Lesões Capsulares Do Cotovelo - Alunos
Lesões Capsulares Do Cotovelo - Alunos
LESÕES CAPSULARES
DO COTOVELO
aLExaNdRE HENRIQUE
ORTOPÉDICA.
NOWOtNY
INtROdUçãO
O cotovelo é um elemento fundamental para a função do membro superior. É a
articulação intermediária entre a cintura escapular e a mão. A sua função
primária é posicionar a mão no espaço e, assim, direcionar a preensão e as
pinças finas da mão.
LEMBaR
RA verdadeira dobradiça do cotovelo fica a cargo da articulação entre a ulna
1
e(fossa
o úmero
sigmoide)
(tróclea).
O cotovelo é uma das articulações mais estáveis do corpo humano, e tal
consideração é possível em virtude do seu desenho ósseo, que determina
uma excelente congruência articular. Além desse fator, existe a ação da
cápsula articular, dos ligamentos colaterais e dos músculos e tendões que
cruzam a articulação.
OBJEtIVOS
Ao final da leitura deste artigo, espera-se que o leitor
ESQUEMa CONCEItUaL
ORTOPÉDICA.
Ciências básicas
Arquitetura óssea
Cápsula articular
Músculos
Classificação das
instabilidades do cotovelo
Características das
instabilidades do cotovelo
história do paciente
Testes
Diagnóstico funcional
Exames complementares
indicação cirúrgica
Fasei
Faseii
Tratamento
Faseiii
Caso clínico
Conclusão
INStaBILIdadE dO COtOVELO
CIêNCIaS BÁSICaS
O cotovelo não é uma articulação de descarga de peso, mas, a 90º de
flexão, a articulação pode suportar até três vezes o peso corporal. Nos atletas
116
arremessadores, o movimento gera velocidade angular de 4.500º/s, energia
suficiente para comprometer os tecidos moles ao redor do cotovelo.
LEMBRaR
A articulação do cotovelo é formada por três ossos: o úmero proximal;
a ulna, que é distal e medial; e, em paralelo à ulna, o rádio, disposto
na lateral e também distal.
ORTOPÉDICA.
■ a articulação umerorradial;
■ os tendões comuns
flexores e pronadores; ■ os
extensores comuns; ■ a cápsula
articular.
aRQUItEtURa ÓSSEa
O úmero é composto por dois côndilos distais que formam a interlinha
articular superior da articulação do cotovelo. O côndilo lateral termina com o
capítulo, e o medial, mais longo, com a tróclea.
CÁPSULa aRtICULaR
118
LEMBRaR
Na região anterior da articulação, a cápsula do cotovelo tem origem
imediatamente acima das fossas radial e coronoide; na região
posterior, a cápsula se insere sobre o processo olecraniano.
LEMBaR
RA cápsula anterior, junto com o músculo braquial, é importante para a
1
do
estabilidade
1 anterior
cotovelo.
1. Quais são as estruturas que permitem a estabilidade inerente à
articulação do cotovelo?
LESÕES CAPSULARES DO
A) Tróclea e capítulo.
B) Cápsula e ligamentos colaterais.
COTOVELO
A cápsula anterior junto com o músculo braquial é importante para a estabilização anterior
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LIgaMENtO COLatERaL MEdIaL
O lCM tem um formato triangular e está localizado abaixo do eixo de rotação
da articulação do cotovelo. O lCM consiste de uma banda anterior, o lCMA ou
ligamento oblíquo anterior, uma banda posterior, o ligamento colateral medial
posterior (lCMP) ou ligamento oblíquo posterior, também chamado de
ligamento de Bardinet, e o ligamento transverso (lT), conhecido como
ligamento de Cooper. Este conjunto de ligamentos contribui com 55 a 70% da
força que resiste ao esforço em valgo.
O LCLR sai do epicôndilo lateral e vai até o lA, também servindo como origem
comum para o músculo supinador.
LEMBRaR
Na extensão total, quase metade da estabilidade em varo é gerada
pelos tecidos moles: o lCl contribui com 14%; a cápsula, 32%; e a
arquitetura óssea, 55%. Com flexão de 90º, 75% da estabilidade em
varo é gerada pela arquitetura óssea, 13% pela cápsula e apenas
9% pelo lCl.13
4. Qual a importância primária do lCM?
A) Proteção do varo.
B) Proteção do valgo.
C) Proteção da pronação.
D) Proteção da supinação.
Resposta no final do artigo
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ORTOPÉDICA.
As luxações do cotovelo podem ser classificadas como lesões simples, lesões
complexas e uma terceira possibilidade: a instabilidade adquirida, que está
associada ao gesto esportivo de arremesso.
ORTOPÉDICA.
exceção do flexor ulnar do carpo, que é inervado pelo nervo
ulnar.
D) O grupo anterior flexor é formado pelo bíceps e pelo
braquial, que são inervados pelo nervo musculocutâneo.
Resposta no final do artigo
8. Como são classificadas as luxações do cotovelo?
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LEMBaR
Ruma vez l Cl , uma série de sintomas podem surgir, como estalidos,
20-
diminuição
rompido o da força e disfunção
bloqueio do
articular,
22
movimento.
O mecanismo mais comum para a lesão desse ligamento é a queda sobre o
membro superior apoiado no solo e em posição de flexão mínima do cotovelo,
supinação e esforço em valgo. Tal mecanismo também produz a luxação do
cotovelo.22
LEMBRaR
A luxação simples pode ser tratada com imobilização por 2 ou 3
semanas, porém a literatura indica que este tempo de imobilização
leva à limitação de movimentos articulares.
ORTOPÉDICA.
LEMBRaR
A história do paciente é fundamental, e a condução terapêutica da
luxação simples que sofre recidiva após a redução e o tratamento
conservador permanece um desafio.
A dificuldade do tratamento é latente, pois este tipo de lesão é rara, e o
conhecimento e a literatura sobre o padrão das lesões e o comportamento nos
tecidos moles, bem como os protocolos de tratamento, são limitados. 28
LEMBRaR
A lesão aguda do lCM normalmente ocorre após uma queda. O
atleta sofre uma lesão do lCM ou até mesmo uma luxação
traumática aguda do cotovelo, que geralmente cicatriza bem e raras
vezes produz instabilidade.
126
LESÕES CAPSULARES DO
Nos atletas de arremesso, o problema não é a queda e não existe o trauma
único, e sim a uma lesão por repetição do gesto esportivo. O arremesso leva à
sobrecarga crônica da cápsula e do lCM. As origens dos feixes anterior e
posterior do lCM estão localizadas em uma área anteroinferior de 65% do
COTOVELO
epicôndilo medial.
LEMBRaR
As microlesões do LCM ocorrem durante as fases de preparação e
aceleração do arremesso, quando o cotovelo executa um esforço
do valgo durante a extensão. A força exercida sobre o ligamento
excede a sua capacidade intrínseca de resistência e pode resultar
na sua atenuação ou ruptura.31,32
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ORTOPÉDICA.
12. O que pode acontecer quando uma luxação do cotovelo é
negligenciada ou mal avaliada?
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dIagNÓStICO FUNCIONaL
O exame do cotovelo inclui:
■ inspeção;
■ palpação óssea e dos tecidos moles;
■ arco de movimento ativo e passivo;
■ teste de força muscular;
■ exame neurológico e testes especiais.
HIStÓRIa dO PaCIENtE
O mecanismo de trauma geralmente é um evento simples de queda com
apoio da mão no solo em posição de extensão, ou advinda de estresse
articular crônico em valgo, que resulta em lassidão ligamentar, característica
nos esportistas que executam arremesso acima da cabeça. 33
128
tEStES
Os testes para verificar a instabilidade dos ligamentos colaterais devem ser
realizados com os ligamentos relaxados, em amplitudes médias de flexão, que
variam entre 10º a 90º. A pronação deve ser adotada durante o estresse em
valgo para se testar o lCM, e a supinação, para testar o estresse em varo.
LEMBRaR
Durante a execução da manobra, é importante palpar a região do
LCM para identificar os pontos de dor. Na comparação com o
cotovelo contralateral normal, o teste produz uma abertura da
interlinha medial. O teste deve ser realizado com pronação total
para prevenir a instabilidade rotatória posterolateral.
ExaMES COMPLEMENtaRES
O raio x (Rx) é o primeiro passo para auxiliar no diagnóstico funcional, e as
imagens a serem analisadas incluem radiografias anteroposteriores em
extensão total e supinação, perfil a 90º de flexão, oblíquos em rotação interna
e externa, e axial do processo olecraniano.
INdICaçãO CIRúRgICa
Quando o cotovelo requer mais de 50º a 60º de flexão para se manter estável,
ou quando houver fratura associada, a indicação é cirúrgica. 36
A) Os testes especiais.
B) A classificação das instabilidades.
C) A história da lesão.
D) Os exames complementares.
Resposta no final do artigo
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tRataMEtO
N
LEMBaR
RO princípio básico do tratamento para todos os atletas, em todos os esportes,
velocidade
envolve a e a eficiência das condutas em fazer o atleta retomar a sua
mesmo nível
atividade anterior
esportiva noà lesão o mais breve
possível.
FaSE I
É a fase de movimentação imediata. Os objetivos dessa fase são:
ORTOPÉDICA.
O braquial funciona como um brace natural de proteção e manutenção da
flexão do cotovelo. Ele se encurta nesta posição e pode dificultar o ganho de
extensão.
LEMBRaR
As movimentações passivas e assistidas para a pronação e a
supinação também devem ser realizadas com a finalidade de evitar
aderências e perda de movimentação.
LEMBRaR
Os sinais e sintomas do paciente devem ser observados, avaliados e
considerados durante todo o tempo de realização das mobilizações,
bem como o período subsequente à sua aplicação.
Se o final de arco de movimento passivo apresenta uma parada rígida sem dor,
aumenta-se a força na execução do alongamento; e se a parada no final de
arco for suave, mas sensível, diminui-se a força durante a execução do
alongamento.
ORTOPÉDICA.
FaSE II
É uma fase intermediária, durante a qual o paciente deve exibir
amplitude de movimento total do cotovelo, dor mínima, e 60 a 70% de
força muscular dos flexores e extensores do cotovelo nas provas de
função manual quando comparadas com o membro contralateral.
LEMBaR
RA extensão do cotovelo e a pronação do antebraço têm particular importância
epara
o desempenho
a eficiência dos atletas
arremessadores.
LEMBRaR
Durante a execução das diagonais, podem ser associados os
estímulos de estabilização rítmica tanto para o cotovelo quanto para o
ombro.
FaSERespostas
III no final do artigo
LESÕES CAPSULARES DO
LEMBaR
RO treinamento concêntrico tem início com o tríceps, porque este é o músculo
aceleração
responsávelda extensão do cotovelo durante o
pela
arremesso.
a B
Os exercícios pliométricos são realizados com uma bola de 1kg e uma cama
elástica: posicionada na altura do tórax, a bola é arremessada com as duas
mãos em direção à cama elástica; no retorno, a bola é recepcionada com
ambas as mãos.
LEMBRaR
Se não houver dor ou dificuldade na execução dos exercícios, eles
passam a ser realizados de forma unilateral. Com uma mão o
paciente pode arremessar a bola de frente para a cama elástica e,
lateralmente, a ela.
140
Os posicionamentos laterais direito e esquerdo à cama elástica (que também
podem ser executados utilizando a parede) permitem arremessos para medial
e para lateral que ajudam no controle das rotações interna e externa do ombro
e aumentam, de forma progressiva, os estresses em varo e valgo sobre o
cotovelo.
LEMBaR
ROs alongamentos e a manutenção da flexibilidade devem ser mantidos, pois
de amplitude
evitam perdasde
COTOVELO
movimento.
Para a prevenção, o atleta deve corrigir a sua técnica esportiva durante a volta
ao esporte, fazer a manutenção de desempenho e passar por orientações
educacionais para realizar aquecimento e alongamentos (Figura 9).
CaSO CLÍNICO
R.B., gênero masculino, 26 anos de idade, goleiro de futsal, diz ter
sofrido luxação simples do cotovelo direito há 2 anos, membro
superior de domínio.
O goleiro jogava em Moscou, onde realizou o tratamento, que
consistiu de redução após o trauma e imobilização por 3 semanas e
meia. Iniciou e concluiu o tratamento fisioterapêutico após 3 meses e
ORTOPÉDICA.
realizar lançamentos longos com o membro superior direito,
apresentava dor, porém suportava.
ORTOPÉDICA.
A sua classificação quanto ao trauma primário continuaria com
luxação simples do cotovelo; porém, após ocorrerem mais dois
episódios de trauma sem uma nova luxação do cotovelo, e sim
traumas de menor intensidade que lesaram o LCM e produziram dor e
disfunção, a classificação agora seria uma lesão crônica adquirida de
instabilidade medial mínima. Diante disso, a opção foi continuar com o
tratamento fisioterapêutico.
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146
O primeiro trauma que provocou a luxação e a prática esportiva
contínua como goleiro: o paciente não apresentava instabilidade
verdadeira, mas, após uma luxação e microtraumas de repetição, a
articulação pode apresentar movimentos aumentados em final de
arco, os quais favorecem o impacto posterior do olécrano e o impacto
da cabeça radial.
Após a alta fisioterapêutica esse atleta deve manter as
atividades de fortalecimento da musculatura e
articulação, alongamento para também prevenir futuras contraturas.
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Atividade 2
Resposta: B
Comentário: O cotovelo não é uma articulação de descarga de peso. A
amplitude média de movimento do cotovelo é de 146º para a flexão. A
estabilidade estática é mantida pela arquitetura osteoarticular, pela cápsula e
pelos ligamentos, e a estabilidade dinâmica é determinada pelos fatores
neuromusculares.