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DOI 10.5216/rpp.v22.

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O FUTEBOL COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO SOCIAL E ESCO-


LAR

Otávio Nogueira Balzano


Universidade La Salle, Canoas, Rio Grande do Sul, Brasil.

Abraham Lincoln de Paula Rodrigues


Universidade de Fortaleza, Fortaleza, Ceará, Brasil.

Gilberto Ferreira da Silva


Universidade La Salle, Canoas, Rio Grande do Sul, Brasil.

João Alberto Steffen Munsberg


Universidade La Salle, Canoas, Rio Grande do Sul, Brasil.

Resumo
O Projeto Esporte Social foi desenvolvido em uma escola particular de Porto Alegre visando a
incluir atletas negros e de classes populares nesta escola. O objetivo do estudo foi verificar se
o futebol pode ser uma ferramenta de inclusão social e escolar. Foi uma pesquisa qualitativa e
observacional participativa. O fato dos alunos jogarem futebol facilitou sua aceitação na esco-
la, e o habitus adquirido no esporte tornou-os mais seguros e maduros para lidarem com as
dificuldades cotidianas. Por fim, conclui-se que o futebol, assim como o esporte em geral,
constitui uma ferramenta poderosa no processo de inclusão social e escolar de jovens.
Palavras-chave: Futebol. Ferramenta. Inclusão social. Inclusão escolar.

THE SOCCER AS A TOOL FOR SOCIAL AND SCHOOL INCLUSION

Abstract
The Social Sport Project was developed in a school in Porto Alegre aiming to include black
and popular class athletes in school. The objective was to verify if the soccer can be a tool of
social and scholastic inclusion. It was a participatory qualitative and observational research.
The fact that students play soccer facilitated their acceptance in school, and the habitus ac-
quired in the sport made them safer and more mature to deal with everyday difficulties. Final-
ly, it is concluded that football, as well as sport in general, is a powerful tool in the process of
social inclusion and schooling of young people.
Keywords: Soccer. Tool. Social inclusion. School inclusion.

El FÚTBOL COMO HERRAMIENTA DE INCLUSIÓN SOCIAL Y ESCOLAR

Resumen
El Proyecto Deporte Social fue desarrollado en una escuela de Porto Alegre para incluir a
atletas negros y de clases populares en la escuela. Se objetivó verificar si el fútbol puede ser
una herramienta de inclusión social y escolar. Fue una investigación cualitativa y observacio-
nal participativa. El hecho de que los alumnos jugar fútbol facilitó su aceptación en la escuela,
y el "habitus" adquirido en el deporte les hizo más seguros y maduros para lidiar con las difi-

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cultades cotidianas. Por último, se concluye que el fútbol, así como el deporte en general,
constituye una herramienta poderosa en el proceso de inclusión social y escolar de jóvenes.
Palabras Clave: Fútbol. Herramienta. Inclusión social. Inclusión escolar.

Introdução

Nos últimos anos, a problemática das relações entre educação e diferenças étnicas e
culturais tem sido objeto de inúmeros debates, reflexões e pesquisas no Brasil. Nesse universo
de preocupações, os estudos sobre relações étnico-raciais vêm se projetando no espaço aca-
dêmico e nos movimentos sociais.
No Brasil, programas de bolsas de estudo têm sido utilizados para minimizar essas di-
ferenças, permitindo que muitos jovens de origem mais humilde tenham acesso à educação de
qualidade. Entretanto, verifica-se em muitos programas de bolsas de estudo situações de dis-
criminação aos alunos beneficiados por fatores como: dificuldade em acompanhar o ritmo da
escola, fraco desempenho escolar ou ainda por não pertencerem à mesma camada social dos
demais alunos. O resultado dessa situação é a reprovação ou a transferência de escola dos
alunos bolsistas no meio ou no final do ano letivo.
Especula-se que os alunos que ingressam em programas de bolsas de estudo pela prá-
tica do esporte, mais especificamente o futebol (esporte mais popular no país), ofereça mais
possibilidade de inclusão nesse contexto escolar. Durante os anos de prática pedagógica, per-
cebeu-se uma melhor aceitação dos alunos negros e oriundos de classes populares nas escolas
privadas, composta por maioria de crianças e adolescentes brancos de bom nível econômico,
quando esses jovens bolsistas eram atletas. Isso se daria porque esses alunos atletas transmiti-
riam para seus colegas conhecimentos técnicos, por serem futuros jogadores de futebol de
equipes importantes e por terem um talento com a bola que muitos deles desejariam ter.
Segundo Rodrigues et al. (2016), o futebol é uma modalidade esportiva de grande
prestígio nacional e internacional, e parte deste fascínio está associado ao grande aporte midi-
ático que o esporte recebe. O futebol mexe com o imaginário das pessoas, muitos meninos
sonham em ser jogadores, ganhar muito dinheiro, ajudar a família, obter fama, comprar carros
importados e mansões. São aspirações e desejos que movem milhares de crianças a buscar a
carreira de jogador de futebol.
Hoje a ascensão social por meio do futebol é um objetivo de muitas famílias brasilei-
ras. Um fato relevante nesta perspectiva de futuro profissional é que não só meninos negros
de classes populares estão buscando a fama e a riqueza por intermédio do futebol profissional.
Os meninos de classe média e alta também estão fazendo do futebol uma opção para o seu
futuro profissional. Isso se dá muitas vezes pelo estímulo de pais, amigos e, principalmente,
influência da mídia, sugestionando as crianças para essa possibilidade de profissão promisso-
ra.
Outro fator importante para adaptação dos meninos futebolistas na escola privada é
que a experiência e a cultura do futebol levadas do clube para escola os diferenciam nas rela-
ções, pois lhes dá uma maior bagagem social e cultural, permitindo que eles se sobressaiam
frente aos outros alunos, que muitas vezes apenas se relacionam com os jovens da própria
comunidade. Esta vantagem que o futebol possibilita, de conviver com diversas pessoas, faz
com que esses meninos saibam se portar em vários ambientes. A vivência adquirida ao longo
do convívio esportivo traz liderança e maturidade que fazem com que eles se tornem jovens
mais seguros para lidar com diversas situações e eventuais dificuldades que possam se apre-
sentar.
Apesar de ser criado e desenvolvido na Europa, o futebol possibilitou manifestações
culturais e o desenvolvimento de um estilo próprio de praticá-lo nos países ditos não desen-

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volvidos. Candau e Oliveira (2010) relatam que o invasor europeu subalternizou o não euro-
peu, seduzindo com sua cultura colonialista, pelo fetiche cultural, estimulando forte aspiração
da cultura europeia nos subalternizados.
Relacionando com o futebol, o processo seria o mesmo, mas o não europeu acabou se
apropriando desse esporte e transformando-o numa manifestação cultural própria. Segundo
Rinke (2007), a América Latina é vista pelos países desenvolvidos como um continente pobre
e o futebol passou a ser um dos poucos artigos de exportação de talentos para esses países.
Esse esporte para o latino-americano, muito mais que do que para o europeu, é uma fonte de
identidade em nível regional, nacional e até continental, servindo de forte inspiração para pro-
duções artísticas e culturais. O Brasil é um dos países da América Latina que melhor soube
como expressar os sentimentos de paixão e frustração por meio da cultura do futebol. No fu-
tebol revelamos nossos hábitos e costumes, e, principalmente, as nossas identidades.
Segundo Rodrigues Filho (2003), esse esporte, que no primeiro momento foi praticado
pelas elites, com o passar do tempo, e com as conquistas dos títulos mundiais, foi reconhecido
como uma instituição nacional. O futebol brasileiro, mesclando ginga, malícia, habilidade
com a bola aos movimentos da capoeira e a outros elementos corporais trazidos pelo negro,
criou um estilo de jogo que marcaria o século XX e o início do século XXI, totalizando cinco
Copas do Mundo, o que contribuiu ainda mais para o encanto nacional pelo esporte.
A questão de raça foi pesquisada por Candau e Oliveira (2010) que destacam a coloni-
alidade do saber entendida como a repressão de outras formas de produção de conhecimento
não europeias, negando o legado intelectual e histórico de povos indígenas e africanos, redu-
zindo-os, por sua vez, à categoria de primitivos e irracionais por pertencerem à outra raça.
Entretanto, no futebol, essas diferenças culturais foram sendo assimiladas, permitindo que os
negros pudessem desenvolver seu próprio estilo de jogo, gerando desta forma um reconheci-
mento e uma aprovação do europeu dentro da cultura futebolística.
Nessa perspectiva de transformação cultural do futebol, desenvolvida pelas classes
desfavorecidas na América Latina, Candau e Oliveira (2010) descrevem que o pensamento de
fronteira significa tornar visíveis outras lógicas e formas de pensar, diferentes da lógica euro-
cêntrica dominante. O pensamento de fronteira se preocupa com o pensamento dominante,
mantendo-o como referência, mas sujeitando-o ao constante questionamento e introduzindo
nele outras histórias e modos de pensar e agir.
Dessa forma, considera-se importante pesquisar esse tema, observando o comporta-
mento dos alunos atletas, negros, oriundos de classes populares e participantes do Projeto Es-
porte Social, para se verificar se esse é apenas mais um projeto para integrar alunos bolsistas
na escola privada ou se o projeto pode servir como referência de inclusão e transformação
desses alunos por meio do esporte. Questiona-se também em que medida um segmento espe-
cífico, segregado socialmente, consegue se adaptar a um ambiente escolar privado por inter-
médio de sua inserção em projetos ligados ao esporte, no caso, o futebol. Nesta perspectiva,
este estudo objetivou verificar se o futebol pode contribuir para o processo de inclusão social
e escolar de alunos negros, atletas e oriundos de classes populares.

A importância sociocultural do futebol

Segundo Massolo (2002) existe um preconceito forte e arraigado no campo intelectual,


afirmando que o futebol é atividade ligada à alienação, colocado no centro do populismo que
bloqueia qualquer possibilidade de tomada de consciência de classe. Para os intelectuais, na
visão do autor, o futebol seria o ópio do povo ou apenas 22 homens correndo atrás de uma
bola, pois não entenderiam o fascínio pelo esporte e a cultura que gira ao seu redor.
Porém, o magnetismo do futebol atravessa barreiras sociais, intelectuais e nacionais,
ele é cultuado e admirado em qualquer parte do planeta, basta observar como as pessoas se

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comportam em época de Copa do Mundo. O futebol no Brasil começou a ganhar seus primei-
ros espectadores, em 1910, com a difusão do rádio, em 1950, com a televisão em preto e
branco e, na década de 70, teve sua popularização com a TV em cores (REIS, ESCHER,
2006). A partir desses acontecimentos, o futebol foi se difundindo, sendo praticado em vários
locais, principalmente porque as pessoas perceberam que não precisavam de pré-requisitos
complexos para entendê-lo e jogá-lo.
O futebol é amado por não necessitar de luxo nem muitos acessórios; só é preciso al-
gumas pessoas, uma bola e um espaço, as traves podem ser qualquer chinelo ou tijolo. Esse
esporte é uma prática social que expressa bem a sociedade brasileira, com todas as suas aspi-
rações mais antigas, seus desejos mais profundos e suas contradições mais camufladas (DA-
OLIO, 2006).
Rinke (2007) comenta que o campeonato mundial de 2006 mostrou que o futebol é um
dos grandes temas no nosso tempo. Para o autor, o futebol é muito mais que uma habilidade
corporal ou um treinamento: o futebol é um enorme fato econômico, configura estilos de vida
e tem relevância política desde o seu início. Aos olhos de muitos aficionados é a última pai-
xão verdadeira. O futebol seguramente é um dos mecanismos de mobilização social mais efi-
caz da atualidade.
Esta paixão pelo esporte tem sido investigada em muitos trabalhos por historiadores e
sociólogos. Estudos que se remetem a quatro fatores fundamentais para justificar a paixão
pelo futebol, o primeiro seria sua facilidade, o futebol pode se jogar em qualquer lugar, não é
necessário um equipamento caro, apenas uma bola. O segundo estaria ligado às regras do jo-
go, que em geral são fáceis e todos podem entender sem maiores problemas. Em terceiro lu-
gar, tem ênfase no corpo e isso traria referência a determinadas imagens e ideais masculinos.
O quarto fator seria o entusiasmo e a emoção que o futebol provoca que se expressa, sobretu-
do, pela vivência do povo, que pode ser interpretada como uma vivência de comunidade. Ao
mesmo tempo, é um espetáculo e serve de válvula de escape para extravasar emoções negati-
vas como, por exemplo, a agressividade.
Há de se ressaltar também o caráter de ritual do futebol, por meio das repetições se-
manais das partidas, o “compromisso” de ir aos estádios para torcer pelo seu time, o ritmo
anual dos torneios, os cantos, as vestimentas, os movimentos coletivos das torcidas, tudo isso
tem grande poder de fascinação. Embora esses aspectos ritualísticos possam ser identificados
em boa parte do mundo, pode-se observá-los com mais intensidade na América Latina. O fu-
tebol é muito mais que a prática de um jogo, é muito mais que um produto que se consome, é
um espetáculo sobre o qual se pensa e se discute bastante (RINKE, 2007), pois qualquer um
pode torna-se um “especialista” em futebol.
Para Da Matta et al. (1982), é fundamental que se visualize o futebol além do seu cará-
ter de entretenimento, pois só dessa maneira torna-se possível compreender a função política e
social deste esporte, que acaba trazendo à tona várias tensões sociais. Para o autor, o jogo de
futebol é um momento claramente demarcado da vida em sociedade, que o permite se vincular
a muitos problemas fundamentais da vida social e, não obstante, ser apenas um jogo, passa a
ser também um ponto central das atividades esportivas nas sociedades modernas. Seguindo
essa linha de pensamento, o homem brasileiro comporta-se na vida como num jogo de fute-
bol, com chances de ganhar ou perder e, às vezes, empatar, tendo que se defrontar com adver-
sários e respeitar certas regras, mantendo respeito por uma autoridade (juiz), jogando dentro
de um tempo e de um espaço, marcando e sofrendo gols, fazendo jogadas de categoria e co-
metendo erros fatais. Após uma derrota, sempre há chance de se recuperar no próximo jogo.
O futebol é uma maneira de o homem extravasar emoções profundas, tais como: paixão, ódio,
felicidade, tristeza, prazer, dor, fidelidade, coragem, fraqueza e muitas outras. O brasileiro foi
um dos povos que mais incorporou a cultura futebolística no seu dia a dia.

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Outro significado importante para exemplificar o dia a dia do futebol é o que Damo
(2005) chama de clubismo e pertencimento. Esse clubismo futebolístico é um sistema que dá
suporte à produção e circulação de emoções a partir da adesão do torcedor a certo clube de
futebol. A adesão ao time (clube) de futebol que se observa no Brasil, e em muitos países oci-
dentais, tem como uma de suas peculiaridades o fato de ser única e imutável, ao inverso da
tendência dos demais vínculos sociais modernos que são, cada vez mais, mutáveis, fragmen-
tados. Para o autor, o pertencimento é herdado, salvo exceções, da parentela masculina san-
guínea (avô, pai, tio, irmão), ou de amigos tão próximos que, do ponto de vista afetivo, são
como parte da família – razão pela qual chamamos de clubes do coração.
É inegável a influência que o futebol teve na vida nacional a partir do início do século
XX. Apesar de ser praticado, no começo, pela elite, ele se popularizou de tal forma que hoje
atinge direta ou indiretamente toda a população brasileira. O país mobiliza-se em dias de jo-
gos importantes e, principalmente, quando o Brasil participa de uma Copa do Mundo. O fute-
bol é uma prática social que, como tal, expressa a sociedade brasileira, com suas aspirações
mais antigas, seus desejos mais profundos e suas contradições mais ocultas. No Brasil, as dis-
cussões sobre futebol são frequentes em qualquer bar de esquina nos dias de grandes jogos e
nos dias subsequentes. Nas tardes de domingo, é interessante observar o número de emissoras
de rádios e TVs que transmitem jogos de futebol. Diante do exposto, uma indagação se faz
importante: por que o futebol, sendo uma prática oriunda da Inglaterra, teve e tem tanta im-
portância e repercussão no Brasil? Para Da Matta et al. (1982), a popularidade do futebol no
Brasil, aconteceu porque ele permite expressar uma série de problemas nacionais com emo-
ções e sentimento concretamente vividos. Os autores afirmam que a resposta para esta per-
gunta, está na suspeita de que exista uma relação entre o espetáculo de futebol e determinados
comportamentos e rituais da sociedade brasileira.
Daolio (2006) tenta responder a essa questão indicando quatro aspectos do futebol que
se relacionam com as características do povo brasileiro. O primeiro ponto refere-se à busca da
igualdade existente no futebol, para o autor os dois times, apesar das diferenças financeiras,
têm as mesmas condições de vencer durante uma partida. As regras do desporto foram elabo-
radas visando a manter essa igualdade, o que a grande massa torcedora sabe que não acontece
no seu trabalho, na sua cidade e no seu cotidiano. A igualdade também se reflete na escolha
do time, fato que não acontece fora do futebol. Para torcer por determinado time não importa
se você é rico ou pobre, analfabeto ou universitário, o futebol agrega os diferentes sob uma
mesma camisa e uma mesma bandeira. Já para pertencer a outros grupos sociais há regras
explícitas: de universitários (estar cursando o ensino superior), de empresários (ter capital
para investir), de turistas (ter condições de viajar) etc.
O segundo ponto a ser ressaltado é que o futebol é um esporte jogado basicamente
com os pés. Esta prática com os pés pode ser comparada à capoeira, ao samba e a algumas
danças indígenas. É possível que o indivíduo brasileiro, por ser resultado de uma união de
raças, tenha maior facilidade histórica e cultural com os pés para a prática do futebol do que
indivíduos de outros países (DA MATTA et al., 1982; RODRIGUES FILHO, 2003).
O terceiro aspecto que relaciona o futebol à cultura brasileira é a necessidade e a im-
portância do drible numa partida. A vida da grande maioria dos brasileiros é como um drible
no futebol, pois eles precisam desse gingado para sobreviver. O quarto aspecto é a permissão
para a livre expressão individual. Apesar de ser um esporte coletivo, o futebol permite as ini-
ciativas individuais, oferecendo uma chance de protagonismo. Na vida cotidiana, todos os
indivíduos devem cumprir regras sociais, mas existe internamente a necessidade de sentir-se
como individuo único. Este exercício é perfeitamente possível num esporte como o futebol.
Uma questão relevante do futebol na América Latina é que esse esporte possibilita
uma rápida ascensão social das classes menos privilegiadas economicamente, pois em poucos
anos um adolescente pode se tornar milionário se tiver um excelente desempenho esportivo.

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Em virtude disso, muitos meninos de famílias pobres jogam com o objetivo de ascensão soci-
al para oferecer uma boa qualidade de vida à família. Fato que aproximou mais ainda o fute-
bol das camadas mais pobres da sociedade brasileira, tornando-o cada vez menos elitista.
O destaque na mídia desse lado positivo do futebol também influencia diretamente a
escolha desses adolescentes. Muitos acreditam que essa profissão, por permitir um acúmulo
de dinheiro e ser caracterizada pelas facilidades nas relações de trabalho, é um mar de rosas.
Porém, de acordo com Amaral et al. (2007), para se tornar um atleta profissional assediado
pela torcida e pela imprensa especializada, ganhador de títulos e de altos salários, é necessário
muito empenho.

Metodologia

O presente estudo caracterizou-se por uma pesquisa descritiva e predominantemente


qualitativa, em função do entendimento de que essa seria a melhor forma para a concepção do
trabalho para atribuir os significados de um grupo experiência em suas práticas e vivências
cotidianas. Fizeram parte da pesquisa os alunos participantes do Projeto Esporte Social, esco-
lhidos por se enquadrarem nas características propostas para o estudo: negros, atletas e oriun-
dos de classes populares, os quais tiveram o sigilo de suas identidades preservado.
No estudo optou-se pela técnica observação participante das aulas de educação física,
dos eventos proporcionados pela escola, do dia a dia dos alunos no ambiente escolar, como
(recreio, horários livres, sala de aula, atividades que necessitem formação de grupos) e as reu-
niões de professores. Procurou-se observar aspectos referentes ao convívio escolar, ao Projeto
Esporte Social, ao futebol e à família.
As análises das informações coletadas foram realizadas a partir dos dados obtidos por
meio da observação e anotados em um diário de campo, tendo como referência o marco teóri-
co da pesquisa. Para o tratamento dos dados, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo de
Bardin (2002), que se baseia em operações de desmembramento do texto em unidades, ou
seja, busca descobrir os diferentes núcleos de sentido que constituem a comunicação, e, poste-
riormente, realizar o seu reagrupamento categorizado.

O futebol como meio de inclusão e transformação social e escolar

Apresenta-se aqui como o futebol pode servir como meio de inclusão social e escolar,
a partir das observações realizadas no ambiente escolar. Procurou-se identificar os indicativos
de importância do futebol e do projeto social para os jovens, e as expectativas da família em
relação à escola e ao futebol, a seus futuros profissionais e às relações no contexto escolar,
levando em considerações suas diferenças culturais e sociais.
Identificou-se a importância das bolsas de estudo direcionadas para atletas de futebol,
pois se percebeu que esses jovens buscam um futuro melhor por meio do esporte, passando
por diversas dificuldades na sociedade, tendo que lutar no seu dia a dia para alcançar seus
objetivos. Os alunos do projeto tiveram que se adaptar a um ambiente de escola privada, en-
frentando inúmeras barreiras, todavia, percebeu-se mais facilidade no relacionamento com
seus colegas na escola pelo fato de serem atletas.
Observou-se uma diferença nas relações dos bolsistas com os colegas do clube de fu-
tebol e os da escola. Sendo que para os jovens a relação na escola foi considerada mais since-
ra e com menos concorrência. Amaral et al. (2007) descrevem que para se tornar um atleta
profissional assediado pela torcida e pela imprensa especializada, ganhador de títulos e de
altos salários, é necessário empenhar-se muito. Em pesquisa realizada pela TV Globo, no pro-
grama Profissão Repórter, constatou-se que de cada 1000 jovens, somente dois ou três che-

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gam a iniciar no futebol, e desses somente 0,3% concretizam o sonho de ser um jogador fa-
moso.
Essa situação relatada confirma a dificuldade de conviver e vencer no meio esportivo
que é altamente competitivo. E, através desta experiência adquirida, como explicitam os pró-
prios alunos do projeto, o convívio escolar torna-se mais fácil e menos problemático. Outro
fator importante para adaptação dos meninos futebolistas na escola privada é a experiência e a
cultura do futebol que eles levam do clube para escola, diferenciando-os dos demais alunos
que muitas vezes apenas se relacionam com os jovens da própria comunidade. Ficou evidente
também nas observações a expectativa da família de que esses meninos se tornem jogadores
profissionais e consigam, por meio do futebol, um futuro melhor para eles e seus familiares.
Nas observações, evidenciou-se também a pretensão da maioria dos jovens de se tor-
nar jogador de futebol profissional. A escola seria mais um meio para que eles realizassem
esse sonho, embora as famílias de muitos os incentivassem também nos estudos. Hoje em dia,
a ascensão social por meio do futebol é um objetivo de muitas famílias brasileiras, pois o fu-
tebol mexe com o imaginário das pessoas e nos meios de comunicação são comuns notícias
de jovens jogadores que ficam milionários da noite para o dia ao se transferirem para jogar na
Europa. Rinke (2007) coloca que a América Latina é vista como um continente pobre, e esse
esporte é um dos poucos pontos de referência e exportação de talentos desses países.
No que se refere à expectativa das famílias dos alunos do projeto, Bourdieu (1998)
destaca que as famílias de baixa renda acreditam na possibilidade de uma ascensão social a-
través da escola e do futebol, mesmo que essa chance seja ínfima. Charlot (2000) corrobora
esse argumento, destacando que as famílias dos meninos do projeto também se sentem repre-
sentadas quando uma criança nascida em classe popular pode ascender socialmente. Os auto-
res supracitados se complementam, pois as famílias acreditam num futuro promissor para seus
filhos, mesmos pertencendo a classes sociais menos privilegiadas, por meio do futebol.
Outra realidade que ficou muito evidente nas observações foi à importância atribuída à
participação no projeto, pois, para a maioria, isso traria benefícios no futuro. Para os jovens,
tratava-se de uma oportunidade ímpar em suas vidas. Estudar em uma escola de ótimo nível,
como o Colégio Israelita, seria muito importante para seu futuro profissional e no futebol.
Gutierrez Filho (2004) constatou, em seu estudo com programa de bolsas de estudo, que a
ascensão social conquistada por esses indivíduos se deu pela forte influência da educação que
os bolsistas receberam. O autor afirma que esses programas proporcionam um aumento signi-
ficativo do capital cultural e social dos seus beneficiários, assim como propicia o estabeleci-
mento de novos objetivos e a inclusão em um novo grupamento social.
Corroborando, Gonçalves (2006) acredita que projetos sociais, voltados para a inclu-
são do negro brasileiro e dos provenientes das classes populares, diminuiriam o processo his-
tórico de racismo instalado na sociedade brasileira, e possibilitariam novas oportunidades
profissionais a esta gama de excluídos da sociedade. Os projetos sociais ligados ao esporte
são importantes tanto para as instituições públicas, como para iniciativas privadas e particula-
res no que diz respeito à inclusão social e formação para cidadania, possibilitando atender às
expectativas dos beneficiados.
Devido à relevância que o futebol possui na vida dos alunos do projeto, Damo (2005)
comenta que a sociedade brasileira está impregnada pela cultura futebolística, um dos exem-
plos disso pode ser visto no momento do nascimento de uma criança (homem, de preferência),
quando recebe um nome (que pode ser o de um jogador famoso), uma religião e um time de
futebol. Time que ele vai aprender a gostar e jamais vai pensar em trocar. Rodrigues Filho
(2003) afirma que a paixão pelo futebol está presente em todos os segmentos sociais do país.
O futebol faz parte da construção da identidade do Brasil e, além de ser considerada uma pai-
xão nacional, é visto como uma oportunidade de ascensão social e profissional para jovens
oriundos de famílias de baixa renda. E os meninos do projeto se enquadram nessa realidade.

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Para os estudantes bolsistas alcançar o sucesso no futebol profissional se coloca como


fundamental para um futuro promissor. Verificou-se a importância do futebol para esses me-
ninos e suas famílias, e ratificou-se que a possibilidade de incluir meninos de classes sociais
menos favorecidas, num meio social diferente de sua realidade, pode ser amenizada por meio
do domínio desse esporte, que é considerado a chave para um futuro próspero dos alunos e
familiares.
Dessa forma, desloca-se a clássica compreensão sobre os vínculos estabelecidos entre
torcedor e clube de pertencimento, como enfatiza Damo (2005), referindo-se ao clube como
uma entidade sagrada. Todavia tais aspectos não foram verificados durante as observações.
Esses aspectos citados ficaram evidenciados na comunidade escolar, quando os colegas, pro-
fessores e porteiros relacionam-se com os meninos do projeto.
Observou-se que os bolsistas não atletas tinham certa dificuldade em relação ao conví-
vio e de se incluir no contexto escolar. Na maioria das vezes, eram isolados por serem pobres
e negros, ou então, por terem dificuldade de acompanhar o ritmo da escola ou por não perten-
cerem à comunidade judaica. Tendo como referência o trabalho realizado em outras escolas, a
inserção por meio do convívio esportivo mostrou uma maior possibilidade de inclusão dos
alunos bolsistas no contexto escolar. O simples fato de representarem a escola em competi-
ções esportivas, conviverem com os demais alunos que integram as equipes e com o auxílio
dos professores responsáveis, esses alunos atletas passaram a ser respeitados e acolhidos no
convívio escolar. Essa hipótese foi confirmada pelas observações realizadas em vários contex-
tos da escola, como recreio, jogo de futsal, aulas de Educação Física, Conselho de Classe,
aula de Português, ocasiões em que se verificou que os alunos do projeto, por serem jogadores
de futebol, tiveram mais facilidade de inclusão e serem benquistos e admirados pela comuni-
dade escolar.
Verificou-se a influência dos alunos do projeto na comunidade escolar, visto que,
quando o assunto era o futebol, logo surgiam os nomes dos alunos bolsistas do projeto. Em
conversa com os seguranças, eles indagavam se esses alunos poderiam se tornar jogadores
profissionais. Quando os meninos passavam pelos porteiros, estes perguntavam sobre futebol.
Mas, o fato que mais chamou atenção era o diálogo entre os alunos da escola, todos usando
um linguajar do futebol, com o uso de expressões e gestos como “boleiro”, “moleque”, “se
fardar”, “comemorações de gols”, “fazer cera”, entre outras. Isso contrariou autores como
Bourdieu (1998), quando afirma que o meio social mais privilegiado, tende a dominar os in-
divíduos menos privilegiados socialmente e economicamente, pois esse aspecto não foi ob-
servado na pesquisa. Neste caso, a cultura de fora aliada à força do futebol amenizou essa
questão, pois as raízes culturais dos grupos populares são conservadas através do futebol há
muito tempo, permitindo que os meninos oriundos das camadas mais desfavorecidas influen-
ciassem o linguajar de seus colegas de elite.
Segundo Damo (2005) pertencer a um clube de futebol é a chave para entrar no uni-
verso dominado pelo movimento e pela prática corporal, requisitos indispensáveis para qual-
quer esporte. O domínio dos códigos do futebol possibilita ao indivíduo ter acesso a certas
discussões que ocorrem sobre o tema, garantindo momentos de intensa sociabilidade. Vendo
que o processo de manter suas raízes através do futebol é histórico, os alunos do projeto,
mesmo sem ter essa intenção, continuaram realizando os mesmos atos (de resistên-
cia/inclusão) de seus antepassados. Ou seja, quando ingressam em uma equipe de futebol, eles
passam a ter semelhanças identificáveis dentro do grupo como, por exemplo, o linguajar.
Bourdieu (1998) define habitus como as capacidades inventivas e criativas dos agentes
sociais que são carregadas pelos atores nas suas trajetórias de vida. Rodrigues (2003) define a
aprendizagem do jogador compreende um habitus, um capital com o qual ele joga, toma deci-
sões, mantêm relações com seus colegas e constrói a sua realidade. Fazendo a relação com os
atletas do projeto, entende-se que a formação do jogador de futebol é a construção do seu ha-

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bitus, e por meio desta construção, esses meninos estão apreendendo a conviver, num meio
diferente do seu.
Seguindo os conceitos supracitados, a relação dos atletas do projeto com a comunida-
de escolar passa a ser de admiração e de projeção do imaginário, pois eles futuramente pode-
rão estar representando os clubes do coração dessa comunidade. A experiência que os meni-
nos do projeto têm com outros jogadores, diretores, treinadores, torcedores, adversários no
futebol, dá-lhes uma maior bagagem social e cultural que os outros meninos das suas idades
que não jogam futebol. A bagagem social e cultural de conviver com diversas pessoas, que o
futebol possibilita, faz com que esses meninos saibam se portar na maioria dos ambientes. A
vivência adquirida ao longo do convívio esportivo, a liderança e a maturidade os tornam jo-
vens mais seguros, para saber lidar com diversas situações e dificuldades que possam se apre-
sentar. Essas características fazem com que seus colegas os admirem e algumas vezes até os
invejem. Já para os alunos foi muito importante para suas vidas essa experiência, pela diversi-
dade de oportunidades que lhes foi oferecida.
Percebeu-se também a valorização positiva dos meninos perante o Projeto Esporte So-
cial e a possibilidade de vivenciar certas coisas, que dificilmente teriam oportunidade se não
fizessem parte do projeto. Neto Pereira (2006) comenta que os programas de bolsas de estu-
dos representam para esses indivíduos uma possibilidade de ascensão social e a conquista de
novos espaços em novos círculos sociais. Gutierrez Filho (2004) diz que o esporte na escola
pode ser um dos meios mais importantes para a formação dos jovens, ou seja, a prática espor-
tiva como educação social é indispensável para o desenvolvimento pessoal e fundamental nos
processos de emancipação das classes menos favorecidas.
Para Friedmann (1998) o Colégio Israelita habilita seus alunos para uma participação
produtiva num mundo plural e enfatiza a qualidade das relações humanas na formação de seus
jovens. Observou-se que a escola está sendo muito importante e contribuindo para o futuro
profissional dos bolsistas. No que se refere aos aspectos socioculturais, ficou nítido que os
alunos do projeto se reconhecem como diferentes dos demais alunos da escola, seja por conta
do seu aspecto físico, seja pelo fato de não serem judeus. Porém, apesar dessas diferenças, os
alunos do projeto desenvolveram uma boa relação com seus colegas, e nem a disparidade e-
conômica entre eles parecia lhes incomodar.
De acordo com Heringer (2002), as distinções e desigualdades raciais são contunden-
tes no Brasil, sendo facilmente visíveis e de graves consequências para a população negra e
para o país como um todo. Como fator importante de desigualdade e discriminação social
entre negros e brancos, ressalta-se a dificuldade de acesso à educação de qualidade por jovens
negros e pobres, considerando isso como um dos principais fatores de mobilidade social dos
indivíduos.

Considerações finais

Conclui-se que futebol como meio de inclusão social e escolar mostrou-se como uma
ferramenta poderosa para os jovens do projeto alcançarem seus objetivos de se tornarem joga-
dores de futebol profissionais. Verificou-se que o fato dos alunos jogarem futebol foi um
meio facilitador para o processo de aceitação e respeito na escola, gerando até certa admiração
na comunidade escolar em geral. Um fator importante identificado na pesquisa foi que a pai-
xão clubística não apareceu nas atitudes dos alunos do projeto, paixão que é significativa para
as demais pessoas que frequentam a instituição escolar. Isso pode indicar que os meninos do
projeto encaram os clubes de forma diferente dos colegas, com um olhar mais profissional.
Outro fator identificado foi que a vivência adquirida ao longo do convívio esportivo
nos clubes de origem tornou os jovens mais seguros e maduros para lidarem com as situações
de dificuldade que possam se apresentar e, inclusive, capazes de exercer a liderança em situa-

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ções adversas. O habitus que esses meninos adquirem na sua formação dentro dos clubes de
futebol possibilitou uma melhor desenvoltura dentro das estruturas escolares.
O Projeto Esporte Social é visto pelas famílias e pelos meninos do projeto, como uma
grande chance em suas vidas, eles sentem-se muito orgulhosos e agradecidos de estudar no
Colégio Israelita. Todos valorizam muito a oportunidade que lhes foi dada pelas bolsas de
estudo. Pois, o fato de estudar nessa escola pode contribuir para o futuro sucesso como joga-
dor de futebol, assim como também o convívio na escola poderá lhes oferecer oportunidades
de um futuro profissional melhor mesmo se não se tornarem jogadores de futebol profissio-
nais.
A respeito das diferenças socioculturais, apareceram apenas ações isoladas de alguns
colegas, e as brincadeiras nesse sentido são tratadas com naturalidade pelos meninos. Conhe-
cer como os alunos entendem e percebem o esporte e a escola e a oportunidade que esses lhes
oferecem para atingir uma nova realidade social, permite uma redefinição de conceitos e pos-
turas no sentido de encaminhar propostas que possibilitem a construção de processos de ensi-
no e aprendizagem mais adequados à diversidade que a realidade brasileira nos apresenta.
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Recebido em: 07/09/2018


Revisado em: 14/02/2019
Aprovado em: 11/10/2019

Endereço para correspondência:


[email protected]
Abraham Lincoln de Paula Rodrigues
Universidade Federal do Ceará, Instituto de Educação Física e Esportes.
Av. Mister Hull, s/n - Parque Esportivo
PICI
60455760 - Fortaleza, CE - Brasil

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