser diagnosticada com ele. O médico admitiu que se deixou seduzir de tal forma pela
“alimentação virtuosa” que se negava a comer legumes mais de 15 minutos após seu cozimento.
“No entanto, a realidade me obriga a reconhecer que a distinção já não é tão clara. Me parece que uma alta porcentagem de ortoréxicos hoje em dia se foca em perder
peso.”
“Como deixou de ser aceitável que uma pessoa magra conte as calorias que consome, muitas pessoas que seriam diagnosticadas como anoréxicas falam em ‘comer de
maneira saudável’, o que, por coincidência, implica em escolher apenas alimentos com baixo teor calórico.”
“Esses pratos inspirados pelo Instagram, com umas folhas de espinafre, uns grãos de quinoa ─ que estão muito na moda, algumas sementes de romã ─ que são lindas ─
são muito bonitos, mas não têm nutrientes suficientes”, disse à BBC Miguel Toribio-Mateas, nutricionista e especialista em neurociência clínica.
“Você termina com uma comida que te dá 200 calorias, o que não é nada em termos energéticos, e sem proteínas.
Está tudo bem se você tem vontade (de comer assim um dia ou outro), mas se você se recusa a comer o resto da comida normal porque acha que ela é suja ou algo que
você não pode jamais colocar na sua vida porque vai te fazer mal, há um problema”, acrescenta o especialista.
E se o termo “comida normal” deixa você confuso, o nutricionista faz alusão, por exemplo, a um prato de “peixe com batatas”.
Hoje em dia, há tamanha avalanche de conselhos sobre nutrição e saúde na internet e na mídia que fica difícil ignorá-los e lidar com eles.
“O açúcar, nesse momento, é o demônio. Porque se você o consome com muita frequência, no mínimo ganha um pouco de peso. E se (faz isso) descontroladamente,
pode desenvolver diabetes (do tipo) 2. Mas de vez em quando, ter a flexibilidade mental para poder decidir, ‘hoje vou comer um chocolate’, é importante. E isso é
impossível para os anoréxicos”, disse Toribio-Mateas.
Além do problema de ser aceita socialmente, a ortorexia também é tida como doença “do primeiro mundo”, ou “das classes privilegiadas” ─ o que não está de todo
errado, disse o nutricionista.
“Se você tem de contar o dinheiro antes de ir às compras, não vai pagar o que cobram pelos alimentos que estão na moda e são tidos como ‘limpos’.”
E acrescentou: “Não é que a romã não seja deliciosa. Mas se você pretende viver dela e de outros poucos produtos sobre os quais você leu que possuem alto teor de
antioxidantes e nada mais, essa não é uma decisão racional”.
Toribio-Mateas disse que a maioria dos seus pacientes é mulher. Segundo ele, elas vêm procurar conselhos para uma dieta “perfeita”. Ou são arrastadas à clínica pelos
familiares ─ já que elas próprias estão convencidas de que não há nada de errado.
“É difícil tratá-las, até porque são muito bem informadas”, explicou. “Tenho uma paciente que só come legumes fervidos ou grelhados. Rejeita a carne por causa dos
hormônios, rejeita os ovos porque acha que têm gordura demais, só consome uma quantidade mínima de óleo de coco ─ porque está convencida de que ele ajuda a
queimar gordura.”
“Há mitos que são mais fáceis de derrubar, mas como dizer a alguém que não coma tantos legumes?”, perguntou.
“Tenho de convencê-la a introduzir (em sua dieta) outros alimentos que, segundo exames clínicos, estão faltando no seu organismo.”
Finalmente, a ortorexia não implica apenas em uma redução nas opções alimentares do paciente.
“Os ortoréxicos não podem ir a um restaurante ou bar porque não sabem o que está sendo servido. E não podem ir comer na casa de amigos, a não ser que eles
também sejam ortoréxicos”, concluiu Toribio-Mateas
.
O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, suspendeu a decisão da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias (RJ).
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, suspendeu a decisão da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, que havia bloqueado o
serviço do WhatsApp em todo o país nesta terça-feira (19), determinando o restabelecimento imediato do funcionamento do aplicativo.
O ministro argumenta que o bloqueio “não se mostra razoável” e gera “insegurança jurídica” a seus usuários. “A suspensão do serviço do aplicativo WhatsApp (...)
parece-me violar o preceito fundamental da liberdade de expressão aqui indicado, bem como a legislação de regência sobre o tema. Ademais, a extensão do bloqueio a
todo o território nacional afigura-se, quando menos, medida desproporcional ao motivo que lhe deu causa”, escreveu o presidente da Corte.
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Lewandowski não analisa o mérito do processo, em que a juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza determinou que o Facebook, dono do aplicativo, revele o conteúdo
de mensagens para uma investigação policial. Para o ministro, o tema constitui “matéria de alta complexidade técnica, a ser resolvida no julgamento do mérito da própria
ação”.
A paixão terminou, o amor é uma lembrança irresgatável, mas ainda há tanta presença e ternura...
Abraços podem durar um tempo enorme. A gente se inclina na direção do outro, cheio de sentimentos conturbados, e ele nos segura com força, como se tentasse
comunicar alguma coisa. É possível sentir um coração batendo contra o outro, perceber no peito a outra respiração. Tantas coisas estão contidas nesse gesto, tanta
ternura, tanta dúvida. Amor. Quando o abraço se desfaz, fica um sorriso indeciso, uma expressão incompleta nos olhos, o movimento de um corpo que se afasta e parece
dizer adeus.
Como todo mundo, tenho sentimentos ambivalentes sobre relacionamentos que acabam. São momentos tristes, terrivelmente tristes. Mas, ao fim e ao cabo, inevitáveis.
A gente não pode passar a vida preso a coisas que já não respiram. Mesmo cheios de dúvidas e ainda repletos de carinho, em algum momento é preciso romper, andar,
recomeçar. O abraço que não quer terminar é lindo, mas abre uma porta para lugar nenhum. É necessário sair dele para ser de novo uma pessoa inteira – e ter a chance,
adiante, de estar inteiro em outro abraço.
Esses momentos de ruptura são essenciais em nossa vida. As separações, assim como os encontros, nos definem – inclusive por que costumam levar um tempo enorme.
A gente passa um ano juntos, apaixonados, e podemos levar o dobro nos separando de verdade, fazendo a ruptura das almas. Separar dois corpos é fácil, mas como se
faz para tirar o outro de dentro de si?
Com todos os problemas e dificuldades, gosto de pensar nesse período de sentimentos estendidos como o tempo da delicadeza. (Obrigado, Chico Buarque, por esta e
tantas outras coisas.) A paixão terminou, o amor é uma lembrança irresgatável, mas ainda há presença e ternura. Enormes. A raiva ficou para trás. A frustração gastou-
se. O ciúme raspa as unhas nas paredes do porão, lá embaixo, mas a cada dia incomoda menos. Os sentimentos dolorosos – quase todos – deram lugar a uma sensação
agridoce de cumplicidade. Ainda não é possível desejar que ela ou ele seja feliz em outra companhia, mas esse dia chegará, um dia.
Acredito – enfim – que é possível deixar de amar amando. O afastamento pode ser feito com ódio, mas fica uma ferida imensa, dura de cicatrizar. Podemos cortar as
pontes repentinamente, com medo de um sofrimento duradouro, mas isso vai nos assombrar no futuro, na hora de amar de novo. Enfim, há diferentes maneiras de
deixar de amar. Eu acho possível – e louvável – sair da intimidade do outro com um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos. Sair, mas ficar feliz em vê-lo, contente de
ouvi-la, ainda ter vontade de contar a essa pessoa que nos conhece tão bem tudo que aconteceu na semana passada, mas escolhendo não contar – por pudor, e porque,
afinal, já não cabe.
Sou capaz de antecipar o olhar de descrédito do leitor e da leitora. Não é assim que funciona, ele ou ela dirá. Se os sentimentos são bons, as pessoas não se separam.
Mas isso não é verdade. As pessoas rompem cheias de bons sentimentos, transbordando deles, a ponto de não saber o que fazer com tudo aquilo. Exceto as exceções,
exceto os traumas e barbaridades, a gente não deixa de querer de uma hora para outra. A paixão acaba, é certo. O amor, aquele de querer ficar colado para sempre,
também acaba. Mas há sentimentos lindos que ainda ligam ex-casais. Tão lindos que entalam na garganta, que temos vontade de abraçar e não largar. Lembra?
Pois então, respeitemos os nossos sentimentos delicados. As relações terminam, mas isso não é o fim dos afetos. Não há que ter vergonha de gostar da ex que você
mesmo deixou, não há problema em pensar com carinho (e sem raiva) naquele desgraçado que não quis continuar. Dentro de nós há tanta coisa ruim que não
deveríamos resistir quando se manifesta uma doçura. Melhor abraçá-la bem forte, acolhê-la como um amor que estivesse de volta. Apenas para uma visita, mas, ainda
assim, bem-vindo.
Toda sociedade grande e complexa tem, na verdade, duas qualidades: é muito firme e muito elástica. Em seu interior, constantemente se abre um espaço para as
decisões individuais. Apresentam-se oportunidades que podem ser aproveitadas ou perdidas. Aparecem encruzilhadas em que as pessoas têm de fazer escolhas, e de
suas escolhas, conforme sua posição social, pode depender seu destino pessoal imediato, ou o de uma família inteira, ou ainda, em certas situações, de nações inteiras
ou de grupos dentro delas. Pode depender de suas escolhas que a resoluçãocompleta das tensões existentes ocorra na geração atual ou somente na seguinte. Delas pode
depender a determinação de qual das pessoas ou grupos em confronto, dentro de um sistema particular de tensões, se tornará o executor das transformações para as
quais as tensões estão impelindo, e de que lado e em que lugar se localizarão os centros das novas formas de integração rumo às quais se deslocam as mais antigas, em
virtude, sempre, de suas tensões. Mas as oportunidades entre as quais a pessoa assim se vê forçada a optar não são, em si mesmas, criadas por essa pessoa. São
prescritas e limitadas pela estrutura específica de sua sociedade e pela natureza das funções que as pessoas exercem dentro dela. E, seja qual for a oportunidade que ela
aproveite, seu ato se entremeará com os de outras pessoas; desencadeará outras sequências de ações, cuja direção e resultado provisório não dependerão desse
indivíduo, mas da distribuição do poder e da estrutura das tensões em toda essa rede humana móvel.
(ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.)
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De acordo com a construção dos referentes textuais no texto, pode-se afirmar que a expressão “ duas qualidades”, no início do texto, contribui para a coesão textual
exercendo um papel
Eu vinha voltando para casa, dentro da noite de Londres. Uma noite fria, nevoenta, silenciosa – uma noite de Londres. Noite de inverno que começa às quatro horas da
tarde e termina às oito da manhã. Noite de navio perdido em alto-mar, de cemitério, de charneca, de fim de ano, de morro dos ventos uivantes. Noite de vampiros, de
lobisomens, de fantasmas, de assassinos, de Jack, o Estripador. Eu vinha vindo e apressava o passo, querendo chegar depressa, antes que aquela noite tão densa me
dissolvesse para sempre em suas sombras. De espaço a espaço, a luz amarelo-âmbar dos postes pontilhava a rua com seu pequeno foco, como olhos de pantera a
seguir-me os passos na escuridão.
Os meus olhos a fitavam, assombrados, e eu não podia acreditar no que eles viam. Quadrada como uma janelinha aberta no céu. Mas amarela como todas as luas do
mundo, flutuando na noite, plena de luz, solitária e bela.
As luas de Londres... Ah, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira! A lua de Londres era quadrada!
Pensei estar sonhando e baixei os olhos humildemente, indigno de merecê-la, tendo bebido mais do que imaginava. Entrei em casa bêbado de lua e fui refugiar-me em
meu quarto, refeito já do estranho delírio, no ambiente cálido e acolhedor do meu tugúrio, cercado de objetos familiares.
Mas foi só chegar à janela, e lá estava ela, dependurada no céu em desafio: uma lua deslumbrante que a neblina não conseguia ofuscar, cubo de luz suspenso no
espaço, de contornos precisos, nítido em seus ângulos retos, a desafiar-me com seu mistério. A lua quadrada de Londres!
Evitei olhá-la outra vez, para não sucumbir ao seu fascínio. Corri as cortinas e fui dormir sob seus eflúvios – enigma imemorial a zombar de todas as astronomias através
dos séculos, da mais remota antiguidade aos nossos dias, e oferecendo unicamente a mim a sua verdadeira face. É possível que um sábio egípcio, há cinco mil anos, do
alto de uma pirâmide, a tenha vislumbrado uma noite e tentado perquirir o seu segredo. É possível que em Babilônia um cortesão de Nabucodonosor se tenha enamorado
perdidamente de uma princesa, na moldura quadrada de seus raios. É possível que na China de Confúcio um mandarim se tenha curvado reverente no jardim, entre
papoulas, sob o império de seu brilho retilíneo. É possível que na África, numa clareira das selvas, um feiticeiro da tribo lhe tenha oferecido em holocausto a carcaça
sangrenta de um antílope. É possível que nos mares gelados do Norte um viking tenha há 12 séculos levantado os olhos sob o elmo de chifres, e contemplado aquela
surpreendente forma geométrica, procurando orientar por ela o seu bergantim. É possível que na Idade Média um alquimista tenha aumentado, sob a influência de sua
radiância quadrangular, o efeito milagroso de um elixir da longa vida. É possível que, no longo dos anos, mais de uma donzela haja estremecido em sonhos ao receber no
corpo a carícia estranhamente angulosa do luar. Mas, nos dias de hoje, somente a mim a lua se oferecia em toda a sua nudez quadrada. Dormi sorrindo, ao pensar que
os astronautas modernos se preparam para ir à Lua em breve – sem ao menos desconfiar que ela não é redonda, mas quadrada como uma janela aberta no cosmo –
verdade celestial que só um noctívago em Londres fora capaz de merecer.
Lembro-me de uma história – história que inventei, mas que nem por isso deixa de ser verdadeira. Era um marinheiro dinamarquês, de um cargueiro atracado no porto
do Rio de Janeiro por uma noite apenas. Saíra pela cidade desconhecida, de bar em bar, e vinha voltando solitário e bêbado pela madrugada, quando se deu o milagre:
nas sujas águas do canal do Mangue, viu refletida uma claridade difusa – ergueu os olhos e viu que as nuvens se haviam rasgado no céu, e o Cristo surgira para ele, de
braços abertos, em todo o seu divino esplendor. Fulminado pela visão, caiu de joelhos e chorou de arrependimento pela vida de pecado e impenitência que levara até
então. De volta à sua terra, converteu-se, tornou-se místico, acabou num convento. E anos mais tarde, depois de uma vida inteira dedicada a Deus, o monge recebe a
visita de um brasileiro. Aquele homem era da cidade em que se dera o milagre da sua conversão.
Não diz a história se o religioso deixou de sê-lo, por causa da prosaica revelação. Não diz, porque me eximo de acrescentar que, na realidade, depois de viver tanto
tempo uma crença construída sobre o equívoco, este equívoco passava a ser mesmo um milagre, como tudo mais nesta vida.
O milagre da lua quadrada de Londres não me foi desfeito por nenhum londrino descrente do surrealismo astronômico nos céus britânicos. Bastou olhar de manhã pela
janela e pude ver, recortado contra o céu, o gigantesco guindaste no cume de uma construção, e numa das pontas da armação de aço atravessada no ar, junto ao
contrapeso, o quadrado de vidro que à noite se acende. A minha lua quadrada de Londres.
Quadrado que talvez simbolize todo um sistema de vida, mais do que anuncia a pequena palavra Laig nele escrita, marca de fabricação do guindaste. De qualquer
maneira, os ingleses ganharam, pelo menos na minha imaginação, o emblema do seu modo de ser, impresso nessa visão de uma noite, que foi a lua quadrada de
Londres.
(SABINO, Fernando, 1923-2004 – As melhores crônicas – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010. 224 p.)
O oitavo parágrafo é estruturado pela expressão “ é possível que...” que a certa altura é desconstruído por meio de
a) um conectivo conclusivo.
b) uma estratégia injuntiva.
c) um argumento dedutivo.
d) um conectivo adversativo.
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Tais eram as reflexões que eu vinha fazendo, por aquele Valongo fora, logo depois de ver e ajustar a casa. Interrompeu-mas um ajuntamento; era um preto que
vergalhava outro na praça. O outro não se atrevia a fugir; gemia somente estas únicas palavras: — “Não, perdão, meu senhor; meu senhor, perdão! ” Mas o primeiro não
fazia caso, e, a cada súplica, respondia com uma vergalhada nova.
— Toma, diabo! dizia ele; toma mais perdão, bêbado!
— Meu senhor! gemia o outro.
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— Cala a boca, besta! replicava o vergalho.
Parei, olhei... Justos céus! Quem havia de ser o do vergalho? Nada menos que o meu moleque Prudêncio, — o que meu pai libertara alguns anos antes. Cheguei-me; ele
deteve-se logo e pediu-me a bênção; perguntei-lhe se aquele preto era escravo dele.
— É, sim, nhonhô.
— Fez-te alguma cousa?
— É um vadio e um bêbado muito grande. Ainda hoje deixei ele na quitanda, enquanto eu ia lá embaixo na cidade, e ele deixou a quitanda para ir na venda beber.
— Está bom, perdoa-lhe, disse eu.
— Pois não, nhonhô. Nhonhô manda, não pede. Entra para casa, bêbado!
(Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo, Ática, 1990. p. 83.)
Dentre os trechos destacados a seguir, assinale o par que demonstra – por meio da linguagem – a diferença social e cultural entre as personagens.
a) “que eu vinha fazendo,” (1º§) / “gemia somente estas únicas palavras:” (1º§)
b) “Interrompeu-mas um ajuntamento” (1º§) / “Ainda hoje deixei ele na quitanda,” (8º§)
c) “Cheguei-me; ele deteve-se logo e pediu-me a bênção;” (5º§) / “— Fez-te alguma cousa?” (7º§)
d) “— Meu senhor! gemia o outro.” (3º§) / “— ‘Não, perdão, meu senhor; meu senhor, perdão!’” (1º§)
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Trapezista
Querida, eu juro que não era eu. Que coisa ridícula! Se você estivesse aqui – Alô? Alô? – olha, se você estivesse aqui ia ver a minha cara, inocente como o Diabo. O quê?
Mas como, ironia? “Como o Diabo” é força de expressão, que diabo. Você acha que eu ia brincar numa hora desta? Alô! Eu juro, pelo que há de mais sagrado, pelo
túmulo de minha mãe, pela nossa conta no banco, pela cabeça dos nossos filhos que não era eu naquela foto de carnaval no Cascalho que saiu na Folha da Manhã. O
quê? Alô! Alô! Como é que eu sei qual é a foto? Mas você não acaba de dizer... Ah, você não chegou a dizer... ah, você não chegou a dizer qual era o jornal. Bom, bem.
Você não vai acreditar mas acontece que eu também vi a foto. Não desliga! Eu também vi a foto e tive a mesma reação. Que sujeito parecido comigo, pensei. Podia ser
gêmeo. Agora, querida, nunca, em nenhum momento, está ouvindo? Em nenhum momento me passou pela cabeça a ideia de que você fosse pensar — querida, eu estou
até começando a achar graça —, que você fosse pensar que aquele era eu. Por amor de Deus. Pra começo de conversa você pode me imaginar de pareô vermelho e
colar havaiano, pulando no Cascalho com uma bandida em cada braço? Não, faça-me o favor. E a cara das bandidas! Francamente, já que você não confia na minha
fidelidade, que confiasse no meu bom gosto, poxa! O quê? Querida, eu não disse “pareô vermelho”. Tenho a mais absoluta, a mais tranquila, a mais inabalável certeza
que eu disse apenas “pareô”. Como é que eu podia saber que era vermelho se a fotografia não era em cores, certo? Alô? Alô? Não desliga! Não... Olha, se você desligar
está tudo acabado. Tudo acabado. Você não precisa nem voltar da praia. Fica aí com as crianças e funda uma colônia de pescadores. Não, estou falando sério.
Perdi a paciência. Afinal, se você não confia em mim não adianta nada a gente continuar. Um casamento deve se... se... como é mesmo a palavra?... se alicerçar na
confiança mútua. O casamento é como um número de trapézio, um precisa confiar no outro até de olhos fechados. É isso mesmo. E sabe de outra coisa? Eu não
precisava ficar na cidade durante o carnaval. Foi tudo mentira. Eu não tinha trabalho acumulado no escritório coisíssima nenhuma. Eu fiquei sabe para quê? Para testar
você. Ficar na cidade foi como dar um salto mortal, sem rede, só para saber se você me pegaria no ar. Um teste do nosso amor. E você falhou. Você me decepcionou.
Não vou nem gritar por socorro. Não, não me interrompa.
Desculpas não adiantam mais. O próximo som que você ouvir será do meu corpo se estatelando, com o baque surdo da desilusão, no duro chão da realidade. Alô? Eu
disse que o próximo som... que... O quê? Você não estava ouvindo nada? Qual foi a última coisa que você ouviu, coração?
Pois sim, eu não falei — tenho certeza absoluta que não falei — em “pareô vermelho”. Sei lá que cor era o pareô daquele cretino na foto. Você precisa acreditar em
mim, querida. O casamento é como um número de...
Sim. Não. Claro. Como? Não. Certo. Quando você voltar pode perguntar para o... Você quer que eu jure? De novo? Pois eu juro. Passei sábado, domingo, segunda e
terça no escritório. Não vi carnaval nem pela janela. Só vim em casa tomar um banho e comer um sanduíche e vou logo voltar para lá. Como? Você telefonou para o
escritório. Meu bem, é claro que a telefonista não estava trabalhando, não é, bem. Ha, ha, você é demais. Olha, querida? Alô? Sábado eu estou aí. beijo nas crianças.
Socorro. Eu disse, um beijo.
(In: Veríssimo, L. F. As mentiras que os homens contam. São Paulo, Objetiva: ????.)
No decorrer do texto, tendo em vista propósitos discursivos, o autor utiliza palavras e expressões menos comuns no linguajar culto escrito da língua portuguesa. Tal uso
caracteriza, no caso, uma variação de natureza
a) social.
b) histórica.
c) geográfica.
d) situacional.
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Os adultos que educam hoje vivem na cultura que incentiva ao extremo o consumo. Somos levados a consumir de tudo um pouco: além de coisas materiais, consumimos
informações, ideias, estilos de ser e de viver, conceitos que interferem na vida (qualidade de vida, por exemplo), o sexo, músicas, moda, culturas variadas, aparência do
corpo, a obrigatoriedade de ser feliz etc. Até a educação escolar virou item de consumo agora. A ordem é consumir, e obedecemos muitas vezes cegamente a esse
imperativo.
Quem viveu sem usar telefone celular por muito tempo não sabe mais como seria a vida sem essa inovação tecnológica, por exemplo. O problema é que a oferta cria a
demanda em sociedades consumistas, que é o caso atual, e os produtos e as ideias que o mercado oferece passam a ser considerados absolutamente necessários a partir
de então.
A questão é que temos tido comportamento exemplar de consumistas, boa parte das vezes sem crítica alguma. Não sabemos mais o que é ter uma vida simples porque
almejamos ter mais, por isso trabalhamos mais etc. Vejam que a ideia de lazer, hoje, faz todo sentido para quase todos nós. Já a ideia do ócio, não. Ou seja: para
descansar de uma atividade, nos ocupamos com outra. A vadiagem e a preguiça são desvalorizadas.
Bem, é isso que temos ensinado aos mais novos, mais do que qualquer outra coisa. Quando uma criança de oito anos pede a seus pais um celular e ganha, ensinamos a
consumir o que é oferecido; quando um filho pede para o pai levá‐la ao show
do RBD, e este leva mesmo se considera o espetáculo ruim, ensinamos a consumir, seja
qual for a estética em questão; quando um jovem pede uma roupa de marca para ir a uma festa e os pais dão, ensinamos que o que consumimos é mais importante do
que o que somos.
Não há problema em consumir; o problema passa a existir quando o consumo determina a vida. Isso é extremamente perigoso, principalmente quando os filhos chegam
à adolescência. Há um mercado generoso de oferta de drogas. Ensinamos a consumir desde cedo e, nessa hora, queremos e esperamos que eles recusem essa oferta.
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Como?!
Na educação, essa nossa característica leva a consequências sutis, mas decisivas na formação dos mais novos. Como exemplo, podemos lembrar que estes aprendem a
avaliar as pessoas pelo que elas aparentam poder consumir e não por aquilo que são e pelas ideias que têm e que o grupo social deles é formado por pares que
consomem coisas semelhantes. Não é a toa que os pequenos furtos são um fenômeno presente em todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas.
Nessa ideologia consumista, é importante considerar que os objetos perdem sua primeira função. Um carro deixa de ser um veículo de transporte, um telefone celular
deixa de ser um meio de comunicação; ambos passam a significar status, poder de consumo, condição social, entre outras coisas.
A educação tem o objetivo de formar pessoas autônomas e livres. Mas, sob essa cultura do consumo, esses dois conceitos se transformaram completamente e perderam
o seu sentido original. Os jovens hoje acreditam que têm liberdade para escolher qualquer coisa, por exemplo. Na verdade, as escolhas que fazem estão, na maioria das
vezes, determinadas pelo consumo e pela publicidade. Tempos loucos, ou não?
(SAYÃO, Rosely. Tempos loucos – Parte 2. Disponível em: http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/arch2006‐10‐01_2006‐10‐15.html. Acesso em: dezembro de 2015.)
Considerando o uso adequado da linguagem à situação de comunicação do texto apresentado, assinale o trecho selecionado a seguir em que podem ser identificados
aspectos informais da língua.
O primeiro texto que publiquei em jornal foi uma crônica. Devia ter eu lá uns 16 ou 17 anos. E aí fui tomando gosto. Dos jornais de Juiz de Fora, passei para os jornais e
revistas de Belo Horizonte e depois para a imprensa do Rio e São Paulo. Fiz de tudo (ou quase tudo) em jornal: de repórter policial a crítico literário. Mas foi somente
quando me chamaram para substituir Drummond no Jornal do Brasil, em 1984, que passei a fazer crônica sistematicamente. Virei um escritor crônico.
O que é um cronista?
Luís Fernando Veríssimo diz que o cronista é como uma galinha, bota seu ovo regularmente. Carlos Eduardo Novaes diz que crônicas são como laranjas, podem ser doces
ou azedas e ser consumidas em gomos ou pedaços, na poltrona de casa ou espremidas na sala de aula.
Já andei dizendo que o cronista é um estilita. Não confundam, por enquanto, com estilista. Estilita era o santo que ficava anos e anos em cima de uma coluna, no
deserto, meditando e pregando. São Simeão passou trinta anos assim, exposto ao sol e à chuva. Claro que de tanto purificar seu estilo diariamente o cronista estilita
acaba virando um estilista.
O cronista é isso: fica pregando lá em cima de sua coluna no jornal. Por isto, há uma certa confusão entre colunista e cronista, assim como há outra confusão entre
articulista e cronista. O articulista escreve textos expositivos e defende temas e ideias. O cronista é o mais livre dos redatores de um jornal. Ele pode ser subjetivo. Pode
(e deve) falar na primeira pessoa sem envergonhar-se. Seu “eu”, como o do poeta, é um eu de utilidade pública.
Que tipo de crônica escrevo? De vários tipos. Conto casos, faço descrições, anoto momentos líricos, faço críticas sociais. Uma das funções da crônica é interferir no
cotidiano. Claro que essas que interferem mais cruamente em assuntos momentosos tendem a perder sua atualidade quando publicadas em livro. Não tem importância.
O cronista é crônico, ligado ao tempo, deve estar encharcado, doente de seu tempo e ao mesmo tempo pairar acima dele.
a) Antítese: consiste na aproximação de termos iguais, sendo enfatizada essa relação de sinonímia.
b) Hipérbole: trata-se de minimizar uma ideia com a finalidade suavizar o discurso.
c) Ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico.
d) Prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres animados predicativos que são próprios de seres inanimados.
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O tema é espinhoso. Todos somos por ele atingidos de uma forma ou de outra, como autores ou como objetos dele. O preconceito nasce do medo, sua raiz cultural,
psíquica, antropológica está nos tempos mais primitivos – por isso é uma postura primitiva –, em que todo diferente era um provável inimigo. Precisávamos atacar antes
que ele nos destruísse. Assim, se de um lado aniquilava, de outro esse medo nos protegia – a perpetuação da espécie era o impulso primeiro. Hoje, quando de trogloditas
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passamos a ditos civilizados, o medo se revela no preconceito e continua atacando, mas não para nossa sobrevivência natural; para expressar nossa inferioridade
assustada, vestida de arrogância. Que mata sob muitas formas, em guerras frequentes, por questões de raça, crença e outras, e na agressão a pessoas vitimadas pela
calúnia, injustiça, isolamento e desonra. Às vezes, por um gesto fatal.
Que medo é esse que nos mostra tão destrutivos? Talvez a ideia de que “ele é diferente, pode me ameaçar”, estimulada pela inata maldade do nosso lado de sombra (ele
existe, sim).
Nossa agressividade de animais predadores se oculta sob uma camada de civilização, mas está à espreita – e explode num insulto, na perseguição a um adversário que
enxovalhamos porque não podemos vencê-lo com honra, ou numa bala nada perdida. Nessa guerra ou guerrilha usamos muitas armas: uma delas, poderosa e sutil, é a
palavra. Paradoxais são as palavras, que podem ser carícias ou punhais. Minha profissão lida com elas, que desde sempre me encantam e me assombram: houve um
tempo, recente, em que não podíamos usar a palavra “negro”. Tinha de ser “afrodescendente”, ou cometíamos um crime. Ora, ao mesmo tempo havia uma banda Raça
Negra, congressos de Negritude... e afinal descobrimos que, em lugar de evitar a palavra, podíamos honrá-la. Lembremos que termos usados para agredir também
podem ser expressões de afeto. “Meu nego”, “minha neguinha”, podem chamar uma pessoa amada, ainda que loura. “Gordo”, tanto usado para bullying, frequentemente
é o apelido carinhoso de um amigo, que assim vai assinar bilhetes a pessoas queridas. Ao mesmo tempo, palavras como “judeu, turco, alemão” carregam, mais do que
ignorância, um odioso preconceito.
De momento está em evidência a agressão racial em campos esportivos: “negro”, “macaco” e outros termos, usados como chibata para massacrar alguém, revelam nosso
lado pior, que em outras circunstâncias gostaríamos de disfarçar – a grosseria, e a nossa própria inferioridade. Nesses casos, como em agressões devidas à orientação
sexual, a atitude é crime, e precisamos da lei.
No país da impunidade, necessitamos de punição imediata, severa e radical. Me perdoem os seguidores da ideia de que até na escola devemos eliminar punições do “sem
limites”. Não vale a desculpa habitual de “não foi com má intenção, foi no calor da hora, não deem importância”. Temos de nos importar, sim, e de cuidar da nossa
turma, grupo, comunidade, equipe ou país. Algumas doenças precisam de remédios fortes: preconceito é uma delas.
“Isso não tem jeito mesmo”, me dizem também. Acho que tem. É possível conviver de forma honrada com o diferente: minha família, de imigrantes alemães aqui
chegados há quase 200 anos, hoje inclui italianos, negros, libaneses, portugueses. Não nos ocorreria amar ou respeitar a uns menos do que a outros: somos todos da
velha raça humana. Isso ocorre em incontáveis famílias, grupos, povos. Porque são especiais? Não. Simplesmente entenderam que as diferenças podem enriquecer.
Num país que sofre de tamanhas carências em coisas essenciais, não devíamos ter energia e tempo para perseguir o outro, causando-lhe sofrimento e vexame, por suas
ideias, pela cor de sua pele, formato dos olhos, deuses que venera ou pessoa que ama. Nossa energia precisa se devotar a mudanças importantes que o povo reclama.
Nestes tempos de perseguição, calúnia, impunidade e desculpas tolas, só o rigor da lei pode nos impedir de recair rapidamente na velha selvageria. Mudar é preciso.
Atualmente, já está muito claro que nossas experiências mentais estão sempre criando estruturas cerebrais que facilitam a resposta rápida a futuras demandas
semelhantes. O tema mais importante, no entanto, não é que as estruturas se ampliem sempre, é a liberdade natural da mente, que opera além das estruturas.
Um motorista não é seu carro, nem por onde circula. Ele tem a liberdade de deixar o carro e seguir por outros meios e também de repensar seus trajetos. Ainda assim, se
as estradas ficarem bloqueadas ou o carro quebrar, ele terá dificuldade em andar a pé e usará o tempo arrumando o carro ou colocando a estrada em condições de uso.
Só ao final de um tempo ele conseguirá ultrapassar as fixações estruturais internas e refazer suas opções.
Em verdade, a liberdade do motorista é tal que nem mesmo motorista ele é. Ele é um ser livre. A prática espiritual profunda conduz a essa liberdade, naturalmente
presente. As fixações são o carma. As experiências comuns no mundo, eventos maiores e menores, vão se consolidando como trajetos e redes neurais internas e
estruturas cármicas que balizam a operação da mente, estruturando recursos limitados como se fossem as únicas opções, ainda que, essencialmente, a mente siga livre.
As estruturas grosseiras como os espaços das cidades, as ruas físicas, e em um sentido mais amplo tudo o que aciona nossos sentidos físicos, surgem também como
resultado das atividades mentais repetitivas, assim como a circulação da energia interna, que é o aspecto sutil. Um automobilista precisa de uma transformação interna e
externa complexa para se tornar um ciclista; não é fácil. Já o tripulante do sofá tem dificuldade em incluir exercícios, novos hábitos de alimentação e mudanças na
autoimagem – os desafios são idênticos.
Nossos melhores pensamentos constroem mundos melhores e também cérebros melhores. Já os pensamentos aflitivos constroem mundos piores e cérebros com
estruturas que conduzem à aflição e à doença.
Tanto os aspectos grosseiros como os sutis flutuam; é visível. A única expressão incessantemente presente e disponível é a liberdade natural silenciosa dentro de nós
mesmos. É dessa natureza que surge a energia que, livre de condicionamentos, cria novos caminhos neurais e novas configurações de mundo. Os mestres de sabedoria
apontam-na como sempre disponível, mesmo durante experiências como a doença e a morte. É dessa região inabalável que irradiam sua sabedoria, compaixão e
destemor.
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a) Metáfora.
b) Metonímia.
c) Eufemismo.
d) Prosopopeia.
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Eu vinha voltando para casa, dentro da noite de Londres. Uma noite fria, nevoenta, silenciosa – uma noite de Londres. Noite de inverno que começa às quatro horas da
tarde e termina às oito da manhã. Noite de navio perdido em alto-mar, de cemitério, de charneca, de fim de ano, de morro dos ventos uivantes. Noite de vampiros, de
lobisomens, de fantasmas, de assassinos, de Jack, o Estripador. Eu vinha vindo e apressava o passo, querendo chegar depressa, antes que aquela noite tão densa me
dissolvesse para sempre em suas sombras. De espaço a espaço, a luz amarelo-âmbar dos postes pontilhava a rua com seu pequeno foco, como olhos de pantera a
seguir-me os passos na escuridão.
Os meus olhos a fitavam, assombrados, e eu não podia acreditar no que eles viam. Quadrada como uma janelinha aberta no céu. Mas amarela como todas as luas do
mundo, flutuando na noite, plena de luz, solitária e bela.
As luas de Londres... Ah, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira! A lua de Londres era quadrada!
Pensei estar sonhando e baixei os olhos humildemente, indigno de merecê-la, tendo bebido mais do que imaginava. Entrei em casa bêbado de lua e fui refugiar-me em
meu quarto, refeito já do estranho delírio, no ambiente cálido e acolhedor do meu tugúrio, cercado de objetos familiares.
Mas foi só chegar à janela, e lá estava ela, dependurada no céu em desafio: uma lua deslumbrante que a neblina não conseguia ofuscar, cubo de luz suspenso no
espaço, de contornos precisos, nítido em seus ângulos retos, a desafiar-me com seu mistério. A lua quadrada de Londres!
Evitei olhá-la outra vez, para não sucumbir ao seu fascínio. Corri as cortinas e fui dormir sob seus eflúvios – enigma imemorial a zombar de todas as astronomias através
dos séculos, da mais remota antiguidade aos nossos dias, e oferecendo unicamente a mim a sua verdadeira face. É possível que um sábio egípcio, há cinco mil anos, do
alto de uma pirâmide, a tenha vislumbrado uma noite e tentado perquirir o seu segredo. É possível que em Babilônia um cortesão de Nabucodonosor se tenha enamorado
perdidamente de uma princesa, na moldura quadrada de seus raios. É possível que na China de Confúcio um mandarim se tenha curvado reverente no jardim, entre
papoulas, sob o império de seu brilho retilíneo. É possível que na África, numa clareira das selvas, um feiticeiro da tribo lhe tenha oferecido em holocausto a carcaça
sangrenta de um antílope. É possível que nos mares gelados do Norte um viking tenha há 12 séculos levantado os olhos sob o elmo de chifres, e contemplado aquela
surpreendente forma geométrica, procurando orientar por ela o seu bergantim. É possível que na Idade Média um alquimista tenha aumentado, sob a influência de sua
radiância quadrangular, o efeito milagroso de um elixir da longa vida. É possível que, no longo dos anos, mais de uma donzela haja estremecido em sonhos ao receber no
corpo a carícia estranhamente angulosa do luar. Mas, nos dias de hoje, somente a mim a lua se oferecia em toda a sua nudez quadrada. Dormi sorrindo, ao pensar que
os astronautas modernos se preparam para ir à Lua em breve – sem ao menos desconfiar que ela não é redonda, mas quadrada como uma janela aberta no cosmo –
verdade celestial que só um noctívago em Londres fora capaz de merecer.
Lembro-me de uma história – história que inventei, mas que nem por isso deixa de ser verdadeira. Era um marinheiro dinamarquês, de um cargueiro atracado no porto
do Rio de Janeiro por uma noite apenas. Saíra pela cidade desconhecida, de bar em bar, e vinha voltando solitário e bêbado pela madrugada, quando se deu o milagre:
nas sujas águas do canal do Mangue, viu refletida uma claridade difusa – ergueu os olhos e viu que as nuvens se haviam rasgado no céu, e o Cristo surgira para ele, de
braços abertos, em todo o seu divino esplendor. Fulminado pela visão, caiu de joelhos e chorou de arrependimento pela vida de pecado e impenitência que levara até
então. De volta à sua terra, converteu-se, tornou-se místico, acabou num convento. E anos mais tarde, depois de uma vida inteira dedicada a Deus, o monge recebe a
visita de um brasileiro. Aquele homem era da cidade em que se dera o milagre da sua conversão.
Não diz a história se o religioso deixou de sê-lo, por causa da prosaica revelação. Não diz, porque me eximo de acrescentar que, na realidade, depois de viver tanto
tempo uma crença construída sobre o equívoco, este equívoco passava a ser mesmo um milagre, como tudo mais nesta vida.
O milagre da lua quadrada de Londres não me foi desfeito por nenhum londrino descrente do surrealismo astronômico nos céus britânicos. Bastou olhar de manhã pela
janela e pude ver, recortado contra o céu, o gigantesco guindaste no cume de uma construção, e numa das pontas da armação de aço atravessada no ar, junto ao
contrapeso, o quadrado de vidro que à noite se acende. A minha lua quadrada de Londres.
Quadrado que talvez simbolize todo um sistema de vida, mais do que anuncia a pequena palavra Laig nele escrita, marca de fabricação do guindaste. De qualquer
maneira, os ingleses ganharam, pelo menos na minha imaginação, o emblema do seu modo de ser, impresso nessa visão de uma noite, que foi a lua quadrada de
Londres.
(SABINO, Fernando, 1923-2004 – As melhores crônicas – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010. 224 p.)
“As luas de Londres... Ah, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira! A lua de Londres era quadrada!” O excerto anterior é um exemplo de figura de linguagem denominada
a) perífrase.
b) catacrese.
c) anacoluto.
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d) apóstrofe.
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Ninguém pode negar o conflito como parte fundamental do fenômeno político. Só existe política porque existem diferenças, discordâncias, visões de mundo que se
distanciam, ideologias, lutas por direitos, por hegemonia. Isso quer dizer que no cerne do fenômeno político está a democracia como um desejo de participação que
implica as tenções próprias à diferença que busca um lugar no contexto social. [...]
Esse texto não tem por finalidade tratar da importância do conflito ou da crítica, mas analisar um fenômeno que surgiu, e se potencializou, na era das redes sociais: a
“militância de tribunal”. Essa prática é apresentada como manifestação de ativismo político, mas se reduz ao ato de proferir julgamentos, todos de natureza condenatória,
contra seus adiversários e, muitas vezes, em desfavor dos próprios parceiros de projeto político. São típicos julgamentos de excessão, nos quais a figura do acusador e do
julgador se confundem, não existe uma acusação bem delimitada, nem a oportunidade do acusado se defender. Nesses julgamentos, que muito revela do “militante de
tribunal”, os eventuais erros do “acusado”, por um lado, são potencializados, sem qualquer compromisso com a facticidade; por outro, perdem importância para a
hipótese previamente formulada pelo acusador-julgador, a partir de preconceitos, perversões, ressentimentos, inveja e, sobretudo, ódio.
Ódio direcionado ao inimigo, aquele com o qual o “acusador-julgador” não se identifica e, por essa razão, nega a possibilidade de dialogar e, o que tem se tornado cada
vez mais frequente, o ódio relacionado ao próximo, aquele que é, ou deveria ser, um aliado nas trincheiras políticas. Ódio que nasce daquilo que Freud chamou de
“narcisismo das pequenas diferenças”. Ódio ao semelhante, aquele que admiramos, do qual somos “parceiros”, ao qual, contudo, dedicamos nosso ódio sempre que ele
não faz exatamente aquilo que deveria – ou o que nós acreditamos que deveria – fazer.
Exemplos não faltam. Pense-se na militante feminista que gasta mais tempo a “condenar” outras mulheres, a julgar outros “feminismos”, do que no enfrentamento
concreto à dominação masculina. A Internet está cheia de exemplos de especialistas em julgamento e condenação. A caça por sucesso naquilo que imaginam ser o
“clubinho das feministas” (por muitas que se dizem feministas enquanto realizam o feminismo como uma mera moral) tem algo da antiga caça às bruxas que regozija até
hoje o machismo estrutural. Nunca se verá a “militante de tribunal feminista” em atitude isenta elogiando a postura correta, mas sempre espetacularizando a postura
“errada” daquela que deseja condenar. Muitas constroem seus nomes virtuais, seu capital político, aquilo que imaginam ser um verdadeiro protagonismo feminista, no
meio dessas pequenas guerras e linchamentos virtuais nas quais se consideram vencedoras pela gritaria. Há, infelizmente, feministas que se perdem, esvaziam o
feminismo e servem de espetáculo àqueles que adoram odiar o feminismo. [...] Apoio mesmo, concreto, às grandes lutas do feminismo, isso não, pois não é tão fácil nem
deve dar tanto prazer quanto a condenação no tribunal virtual montado em sua própria casa. [...]
(Marcia Tiburi e Rubens Casara. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2016/01/odio-ao-semelhante-sobre-a-militanciadetribunal/.Publicado dia: 10/01/2016. Adaptado.)
No 2º§, ao determinar a finalidade do texto, a autora coloca em evidência um dos elementos do processo comunicativo. O mesmo pode ser observado em:
a)
b)
c)
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d)
O primeiro texto que publiquei em jornal foi uma crônica. Devia ter eu lá uns 16 ou 17 anos. E aí fui tomando gosto. Dos jornais de Juiz de Fora, passei para os jornais e
revistas de Belo Horizonte e depois para a imprensa do Rio e São Paulo. Fiz de tudo (ou quase tudo) em jornal: de repórter policial a crítico literário. Mas foi somente
quando me chamaram para substituir Drummond no Jornal do Brasil, em 1984, que passei a fazer crônica sistematicamente. Virei um escritor crônico.
O que é um cronista?
Luís Fernando Veríssimo diz que o cronista é como uma galinha, bota seu ovo regularmente. Carlos Eduardo Novaes diz que crônicas são como laranjas, podem ser doces
ou azedas e ser consumidas em gomos ou pedaços, na poltrona de casa ou espremidas na sala de aula.
Já andei dizendo que o cronista é um estilita. Não confundam, por enquanto, com estilista. Estilita era o santo que ficava anos e anos em cima de uma coluna, no
deserto, meditando e pregando. São Simeão passou trinta anos assim, exposto ao sol e à chuva. Claro que de tanto purificar seu estilo diariamente o cronista estilita
acaba virando um estilista.
O cronista é isso: fica pregando lá em cima de sua coluna no jornal. Por isto, há uma certa confusão entre colunista e cronista, assim como há outra confusão entre
articulista e cronista. O articulista escreve textos expositivos e defende temas e ideias. O cronista é o mais livre dos redatores de um jornal. Ele pode ser subjetivo. Pode
(e deve) falar na primeira pessoa sem envergonhar-se. Seu “eu”, como o do poeta, é um eu de utilidade pública.
Que tipo de crônica escrevo? De vários tipos. Conto casos, faço descrições, anoto momentos líricos, faço críticas sociais. Uma das funções da crônica é interferir no
cotidiano. Claro que essas que interferem mais cruamente em assuntos momentosos tendem a perder sua atualidade quando publicadas em livro. Não tem importância.
O cronista é crônico, ligado ao tempo, deve estar encharcado, doente de seu tempo e ao mesmo tempo pairar acima dele.
Eu vinha voltando para casa, dentro da noite de Londres. Uma noite fria, nevoenta, silenciosa – uma noite de Londres. Noite de inverno que começa às quatro horas da
tarde e termina às oito da manhã. Noite de navio perdido em alto-mar, de cemitério, de charneca, de fim de ano, de morro dos ventos uivantes. Noite de vampiros, de
lobisomens, de fantasmas, de assassinos, de Jack, o Estripador. Eu vinha vindo e apressava o passo, querendo chegar depressa, antes que aquela noite tão densa me
dissolvesse para sempre em suas sombras. De espaço a espaço, a luz amarelo-âmbar dos postes pontilhava a rua com seu pequeno foco, como olhos de pantera a
seguir-me os passos na escuridão.
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Os meus olhos a fitavam, assombrados, e eu não podia acreditar no que eles viam. Quadrada como uma janelinha aberta no céu. Mas amarela como todas as luas do
mundo, flutuando na noite, plena de luz, solitária e bela.
As luas de Londres... Ah, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira! A lua de Londres era quadrada!
Pensei estar sonhando e baixei os olhos humildemente, indigno de merecê-la, tendo bebido mais do que imaginava. Entrei em casa bêbado de lua e fui refugiar-me em
meu quarto, refeito já do estranho delírio, no ambiente cálido e acolhedor do meu tugúrio, cercado de objetos familiares.
Mas foi só chegar à janela, e lá estava ela, dependurada no céu em desafio: uma lua deslumbrante que a neblina não conseguia ofuscar, cubo de luz suspenso no
espaço, de contornos precisos, nítido em seus ângulos retos, a desafiar-me com seu mistério. A lua quadrada de Londres!
Evitei olhá-la outra vez, para não sucumbir ao seu fascínio. Corri as cortinas e fui dormir sob seus eflúvios – enigma imemorial a zombar de todas as astronomias através
dos séculos, da mais remota antiguidade aos nossos dias, e oferecendo unicamente a mim a sua verdadeira face. É possível que um sábio egípcio, há cinco mil anos, do
alto de uma pirâmide, a tenha vislumbrado uma noite e tentado perquirir o seu segredo. É possível que em Babilônia um cortesão de Nabucodonosor se tenha enamorado
perdidamente de uma princesa, na moldura quadrada de seus raios. É possível que na China de Confúcio um mandarim se tenha curvado reverente no jardim, entre
papoulas, sob o império de seu brilho retilíneo. É possível que na África, numa clareira das selvas, um feiticeiro da tribo lhe tenha oferecido em holocausto a carcaça
sangrenta de um antílope. É possível que nos mares gelados do Norte um viking tenha há 12 séculos levantado os olhos sob o elmo de chifres, e contemplado aquela
surpreendente forma geométrica, procurando orientar por ela o seu bergantim. É possível que na Idade Média um alquimista tenha aumentado, sob a influência de sua
radiância quadrangular, o efeito milagroso de um elixir da longa vida. É possível que, no longo dos anos, mais de uma donzela haja estremecido em sonhos ao receber no
corpo a carícia estranhamente angulosa do luar. Mas, nos dias de hoje, somente a mim a lua se oferecia em toda a sua nudez quadrada. Dormi sorrindo, ao pensar que
os astronautas modernos se preparam para ir à Lua em breve – sem ao menos desconfiar que ela não é redonda, mas quadrada como uma janela aberta no cosmo –
verdade celestial que só um noctívago em Londres fora capaz de merecer.
Lembro-me de uma história – história que inventei, mas que nem por isso deixa de ser verdadeira. Era um marinheiro dinamarquês, de um cargueiro atracado no porto
do Rio de Janeiro por uma noite apenas. Saíra pela cidade desconhecida, de bar em bar, e vinha voltando solitário e bêbado pela madrugada, quando se deu o milagre:
nas sujas águas do canal do Mangue, viu refletida uma claridade difusa – ergueu os olhos e viu que as nuvens se haviam rasgado no céu, e o Cristo surgira para ele, de
braços abertos, em todo o seu divino esplendor. Fulminado pela visão, caiu de joelhos e chorou de arrependimento pela vida de pecado e impenitência que levara até
então. De volta à sua terra, converteu-se, tornou-se místico, acabou num convento. E anos mais tarde, depois de uma vida inteira dedicada a Deus, o monge recebe a
visita de um brasileiro. Aquele homem era da cidade em que se dera o milagre da sua conversão.
Não diz a história se o religioso deixou de sê-lo, por causa da prosaica revelação. Não diz, porque me eximo de acrescentar que, na realidade, depois de viver tanto
tempo uma crença construída sobre o equívoco, este equívoco passava a ser mesmo um milagre, como tudo mais nesta vida.
O milagre da lua quadrada de Londres não me foi desfeito por nenhum londrino descrente do surrealismo astronômico nos céus britânicos. Bastou olhar de manhã pela
janela e pude ver, recortado contra o céu, o gigantesco guindaste no cume de uma construção, e numa das pontas da armação de aço atravessada no ar, junto ao
contrapeso, o quadrado de vidro que à noite se acende. A minha lua quadrada de Londres.
Quadrado que talvez simbolize todo um sistema de vida, mais do que anuncia a pequena palavra Laig nele escrita, marca de fabricação do guindaste. De qualquer
maneira, os ingleses ganharam, pelo menos na minha imaginação, o emblema do seu modo de ser, impresso nessa visão de uma noite, que foi a lua quadrada de
Londres.
(SABINO, Fernando, 1923-2004 – As melhores crônicas – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010. 224 p.)
“Mas foi só chegar à janela e lá estava ela, dependurada no céu em desafio: uma lua deslumbrante que a neblina não conseguia ofuscar, cubo de luz suspenso no
espaço, de contornos precisos, nítido em seus ângulos retos, a desafiar-me com seu mistério. A lua quadrada de Londres!” A função da linguagem que se encontra
presente nesse excerto é
a) poética.
b) conativa.
c) referencial.
d) metalinguística.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/409746
Eu vinha voltando para casa, dentro da noite de Londres. Uma noite fria, nevoenta, silenciosa – uma noite de Londres. Noite de inverno que começa às quatro horas da
tarde e termina às oito da manhã. Noite de navio perdido em alto-mar, de cemitério, de charneca, de fim de ano, de morro dos ventos uivantes. Noite de vampiros, de
lobisomens, de fantasmas, de assassinos, de Jack, o Estripador. Eu vinha vindo e apressava o passo, querendo chegar depressa, antes que aquela noite tão densa me
dissolvesse para sempre em suas sombras. De espaço a espaço, a luz amarelo-âmbar dos postes pontilhava a rua com seu pequeno foco, como olhos de pantera a
seguir-me os passos na escuridão.
Os meus olhos a fitavam, assombrados, e eu não podia acreditar no que eles viam. Quadrada como uma janelinha aberta no céu. Mas amarela como todas as luas do
mundo, flutuando na noite, plena de luz, solitária e bela.
As luas de Londres... Ah, Jayme Ovalle, Manuel Bandeira! A lua de Londres era quadrada!
Pensei estar sonhando e baixei os olhos humildemente, indigno de merecê-la, tendo bebido mais do que imaginava. Entrei em casa bêbado de lua e fui refugiar-me em
meu quarto, refeito já do estranho delírio, no ambiente cálido e acolhedor do meu tugúrio, cercado de objetos familiares.
Mas foi só chegar à janela, e lá estava ela, dependurada no céu em desafio: uma lua deslumbrante que a neblina não conseguia ofuscar, cubo de luz suspenso no
espaço, de contornos precisos, nítido em seus ângulos retos, a desafiar-me com seu mistério. A lua quadrada de Londres!
Evitei olhá-la outra vez, para não sucumbir ao seu fascínio. Corri as cortinas e fui dormir sob seus eflúvios – enigma imemorial a zombar de todas as astronomias através
dos séculos, da mais remota antiguidade aos nossos dias, e oferecendo unicamente a mim a sua verdadeira face. É possível que um sábio egípcio, há cinco mil anos, do
alto de uma pirâmide, a tenha vislumbrado uma noite e tentado perquirir o seu segredo. É possível que em Babilônia um cortesão de Nabucodonosor se tenha enamorado
perdidamente de uma princesa, na moldura quadrada de seus raios. É possível que na China de Confúcio um mandarim se tenha curvado reverente no jardim, entre
papoulas, sob o império de seu brilho retilíneo. É possível que na África, numa clareira das selvas, um feiticeiro da tribo lhe tenha oferecido em holocausto a carcaça
sangrenta de um antílope. É possível que nos mares gelados do Norte um viking tenha há 12 séculos levantado os olhos sob o elmo de chifres, e contemplado aquela
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surpreendente forma geométrica, procurando orientar por ela o seu bergantim. É possível que na Idade Média um alquimista tenha aumentado, sob a influência de sua
radiância quadrangular, o efeito milagroso de um elixir da longa vida. É possível que, no longo dos anos, mais de uma donzela haja estremecido em sonhos ao receber no
corpo a carícia estranhamente angulosa do luar. Mas, nos dias de hoje, somente a mim a lua se oferecia em toda a sua nudez quadrada. Dormi sorrindo, ao pensar que
os astronautas modernos se preparam para ir à Lua em breve – sem ao menos desconfiar que ela não é redonda, mas quadrada como uma janela aberta no cosmo –
verdade celestial que só um noctívago em Londres fora capaz de merecer.
Lembro-me de uma história – história que inventei, mas que nem por isso deixa de ser verdadeira. Era um marinheiro dinamarquês, de um cargueiro atracado no porto
do Rio de Janeiro por uma noite apenas. Saíra pela cidade desconhecida, de bar em bar, e vinha voltando solitário e bêbado pela madrugada, quando se deu o milagre:
nas sujas águas do canal do Mangue, viu refletida uma claridade difusa – ergueu os olhos e viu que as nuvens se haviam rasgado no céu, e o Cristo surgira para ele, de
braços abertos, em todo o seu divino esplendor. Fulminado pela visão, caiu de joelhos e chorou de arrependimento pela vida de pecado e impenitência que levara até
então. De volta à sua terra, converteu-se, tornou-se místico, acabou num convento. E anos mais tarde, depois de uma vida inteira dedicada a Deus, o monge recebe a
visita de um brasileiro. Aquele homem era da cidade em que se dera o milagre da sua conversão.
Não diz a história se o religioso deixou de sê-lo, por causa da prosaica revelação. Não diz, porque me eximo de acrescentar que, na realidade, depois de viver tanto
tempo uma crença construída sobre o equívoco, este equívoco passava a ser mesmo um milagre, como tudo mais nesta vida.
O milagre da lua quadrada de Londres não me foi desfeito por nenhum londrino descrente do surrealismo astronômico nos céus britânicos. Bastou olhar de manhã pela
janela e pude ver, recortado contra o céu, o gigantesco guindaste no cume de uma construção, e numa das pontas da armação de aço atravessada no ar, junto ao
contrapeso, o quadrado de vidro que à noite se acende. A minha lua quadrada de Londres.
Quadrado que talvez simbolize todo um sistema de vida, mais do que anuncia a pequena palavra Laig nele escrita, marca de fabricação do guindaste. De qualquer
maneira, os ingleses ganharam, pelo menos na minha imaginação, o emblema do seu modo de ser, impresso nessa visão de uma noite, que foi a lua quadrada de
Londres.
(SABINO, Fernando, 1923-2004 – As melhores crônicas – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010. 224 p.)
Em todas as alternativas a seguir as palavras sublinhadas possuem o mesmo valor semântico, EXCETO:
Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a
água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou
de alegria tem o sabor dos oceanos.
A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos.
Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.
Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da
natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não
podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que
através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente.
Somos parte dele e ele de nós.
Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por
acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se
sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.
Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar
para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos
trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na
velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heroico.
Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com
que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as
grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.
(TRIGUEIRO, André. Intimidade ecológica. Mundo Sustentável, 10 jun. 2003. Disponível em: http://mundosustentavel.com.br/2003/06/10/ intimidade-ecologica/. Acesso em janeiro de 2018.)
Dentre os termos destacados, apenas um não foi empregado como uma forma referencial que contribui para a progressão textual; identifique-o.
Atualmente, já está muito claro que nossas experiências mentais estão sempre criando estruturas cerebrais que facilitam a resposta rápida a futuras demandas
semelhantes. O tema mais importante, no entanto, não é que as estruturas se ampliem sempre, é a liberdade natural da mente, que opera além das estruturas.
Um motorista não é seu carro, nem por onde circula. Ele tem a liberdade de deixar o carro e seguir por outros meios e também de repensar seus trajetos. Ainda assim, se
as estradas ficarem bloqueadas ou o carro quebrar, ele terá dificuldade em andar a pé e usará o tempo arrumando o carro ou colocando a estrada em condições de uso.
Só ao final de um tempo ele conseguirá ultrapassar as fixações estruturais internas e refazer suas opções.
Em verdade, a liberdade do motorista é tal que nem mesmo motorista ele é. Ele é um ser livre. A prática espiritual profunda conduz a essa liberdade, naturalmente
presente. As fixações são o carma. As experiências comuns no mundo, eventos maiores e menores, vão se consolidando como trajetos e redes neurais internas e
estruturas cármicas que balizam a operação da mente, estruturando recursos limitados como se fossem as únicas opções, ainda que, essencialmente, a mente siga livre.
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As estruturas grosseiras como os espaços das cidades, as ruas físicas, e em um sentido mais amplo tudo o que aciona nossos sentidos físicos, surgem também como
resultado das atividades mentais repetitivas, assim como a circulação da energia interna, que é o aspecto sutil. Um automobilista precisa de uma transformação interna e
externa complexa para se tornar um ciclista; não é fácil. Já o tripulante do sofá tem dificuldade em incluir exercícios, novos hábitos de alimentação e mudanças na
autoimagem – os desafios são idênticos.
Nossos melhores pensamentos constroem mundos melhores e também cérebros melhores. Já os pensamentos aflitivos constroem mundos piores e cérebros com
estruturas que conduzem à aflição e à doença.
Tanto os aspectos grosseiros como os sutis flutuam; é visível. A única expressão incessantemente presente e disponível é a liberdade natural silenciosa dentro de nós
mesmos. É dessa natureza que surge a energia que, livre de condicionamentos, cria novos caminhos neurais e novas configurações de mundo. Os mestres de sabedoria
apontam-na como sempre disponível, mesmo durante experiências como a doença e a morte. É dessa região inabalável que irradiam sua sabedoria, compaixão e
destemor.
Um levantamento do Ministério Público de São Paulo traz um dado revelador: dois terços dos jovens infratores da capital paulista fazem parte de famílias que não têm um
pai dentro de casa. Além de não viverem com o pai, 42% não têm contato algum com ele e 37% têm parentes com antecedentes criminais.
Ajudam a engrossar essas estatísticas os garotos Waldik Gabriel, de 11 anos, morto em Cidade Tiradentes, Zona Leste de São Paulo, depois de fugir da Guarda Civil
Metropolitana, e Ítalo, de 10 anos, envolvido em três ocorrências de roubo só em 2016, morto pela Polícia Militar no início de junho, depois de furtar um carro na Zona
Sul da cidade. O pai de Waldik é caminhoneiro e não vivia com a mãe. O de Ítalo está preso por tráfico. A mãe já cumpriu pena por furto e roubo.
É certo que um pai presente e próximo ao filho faz diferença. Mas, mais que a figura masculina propriamente dita, faz falta uma família estruturada, independentemente
da configuração, que dê atenção, carinho, apoio, noções de continência e limite, elementos que protegem os jovens em fase de desenvolvimento.
A mãe e a avó, nessa família brasileira que cresce cada vez mais matriarcal, desdobram-se para tentar cumprir esses requisitos e preencher as lacunas, mas são
“atropeladas” pela rotina dura. Muitas vezes, não têm tempo, energia, dinheiro e voz para lidar com esses garotos e garotas que crescem na rua, longe da escola, em
bairros sem equipamentos de esporte e cultura, próximos de amigos e parentes que podem estar envolvidos com o crime.
A criança precisa ter muita autoestima e persistência para buscar nesse horizonte nebuloso um projeto de vida. Sem apoio emocional, sem uma escola que estimule seu
potencial, sem ter o que fazer com seu tempo livre, sem enxergar uma luz no fim do túnel, ela fica muito mais perto da droga, do tráfico, do delito, da violência e da
gestação na adolescência. É nessa mesma família, sem pai à vista, de baixa renda, longe da sala de aula, nas periferias, que pipocam os quase 15% das jovens que são
mães na adolescência, taxa alarmante que resiste a baixar nas regiões mais carentes.
E o que acontece com essa menina que engravida porque enxerga na maternidade um papel social, uma forma de justificar sua existência no mundo? Iludidas com a
perspectiva de estabilizar um relacionamento (a família estruturada que não têm?), elas ficam, usualmente, sozinhas, ainda mais distantes da escola e de seu projeto de
vida. O pai da criança some no mundo, e são elas que arcam com o ônus do filho, sobrecarregando um lar que já vivia no limite.
Sem políticas públicas que foquem nessa família mais vulnerável, no apoio emocional e social para esses jovens, em uma escola mais atraente, em projetos de vida, em
alternativas de lazer, a realidade diária na vida desses jovens continuará a ser a gravidez na adolescência, a violência e a criminalidade.
Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a
água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou
de alegria tem o sabor dos oceanos.
A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos.
Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.
Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da
natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não
podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que
através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente.
Somos parte dele e ele de nós.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/cadernos/experimental/13690866/imprimir 90/107
03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por
acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se
sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.
Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar
para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos
trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na
velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heroico.
Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com
que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as
grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.
(TRIGUEIRO, André. Intimidade ecológica. Mundo Sustentável, 10 jun. 2003. Disponível em: http://mundosustentavel.com.br/2003/06/10/ intimidade-ecologica/. Acesso em janeiro de 2018.)
Considerando todo o contexto apresentado, afirmar que trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta equivale a dizer que
Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a
água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou
de alegria tem o sabor dos oceanos.
A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos.
Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.
Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da
natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não
podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que
através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente.
Somos parte dele e ele de nós.
Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por
acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se
sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.
Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar
para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos
trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na
velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heroico.
Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com
que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as
grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.
(TRIGUEIRO, André. Intimidade ecológica. Mundo Sustentável, 10 jun. 2003. Disponível em: http://mundosustentavel.com.br/2003/06/10/ intimidade-ecologica/. Acesso em janeiro de 2018.)
A partir das várias possibilidades lógico-expositivas no desenvolvimento de um texto, pode-se afirmar que no texto apresentado
Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a
água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou
de alegria tem o sabor dos oceanos.
A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos.
Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.
Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da
natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não
podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que
através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente.
Somos parte dele e ele de nós.
Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por
acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se
sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.
Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar
para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos
trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na
velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heroico.
Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com
que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as
grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.
(TRIGUEIRO, André. Intimidade ecológica. Mundo Sustentável, 10 jun. 2003. Disponível em: http://mundosustentavel.com.br/2003/06/10/ intimidade-ecologica/. Acesso em janeiro de 2018.)
De acordo com informações e ideias trazidas ao quinto e sexto parágrafos, pode-se afirmar que o autor
a) estabelece um paralelo entre o universo e o ser humano de modo a destacar, no primeiro, importância maior sobre o segundo.
b) expressa, por meio de exemplos, que as prioridades humanas atuais prejudicam o reconhecimento e envolvimento com os reais valores da vida promovendo
graves prejuízos.
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c) incita questionamentos que têm por objetivo promover a interação com o seu interlocutor, sendo tais respostas a base para o desenvolvimento do tema que
ocorrerá a seguir.
d) conclui que é preciso reconhecer que o ser humano tem a necessidade de se relacionar com o grupo no qual está inserido, diminuindo seu crescente
envolvimento com afazeres profissionais.
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Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a
água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou
de alegria tem o sabor dos oceanos.
A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos.
Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.
Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da
natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não
podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que
através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente.
Somos parte dele e ele de nós.
Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por
acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se
sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.
Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar
para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos
trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na
velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heroico.
Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com
que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as
grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.
(TRIGUEIRO, André. Intimidade ecológica. Mundo Sustentável, 10 jun. 2003. Disponível em: http://mundosustentavel.com.br/2003/06/10/ intimidade-ecologica/. Acesso em janeiro de 2018.)
a) estamos presos a um ciclo natural que não pode ser modificado ainda que haja intervenções externas.
b) imersos em problemas de assuntos cotidianos, esquecemos de apreciar o que realmente possui valor para a vida humana.
c) os pequenos prazeres que a vivência humana pode proporcionar estão ameaçados por fatores externos contra os quais não há meios de resistir.
d) a natureza que nos cerca está ameaçada diante das atitudes tomadas ao longo dos anos pelo ser humano e dá indícios de que não há como retroceder tal
processo.
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Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a
água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou
de alegria tem o sabor dos oceanos.
A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos.
Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.
Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da
natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não
podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que
através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente.
Somos parte dele e ele de nós.
Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por
acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se
sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.
Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar
para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos
trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na
velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heroico.
Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com
que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as
grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.
(TRIGUEIRO, André. Intimidade ecológica. Mundo Sustentável, 10 jun. 2003. Disponível em: http://mundosustentavel.com.br/2003/06/10/ intimidade-ecologica/. Acesso em janeiro de 2018.)
O posicionamento do autor pode ser identificado de forma explícita por meio do trecho destacado em:
Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a
água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou
de alegria tem o sabor dos oceanos.
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A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos.
Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.
Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da
natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não
podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que
através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente.
Somos parte dele e ele de nós.
Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por
acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se
sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.
Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar
para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos
trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na
velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heroico.
Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com
que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as
grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.
(TRIGUEIRO, André. Intimidade ecológica. Mundo Sustentável, 10 jun. 2003. Disponível em: http://mundosustentavel.com.br/2003/06/10/ intimidade-ecologica/. Acesso em janeiro de 2018.)
Considerando todo o contexto, pode-se afirmar que a expressão destacada em “Assim, deixamos de olhar para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns
segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, [...]” (5º§) indica
a) perda de tempo.
b) apropriação de um tempo que se havia perdido.
c) que dedicamos o mínimo de tempo àquilo que realmente tem valor.
d) uma perda de tempo a partir de determinado ponto de vista, mas ganho a partir de outro.
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Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a
água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou
de alegria tem o sabor dos oceanos.
A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos.
Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.
Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da
natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não
podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que
através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente.
Somos parte dele e ele de nós.
Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por
acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se
sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.
Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar
para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos
trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na
velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heroico.
Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com
que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as
grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.
(TRIGUEIRO, André. Intimidade ecológica. Mundo Sustentável, 10 jun. 2003. Disponível em: http://mundosustentavel.com.br/2003/06/10/ intimidade-ecologica/. Acesso em janeiro de 2018.)
De acordo com as ideias expressas na frase “É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as grandes verdades da
existência.” (6º§), pode-se concluir que
a) a existência humana está estreitamente relacionada às situações de menor valor que podem satisfacer os anseios humanos.
b) a humildade deve compor toda prática da existência humana assim como o exercício da verdade em quaisquer situações.
c) entre as pequenas coisas da vida e as grandes verdades há uma longa distância que precisa ser eliminada com cautela e humildade.
d) é necessário que haja uma ação concreta acrescida de percepção acerca daquilo que embora seja considerado de pouca importância, ou como algo menor, possui
grande significado existencial.
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Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a
água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou
de alegria tem o sabor dos oceanos.
A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos.
Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.
Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da
natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não
podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que
através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente.
Somos parte dele e ele de nós.
Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por
acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se
sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.
Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar
para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos
trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na
velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heroico.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/cadernos/experimental/13690866/imprimir 93/107
03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com
que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as
grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.
(TRIGUEIRO, André. Intimidade ecológica. Mundo Sustentável, 10 jun. 2003. Disponível em: http://mundosustentavel.com.br/2003/06/10/ intimidade-ecologica/. Acesso em janeiro de 2018.)
O emprego de mecanismo de coesão textual em “O tempo do relógio se sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou
ansiedade.” (4º§) permite a compreensão do texto de que
a) apesar da imposição do tempo do relógio sobre o tempo natural; é nele, no tempo natural, que há isenção de angústia e ansiedade.
b) há uma oposição entre “tempo do relógio” e “tempo natural” que impede, muitas vezes, a execução de ações no tempo determinado.
c) apesar das angústias e ansiedades, o tempo do relógio permite que as coisas aconteçam no momento certo, ou seja, no tempo previamente determinado.
d) em nossa sociedade, temos a necessidade de que o tempo seja devidamente marcado para que a organização natural do cotidiano seja estabelecida.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/621616
Considerando o trecho transcrito do texto de Gonçalves Dias, identifique, marcando V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
a) V, V, V.
b) V, F, V.
c) F, V, V.
d) F, V, F.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/621620
Aos 3 anos, Louis foi explorar a oficina de seu pai e, por acidente, machucou um dos olhos com uma navalha. A infecção atingiu ambos os olhos e, em poucos meses, o
garoto estava completamente cego.
O drama era pior do que parece hoje. Na época, início do século 19, ser cego significava incapacidade para aprender, estudar e ganhar a vida. Ou seja: ele estava
condenado a depender da família ou da caridade dos outros.
Porém, aos 7 anos, Louis já estava completamente familiarizado com a nova vida. Era tão esperto e interessado que chamou a atenção do professor da escola local
que, contrariando o pensamento dominante (de que não valia a pena ensinar cegos), admitiu-o em uma das classes.
Em pouco tempo, Louis se transformou em um dos melhores alunos da escola. Surpresos com o potencial, pai e professor tiveram a ideia de enviá-lo para uma escola
destinada a crianças cegas em Paris – a primeira no mundo especializada na deficiência.
Assim, aos 10 anos, o garoto estava matriculado no L’Institut Royal des Enfants Aveugles. Foi ali que Louis aperfeiçoou o sistema vigente de leitura para cegos e, aos
13 anos, apresentou sua própria criação: o Método Braille. Em algumas décadas, o sistema foi adotado oficialmente em todo o mundo.
Apenas recentemente, com o surgimento de aplicativos como Be My Eyes, smart glasses e assistentes digitais como Siri e Alexa, os deficientes visuais estão tendo
acesso à cultura e informação sem a necessidade do método criado há quase 2 séculos por um menino de 13 anos.
(Carlos Domingos, 21 nov. 2017. Disponível em: https://exame.abril.com.br/blog/oportunidades-disfarcadas/o-menino-de-13-anos-que-criou-obraille/.)
a) a situação vivida pelo menino Louis, aos 3 anos, não pode ser observada em proporções reais em relação à sua gravidade devido à ausência de recursos
tecnológicos.
b) a intervenção externa e uma reação pessoal atuaram como facilitadores no processo de reconstrução da aprendizagem e desenvolvimento cognitivo do menino
que havia se tornado cego.
c) pode-se reconhecer que a exclusão em virtude de determinada deficiência mantém-se, na atualidade, assim como nos séculos passados apesar do
desenvolvimento científico e tecnológico.
d) as dificuldades advindas da deficiência adquirida por meio de um acidente não puderam ser concretizadas de fato na vida do menino citado no texto devido a
determinadas características que o diferenciavam, confirmando as expectativas.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/622296
Aos 3 anos, Louis foi explorar a oficina de seu pai e, por acidente, machucou um dos olhos com uma navalha. A infecção atingiu ambos os olhos e, em poucos meses, o
garoto estava completamente cego.
O drama era pior do que parece hoje. Na época, início do século 19, ser cego significava incapacidade para aprender, estudar e ganhar a vida. Ou seja: ele estava
condenado a depender da família ou da caridade dos outros.
Porém, aos 7 anos, Louis já estava completamente familiarizado com a nova vida. Era tão esperto e interessado que chamou a atenção do professor da escola local
que, contrariando o pensamento dominante (de que não valia a pena ensinar cegos), admitiu-o em uma das classes.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/cadernos/experimental/13690866/imprimir 94/107
03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
Em pouco tempo, Louis se transformou em um dos melhores alunos da escola. Surpresos com o potencial, pai e professor tiveram a ideia de enviá-lo para uma escola
destinada a crianças cegas em Paris – a primeira no mundo especializada na deficiência.
Assim, aos 10 anos, o garoto estava matriculado no L’Institut Royal des Enfants Aveugles. Foi ali que Louis aperfeiçoou o sistema vigente de leitura para cegos e, aos
13 anos, apresentou sua própria criação: o Método Braille. Em algumas décadas, o sistema foi adotado oficialmente em todo o mundo.
Apenas recentemente, com o surgimento de aplicativos como Be My Eyes, smart glasses e assistentes digitais como Siri e Alexa, os deficientes visuais estão tendo
acesso à cultura e informação sem a necessidade do método criado há quase 2 séculos por um menino de 13 anos.
(Carlos Domingos, 21 nov. 2017. Disponível em: https://exame.abril.com.br/blog/oportunidades-disfarcadas/o-menino-de-13-anos-que-criou-obraille/.)
a) a preocupação da sociedade atual em eliminar lacunas antigas na assistência aos deficientes visuais.
b) o processo de ampliação de suportes específicos para atender com eficiência pessoas portadoras de necessidades especiais.
c) o descaso com os deficientes visuais, visto que as tecnologias implementadas na atualidade passaram por um longo processo até serem disponibilizadas para o
público a que se destina.
d) que o enunciador, de forma implícita, considera que há um longo período entre a criação de novas tecnologias e o método citado durante todo o texto para a
leitura dos deficientes visuais.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/622298
a) a ideia expressa pelo autor denuncia o caráter de exclusão inerente da gramática normativa.
b) há uma referência a duas modalidades diferentes da língua utilizando-se, para isso, humor ao registrar o código linguístico.
c) a referência à variedade de menor prestígio da língua é identificada por meio do registro de construções e vocabulários específicos.
d) o autor tem por objetivo demonstrar que a tradição trabalha com normas, diferentemente das gramáticas de funcionamento das línguas.
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Senhor Feudal
(Oswald de Andrade.)
Se Pedro Segundo
Vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia.
(Poemas de Colonização. In Oswald de Andrade. Literatura comentada. São Paulo. Nova Cultural, s.d. p. 28.)
Considerando-se o texto de Oswald de Andrade e os conhecimentos acerca da variação linguística, assinale a afirmativa verdadeira.
A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não
sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o
mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que
nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada ___ criar _____ partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração
que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo
reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que
tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se
traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é
construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não
conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje.
Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos
sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem
reciprocidade.
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma
ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi
aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam
assegurar seu lugar no país.
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Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as
dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado
caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
(Eliane Brum. Disponível em: http://www.portalraizes.com/28-2/. Fragmento.)
De acordo com a opinião da autora, expressa no texto, a classe média a que se refere
a) tem uma postura que foge dos padrões necessários ao desenvolvimento do ser humano em uma sociedade competitiva.
b) é responsável por fatores de exclusão social que levam à grande diferença de ordem econômica que vive a sociedade atualmente.
c) possui grande genialidade intrínseca, bastando apenas que a sociedade reconheça tal fato para que os benefícios advindos de tal reconhecimento sejam
efetivados.
d) vive um processo de decadência moral de modo que não consegue encontrar seu lugar no mercado de trabalho não tendo havido preparo para o exercício da
carreira profissional escolhida.
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A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não
sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o
mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que
nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada ___ criar _____ partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração
que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo
reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que
tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se
traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é
construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não
conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje.
Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos
sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem
reciprocidade.
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma
ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi
aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam
assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as
dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado
caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
(Eliane Brum. Disponível em: http://www.portalraizes.com/28-2/. Fragmento.)
a) acertada.
b) plausível.
c) equivocada.
d) impreterível.
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A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não
sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o
mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que
nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada ___ criar _____ partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração
que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo
reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que
tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se
traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é
construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não
conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje.
Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos
sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem
reciprocidade.
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma
ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi
aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam
assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as
dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado
caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
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(Eliane Brum. Disponível em: http://www.portalraizes.com/28-2/. Fragmento.)
É correto concluir, a partir da leitura do texto, que a autora faz uma crítica
a) à busca da felicidade como forma de vida, em harmonia com o semelhante na busca de seus ideais.
b) a uma nova geração de jovens brilhantes intelectualmente e responsáveis, mas que negam suas origens.
c) ao comportamento de determinada classe social cujas ações excluem valores morais responsáveis pelo desenvolvimento sadio e equilibrado mesmo diante das
dificuldades.
d) à geração atual que despreza conceitos e valores morais vividos e ensinados por seus pais e preferem, por outro lado, viver um modelo imposto pela sociedade
do consumo.
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A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não
sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o
mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que
nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada ___ criar _____ partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração
que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo
reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que
tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se
traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é
construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não
conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje.
Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos
sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem
reciprocidade.
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma
ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi
aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam
assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as
dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado
caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
(Eliane Brum. Disponível em: http://www.portalraizes.com/28-2/. Fragmento.)
No primeiro parágrafo do texto, a autora utiliza como recurso para fazer o texto progredir, mantendo-se o fio discursivo, determinada sequenciação textual. Acerca desta
atividade específica, pode-se afirmar que
A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não
sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o
mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que
nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada ___ criar _____ partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração
que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo
reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que
tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se
traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é
construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não
conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje.
Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos
sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem
reciprocidade.
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma
ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi
aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam
assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as
dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado
caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
(Eliane Brum. Disponível em: http://www.portalraizes.com/28-2/. Fragmento.)
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E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste. (3º§) No trecho
destacado anteriormente, o uso de aspas tem por objetivo
A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não
sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o
mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que
nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada ___ criar _____ partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração
que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo
reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que
tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se
traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é
construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não
conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje.
Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos
sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem
reciprocidade.
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma
ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi
aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam
assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as
dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado
caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
(Eliane Brum. Disponível em: http://www.portalraizes.com/28-2/. Fragmento.)
No sexto parágrafo do texto, a autora afirma que “Dizer que ‘fulano é esforçado’ é quase uma ofensa.”. O termo “fulano” é tratamento vago e indeterminado, mas que –
no texto – pode ser retomado e identificado como
a) o filho da classe C.
b) o jovem da classe média.
c) aquele que não tem privilégios.
d) sujeito qualquer, sem importância.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/622470
Neologismo não é bom nem mau, ele faz parte do jogo. Sempre que uma língua tem necessidade, ela cria palavras, ou copia, ou adapta. (...) uma língua está ligada à
ideia de um país, logo está ligada a algo que tem a ver com autonomia (e com submissão, no caminho oposto). Daí essa onda de perguntar, com alguma razão
sociológica e política, se cabe um país copiar de outro uma palavra, ou adaptar, como se houvesse um pequeno crime de lesa-pátria. Na minha opinião, em regra não há
isso. Outro lado do debate tem a ver com o Brasil, com o jeito como a questão da língua culta é tratada aqui. Ao longo do tempo, mais especialmente da República para
cá, forjou-se e perpetuou-se a ideia de que só uns poucos sabem usar a língua, e o povo é inepto, ou burro, ou algo pelo estilo. (...) É como se a gente tacitamente
aceitasse a ideia de que alguns podem usar as palavras como queiram, porque têm autoridade (o Rui Barbosa e o professor de Português, especialmente o mais
conservador, que dá aos desinformados a impressão de que sabe mais a língua do que os demais), e os outros têm que se cuidar. Especialmente se os tais outros
quiserem inventar palavras. Minha posição de princípio, sujeita a debate em casos excepcionais: o povo tem todo o direito do mundo de inventar o que quiser, incluindo
as palavras. Se elas funcionarem, elas vão entrar na corrente sanguínea da cultura, e se não, não.
(Luís Augusto Fischer. Disponível em: www.neoque.hpg.ig.com.br/neoque.html.)
Segundo o texto,
a) o uso da língua está sujeito ao falante e à sua adequação conforme a situação que se apresenta.
b) a língua e suas variações, adaptações, estão sujeitas ao uso de determinado segmento social, responsável por representar seu país.
c) o número de pessoas que sabem utilizar a língua corretamente é reduzido devido à questão cultural que restringe a acessibilidade ao conhecimento formal.
d) o crescente número de variedades culturais no Brasil é um dos fatores que mais contribuem para o exercício da criação contínua de neologismos, demonstrando
um alto índice de ignorância da língua materna por parte do falante.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/623720
Neologismo não é bom nem mau, ele faz parte do jogo. Sempre que uma língua tem necessidade, ela cria palavras, ou copia, ou adapta. (...) uma língua está ligada à
ideia de um país, logo está ligada a algo que tem a ver com autonomia (e com submissão, no caminho oposto). Daí essa onda de perguntar, com alguma razão
sociológica e política, se cabe um país copiar de outro uma palavra, ou adaptar, como se houvesse um pequeno crime de lesa-pátria. Na minha opinião, em regra não há
isso. Outro lado do debate tem a ver com o Brasil, com o jeito como a questão da língua culta é tratada aqui. Ao longo do tempo, mais especialmente da República para
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03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
cá, forjou-se e perpetuou-se a ideia de que só uns poucos sabem usar a língua, e o povo é inepto, ou burro, ou algo pelo estilo. (...) É como se a gente tacitamente
aceitasse a ideia de que alguns podem usar as palavras como queiram, porque têm autoridade (o Rui Barbosa e o professor de Português, especialmente o mais
conservador, que dá aos desinformados a impressão de que sabe mais a língua do que os demais), e os outros têm que se cuidar. Especialmente se os tais outros
quiserem inventar palavras. Minha posição de princípio, sujeita a debate em casos excepcionais: o povo tem todo o direito do mundo de inventar o que quiser, incluindo
as palavras. Se elas funcionarem, elas vão entrar na corrente sanguínea da cultura, e se não, não.
(Luís Augusto Fischer. Disponível em: www.neoque.hpg.ig.com.br/neoque.html.)
Pode-se afirmar que a expressão utilizada pelo autor em “Neologismo não é bom nem mau, ele faz parte do jogo.” expressa
a) A fala da personagem deve ser interpretada de forma literal, reconhecendo-se a atitude das demais personagens.
b) O texto é composto de fenômenos estritamente linguísticos, suficientes para produzir o efeito de sentido desejado.
c) A restrição ao uso da linguagem articulada pelos personagens, que rodeiam a senhora ao centro, demonstra respeito à crítica externada.
d) Para a produção dos efeitos desejados, o texto apresenta elementos linguísticos e não linguísticos que interagem entre si acionando aspectos referenciais e
conhecimentos prévios.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/623723
O poeta da roça
Considerando-se todas as manifestações da fala e suas variações linguísticas, pode-se afirmar que o texto apresenta
a) debate acerca da limitação de um falar que se diferencia da norma padrão de prestígio social.
b) pessoas de mesmo grupo social expressando-se com falas diferentes em diferentes situações de uso.
c) a fala típica do brasileiro do meio rural, fator geográfico, podendo tal fato ser constatado no emprego da expressão “trabaio na roça”.
d) uma variação linguística reforçando a identidade cultural de um povo e estabelecendo os limites entre o certo e o errado no uso da língua.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/623731
O discurso das personagens demonstra especificidades tais como particularidades sobre a visão infantil no discurso da criança em especial como
Durante todo o texto, é possível observar a ocorrência de um diálogo em que um dos interlocutores, por meio do discurso infantil, apresenta
a) inércia diante do discurso alheio, permitindo que não seja por ele influenciado.
b) extrema indignação que se desenvolve em todo o texto, gerando o conflito textual.
c) assuntos desconexos que são utilizados como pretextos para determinada finalidade.
d) um desenvolvimento intelectual aquém do que seria compatível com sua provável idade.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/623739
Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a
chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.
Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas
como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.
Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus
passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.
Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu
ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.
Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que
significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá). Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em
torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.
Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história
geológica do planeta.
Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres
unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.
Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres
multicelulares surgiram.
Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que
acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.
Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa
inclinação de 23,5 graus.
Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento
caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.
Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das
placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o
nosso planeta especial.
Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.
(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)
O autor converge no texto informações de diferentes naturezas para compor o texto. Tomando tais informações por referência, tem-se que o tema central do texto é
Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a
chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.
Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas
como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.
Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus
passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.
Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu
ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.
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03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que
significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá). Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em
torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.
Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história
geológica do planeta.
Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres
unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.
Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres
multicelulares surgiram.
Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que
acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.
Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa
inclinação de 23,5 graus.
Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento
caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.
Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das
placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o
nosso planeta especial.
Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.
(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)
O texto apresenta diferentes fatores que fazem da Terra um planeta raro (14º§). Dentre as alternativas apresentadas, só NÃO constitui um desses fatores:
Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a
chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.
Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas
como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.
Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus
passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.
Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu
ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.
Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que
significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá). Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em
torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.
Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história
geológica do planeta.
Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres
unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.
Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres
multicelulares surgiram.
Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que
acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.
Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa
inclinação de 23,5 graus.
Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento
caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.
Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das
placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o
nosso planeta especial.
Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.
(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)
A técnica de identificação aos planetas buscados na missão conduzida pelo satélite da NASA Kepler se vale da correlação entre quais elementos para categorizar um
planeta?
Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a
chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.
Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas
como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.
Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus
passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.
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Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu
ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.
Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que
significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá). Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em
torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.
Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história
geológica do planeta.
Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres
unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.
Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres
multicelulares surgiram.
Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que
acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.
Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa
inclinação de 23,5 graus.
Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento
caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.
Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das
placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o
nosso planeta especial.
Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.
(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)
No trecho “Portanto, mesmo que existam outras ‘Terras’ pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.” (14º§), a palavra
destacada indica
(In: WATTERSON, B. Calvin e Haroldo: E foi assim que tudo começou. São Paulo: Conrad, 2010.)
Por que Marte perdeu sua água e acabou não ficando parecido com a Terra?
Embora a superfície de Marte seja hoje árida e inóspita, há bilhões de anos provavelmente estava tão coberta de água quanto a Terra.
O que provocou o desaparecimento deste recurso crucial para o desenvolvimento da vida?
Uma das teorias vigentes é de que a água sumiu do planeta vermelho quando ele perdeu o campo magnético que o protegia dos ventos solares.
No entanto, um estudo recente feito por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostrou que a perda do campo magnético não permite explicar o
desaparecimento de toda a água que existia no planeta.
O resto, segundo a pesquisa, foi absorvido pelas rochas de basalto, que podem reter em seu interior aproximadamente 25% mais água que as pedras do mesmo tipo
na Terra, já que são ricas em óxido de ferro.
Este processo foi tão intenso que é estimado que a crosta do planeta tenha consumido um oceano de mais de 3 km de profundidade.
Processo irreversível
Os pesquisadores da Universidade de Oxford chegaram a essa conclusão após calcular quanta água era possível de eliminar da superfície do planeta pela interação do
líquido com os minerais das rochas.
O cálculo incluiu também fatores como a temperatura das pedras e a pressão atmosférica. Os resultados mostram que as rochas levaram grande parte da água da
superfície para o interior do planeta.
Depois de absorvida, a água não pode ressurgir, porque as rochas basálticas não funcionam exatamente como uma esponja: elas quebram as moléculas, absorvendo
apenas o oxigênio, enquanto o hidrogênio se espalha pelo espaço.
Essas rochas então se afundaram no manto (camada logo abaixo da superfície, assim como na Terra), deixando o planeta seco, sem a possibilidade de abrigar vida.
Diferenças sutis, mas importantes
Por que a Terra não passou por um processo parecido?
Segundo os pesquisadores de um estudo publicado na última edição da revista Nature, “Marte é um planeta muito menor que a Terra, com um perfil de temperatura
diferente e uma quantidade maior de ferro em seu manto”.
“São diferenças sutis, mas podem ter um efeito significativo, que aumenta com o tempo”, diz o paper.
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Esses fatores permitiram que a superfície de Marte fosse mais reativa à água que a nossa, possibilitando a formação de minerais que absorveram água e se afundaram
para o interior do manto.
Já na Terra, em seus primeiros anos de formação, as rochas hidratadas tendiam a flutuar até se desidratarem.
(Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-42445360.)
Considerando as informações levadas ao texto, é correto afirmar que o tema central do texto é:
Por que Marte perdeu sua água e acabou não ficando parecido com a Terra?
Embora a superfície de Marte seja hoje árida e inóspita, há bilhões de anos provavelmente estava tão coberta de água quanto a Terra.
O que provocou o desaparecimento deste recurso crucial para o desenvolvimento da vida?
Uma das teorias vigentes é de que a água sumiu do planeta vermelho quando ele perdeu o campo magnético que o protegia dos ventos solares.
No entanto, um estudo recente feito por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostrou que a perda do campo magnético não permite explicar o
desaparecimento de toda a água que existia no planeta.
O resto, segundo a pesquisa, foi absorvido pelas rochas de basalto, que podem reter em seu interior aproximadamente 25% mais água que as pedras do mesmo tipo
na Terra, já que são ricas em óxido de ferro.
Este processo foi tão intenso que é estimado que a crosta do planeta tenha consumido um oceano de mais de 3 km de profundidade.
Processo irreversível
Os pesquisadores da Universidade de Oxford chegaram a essa conclusão após calcular quanta água era possível de eliminar da superfície do planeta pela interação do
líquido com os minerais das rochas.
O cálculo incluiu também fatores como a temperatura das pedras e a pressão atmosférica. Os resultados mostram que as rochas levaram grande parte da água da
superfície para o interior do planeta.
Depois de absorvida, a água não pode ressurgir, porque as rochas basálticas não funcionam exatamente como uma esponja: elas quebram as moléculas, absorvendo
apenas o oxigênio, enquanto o hidrogênio se espalha pelo espaço.
Essas rochas então se afundaram no manto (camada logo abaixo da superfície, assim como na Terra), deixando o planeta seco, sem a possibilidade de abrigar vida.
Diferenças sutis, mas importantes
Por que a Terra não passou por um processo parecido?
Segundo os pesquisadores de um estudo publicado na última edição da revista Nature, “Marte é um planeta muito menor que a Terra, com um perfil de temperatura
diferente e uma quantidade maior de ferro em seu manto”.
“São diferenças sutis, mas podem ter um efeito significativo, que aumenta com o tempo”, diz o paper.
Esses fatores permitiram que a superfície de Marte fosse mais reativa à água que a nossa, possibilitando a formação de minerais que absorveram água e se afundaram
para o interior do manto.
Já na Terra, em seus primeiros anos de formação, as rochas hidratadas tendiam a flutuar até se desidratarem.
(Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-42445360.)
De acordo com o texto, só NÃO constitui um fator que provocou o desaparecimento da água em Marte:
Por que Marte perdeu sua água e acabou não ficando parecido com a Terra?
Embora a superfície de Marte seja hoje árida e inóspita, há bilhões de anos provavelmente estava tão coberta de água quanto a Terra.
O que provocou o desaparecimento deste recurso crucial para o desenvolvimento da vida?
Uma das teorias vigentes é de que a água sumiu do planeta vermelho quando ele perdeu o campo magnético que o protegia dos ventos solares.
No entanto, um estudo recente feito por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostrou que a perda do campo magnético não permite explicar o
desaparecimento de toda a água que existia no planeta.
O resto, segundo a pesquisa, foi absorvido pelas rochas de basalto, que podem reter em seu interior aproximadamente 25% mais água que as pedras do mesmo tipo
na Terra, já que são ricas em óxido de ferro.
Este processo foi tão intenso que é estimado que a crosta do planeta tenha consumido um oceano de mais de 3 km de profundidade.
Processo irreversível
Os pesquisadores da Universidade de Oxford chegaram a essa conclusão após calcular quanta água era possível de eliminar da superfície do planeta pela interação do
líquido com os minerais das rochas.
O cálculo incluiu também fatores como a temperatura das pedras e a pressão atmosférica. Os resultados mostram que as rochas levaram grande parte da água da
superfície para o interior do planeta.
Depois de absorvida, a água não pode ressurgir, porque as rochas basálticas não funcionam exatamente como uma esponja: elas quebram as moléculas, absorvendo
apenas o oxigênio, enquanto o hidrogênio se espalha pelo espaço.
Essas rochas então se afundaram no manto (camada logo abaixo da superfície, assim como na Terra), deixando o planeta seco, sem a possibilidade de abrigar vida.
Diferenças sutis, mas importantes
Por que a Terra não passou por um processo parecido?
Segundo os pesquisadores de um estudo publicado na última edição da revista Nature, “Marte é um planeta muito menor que a Terra, com um perfil de temperatura
diferente e uma quantidade maior de ferro em seu manto”.
“São diferenças sutis, mas podem ter um efeito significativo, que aumenta com o tempo”, diz o paper.
Esses fatores permitiram que a superfície de Marte fosse mais reativa à água que a nossa, possibilitando a formação de minerais que absorveram água e se afundaram
para o interior do manto.
Já na Terra, em seus primeiros anos de formação, as rochas hidratadas tendiam a flutuar até se desidratarem.
(Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-42445360.)
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/cadernos/experimental/13690866/imprimir 104/107
03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
De acordo com o texto, a Terra não passou por um processo parecido ao que Marte passou no que diz respeito à perda de água, por alguns fatores. Só NÃO constitui um
desses fatores:
a) A dimensão da Terra.
b) A temperatura da Terra.
c) As propriedades químicas do manto da Terra.
d) A incapacidade reativa com a água do manto da Terra.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/627444
Trapezista
Querida, eu juro que não era eu. Que coisa ridícula! Se você estivesse aqui – Alô? Alô? – olha, se você estivesse aqui ia ver a minha cara, inocente como o Diabo. O quê?
Mas como, ironia? “Como o Diabo” é força de expressão, que diabo. Você acha que eu ia brincar numa hora desta? Alô! Eu juro, pelo que há de mais sagrado, pelo
túmulo de minha mãe, pela nossa conta no banco, pela cabeça dos nossos filhos que não era eu naquela foto de carnaval no Cascalho que saiu na Folha da Manhã. O
quê? Alô! Alô! Como é que eu sei qual é a foto? Mas você não acaba de dizer... Ah, você não chegou a dizer... ah, você não chegou a dizer qual era o jornal. Bom, bem.
Você não vai acreditar mas acontece que eu também vi a foto. Não desliga! Eu também vi a foto e tive a mesma reação. Que sujeito parecido comigo, pensei. Podia ser
gêmeo. Agora, querida, nunca, em nenhum momento, está ouvindo? Em nenhum momento me passou pela cabeça a ideia de que você fosse pensar — querida, eu estou
até começando a achar graça —, que você fosse pensar que aquele era eu. Por amor de Deus. Pra começo de conversa você pode me imaginar de pareô vermelho e
colar havaiano, pulando no Cascalho com uma bandida em cada braço? Não, faça-me o favor. E a cara das bandidas! Francamente, já que você não confia na minha
fidelidade, que confiasse no meu bom gosto, poxa! O quê? Querida, eu não disse “pareô vermelho”. Tenho a mais absoluta, a mais tranquila, a mais inabalável certeza
que eu disse apenas “pareô”. Como é que eu podia saber que era vermelho se a fotografia não era em cores, certo? Alô? Alô? Não desliga! Não... Olha, se você desligar
está tudo acabado. Tudo acabado. Você não precisa nem voltar da praia. Fica aí com as crianças e funda uma colônia de pescadores. Não, estou falando sério.
Perdi a paciência. Afinal, se você não confia em mim não adianta nada a gente continuar. Um casamento deve se... se... como é mesmo a palavra?... se alicerçar na
confiança mútua. O casamento é como um número de trapézio, um precisa confiar no outro até de olhos fechados. É isso mesmo. E sabe de outra coisa? Eu não
precisava ficar na cidade durante o carnaval. Foi tudo mentira. Eu não tinha trabalho acumulado no escritório coisíssima nenhuma. Eu fiquei sabe para quê? Para testar
você. Ficar na cidade foi como dar um salto mortal, sem rede, só para saber se você me pegaria no ar. Um teste do nosso amor. E você falhou. Você me decepcionou.
Não vou nem gritar por socorro. Não, não me interrompa.
Desculpas não adiantam mais. O próximo som que você ouvir será do meu corpo se estatelando, com o baque surdo da desilusão, no duro chão da realidade. Alô? Eu
disse que o próximo som... que... O quê? Você não estava ouvindo nada? Qual foi a última coisa que você ouviu, coração?
Pois sim, eu não falei — tenho certeza absoluta que não falei — em “pareô vermelho”. Sei lá que cor era o pareô daquele cretino na foto. Você precisa acreditar em
mim, querida. O casamento é como um número de...
Sim. Não. Claro. Como? Não. Certo. Quando você voltar pode perguntar para o... Você quer que eu jure? De novo? Pois eu juro. Passei sábado, domingo, segunda e
terça no escritório. Não vi carnaval nem pela janela. Só vim em casa tomar um banho e comer um sanduíche e vou logo voltar para lá. Como? Você telefonou para o
escritório. Meu bem, é claro que a telefonista não estava trabalhando, não é, bem. Ha, ha, você é demais. Olha, querida? Alô? Sábado eu estou aí. beijo nas crianças.
Socorro. Eu disse, um beijo.
(In: Veríssimo, L. F. As mentiras que os homens contam. São Paulo, Objetiva: ????.)
Analise o título do texto e sua relação com o conteúdo veiculado no mesmo e indique a alternativa que justifica de maneira adequada essa correlação.
Trapezista
Querida, eu juro que não era eu. Que coisa ridícula! Se você estivesse aqui – Alô? Alô? – olha, se você estivesse aqui ia ver a minha cara, inocente como o Diabo. O quê?
Mas como, ironia? “Como o Diabo” é força de expressão, que diabo. Você acha que eu ia brincar numa hora desta? Alô! Eu juro, pelo que há de mais sagrado, pelo
túmulo de minha mãe, pela nossa conta no banco, pela cabeça dos nossos filhos que não era eu naquela foto de carnaval no Cascalho que saiu na Folha da Manhã. O
quê? Alô! Alô! Como é que eu sei qual é a foto? Mas você não acaba de dizer... Ah, você não chegou a dizer... ah, você não chegou a dizer qual era o jornal. Bom, bem.
Você não vai acreditar mas acontece que eu também vi a foto. Não desliga! Eu também vi a foto e tive a mesma reação. Que sujeito parecido comigo, pensei. Podia ser
gêmeo. Agora, querida, nunca, em nenhum momento, está ouvindo? Em nenhum momento me passou pela cabeça a ideia de que você fosse pensar — querida, eu estou
até começando a achar graça —, que você fosse pensar que aquele era eu. Por amor de Deus. Pra começo de conversa você pode me imaginar de pareô vermelho e
colar havaiano, pulando no Cascalho com uma bandida em cada braço? Não, faça-me o favor. E a cara das bandidas! Francamente, já que você não confia na minha
fidelidade, que confiasse no meu bom gosto, poxa! O quê? Querida, eu não disse “pareô vermelho”. Tenho a mais absoluta, a mais tranquila, a mais inabalável certeza
que eu disse apenas “pareô”. Como é que eu podia saber que era vermelho se a fotografia não era em cores, certo? Alô? Alô? Não desliga! Não... Olha, se você desligar
está tudo acabado. Tudo acabado. Você não precisa nem voltar da praia. Fica aí com as crianças e funda uma colônia de pescadores. Não, estou falando sério.
Perdi a paciência. Afinal, se você não confia em mim não adianta nada a gente continuar. Um casamento deve se... se... como é mesmo a palavra?... se alicerçar na
confiança mútua. O casamento é como um número de trapézio, um precisa confiar no outro até de olhos fechados. É isso mesmo. E sabe de outra coisa? Eu não
precisava ficar na cidade durante o carnaval. Foi tudo mentira. Eu não tinha trabalho acumulado no escritório coisíssima nenhuma. Eu fiquei sabe para quê? Para testar
você. Ficar na cidade foi como dar um salto mortal, sem rede, só para saber se você me pegaria no ar. Um teste do nosso amor. E você falhou. Você me decepcionou.
Não vou nem gritar por socorro. Não, não me interrompa.
Desculpas não adiantam mais. O próximo som que você ouvir será do meu corpo se estatelando, com o baque surdo da desilusão, no duro chão da realidade. Alô? Eu
disse que o próximo som... que... O quê? Você não estava ouvindo nada? Qual foi a última coisa que você ouviu, coração?
Pois sim, eu não falei — tenho certeza absoluta que não falei — em “pareô vermelho”. Sei lá que cor era o pareô daquele cretino na foto. Você precisa acreditar em
mim, querida. O casamento é como um número de...
Sim. Não. Claro. Como? Não. Certo. Quando você voltar pode perguntar para o... Você quer que eu jure? De novo? Pois eu juro. Passei sábado, domingo, segunda e
terça no escritório. Não vi carnaval nem pela janela. Só vim em casa tomar um banho e comer um sanduíche e vou logo voltar para lá. Como? Você telefonou para o
escritório. Meu bem, é claro que a telefonista não estava trabalhando, não é, bem. Ha, ha, você é demais. Olha, querida? Alô? Sábado eu estou aí. beijo nas crianças.
Socorro. Eu disse, um beijo.
(In: Veríssimo, L. F. As mentiras que os homens contam. São Paulo, Objetiva: ????.)
No que diz respeito à perspectiva sob a qual é apresentado, é correto afirmar que o texto é recortado de maneira
a) unilateral.
b) insultuosa.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/cadernos/experimental/13690866/imprimir 105/107
03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
c) ambilátera.
d) pluridimensional.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/627475
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Gabarito
1) C 2) C 3) B 4) D 5) B 6) A 7) D
8) C 9) B 10) C 11) D 12) D 13) A 14) A
15) A 16) A 17) B 18) C 19) C 20) E 21) C
22) A 23) D 24) B 25) D 26) D 27) D 28) C
29) B 30) C 31) C 32) A 33) C 34) E 35) B
36) B 37) B 38) B 39) A 40) C 41) A 42) A
43) C 44) A 45) A 46) A 47) C 48) C 49) A
50) A 51) C 52) B 53) A 54) A 55) C 56) C
57) C 58) A 59) Anulada 60) C 61) C 62) C 63) B
64) C 65) A 66) Anulada 67) D 68) B 69) C 70) E
71) B 72) A 73) C 74) D 75) A 76) E 77) C
78) A 79) D 80) C 81) A 82) D 83) B 84) Anulada
85) A 86) E 87) D 88) C 89) D 90) B 91) A
92) A 93) B 94) A 95) C 96) A 97) C 98) B
99) C 100) C 101) D 102) A 103) D 104) Anulada 105) A
106) D 107) A 108) A 109) A 110) D 111) C 112) D
113) B 114) C 115) C 116) B 117) B 118) A 119) A
120) D 121) B 122) D 123) A 124) C 125) D 126) C
127) E 128) A 129) B 130) B 131) B 132) C 133) B
134) C 135) C 136) C 137) B 138) B 139) C 140) C
141) A 142) D 143) B 144) B 145) C 146) B 147) C
148) B 149) D 150) B 151) D 152) C 153) C 154) C
155) C 156) Anulada 157) A 158) D 159) B 160) C 161) A
162) C 163) B 164) C 165) A 166) C 167) A 168) B
169) B 170) A 171) D 172) D 173) A 174) B 175) B
176) D 177) B 178) C 179) A 180) C 181) C 182) A
183) D 184) B 185) A 186) A 187) D 188) C 189) A
190) C 191) B 192) A 193) C 194) D 195) D 196) D
197) Anulada 198) D 199) C 200) A
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