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A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO


Direção e Chefia dos Serviços em Enfermagem

A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

The Quality of Nursing Care in Timor-Leste

TERESA DE JESUS VAZ CABRAL

Porto, 2015
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO


Direção e Chefia dos Serviços em Enfermagem

A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste


The Quality of Nursing Care in Timor-Leste

Dissertação de candidatura ao grau de Mestre em Direção e Chefia dos Serviços em


Enfermagem, submetido à Escola Superior de Enfermagem do Porto

Orientadora: Professora Doutora Maria Manuela Ferreira Pereira da


Silva Martins
Coorientadora: Professora Mestre Maria José Lumini

Teresa de Jesus Vaz Cabral

Porto, 2015
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

“As mulheres nunca têm uma meia hora em todas as suas vidas que elas
possam chamar de sua, sem medo de ofender ou de ferir alguém. Por que
as pessoas se sentam tão tarde, ou, mais raramente, se levantam tão cedo?
Não é porque o dia não é o suficiente, mas porque elas não têm nenhum
momento do dia para si mesmas”.

“Florence Nightingale”
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Dedicatória

Dedico esta dissertação do Mestrado à memória do meu irmão mais


velho, João Dias Quintas Vaz, que apesar de não estar presente entre
nós, estará SEMPRE no meu coração e comigo. Dedico também:

Ao meu marido, Virgílio Soares, pelo amor incondicional;

Aos meus filhos, Alexandre Hélio, Andreia Avenilda Inha e Ângela


Jemitha (Tiara), pela paciência, alegria e inspiração;

À minha mãe, Agostinha Fernandes, e aos meus irmãos, Alcina


Fernandes, Rosalina Fernandes, Helena Marquês, Filomena de Jesus, Mª
Auxiliadora, José Vaz e Joaquim Vaz, por tudo… em todas as etapas da
vida oferecendo-me apoio, incentivo e amor, motivação até por via da
telecomunicação, sempre comigo para enfrentar desafios sem nunca
desistir; embora fisicamente distantes, sinto-os sempre perto de mim,
choraram e sorriram comigo;

E a todas as pessoas que amei na vida e que já não se encontram


presentes.

Que Deus os abençoe a todos!


A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor Paulo Parente, como Presidente da Escola Superior de


Enfermagem do Porto (ESEP), que me recebeu e aceitou na sua escola, permitindo-me
“vivenciar” neste Instituto (ESEP). A minha gratidão e o meu agradecimento pelo apoio,
disponibilidade e orientação durante todos os processos de atividade académica, através
de todos os docentes da ESEP que facilitaram o meu percurso com sucesso.

À Professora Doutora Maria Manuela Martins, orientadora excelente deste


trabalho, agradeço pelo incentivo, amor e apoio, pela amizade, compreensão e
orientação. Foi um apoio importante, não só pela partilha do conhecimento e as ideias
construtivas do modelo de referência de enfermagem nos seus ensinamentos e exemplos,
mas, principalmente, pelas preciosas contribuições que tornaram possível este trabalho.
Além disso, muitas vezes a assumo como “mãe” tão cheia de amor e que sempre esteve
comigo nos tempos mais difíceis, que me deu a coragem e motivação e que enxugou as
minhas lágrimas quando eu enfrentava muitas dificuldades.

À Professora Doutora Maria José Lumini, agradeço a Coorientação deste trabalho,


pelo carinho e apoio, pela disponibilidade e orientação, durante o período de
desenvolvimento do meu percurso académico e a concretização desta investigação.

A todos os docentes e não docentes da ESEP, que sem exceção me forneceram a


imprescindível informação e ajuda para a realização deste estudo, agradeço o muito que
devo a todos.

Ao Professor Doutor Francisco Vieira, pela preciosa ajuda e paciência durante o


processo deste trabalho.

Ao Centro de informática e Técnica da Escola Superior de Enfermagem do Porto,


pela sua preciosa colaboraçao

A todos os profissionais da Biblioteca da ESEP, à administração da ESEP, a todos os


funcionários da reprografia pela disponibilidade que sempre tiveram quando eu necessitei
de ajuda e colaboração. A todos eles, agradeço muito pelo excelente desempenho, apoio,
simpatia e atenção que sempre me demonstraram.
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

A todos os enfermeiros timorenses, pelos seus contributos e apoios, que me


deram a valiosa informação durante a recolha de dados para este estudo.

Às minhas colegas de mestrado, José Miguel Santos, Telma, Mª Teresa Silva, Rui
Fonseca, Pedro Raul Silva, Serenella e Tánia Morreira, pela sua amizade, incentivo e ajuda,
na superação de momentos difíceis.

Ao Instituto Camões, a toda a equipa da Reitoria da Universidade Nacional de


Timor Lorosae – UNTL, e a toda a equipa da Dirigente da Faculdade de Medicina – UNTL
que me cederam financiamento durante a minha estadia no Porto.

E a todos aqueles que direta ou indiretamente, contribuíram para a concretização


deste estudo, o meu sincero agradecimento.
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

SIGLAS e ABREVIATURAS

AACN - American Association of Critical-Care Nurses


ACES - Agrupamentos de Centros de Saúde
ACSS - Administração Central do Sistema de Saúde
AETL - Associação dos Enfermeiros de Timor Lorosae
ANA - American Nursing Association
APEGEL - Associaçâo Portuguesa de Enfermeiros Gestores e Liderança
ARS - Administrações Regionais de Saúde
CDE - Classificação de Doentes/Enfermagem
CE - Conselho de Enfermagem
CIPE - Classificação Internacional para a prática de Enfermagem
CSL - Centro da Saúde de Lospalos
CSVCD - Centro da Saúde de Vera Cruz de Díli
DEE - Departamento Escola de Enfermagem
DI - Dia de Internamento
EFN - Europe Federation of Nursing
EFQM - European Foundation for quality management
EPAECQC - Escala de Percepção das atividades de Enfermagem que
contribuem para a qualidade de cuidados
ESEP - Escola Superior de Enfermagem do Porto
ETC - Equivalente a Tempo Completo
FMCS - Faculdade Medicina e Ciências da Saúde
HCN - Horas de Cuidados Necessárias
HCP - Horas de Cuidados Prestadas
HNGV - Hospital Nacional Guido Valadares
HRB - Hospital Referencia Baucau
ICN - Internacional Council of Nursing
IIP - Iowa Intervention Project
IOP - Iowa Outcomes Project
IQS - Instituto da Qualidade em Saúde
ISO - International Organization for Standardisation
NANDA - North American Nursing Diagnosis Association
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

NIC - Nursing Intervention Classification


NOC - Nursing Outcomes Classification
OE - Ordem dos Enfermeiros
OMS - Organização Mundial de Saúde
ONU - Organização das Nações Unidas
PDCA - Plan-Do-Check-Act
PPQCE - Projeto Padrões Qualidade dos Cuidados de Enfermagem
RDTL - República Democrática de Timor Leste
RDTL - República Democrática de Timor Leste
REBEn - Revista Brasileira de Enfermagem
REPE - Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros
SAE - Sistematização de Assistência de Enfermagem
SAPE - Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem
SCD/E - Sistema de Classificação de Doentes/Enfermagem
SGQ - Sistema Gestão da Qualidade
SIE - Sistema Informação de Enfermagem
SIGSS - Sistema de Informação para a Gestão dos Serviços de Saúde
TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação
UCC - Unidade de Cuidados na Comunidade
UCI - Unidade Cuidados Intensivos
UK - United King dom
UNTL - Universidade Nacional de Timor Lorosae
USF - Unidade de Saúde Familiar
WCHEN - Western Commission of Higher Education in Nursing
WHO - World Health Organization
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

ÍNDICE

O - INTRODUÇÃO....................................................................................................................1
PARTE I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO .................................................................................5
1- A EVIDÊNCIA SOBRE O CONHECIMENTO DA GESTÃO EM ENFERMAGEM .....................5
1.1- Enfermagem e saúde das populações ....................................................................6
1.2 - Tendências e profissão ..........................................................................................7
1.3 - Contributos da enfermagem para a saúde das populações ................................15
2. GESTÃO EM ENFERMAGEM..........................................................................................18
2.1. Competências dos Enfermeiros gestores ..............................................................20
2.2. Processos de Gestão .............................................................................................26
2.3. Sistema de classificação de doentes .....................................................................31
2.4. Processo de Enfermagem .....................................................................................33
3. QUALIDADE EM SAÚDE ................................................................................................38
3. 1. Qualidade em Enfermagem .................................................................................45
3.2. Uma visão sobre a sustentabilidade da enfermagem como ciência ....................48
3.3. Padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem ...........................................51
3.2.1. A saúde ...................................................................................................................................... 53
3.2.2. A pessoa .................................................................................................................................... 54
3.2.3. O ambiente ................................................................................................................................ 56
3.4. Cuidados de enfermagem .....................................................................................57
3.5. Padrões de qualidade de cuidados – enunciados descritivos ...............................61
4 - FUNCIONAMENTO DOS CUIDADOS .............................................................................65
5 - TEMPO NA CENTRALIDADE DE CUIDADOS ..................................................................67
PARTE II- ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO ..................................................................69
1 - TRABALHO DE CAMPO.................................................................................................70
1.1- Desenho do Estudo ...............................................................................................71
1.2- Variáveis em estudo .............................................................................................73
1.3- População e amostra............................................................................................78
1.4- Instrumento de colheita de dados ........................................................................79
1.5- Procedimentos de colheita de dados e éticos.......................................................80
PARTE III – TRAÇADO DAS OPINIÕES DOS ENFERMEIROS –.................................................85
APRESENTAÇÃO DOS DADOS ...............................................................................................85
1 - CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA ...........................................................................................85
1.1 - Exercício profissional ...........................................................................................86
2 - PADRÕES DA QUALIDADE ..................................................................................................87
2.1. A satisfação do cliente ..........................................................................................87
2.2. A promoção da Saúde ...........................................................................................89
2.3. A prevenção de complicações ...............................................................................90
2.4. O bem-estar e o autocuidado ...............................................................................93
2.5. A readaptação funcional ......................................................................................95
2.6. A organização dos Cuidados de Enfermagem ......................................................97
3 - O FUNCIONAMENTO DOS CUIDADOS ...................................................................................99
3.1-Frequência de cuidados de enfermagem ............................................................101
3.1.1- Alimentação ............................................................................................................................ 102
3.1.2-Movimentação ......................................................................................................................... 103
3.1.3- Eliminação ............................................................................................................................... 104
3.1.4-Terapêutica .............................................................................................................................. 104
3.1.5-Tratamentos ............................................................................................................................. 105
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

3.1.6- Atividades especiais /de apoio de educação ........................................................................... 106


3.1.7-Avaliação e planeamento de cuidados ..................................................................................... 107
4 - FORMAÇÃO E CUIDADOS .................................................................................................110
PARTE IV – DA REALIDADE À NECESSIDADE DE DESENVOLVIMENTO – .............................131
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...........................................................................................131
CONCLUSÕES ......................................................................................................................145
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................................149
ANEXO I – ATIVIDADES DOS ENFERMEIROS GESTORES
ANEXO II – QUESTIONÁRIOS
ANEXOS III – AUTORIZAÇÃO
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição dos enfermeiros de acordo com os anos de exercício profissional e


anos atual do serviço profissional ........................................................................................86
Tabela 2 - Distribuição dos enfermeiros de acordo com exercício na área de gestão e
exercício nos cuidados .........................................................................................................86
Tabela 3 - Distribuição da perceção dos enfermeiros sobre satisfação do cliente ..............88
Tabela 4 - Distribuição da perceção dos enfermeiros sobre a promoção da saúde ............89
Tabela 5 - Distribuição da perceção dos enfermeiros sobre prevenção de complicações ..91
Tabela 6 - Distribuição da perceção dos enfermeiros do bem-estar e autocuidado ...........93
Tabela 7 - Distribuição da perceção dos enfermeiros sobre readaptação funcional ..........96
Tabela 8 – Distribuição da perceção dos enfermeiros sobre a organização dos cuidados de
enfermagem .........................................................................................................................98
Tabela 9 - Distribuição opinião dos enfermeiros sobre os recursos quando tem dúvidas
sobre os cuidados.................................................................................................................99
Tabela 10 – Distribuição da opinião quando algum cuidado corre mal.............................100
Tabela 11 – Distribuição das profissionais que são referenciados quando há faltas de
materiais.............................................................................................................................100
Tabela 12 - Distribuição de método de trabalho dos enfermeiros ....................................101
Tabela 13 - Distribuição dos cuidados de higiene e cuidados pessoais .............................102
Tabela 14 - Distribuição dos cuidados com a alimentação ................................................102
Tabela 15 - Distribuição dos Cuidados na mobilidade .......................................................103
Tabela 16 - Distribuição dos cuidados de Eliminação ........................................................104
Tabela 17 - Distribuição dos cuidados com a terapêutica .................................................105
Tabela 18 – Distribuição dos cuidados com tratamentos ..................................................105
Tabela 19 - Distribuição dos cuidados com sinais vitais.....................................................106
Tabela 20 – Distribuição dos cuidados com atividades especiais / apoio de educação ....107
Tabela 21 - Distribuição das fases de processo de enfermagem - avaliação e planeamento
de cuidados ........................................................................................................................108
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

ÍNDICE DE DIAGRAMAS

Diagrama 1: Ferramentas / metodologias empregadas nos serviços de saúde em busca da


qualidade do Ciclo de Deming..............................................................................................27

Diagrama 2 - O processo de Enfermagem ...........................................................................35


A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Competências do enfermeiro gestor ...................................................................26

Figura 2 - Aspetos para a avaliação da qualidade ................................................................29

Figura 4 – Componentes da Qualidade ................................................................................41

Figura 5 - Componentes da qualidade nos cuidados de saúde ............................................44

Figura 6 - Desenho do Estudo ..............................................................................................72


A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico Nº1 - Representação da satisfação do cliente .........................................................89


Gráfico Nº2 – Representação da promoção da saúde .........................................................90
Gráfico Nº3 – Representação de prevenção de complicações ............................................92
Gráfico Nº4 – Representação de bem-estar e o autocuidado .............................................95
Gráfico Nº5 – Representação de readaptação funcional .....................................................97
Gráfico Nº6 – Representação da organização dos cuidados de enfermagem .....................98
Gráfico nº 7 – Representação da frequência dos cuidados ...............................................109
Gráfico nº 8 – Associação entre formação e demonstram o rigor técnico / científico na
implementação das intervenção de enfermagem .............................................................112
Gráfico nº 9 – Associação entre formação e quando algum cuidado corre mal................113
Gráfico nº 10 – Associação entre formação e demonstram responsabilidade pelas decisões
que tomam .........................................................................................................................114
Gráfico nº 11 – Associação entre formação e planeiam a alta dos clientes internados em
instituições de saúde ..........................................................................................................115
Gráfico nº 13 – Associação entre formação e posicionamento na cama ..........................117
Gráfico nº 14 – Associação entre formação e algaliação ...................................................118
Gráfico nº 15 – Associação entre formação e medicação por via oral ..............................119
Gráfico nº 16 – Associação entre formação e medicação intramuscular ..........................120
Gráfico nº 17 – Associação entre formação e medicação e endovenosa ..........................121
Gráfico nº 18 – Associação entre formação e aspiração de secreções..............................122
Gráfico nº 19 – Associação entre formação e avaliação da TA ..........................................123
Gráfico nº 20 – Associação entre formação e avaliação do pulso .....................................124
Gráfico nº 21 – Associação entre formação e avaliação da respiração .............................125
Gráfico nº 22 – Associação entre formação e ensino sobre situações patológicas ...........126
Gráfico nº 23 – Associação entre formação e ensino sobre prevenção de complicações.127
Gráfico nº 24 – Associação entre formação e ensino sobre a adaptação dos autocuidados
à situação patológica..........................................................................................................128
Gráfico nº 25 – Associação entre formação e ensino a familiares cuidadores ..................129
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Caraterísticas sociodemográficas ......................................................................73

Quadro 2 - Variável padrões de qualidade ..........................................................................74

Quadro 3 - Variável funcionamento dos cuidados ...............................................................76

Quadro 4 - Variável frequência dos cuidados ......................................................................77


A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

RESUMO
A qualidade dos cuidados de enfermagem tornou-se uma questão intemporal e um
fenómeno de crescente interesse nas organizações de saúde que, para além da
importância que tem para a instituição e utente, deve ter uma importância máxima para o
prestador de cuidados. Este estudo tem como finalidade contribuir para a promover a
qualidade dos cuidados de Enfermagem e para o desenvolvimento do sistema de
educação em Timor-Leste. Partimos da problematização dos cuidados, sustentado no
conhecimento e experiência de Portugal, pelo que deliniamos como objetivos: traduzir e
adaptar culturalmente a “Escala de Percepção das atividades de Enfermagem que
contribuem para a qualidade de cuidados” (EPAECQC) para Tétum1; Identificar o perfil de
cuidados em Timorenses a partir da opinião dos enfermeiros que prestam cuidados;
Analisar a opinião dos enfermeiros face a intervenções que garantem qualidade;
Descrever os cuidados de enfermagem mais frequentes; Descrever necessidades de
formação dos enfermeiros Timorenses. O estudo foi desenvolvido no paradigma
quantitativo de natureza exploratório e descritivo iniciando-se com uma fase
metodológica para adaptação culturalmente dos instrumentos a utilizar. A amostragem
foi composta por 226 enfermeiros a partir de uma amostragem intencional, desenvolvida
em dois hospitais e dois centros de saúde. O instrumento de colheita de dados foi um
questionário de autopreenchimento e foram garantidos as condições éticas e
consentimentos das instituições e participantes. Verificamos que o nível de formação
2
académica dos enfermeiros, na sua maioria são de nível SPK (54%), e os de nível Ensino
Superior (46%). Dos resultados salienta-se que, em relação aos Padrões de Qualidade e
considerando que a qualidade se deveria situar com as maiores frequências no sempre,
que menos de metade da amostra considera que se preocupam sempre com a satisfação
do cliente, acrescendo referir que apenas (19,5%), procuram constantemente empatia
nas interações com o cliente (Doente/família); sobre a promoção da saúde, valores ainda
são mais baixos sendo que apenas (31%) aproveitam o internamento para promover
estilos de vida saudáveis; a prevenção de complicações situa-se também em valores
baixos sendo que o valor mais elevado é nos que dizem sempre no que concerne à
demonstração de rigor técnico / científico na implementação das intervenções de
enfermagem (40,7%); O bem-estar e o autocuidado situa-se nas frequências próximas de
(25%) apenas, contudo a referência a situações problemáticas identificadas que
contribuam para aumentar o bem-estar e a realização das atividades de vida dos clientes
e demonstração de responsabilidade pelas decisões que tomam, pelos atos que praticam
passa para apenas (38,5%); a readaptação funcional tem uma grande variação sendo o
valor mais elevado, (44,2%) para a continuidade na prestação de cuidados, por ultimo, a
organização dos cuidados de enfermagem regista valores das frequências a abaixo dos
(5%) o que demostra na globalidade uma grande necessidade de melhoria de cuidados.
Verificamos ainda que há diferenças significativas entre a opinião dos enfermeiros com
formação superior e os outros, sobre a qualidade de cuidados e frequência da sua
realização, mas não ocorre da mesma forma em todos os hospitais.
Palavras-chave: Enfermagem, Gestão, Qualidade dos Cuidados de Enfermagem

1
Tétum é a Língua oficial de Timor-Leste, verso com a Língua Portuguesa.
2
SPK - Sekolah Perawat Kesehatan (Lingua Indonesia), é o nível da escolaridade equivale
ao Ensino Secundário no domínio de Escola Enfermagem com duração de três anos
(10o,11o e 12o ano)
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

ABSTRACT
The quality of nursing care has become a timeless question and a growing interest
phenomenon in health organizations and its relevance is not only a matter to institutions
and client but must be also a focus to the caregiver. This study aims to contribute to the
promotion of nursing care quality and to the development of the education system in East
Timor. The study begins by addressing main care issues, based on the knowledge and
experience of Portugal, thus leading to the outlined objectives: Translate and culturally
adapt the "Scale of Perception of Nursing activities that contribute to the quality of care"
(EPAECQC) to Tétum3; Identify the profile of care for the East Timor population based on
the perception of nurses responsible for care provision; Analyze the nurses’ opinions
concerning the interventions that ensure quality; Describe the most common nursing
care; Describe training needs of East Timor nurses.
The study was based on the quantitative paradigm of exploratory and descriptive nature,
beginning with a methodological approach to enable cultural adaptation of the selected
instruments. The sample comprised 226 nurses from an intentional sampling, and study
was developed in two hospitals and two health centres. The instrument of data gathering
was a self-administered questionnaire and ethical approval and formal consents from
institutions and participants were guaranteed. This study shows that the scholar degree of
nurses is mainly a SPK4 level (54%), and nurses with a higher education degree represent
(46%). Considering that the Quality Standards in item “always” should register the highest
frequencies, the results show, however, that less than half of the sample refers being
always concerned with the client´s satisfaction, in addition to (19,5%) of participants that
refer their commitment to establish empathy when interacting with the client
(patient/family). Concerning the health promotion item, results are even lower, since only
(31%) consider the admission to care institutions as a way to promote healthy lifestyles;
the prevention of complications also registers low frequencies and the highest is for the
item related to the demonstration of technical/scientific rigour in the implementation of
nursing interventions (40.7%); The well-being and self-care items represent only (25%),
however the reference to constraints interfering in the well-being and the
accomplishment of daily life activities by the clients and their demonstration of personal
commitment to decision making and actions, reaches only (38,5%); The functional re-
adaptation has significant variation, with the highest indicator reaching (44.2%) for the
item referring to continuing care provision. The last result for the nursing care
organization item shows frequencies below (5%) which evidence the overall perception of
the need for improvement of care. Yet we find that there are significant differences
between the opinions of nurses with higher education and the other on the quality of care
and frequency of its completion, but does not occur in the same way in all hospitals.

Keywords: Nursing, Management, Nursing Care Quality

3
Tétum is the official language in East Timor
4
SPK - Sekolah Perawat Kesehatan (Indonesian language) is the equivalent to the high
school level of the Nursing School with a three years duration (10th, 11th and 12th scholar
years)
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

O - INTRODUÇÃO

A qualidade dos cuidados de enfermagem para além da importância que possuem para
a instituição deve ter uma importância máxima para o prestador de cuidados. Numa prestação
de cuidados de qualidade, existe um encontro entre o profissional e o utente. Em seguida, o
enfermeiro deve almejar a qualidade em cada gesto realizado, deve pesquisar para que o
desempenho da sua função seja mais do que uma simples execução de tarefas.

A preocupação com a qualidade deve iniciar-se com a identificação das necessidades


dos clientes (Pires, 2012), após esta fase, ocorrem atividades de verificação interna e avaliação
externa dos serviços e processos ligado à qualidade, para Donabedian (1997), a qualidade em
saúde é uma forma mais objetiva dirigida a áreas específicas e, neste sentido, mencionamos as
estruturas de prestação de cuidados, os processos decorrentes da própria prestação de
cuidados e os resultados, que incluem a reabilitação / recuperação do doente.

A qualidade dos cuidados de enfermagem implica várias situações, não só o


conhecimento científico e a necessidade de adequá-lo a cada pessoa, mas também a liderança
para essa mesma qualidade, estimulando a formação dos profissionais e o trabalho em equipa,
proporcionando perspetivas sobre diferentes ângulos da realidade, criando envolvência e
compromisso efetivo, fundamental para a evolução da organização. Daí que, a OE (2002)
através do Conselho de Enfermagem, afirma que os padrões de qualidade dos cuidados de
enfermagem, menciona que a “qualidade exige reflexão sobre a prática (…) e isso evidencia a
necessidade de tempo apropriado para refletir nos cuidados prestados” (OE, p.5).

A Enfermagem é uma profissão na área da saúde, tem como objetivo prestar cuidados
de enfermagem ao ser humano, saudável ou doente, ao longo do ciclo vital, e aos grupos
sociais em que ele está integrado, de forma que mantenham, melhorem e recuperem a saúde,
ajudando-os a atingir a sua máxima capacidade funcional tão rapidamente quanto possível
(REPE Decreto-Lei n.º 161/96, de 4 de Setembro (com as alterações introduzidas pelo Decreto-
Lei nº 104/98 de 21 de Abril).

1
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Enfermagem também é a arte de cuidar e também uma ciência cuja essência e


especificidade é o cuidado ao ser humano, considerando como um todo individual. Contudo,
hoje o olhar dos enfermeiros alarga-se à família e à comunidade, bem como o grupo
específicos, não deixando de se focar na pessoa de forma holística. A intervenção dos
enfermeiros foca-se na pessoa procurando garantir a sua autonomia e independência nos
processos de saúde/doença especificando o seu conhecimento para o autocuidado e
incorporando promoção, prevenção e recuperação da saúde, pelo que o faz de forma
autónoma ou em equipa.

De acordo com Pereira (2009), “A Teoria de Enfermagem não é algo de caráter


meramente simbólico (…) antes uma articulação sistemática e coerente de posições capazes de
dirigir e focalizar, simultaneamente, a Investigação e a Prática.” Esta definição é sustentada
pela definição da teoria de enfermagem, de Meleis (2005) e citada pelo mesmo autor como
“(…) uma articulação e uma conceptualização partilhada, desenvolvida ou descoberta, acerca
de realidades que dizem respeito à Enfermagem, com propósito de descrever, explicar, predizer
o prescrever cuidados de enfermagem” (Pereira, p. 35).

Os enfermeiros dedicam-se a desenvolver atividades autónomas e interdependentes, o


que lhes confere qualidades significativas nas instituições e nas políticas de saúde. Os seus
conhecimentos, dedicação e foco dos cuidados básicos garantem o acesso à atenção integral à
saúde, contemplando a diversidade social, cultural, situação geográfica, histórica e política
para favorecer a superação dos fatores que tornam os povos mais vulneráveis aos agravos à
saúde (Malagutti, 2010).

De acordo com (Malagutti e Miranda) o enfermeiro é hoje, a nível mundial, um


profissional de nível superior da área da saúde, responsável inicialmente pela promoção,
prevenção e recuperação da saúde dos indivíduos e grupos dentro de sua comunidade,
estando preparados para atuar nas áreas assistencial, administração /gestão e na formação.
“Os enfermeiros constituem, atualmente, uma comunidade profissional e científica da maior
relevância no funcionamento do sistema de saúde e na garantia do acesso da população a
cuidados de saúde de qualidade” (Malagutti, 2010, p. 273).

Em Portugal, a Ordem dos Enfermeiros (OE), definiu os padrões de qualidade dos


cuidados de enfermagem, através de um estudo realizado com a metodologia Delphi, no qual
participaram os enfermeiros de todo o país. A definição dos padrões de qualidade dos

2
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

cuidados de enfermagem visa alcançar a implementação de um sistema de melhoria contínua


da qualidade, como preconizado pelas instituições como a OMS e o ICN, fortalecendo a
reflexão sobre a prática profissional dos enfermeiros e das instituições de saúde dos países.

A concepção deste padrão tem por base a pessoa enquanto ser individual, social e
único “com dignidade própria e direito a autodeterminar-se”. Este processo é influenciado pelo
contexto humanos, físicos, políticos, económicos, culturais e organizacionais que constituem o
ambiente no qual a pessoa vive e se desenvolve, influenciando o seu estilo de vida.

A partir desta conceptualização, os padrões de qualidade definem seis categorias de


enunciados descritivos: satisfação dos clientes, promoção de saúde, prevenção de
complicações, bem-estar e autocuidado dos clientes, readaptação funcional e organização dos
serviços de enfermagem (OE, 2001).

Timor-Leste é um novo país, jovem e pequeno, com uma superfície de cerca de 15.000
km2 e uma população de 1,066,582 habitantes; 541,147 dos homens e das mulheres 525, 435
(Censos, outubro de 2010). Reconhecendo que é um país em desenvolvimento, incluindo na
área de saúde, teremos que aprender com as experiências dos outros países mas também
articular com a realidade, particularmente no que concerne aos recursos humanos,
infraestruturas e equipamentos que asseguram os cuidados de saúde e de enfermagem. Os
enfermeiros que trabalham no Ministério da Saúde (TL) são 1142, sendo 63,7% do sexo
masculino e 36,3% do sexo feminino, e que trabalham em proximidade com a população pois
permanecem em vigilância durante 24 horas. (data bases MdS, 2014).

Depois de um olhar acerca dos cuidados em Portugal e do conhecimento dos cuidados


em Timor-Leste emerge o desenvolvimento do tema “A qualidade dos Cuidados de
Enfermagem em Timor-Leste”.

Tendo conhecimento de um estudo sobre a monitorização dos cuidados em Portugal,


inquietou-me saber como seriam os cuidados em Timor-Leste, utilizando o mesmo
instrumento de medida. Deste modo, começamos por traduzir e validar o instrumento para a
realidade do nosso país.

Considerando o requisito de validação do instrumento, selecionámos para a amostra


os enfermeiros que trabalham no Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV), Hospital

3
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Referência de Baucau (HRB), Centro da Saúde de Lospalos (CSL) e Centro da Saúde Vera Cruz
de Díli (CSVCD), podendo, numa fase posterior, alargar a todos os enfermeiros de Timor-Leste.

Com este estudo, procuramos compreender até que ponto os enfermeiros timorenses
se preocupam com a garantia de respostas específicas relacionadas com a saúde, bem-estar e
autocuidados, ou centram a sua atuação no cumprimento de atividades prescritas.

Deste modo, a finalidade deste estudo é contribuir para a melhoria e promoção da


qualidade dos cuidados de enfermagem e desenvolvimento da formação de enfermagem em
Timor-Leste, face à opinião dos enfermeiros sobre os padrões de qualidade dos cuidados de
enfermagem.

De seguida, e por uma questão de método, apresentamos os objetivos segundo uma


lógica de execução no processo de investigação:
 Traduzir, adaptar culturalmente e validar a Escala de Perceção das Atividades de
Enfermagem que Contribuem para a Qualidade de Cuidados (EPAECQC) para Tétum;
 Identificar o perfil de cuidados dos timorenses a partir da opinião dos enfermeiros que
prestam cuidados;
 Analisar a opinião dos enfermeiros face a intervenções que garantem qualidade;
 Descrever os cuidados de enfermagem mais frequentes;
 Descrever necessidades de formação dos enfermeiros de Timor-Leste.

No decorrer desta dissertação será definido primeiramente o quadro concetual onde


será feito um enquadramento sobre Enfermagem, Gestão, e Qualidade dos Cuidados de
Enfermagem, posteriormente será apresentada a metodologia do estudo em que é feita
referência ao desenho de estudo, variáveis, população e amostra, instrumento de colheita de
dados, procedimentos e considerações éticas. Seguir-se-á a apresentação e discussão dos
resultados, limitações do estudo e implicações, seguidas da conclusão.

4
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

PARTE I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO

A temática deste trabalho de investigação é bastante ampla e, como tal, envolve o


aprofundamento de conhecimentos em diferentes áreas. Deste modo, serão abordados:
Enfermagem, Gestão e Qualidade dos Cuidados de Enfermagem.

1- A EVIDÊNCIA SOBRE O CONHECIMENTO DA GESTÃO EM


ENFERMAGEM

A enfermagem é entendida como uma disciplina profissional, na qual a construção do


conhecimento deve ser compreendida a partir da gestão em enfermagem, quanto ao seu
processo de trabalho, sob a dimensão da subjetividade. Desta forma, a gestão consiste num
conjunto de atitudes do enfermeiro, visando manter a coerência entre o discurso e a ação,
junto à equipa de enfermagem e cuja tarefa deste trabalho é o cuidado terapêutico às pessoas
em sofrimento físico, psíquico e social que procuram e necessitam de atenção especializada.

A Enfermagem, com o seu próprio corpo de conhecimento pode afirmar-se como uma
ciência na qual pode assumir dimensões de orientação para a prática, de cariz humanista,
orientada para a saúde e centrada no conceito de cuidar. Neste sentido, o domínio da
disciplina de enfermagem é delimitada por aspetos que estão ligados à prática, formação,
política e gestão e na qual Meleis define sete conceitos centrais que caraterizam o domínio da
enfermagem: cliente, transições, interação, ambiente, processo de enfermagem, intervenções
de enfermagem e saúde (Pereira,2009).

5
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

1.1- Enfermagem e saúde das populações

O conceito da OMS divulgado na carta de princípios de 7 de abril de 1948 e formulou


na Conferencia de Alma-Ata em 1978), implicando de reconhecimento do direito à saúde e da
obrigação do estudo na promoção e proteção da saúde, diz que “Saúde é o estudo de completo
bem-estar físico, mental e social e não apenas, a ausência de quaisquer doenças ou
enfermidades”. Atualmente, o conceito de saúde está relacionado com os conceitos de
qualidade de vida, fatores de risco e esperança de vida. Este conceito não é universal, visto
que se encontra relacionado com cada individuo, independentemente do seu caráter, sexo,
idade, profissão, padrões culturais e religiosos. No entanto, para a maioria dos seres humanos,
uma vida de qualidade pressupõe a existência de saúde e a satisfação de necessidades básicas
(alimentação, habitação, higiene). Por isso, quando se pretende avaliar o estudo de saúde de
uma população utilizam-se indicadores. Os indicadores de saúde utilizados são valores
expressos por taxas ou percentagens, que permitem fazer uma avaliação estatística sobre o
estudo de saúde dessa população. Por exemplo, a taxa de mortalidade infantil, a taxa de
incidência de doenças infeciosas, a taxa de incidência das doenças cardiovasculares.
Nomeadamente, nos países em desenvolvimento apareceu uma grande incidência de doenças
infeciosas (tuberculose, malária e sida), porque há carências alimentares, falta de assistência
médica, falta de condições de higiene e falta de informação e educação. Por outro lado, nos
países desenvolvidos, apareceu uma grande incidência de doenças cardiovasculares,
obesidade, diabetes, cancro.

Segundo Colliére (1999) há muitos anos, as pessoas diziam que os enfermeiros


ajudavam todos os doentes para melhorar e garantir as necessidades de saúde. No entanto, a
profissão que existe tem que ter razão e pode justificar a prestação de um serviço necessário à
população e dar provas da sua capacidade de prestação aos utentes.

De acordo com Donabedian (2003), a estrutura é definida como “ (…) as condições sob
as quais os cuidados de saúde são prestados”. Os processos segundo o mesmo autor referem-
se “ (…) às atividades que constituem os cuidados de saúde (…) habitualmente levadas a cabo
pelos profissionais de saúde mas que podem incluir outras contribuições, como atividades
desenvolvidas pelas famílias juntos dos pacientes”. E os resultados, para Donabedian,
traduzem “ (…) as modificações (desejadas ou indesejadas) nos indivíduos e populações que
podem ser atribuíveis aos cuidados de saúde.” (Pereira, 2007; p. 75).

6
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

1.2 - Tendências e profissão

No início do século XX, a enfermagem não era nem uma disciplina académica nem uma
profissão. Contudo, as concretizações do último século levaram ao conhecimento da
enfermagem em ambas as áreas, porque estão definitivamente interligadas, embora com
significados específicos, são importantes para a enfermagem. O corpo de conhecimento
caraterístico da enfermagem é vital ao reconhecimento da enfermagem enquanto disciplina e
profissão. Uma disciplina é própria da académica e diz respeito a um ramo do ensino, a um
departamento da aprendizagem ou a um domínio do conhecimento.

“Uma profissão diz respeito a um campo especializado da prática fundada com base na
estrutura teórica da ciência ou conhecimento daquela disciplina e nas capacidades da prática
que a acompanham” (Tomey, 2004, p. 15).

Os autores também observaram que, apesar de a disciplina e a profissão estarem


indiscutivelmente ligadas, a falha em reconhecer a existência da disciplina como corpo de
conhecimento e de a separar das atividades dos seus praticantes contribuiu para a visão de
que a enfermagem era uma vocação, em vez de uma profissão. Mas, no final do século XX, a
enfermagem é, manifestamente, reconhecida como profissão (Idem, p.18).

Na sua discussão sobre a enfermagem enquanto profissão, afirmam que “as


tendências de enfermagem como profissão incluíam a crescente ênfase colocado nos aspetos
da enfermagem que a caraterizam como profissão, incluindo o ensino, a teoria, o serviço, a
autonomia e os códigos éticos” (Idem, 2004, p.31).

A enfermagem, como ciência e como profissão, tem sofrido, especialmente nestes


últimos 20 anos, modificações a diferentes níveis que a impulsionam para um processo
crescente de valorização pedagógica, profissional e social. Adequando-se cada vez melhor às
mutações constantes das conjunturas sociopolíticas e às necessidades de saúde da sociedade
atual, o ensino da enfermagem é por isso o seu principal vetor de crescimento, tendo-se
valorizado especialmente num curto espaço de tempo.

7
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

As concretizações da enfermagem durante o último século foram muito importantes


para o desenvolvimento da enfermagem. Os seus feitos foram anunciados neste emocionante
tempo em que a enfermagem é reconhecida quer como uma disciplina académica, quer como
profissão. Representam duas ideias mais extensas e o conhecimento mais sistemático sobre
enfermagem; portanto, “a teoria é vital tanto para a disciplina como para a profissão” (Idem,
p. 15).

Embora o tópico da enfermagem enquanto profissão no final do século XX fosse um


assunto primordial durante grande parte do século, a enfermagem fazia progressos
consistentes rumo ao estatuto profissional. Atualmente, a enfermagem é, manifestamente,
reconhecida como profissão. Ao longo do século XX, os critérios de uma profissão serviram de
orientação para o desenvolvimento da profissão. A enfermagem foi o tema de diversos
estudos sociológicos relativos ao desenvolvimento profissional que utilizam diversos conjuntos
de critérios. Tomey (2004) ao referenciar Bixler e Bixler (1959) sustentam um conjunto de
critérios talhados para a enfermagem a afirmar que uma profissão utiliza na sua prática um
corpo de conhecimento especializado, através de método científico no ensino superior,
relativamente procura árdua compensa os seus praticantes dando-lhes liberdade de ação,
oportunidade para o crescimento profissional contínuo e segurança económica. As profissões
fornecem um serviço público e a prática centra-se nas pessoas que elas servem.

A aplicação dos conhecimentos de enfermagem na prática é um critério que,


atualmente está na linha da frente com uma ênfase na responsabilidade pela prática de
enfermagem baseada nas teorias de enfermagem. A teoria permite-nos organizar e
compreender o que se passa na prática, analisar criticamente a situação do doente para a
tomada de decisão clínica, planear o tratamento e propor as intervenções de enfermagem
apropriadas, prever os efeitos do tratamento no doente e avaliar a sua eficácia (Idem, p. 19).

A história da enfermagem demonstra a evolução de um fazer intuitivo. A prática que


antecedeu Florence Nightingale era desenvolvida sem um referencial, e as pessoas que a
exerciam não eram preparadas para o seu desempenho. Assim, em 1859, Florence Nightingale,
definiu o enfermeiro como possuidor de “responsabilidade pela saúde de alguém e por colocar
o paciente na melhor condição para que a natureza aja sobre ele”. Após buscar conhecer o que
se praticava na enfermagem, afirmou que só conhecimentos especializados poderiam trazer
resultados satisfatórios, marcando a evolução de uma enfermagem empírica para uma
científica (Malagutti et al., 2010, p.118).

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A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Em 1996, é publicado o Regulamento do Exercício Profissional para a Prática de


Enfermagem (REPE) pelo Decreto-Lei n.º 161/96 (art.º 4.º, ponto 1), em que se define: “A
enfermagem é a profissão que, na área da saúde, tem como objetivo prestar cuidados de
enfermagem ao ser humano, saudável ou doente, ao longo do ciclo vital, e aos grupos sociais
em que ele está integrado, de forma que mantenham, melhorem ou recuperem a saúde,
ajudando-os a atingir a sua máxima capacidade funcional tão rapidamente quanto possível”.
Este documento histórico é visto como um instrumento essencial na caminhada da autonomia
profissional e, imprescindível para a intervenção direta dos enfermeiros na prestação dos
cuidados de saúde. Define as intervenções autónomas e interdependentes, caraterizando-as a
partir do processo de cuidados, em que o cuidado à pessoa é o centro de interesse,
promovendo uma identidade sócio profissional dos enfermeiros.

A Enfermagem é uma profissão apaixonante e maravilhosa, é uma vocação que


permite cuidar as pessoas de igual modo como a si próprio, mas muito exigente! Por isso, esta
profissão é muito difícil, mas, se gostar da profissão, em seguida, sentir-se-á realizado apenas
executando atividades assentes na satisfação do utente, na promoção da saúde, na prevenção
de complicações, na promoção do bem-estar e do conforto, na readaptação funcional e na
organização dos Cuidados de enfermagem descritas nos padrões de qualidade de ordem dos
enfermeiros.

Uma profissão entendida à luz das correntes atuais deverá possuir um corpo de
conhecimentos organizado e definido, deverá funcionar de forma autónoma e reger-se por um
código de ética.

A enfermagem é uma profissão antiga e jovem ao mesmo tempo. Com Florence


Nightingale, pioneira da enfermagem (meados do século XIX), as bases da enfermagem
profissional, assentam na consolidação da formação teórico-prática dos enfermeiros que se irá
expandir ao nível universitário ao longo do século XX. Começou a perceber-se o objetivo de
desenvolver o conhecimento como base para a prática de enfermagem (Idem, p. 16).

Apesar da existência da preocupação de preparar os enfermeiros da melhor forma


para responderem às necessidades das populações, começa-se a observar que as instituições
hospitalares pretendiam enfermeiros com boa dedicação e comportamento, observadores
sagazes e discretos, que devem possuir responsabilidade na prática de cuidados de
enfermagem, e colaborar na melhoria da qualidade do serviço de enfermagem.

9
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Portanto, vamos prestar atenção à ideia de Nightingale que foi referida no estudo de
Costa (2011, p.93):

“Uma boa enfermeira deve ser uma pessoa com quem se possa contar, uma
mulher de sentimentos delicados e recatados, observadora sagaz e discreta, sóbria
e honesta, religiosa e devota, enfim, alguém que respeita a sua própria vocação
porque a vida, a mais preciosa dádiva de Deus, é posta em suas mãos.”

Das definições clássicas de enfermagem, destacamos a definição formulada por


Virgínia Henderson referenciada por Tomey, (2004, p. 114) que descreve a função da
enfermagem como: "ajudar o indivíduo, saudável ou doente, na execução das atividades que
contribuem para conservar a sua saúde ou a sua recuperação, de tal maneira, devendo
desempenhar esta função no sentido de tornar o indivíduo o mais independente possível, ou
seja, a alcançar a sua anterior independência".

O processo de enfermagem é sistemático por consistir em cinco passos: investigação,


diagnóstico, planeamento, implementação e evolução, e humanizado, pois, ao planear os
cuidados prestados, devem-se considerar os interesses, as ideias e os desejos do utente. “As
etapas do processo de enfermagem estão inter-relacionadas, um método de trabalho
sistemático, que garantirá visibilidade e reconhecimento profissional, além de permitir uma
avaliação da prática” (Malagutti et al., 2010, p.120). O processo de Enfermagem envolve uma
abordagem científica e sistemática no cuidado dos utentes e suas famílias.

No código de Ética dos profissionais de enfermagem, consta que a “Enfermagem é


uma profissão comprometida com a saúde do ser humano e da coletividade. Atua na
promoção, proteção, recuperação da saúde e na reabilitação das pessoas, respeitando os
prescritos éticos e legais” (Malagutti et al., 2010, p.272).

Pode afirma-se que a enfermagem científica é uma profissão relativamente nova. Data
de meados do século XIX, quando Florence Nightingale inicia a sua carreira como
superintendente de enfermagem na casa de Gentlemen, em Inglaterra, em 1853; na II Guerra
Mundial, consegue reduzir de 42% para 2% o índice de mortalidade dos soldados em Scutari,
na Turquia. A prática de enfermagem até ao momento em que o hospital se transformou em
local de cura era então independente da prática médica, e as suas ações prendiam-se ao
conforto de alma prioritariamente (evolução da enfermagem nos séculos XVII, XVIII, XIX e XX)
(Malagutti, 2010).

10
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Haddad, (2004, p. 5) ao citar Gualda afirma:

“Nas últimas décadas a enfermagem tem procurado formas de compreender o ser


humano e aprender o significado do cuidado e do cuidar, através de apropriação
de teorias, conceitos e métodos gerados, desenvolvidos e utilizados em outras
áreas do conhecimento que fazem parte das ciências humanas, tais como a
filosofia, psicologia, sociologia e antropologia, dentre outras. Esta aproximação
tem sido benéfica para um atendimento mais humano do cuidado à saúde e tem
desvendado aspectos obscuros da humanização no contexto profissional”.

A construção do papel do enfermeiro vai-se delineando e ganhando contornos


específicos. O enfermeiro “ volta-se para a esfera do operacional e é nela que ocorre a rutura
definitiva que desvincula o enfermeiro do cuidado direto ao paciente. A partir daí o seu
trabalho passa a ter como objetivo o controle do cenário e de desempenho dos subalternos –
princípio da estratificação – a quem caberia definitivamente o cuidar delegado” (Malagutti et
al., 2010, p.45).

Na verdade, na sua longa história, a enfermagem sempre cuidou, e foi essa dimensão
que a caraterizou, tanto antes, ainda em sua fase pré-profissional, quanto depois, ao ser
elevada à categoria de profissão. No entanto, “na fase atual, esse cuidar vem sendo
redimensionado conceitualmente, contribuindo, segundo se entende, para aplicar a
possibilidade de uma ação conjunta, interdisciplinar, entre os profissionais da saúde”
(Malagutti et al., 2010, p.97).

A enfermagem constitui-se como profissão autónoma, a partir do conhecimento


produzido por várias disciplinas. Simultaneamente foi desenvolvendo a sua ação, na
substituição das ações de autocuidado na pessoa debilitada e que ela própria faria se tivesse
vontade, a capacidade e o conhecimento (Herderson, 2005). O autor Hesbeen (1998, p.28)
referiu que “Todas as pessoas têm que saber cuidar de si mas, em determinadas
circunstâncias, podem necessitar da ajuda de um ou de outro perito”.

Na Idade Média, a devoção a Deus associada ao cuidar dos irmãos cristãos, à


necessidade de evitar que as pessoas morressem nas ruas e, ainda, a crença de que para
cuidar os males do corpo era necessário primeiro tratar da alma, foram fatores que
justificaram a centralização dos cuidados de enfermagem nos mosteiros. Em Portugal, já no
século XV surgem as misericórdias que exerciam o cuidar do enfermo, numa perspetiva muito
semelhante à essência de enfermagem. Apesar de nesta altura a enfermagem estar
intrinsecamente associada à religião, surgem em 1834 os primeiros locais que prestavam

11
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

cuidados com mais qualidade, designados oficialmente por hospitais. Portugal, tal como os
restantes países da época, reunia enfermeiros a trabalhar em condições precárias, socialmente
mal reconhecidos e com escassa formação (Vieira, 2009).

Por outro lado, Vieira (2009, p.21) ao citar Adão (1956) refere que “o exercício de
enfermagem foi regulamentado e exigida a carteira profissional, cerca de 80% dos enfermeiros
em exercício no país não tinham condições para o ser”.

É neste contexto que mencionamos de seguida uma breve lista que retrata a evolução
do perito em enfermagem em Portugal (Nunes, 2003; OE, 2010):

 1881 – Surge o primeiro curso de enfermagem em Portugal, nos Hospitais da


Universidade de Coimbra;
 1918 – Decreto nº 4:563 de 9 de julho, cria-se a escola profissional de
enfermagem dos Hospitais Civis de Lisboa, estabelecendo igualmente o Curso
Geral e Curso Complementar de Enfermagem;
 1920-1929 – Aparecimento das primeiras publicações profissionais destinadas
a enfermeiros, que estão relacionadas com a expansão associativista
registada nesta fase: “Arquivo do Enfermeiro” e “ O Enfermeiro Português”
 1930-1939 – Transformação da escola profissional de enfermagem em Escola
de Enfermagem Artur Ravara, trocando as instalações do hospital de São
Lázaro pelas do Hospital dos Capuchos. Foi sugerido a elaboração de um
código da saúde. Surgem as primeiras escolas de enfermagem associadas a
ordens religiosas, como a Escola de Enfermagem da Casa de Saúde da
Boavista.
 1940-1949 – Fundação da Escola Técnica de Lisboa, integrando um semestre
de pré-aprendizagem. O decreto – lei nº 33.913 de 12 de março de 1942,
refere que a enfermagem só pode ser exercida por mulheres solteiras ou
viúvas sem filhos. E o Decreto-lei nº 36: 219 de 10 de abril de 1947, criou
novas Escolas, reestrutura outras, permite a instituição de cursos de Pré-
Enfermagem e de Enfermagem Auxiliar; neste período é proibido o exercício
público da Enfermagem sem diploma.
 1950-1959 – Primeira reunião nacional dos profissionais de enfermagem. É
aprovado o Regulamento das Escolas de Enfermagem. Três quartos dos alunos
preferiam desempenhar funções de auxiliares de enfermagem, devido ao mau
reconhecimento social e aos baixos salários.
 1961 – 1974 – Desempenho de 46 enfermeiras portuguesas do Corpo de
Enfermeiras Paraquedistas, na “Guerra do Ultramar” com o seu trabalho de
recuperação e evacuação de feridos do campo de batalha. Foram as primeiras
mulheres portuguesas que fizeram parte do Exército Português.
 1962 – Criou a 1ª Direção de Serviço de Enfermagem Hospitalar da Direção
Geral dos Hospitais. E 1º Curso de Especialização em Enfermagem de
Reabilitação devido à Guerra Colonial.
 1967 – Surge o Decreto-lei 48:166, de 27 de dezembro, estruturação das
carreiras de enfermagem: hospitalar, saúde pública e de ensino.
 1968 – Foi Criada a Associação Portuguesa de Enfermeiros.

12
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

 1973 – Realiza-se o primeiro Congresso Nacional de Enfermagem; foram


defendidas questões como a integração do ensino da Enfermagem no Sistema
Educativo Nacional e no Ensino Superior e a defesa do estatuto profissional.
 1974 – Foi extinto o curso de auxiliares de enfermagem e conferido o título dos
enfermeiros de 3ª classe aos auxiliares com três anos de serviço
desempenhando as funções de enfermeiro;
 1976 – Estipulam-se restrições à entrada de alunos nas faculdades mais
procuradas, aumentando a procura nas escolas de enfermagem particulares;
 1979 – Criação do Serviço Nacional de Saúde; o direito à saúde como um bem
universal e gratuito.
 1981 – É publicado o diploma da carreira de enfermagem Decreto-Lei (DL)
305/81;
 1986 – Integração da profissão de enfermagem nas carreiras especiais da
Função Pública;
 1988 – Integração do ensino de enfermagem no Sistema Educativo Nacional a
nível superior;
 1990 – Publicada a Lei de Bases da Saúde; o regime de trabalho dos
enfermeiros passa a cerca de 35 horas semanais e acrescido de 42 horas
semanais.
 1991 – Uma nova carreira da Enfermagem as três áreas de atuação:
prestação de cuidados, gestão e assessoria.

Resultados dos cuidados de enfermagem

 1996 – Publicação do Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros


(REPE); através do Decreto-lei nº 161/96 de 4 de setembro.
 1998 – O Estado Português cria a Ordem dos Enfermeiros (OE) como
associação profissional de direito público no Decreto-lei nº 104/98 de 21 de
abril. Passa a ser obrigatório o registo de todos os enfermeiros; no seguinte
publicava os Estatutos da OE que consagram o Código Deontológico dos
Enfermeiros. Depois realizam-se as primeiras eleições para os órgãos da OE
que elegeram a Enf.ª Mariana Diniz de Sousa a primeira Bastonária da Ordem
dos Enfermeiros.
 1999 – Depois de assinatura da Declaração de Bolonha, seguidamente, ocorre
uma reestruturação de todo o Ensino Superior.
 2000-2009 – Surgiu a década de afirmação da Ordem dos enfermeiros
enquanto entidade que regula o exercício de Enfermagem Portuguesa.
Também criou os Padrões de Qualidade de enfermagem e da definição das
Competências do Enfermeiro de Cuidados Gerais, foi também nestes anos que
teve início a discussão sobre o novo modelo de Desenvolvimento Profissional
que culminou com aprovação da Lei 111/2009 de 16 de setembro, que
procedeu à primeira alteração ao Estatuto da Ordem dos Enfermeiros pelo
Decreto-lei nº. 104/98, de 21 de abril. Durante este período também tomaram
posse os Órgãos Estatutários dos segundos e terceiros mandatos. Durante
anos de árduo trabalho não só a nível nacional, como internacional, com a
filiação da OE (ICN) ou a Federação Europeia de Enfermeiros (EFN).

13
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Constata-se desta forma que demorou alguns anos a incutir oficialmente um cunho
profissional à enfermagem, que no entanto nunca deixou de exercer a sua arte de bem cuidar
do outro, mesmo nas circunstâncias mais adversas. Surge a necessidade de focar o conceito de
profissional como sendo, segundo Amante, et al. (2006) “… aquele que sabe mobilizar a sua
subjetividade e a sua identidade profissional na vida profissional, obedecendo a uma ética e a
regras deontológicas e atingindo um nível de excelência por possuir um corpus de saberes e um
saber fazer reconhecido e valorizado”. O mesmo autor acrescenta ainda que a competência
das profissões visualiza-se nas ações estrategicamente estruturadas, que implicam não apenas
um saber fazer mas também saber o que fazer e como fazer para obter um determinado fim
(p. 5).

As autoras Conceição e Ramos (2004, p.33) referem ainda que “A experiência


profissional, a nossa autoavaliação, o reconhecimento das nossas práticas são os vetores
indicativos da nossa competência”.

Segundo o REPE (1996, p.21) enfermeiro é “o profissional habilitado com um curso de


enfermagem legalmente reconhecido, a quem foi atribuído um título profissional que lhe
reconhece competência científica, técnica e humana para a prestação de cuidados de
enfermagem gerais ao individuo, família, grupos e comunidade, aos níveis da prevenção
primária, secundária e terciária”. Cuidados de enfermagem são as intervenções autónomas ou
interdependentes a realizar pelo enfermeiro no âmbito das suas qualificações profissionais. Em
determinados momentos de doença, incapacidade ou falta de vontade e/ou de conhecimento,
a pessoa precisa de cuidados, que apenas o enfermeiro, com o seu corpo de competências,
conhecimento e saberes consegue promover (Vieira, 2009). Ainda o REPE veio, assim, estipular
claramente o foco de atuação de enfermagem, e importa aqui salientar um dos seus
primordiais artigos, artigo 4º, nº 1 - “Enfermagem é a profissão que, na área da saúde, tem
como objetivo prestar cuidados de enfermagem ao ser humano, saudável ou doente, ao longo
do ciclo vital, e aos grupos sociais em que ele está integrado, de forma que mantenham,
melhorem e recuperem a saúde, ajudando-os a atingir a sua máxima capacidade funcional tão
rapidamente quanto possível”. O referido documento ainda classifica as formas de atuação em
fazer por, orientar, ajudar, encaminhar, supervisor e avaliar resultados (REPE, 1996, p.15).

14
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

1.3 - Contributos da enfermagem para a saúde das populações

Admita-se ou não, a enfermagem é uma profissão importante na área da saúde, na


realidade os enfermeiros são os maiores grupos que ocupam o lugar indispensável no
atendimento à saúde, devendo ser ele o líder da equipa da enfermagem por competência e
não por imposição. Todavia isto é uma gestão de escolha pessoal e de seleção natural. Se o
enfermeiro está preparado a exercer a sua função e ter responsabilidade social.

Na enfermagem concretiza-se com toda a ênfase possível o pressuposto de ter que


existir em qualquer relação de ajuda emocional um ou mais indivíduos como motivadores; no
ato de assistir, próprio da enfermagem, está implícita a arte da comunicação ligado ao
desempenho das atividades integrais.

Os cuidados de enfermagem que estão ligados às funções de manutenção e de


continuidade de vida enfatizam o papel autónomo do enfermeiro, mas também os cuidados de
enfermagem efetuados sobre prescrição médica, aos que se realizam na presença de um
médico responsável que pode intervir a qualquer momento na equipa multiprofissional, e aos
que, enfim, se executam na situação de urgência.

Os cuidados de enfermagem, impregnados de uma tecnicidade necessária, inscrevem-


se numa abordagem centrada na pessoa. Quer os cuidados que enfatizam o papel autónomo
do enfermeiro, como os cuidados efetuados sob prescrição médica fazem apelo aos mesmos
valores: a saúde, a prevenção, a respeito pela pessoa cuidada e a sua participação e o alívio do
sofrimento.

Esta abordagem centrada na pessoa terá que orientar todos os enfermeiros que
trabalham em qualquer serviço, seja um hospital ou comunidade onde se prestam cuidados de
enfermagem. O mesmo se passa com os estudantes de enfermagem, os professores de
enfermagem, os formadores e os responsáveis dos serviços que procuram formalizar as suas
práticas com vista a transmiti-las e a avaliá-las.

Nomeadamente, os enfermeiros constituem, atualmente, uma comunidade


profissional e científica da maior relevância no funcionamento do sistema de saúde e na

15
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

garantia do acesso da população a cuidados de saúde de qualidade, em especial cuidados de


enfermagem. Assim sendo, a necessidade de cumprimento, por parte dos respetivos
profissionais, a um código deontológico implica o regulamento da tutela disciplinar da
observância de tal código.

No estatuto da Ordem dos Enfermeiros, Art.º 3º, n.º 1, “a Ordem tem como desígnio
fundamental promover a defesa da qualidade dos cuidados de enfermagem prestados à
população, bem como o desenvolvimento, a regulamentação e o controlo do exercício da
profissão de enfermeiro, assegurando a observância das regras de ética e deontologia
profissional” (OE, 2000 a 2001, p 22).

Todos os utentes, principalmente os doentes, necessitam de boa assistência de saúde,


durante o internamento, subsistência e qualidade de vida. Também necessitam de ter
perspetivas de continuidade à vida, ter garantido, assim, livre acesso às áreas da saúde. Por
isso, todos os cidadãos têm direito ao acesso e facilidade à saúde. Esta excita na Constituição
da República Democrática de Timor-Leste (RDTL) artigo 57, aline 1º. “Todos têm direito à saude
e à assistência médica e sanitária e o dever de as defender e promover”.

Os cuidados de enfermagem são definidos pela entidade reguladora da profissão em


Portugal (OE, 2002, p.8) da seguinte forma:

“O exercício profissional da enfermagem centra-se na relação interpessoal entre


um enfermeiro e uma pessoa, ou entre um enfermeiro e um grupo de pessoas
(família ou comunidades). Quer a pessoa enfermeiro, quer as pessoas clientes dos
cuidados de enfermagem, possuem quadros de valores, crenças e desejos da
natureza individual – fruto das diferentes condições ambientais em que vivem e se
desenvolvem. Assim, no estabelecimento das relações terapêuticas, no âmbito do
seu exercício profissional, o enfermeiro distingue-se pela formação e experiência
que lhe permite entender e respeitar os outros, num quadro onde procura abster-
se de juízos de valor relativamente à pessoa cliente dos cuidados de enfermagem”.

A tentativa de definição de cuidados de enfermagem de Hesbeen (2000, p. 67)


sintetiza e apoia, de alguma forma, o que ao longo deste subcapítulo foi apresentado,
nomeadamente a multidimensionalidade e vastidão que os cuidados de enfermagem
integram:

Os cuidados de enfermagem são a atenção particular prestada por uma


enfermeira ou por um enfermeiro a uma pessoa ou aos seus familiares - ou a um
grupo de pessoas - com vista a ajudá-los na sua situação, utilizando, para
concretizar essa ajuda, as competências e as qualidades que fazem deles

16
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

profissionais de enfermagem. Os cuidados de enfermagem inscrevem-se assim


num cação interpessoal e compreendem tudo o que as enfermeiras e os
enfermeiros fazem, dentro das suas competências, para prestar cuidados às
pessoas.

17
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

2. GESTÃO EM ENFERMAGEM

Gestão é “o processo de se conseguir obter resultados (bens ou serviços) com o esforço


dos outros” Teixeira, 2013, p. 5). A gestão pressupõe a existência de uma organização, isto é,
várias pessoas que desenvolvem uma atividade em conjunto para melhor atingirem objetivos
comuns. Por outro lado, Carvalho, et al., (2014) pode-se considerar “a gestão como o processo
de administração e coordenação de recursos de forma eficaz e eficiente de modo a atingir os
objetivos da organização” (p. 39).

Definição do cenceito de administração consideram uma arte, uma profissão e um


processo é também uma ciência, pois apesar dos princípios de administração poderem ser
aprendidos, nem todos desenvolvem competências que lhes permitam exercê-la com eficácia
e eficiência, daí que Follett (1994) citado por Daft (199) considerar que, administração é a arte
de conseguir fazer as coisas por intermédio das pessoas (Parreira, 2005, 32).

Por outro lado, verificamos da leitura de vários autores, uma partilha desta visão ”(…)
processo de planear, organizar, dirigir e controlar, o uso de recursos a fim de alcançar
objetivos” (Chiavenato, 1999); “processo de planear, organizar, liderar e controlar o trabalho
dos membros da organização, e usar todos os recursos disponíveis da organização para
alcançar os objetivos estabelecidos” (Stoner & Freman, 1995) (citado por Parreira, 2005, p. 32-
33).
Parreira (2005) referencia Megginson (1986) ao falar que a palavra
gestão/administração está associada a uma série de palavras como “autoridade, poder,
influência, comando, satisfação, realização de atividades, eficiência, desempenho, estatuto,
estima, respeito, prestígio, desafio, oportunidade ”. Todos eles contribuem para realçar uma
abordagem parcelar dum conceito complexo, que só poderá ser consistente se integrarmos
todas as partes. (p.31).

Para atingir as metas da organização, o mesmo autor citado, afirmou que a


administração pode também ser definida como “a condição racional das atividades de uma
organização”, sendo“ (…) imprescindível para a existência, sobrevivência e sucesso das
organizações” (p. 31).

18
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

A Gestão é uma área de intervenção da enfermagem com uma importância


estratégica e primordial para a qualidade dos cuidados prestados por qualquer unidade de
saúde. A enfermagem tem a responsabilidade de contribuir para o planeamento e política de
saúde, a nível local, nacional e internacional, através de papéis de gestão e liderança, e através
das associações profissionais de enfermagem. A necessidade de excelência da gestão em
enfermagem e dos serviços de cuidados de saúde tem de ser ativamente promovida.

Os gestores em enfermagem têm de ser diretamente responsáveis pela gestão dos


serviços de enfermagem e que estão bem equipados para gerir outros serviços de saúde. E
também têm um papel na promoção de uma educação sólida para a gestão e a liderança,
podem auxiliar, identificando oportunidades relevantes e promovendo-as junto dos membros.
Assim, os enfermeiros, a nível individual, devem assumir a responsabilidade pela sua própria
formação, desenvolvimento e capacidade para a planear e gerir estrategicamente (ICN, 2000).

A liderança de enfermagem, através de associações profissionais de enfermeiros,


desenvolve a profissão e posiciona-a estrategicamente para influir no planeamento e nas
políticas de saúde, bem como a criação de um ambiente de condições para o desenvolvimento
contínuo e a qualidade dos cuidados. Os enfermeiros precisam de selecionar programas uni-
disciplinares ou multidisciplinares que os preparem efetivamente para a gestão,
desenvolvimento de políticas e liderança em diferentes contextos ou etapas do seu
desenvolvimento profissional e da sua carreira. As realizações dos gestores em enfermagem
precisam de ser recompensadas da mesma forma que para os outros gestores. Assim sendo, os
gestores em enfermagem precisam de demonstrar as vantagens da sua inclusão em posições
chave. Então, devem aplicar-se aos gestores em enfermagem as classificações apropriadas ao
cargo, equivalentes às de outros gestores ao mesmo nível e segundo os respetivos atributos
profissionais e nível de responsabilidade.

19
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

2.1. Competências dos Enfermeiros gestores

Enfermeiro Gestor é o enfermeiro com um conhecimento efetivo, no domínio da


disciplina de enfermagem, da profissão de enfermeiro e do domínio específico da gestão em
enfermagem, tendo em conta as respostas humanas aos processos de vida e aos problemas de
saúde (Ruthes & Cunha, 2009).

Os enfermeiros com funções de gestão, como profissionais de saúde que fazem parte
do sistema de saúde, deverão preparar-se para enfrentar as constantes mutações
tecnológicas, organizacionais e humanas (Ruthes & Cunha, 2009). Uma das formas será através
do desenvolvimento das competências necessárias para o melhor desempenho da sua função.

A nova carreira de enfermagem, em Portugal, divide-se em duas categorias: a de


Enfermeiro e a de Enfermeiro Principal (Decreto-lei 247/2009 e Decreto-lei 248/2009, de 22 de
Setembro). As funções de gestão dos enfermeiros estão enquadradas na categoria de
Enfermeiro Principal e, podem, também, ser encontradas nos regimes jurídicos da gestão
hospitalar (Lei nº 27/2002 e Decreto-Lei nº 188/2003 de 20 de Agosto), na organização e
funcionamento dos cuidados de saúde primários (Decreto-Lei n.º 298/2007, de 22 de Agosto e
Decreto-Lei n.º 28/2008,de 22 de Fevereiro), e no regime jurídico da organização e do
funcionamento das Unidades de Saúde Familiares (Decreto-Lei n.º 298/2007, de 22 de Agosto).

No regime jurídico da gestão hospitalar são descritas as competências do enfermeiro


diretor, e as competências do enfermeiro chefe de serviço. Relativamente à legislação referida
sobre os cuidados de saúde primários, os enfermeiros podem exercer funções de gestão, como
coordenadores das Unidades de Cuidados Continuados (UCC) e também são eles que podem
ocupar o lugar de Vogal no Conselho Clínico dos ACES. A nível das Unidades de Saúde
Familiares (USF), os enfermeiros têm funções de gestão quando pertencem ao conselho geral
ou ao conselho técnico dessas unidades.

A aplicação das competências à profissão de enfermagem não é um assunto novo, o


ICN indica que a definição de um quadro de competências em enfermagem possibilita uma
clara demonstração das funções e responsabilidades destes profissionais (ICN, 2003). São

20
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

vários os trabalhos publicados quer nacional, quer internacionalmente sobre as competências


dos profissionais de enfermagem. A nível nacional, salientamos as publicações da OE onde são
definidas competências para diferentes funções destes profissionais. Contudo, relativamente
às competências para enfermeiros com funções de gestão não encontramos qualquer menção.
A nível internacional já foi possível recolher alguns estudos sobre esta temática (Reid e Weller,
2010; AACN, 2007; AONE, 2005).

O enfermeiro gestor tem tarefas diretamente relacionadas com os pacientes mas


também de liderança de uma equipa de enfermeiros, auxiliares de enfermagem e técnicos de
enfermagem, e de gestão de recursos humanos, materiais e financeiros. Também cabe ao
enfermeiro chefe fazer a ligação entre a administração da instituição de saúde e o seu serviço,
e entre este e outros serviços existentes na instituição. Por exemplo, entre o Serviço de
Enfermagem Materno-Infantil; Serviço de Enfermagem Médico-Cirúrgica; Serviço de
Enfermagem em Ambulatório; Serviço de Enfermagem em UCI Neonatal; Serviço de
Enfermagem em UCI Adulto, (…) de um hospital. Em muitas instituições com vários serviços de
enfermagem existe um órgão (comissão executiva, de coordenação, (…) onde os enfermeiros-
gestores responsáveis pelos diferentes serviços se reúnem, discutem e tomam decisões sobre
problemas de interesse comum.

Um enfermeiro gestor tem, ainda entre as suas tarefas, a elaboração de manuais para
os procedimentos administrativos, a requisição de equipamentos e consumíveis, a gestão do
inventário, a gestão dos documentos, escalas de pessoal, (…). (Henriques et al., 2014).

Quando se trata de definir as competências-chave de um enfermeiro, alguns autores


chamam a atenção para o facto de, num mundo globalizado e onde as exigências são cada vez
maiores, os enfermeiros precisarem de possuir, não apenas competências “de enfermagem”
mas também competências “de gestão”, uma vez que a enfermagem é cada vez mais vista
como uma atividade de gestão de cuidados. E defendem que essa realidade se deve refletir na
formação inicial dos enfermeiros e também na sua formação contínua (Cunha & Neto, 2006).
Outros autores, na mesma linha, consideram que as competências gerais dos profissionais de
saúde são essencialmente “competências de gestão”: atenção à saúde, capacidade de tomada
de decisões, comunicação, liderança, capacidade de administração e gestão, educação
permanente (Peres & Ciampone, 2006).

21
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

O Nursing Leadership Institute dos Estados Unidos, por sua vez, definiu um conjunto de
competências básicas para um enfermeiro-gestor: poder pessoal, eficácia interpessoal, gestão
financeira, gestão de recursos humanos, atenção aos pacientes, funcionários e a si próprio, e
pensamento sistematizado. Ao mesmo tempo, foram indicadas como qualidades adicionais o
otimismo e a resiliência. Esta definição destaca três categorias de competências ou qualidades
que um enfermeiro-gestor precisa de ter: qualidades ou competências individuais (saber,
competência técnica, (….), qualidades ou competências na sua relação com o grupo de colegas
que o rodeia (capacidade de liderança e de interação, etc.) e qualidades ou competências na
sua relação com a instituição para a qual trabalha (capacidade de gestão de recursos humanos,
físicos, financeiros, etc., capacidade de negociação) (Cunha & Neto, 2006).

De acordo com Freldman et al., (2008) referencia ao Cianciarrulo, ao descrever como


competências-chave o conjunto dos conhecimentos (“saber”), habilidades (“saber fazer”),
atitudes (“saber-ser-agir”), (“saber transformar”), (“Aprender”). Mas os críticos fazem notar
que o facto de alguém possuir determinados conhecimentos, habilidades e atitudes não
garante por si que essa pessoa será capaz de os pôr em prática e contribuir para a melhoria da
qualidade na sua instituição, e chamam a atenção para outras qualidades que também são
importantes nos enfermeiros-gestores: a criatividade e capacidade de inovação. Defendem por
isso que as instituições de saúde devem promover um ambiente profissional onde haja espaço
para o aparecimento e aplicação de novas ideias, onde os gestores devem estar abertos às
sugestões e propostas daqueles que com eles trabalham.

A criação de um ambiente que promova a criatividade e inovação, em que todos sejam


estimulados a pensar em que modos podem melhor realizar as suas tarefas, com maior
eficácia e eficiência, é por isso também uma responsabilidade do enfermeiro-gestor. A
promoção da criatividade e inovação promove o capital humano que existe em qualquer
instituição e, desse modo, pode contribuir para melhorar a qualidade dos serviços prestados.

O Gestor em enfermagem para ser eficiente: assume a liderança do grupo, empenha-


se ativamente no planeamento do trabalho atual e futuro do grupo, fornece orientações aos
membros do staff relativamente ao modo como o trabalho deve ser feito, avalia o trabalho
feito pelos membros do staff, a fim de manter a qualidade e a produtividade, reconhece e
recompensa a qualidade e a produtividade, fomenta o desenvolvimento de todos os membros
do staff, e representa tanto a administração como os membros do staff.

22
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Esta noção de “capital humano”, definido como um conjunto de conhecimentos, treino


e capacidades das pessoas que lhes permitem realizar trabalhos úteis com diferentes graus de
complexidade e especialização (Ruthes et al., 2009), é também relevante quando se fala nas
competências que deve ter um enfermeiro gestor, pois cabe-lhe valorizar o capital humano
que existe no seu serviço, através da supervisão, formação, gestão das carreiras e
remuneração dos que com eles trabalham, a fim de os motivar a melhorarem o seu
desempenho e, desse modo, a qualidade dos serviços prestados.

Há ainda um outro aspeto a ter em conta quando se fala nas competências de um


enfermeiro-gestor. Pela posição que ocupa, o enfermeiro-gestor está na interface entre a
administração da instituição e o seu serviço. Também é da sua competência o relacionamento
com os outros serviços de enfermagem. O poder de decisão nas instituições de saúde é
partilhado por vários grupos profissionais: por exemplo, os gestores hospitalares ou dos
centros de saúde são responsáveis pelas decisões de gestão e administrativas, os médicos são
responsáveis pelas decisões clínicas, os enfermeiros pelas decisões sobre cuidados de saúde.

As competências-chave dos enfermeiros gestores acima indicadas são muito


importantes para as tarefas que tem de realizar a fim de implementar, monitorizar e garantir a
qualidade dos cuidados de saúde no serviço que dirige. Ao enfermeiro-chefe compete
transmitir a política de qualidade definida pela instituição de saúde aos restantes colegas que
trabalham num determinado serviço sob as suas ordens. Mas, para além disso, compete-lhe
pôr em prática, com a colaboração de todos, o plano de qualidade que tinha sido definido para
a instituição e, em particular, ver de que modo as orientações genéricas desse plano se podem
traduzir em ações concretas no seu serviço.

Para uma implementação efetiva de um Sistema Gestão de Qualidade (SGQ) no seu


serviço, devem os enfermeiros-gestores identificarem todos os processos que são realizados
sob a sua responsabilidade, ou seja, todas as atividades que são feitas por enfermeiros,
descrevendo-os e definindo indicadores (quantitativos, qualitativos) que permitam a sua
monitorização. Esse trabalho resulta na elaboração de documentos tais como manuais de
procedimentos e fluxogramas, que definem por escrito e graficamente o modo como
determinadas tarefas devem ser realizadas. A elaboração de um manual de qualidade,
definindo de que modo a qualidade é definida e medido no serviço é, porventura, a última fase
na implementação de um SGQ.

23
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Em seguida apresenta-se um exemplo prático de como uma política de monitorização


da qualidade pode ser implementada em serviços de enfermagem, através da construção de
indicadores quantitativos. Embora não seja uma tarefa exclusiva dos enfermeiros-gestores,
trata-se de um exercício em que estes deverão ter uma contribuição muito importante.

O Enfermeiro Gestor sustenta a sua atividade no conhecimento aprofundado da


enfermagem e da profissão de enfermeiro, demonstra capacidade de desenvolvimento da
disciplina e da profissão, em contexto de ensino, formação e investigação; aplica os
conhecimentos na resolução de problemas em situações novas e não familiares, em contextos
alargados e multidisciplinares, relacionados com a gestão; tem capacidade para integrar
conhecimentos, lidar com questões complexas, desenvolver soluções ou emitir juízos em
situações de informação limitada ou incompleta, incluindo reflexões sobre as implicações e
responsabilidades éticas e sociais que resultem dessas soluções e desses juízos ou os
condicionem, devem ser capazes de comunicar as suas conclusões, e os conhecimentos e
raciocínios a elas subjacentes, quer a especialistas, quer a não especialistas, de uma forma
clara e sem ambiguidades; tem competência que lhe permite uma aprendizagem ao longo da
vida, traduzida num conjunto de competências específicas relativas ao campo de intervenção.

A definição das competências do enfermeiro gestor é coerente com os domínios


considerados na definição das competências do enfermeiro de cuidados gerais, isto é, o
conjunto de competências de gestão, decorre do aprofundamento dos domínios de
competências do enfermeiro de cuidados gerais.

O enfermeiro gestor tem hoje as competências que garantem a segurança dos


cuidados prestados nas organizações, das práticas, das dotações e do conhecimento que
consubstanciam a segurança do cliente, enquanto pivô que garante a efetividade, na
proximidade dos cuidados prestados, na liderança dos projetos de saúde e na garantia de
condições para um exercício profissional de excelência. Envolve também a dimensão formativa
e de desenvolvimento dos pares, de orientação, aconselhamento, liderança e inclui a
responsabilidade de descodificar, disseminar e levar a cabo investigação relevante, que
permita avançar e melhorar a prática da enfermagem.

A clara definição das competências específicas do enfermeiro gestor, aumentará a


visibilidade e a credibilidade da atividade de gestão, contribuindo para a edificação do perfil de
competências e a credibilidade dos cuidados prestados e para a clarificação do conteúdo

24
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

funcional e do processo de avaliação dos resultados da prática dos gestores, promovendo a


divulgação das boas práticas, num clima de benchmarking altamente eficaz na prossecução
dos objetivos organizacionais.

A responsabilidade do enfermeiro gestor para com o cidadão implica a explicitação e


clarificação da sua atividade recorrendo-se de instrumentos estruturantes para a prática,
nomeadamente com a apresentação de indicadores de processo e resultado, pois são estes o
que melhor demonstram a melhoria das práticas baseadas na evidência e maior eficiência na
gestão dos recursos disponíveis.

O quadro de competência proposto enquadra-se no padrão de qualidade “Organização


dos cuidados de enfermagem” definido pela Ordem dos Enfermeiros e desenvolve-se por
quatro domínios de intervenção da prática gestionária dos enfermeiros.

Os Enfermeiros gestores são profissionais habilitados técnicos e cientificamente para


responderem com rigor, eficiência e eficácia aos desafios das organizações e das pessoas na
garantia da qualidade dos cuidados prestados, aos vários níveis de atuação: prevenção,
promoção e reabilitação.

A qualidade e segurança dos cuidados prestados aos cidadãos estão diretamente


relacionados com a qualidade da prática dos enfermeiros da área da gestão – enfermeiros
gestores competentes determinam cuidados de qualidade.
Assim sendo, o enfermeiro gestor executa as tarefas seguintes:
 Garante o respeito pelos valores, regras deontológicas e prática legal;
 Garante as melhores práticas profissionais;
 Prevê necessidades e gere pessoas;
 Otimiza e promove o desenvolvimento de competências;
 Prevê e assegura os meios necessários à prestação de cuidados;
 Prevê e gere riscos;
 Participa na definição e implementação de políticas;
 Plano estratégico;
 Promove a enfermagem baseada na evidência;
 Promove a formação e o desenvolvimento da prática de enfermagem
(competências e atividades do enfermeiro gestores (anexo I) (Figura 1).

25
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Figura 1 - Competências do enfermeiro gestor

Fonte: APEGEL, 2014/2015.

2.2. Processos de Gestão

A qualidade da sua gestão é provavelmente o fator principal e mais significativo na


determinação do desempenho e do sucesso da organização. Processo de se conseguir obter
resultados da organização com o esforço dos outros para organizar, coordenar, dirigir o
trabalho em equipa.

26
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Segundo Alves (2009), para a operacionalização do conceito normalmente segue-se o


ciclo de Deming (PDCA) que é um método de gestão utilizado para controlar o processo, com
as fases básicas:
 PLAN (plano) – as atividades deverão ser planeadas, estabelecer uma meta e o
método, identificar o problema, analisar o processo e elaborar um plano de
ação.
 DO (executar) – realizar, executar as atividades conforme o plano de ação.
 CHECK (verificar) – fase de monitorização e avaliação, onde se verifica a
adequação entre o que foi planeado e os resultados obtidos;
 ACT (agir) – definir soluções para os problemas observados com
aperfeiçoamento contínuo, para melhorar o processo de gestão da Qualidade
Total.

Ainda, para o mesmo autor, só através de planeamento, controlo e monitorização


sistemático se poderá atingir uma melhoria contínua eficaz que deverá ser integrada num
controlo de qualidade global da organização. (Diagrama 1).

Diagrama 1: Ferramentas / metodologias empregada s nos serviços de


saúde em busca da qualidade do Ciclo de Deming

Fonte: Manual de Ferramentas da Qualidade SEBRAE, 2005.

27
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

A gestão da qualidade já percorreu um longo caminho até chegar aos dias de hoje, por
isso, a história da qualidade pode ser narrada de diversas formas. A literatura vem
evidenciando que “o conceito ou a filosofia da qualidade existe desde há muito, apenas
divergindo quanto ao seu início” (António et al., 2007).

A focalização no cliente e a melhoria contínua da qualidade é defendida, valorizada e


integrada no SGQ pelos teóricos clássicos como Crosby Juran, Feigenbaum e Deming conforme
referencia Pereira (2013; p. 115). O mesmo autor também identifica três categorias sobre as
vantagens do SGQ para as pessoas: pessoa “cliente” (melhoria contínua, acessibilidade à
informação, satisfação e rapidez no serviço solicitado); pessoa “colaborador” (satisfação,
segurança no trabalho, desempenho profissional, integração, autonomia, motivação, relação
interpessoal, formação profissional, eficiência e eficácia, autoestima, etc); pessoa “fornecedor”
(acessibilidade à informação, rigor e transparência).

Segundo Mezomo (2001, p. 73) considera Donabedian o “grande mestre da qualidade


em saúde,” que “desenvolveu um modelo de avaliação da qualidade que se tornou o padrão
no domínio dos serviços de saúde”. Apesar da contribuição de outros autores, o modelo de
medição de prestação de cuidados de saúde, usado atualmente, é o modelo de Donabedian
(WHO, 2010).

Este modelo foi “introduzido pela primeira vez em 1966” (WHO, 2010), e consiste na
avaliação da qualidade em saúde, assente em três componentes essenciais: estrutura,
processo e resultados.

Esta tríade de aspetos essenciais para avaliação da qualidade, referida por diversos
autores como por exemplo Maia et al. (2008), Hayes (2007), Komashie et al. (2007), Hurst
(2005), Paneque (2004), Revere et al. (2004), Mezomo (2001) e a própria WHO (2010), é
entendida conforme a descrição efetuada na figura seguinte. (Figura 2).

28
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Figura 2 - Aspetos para a avaliação da qualidade

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE

ESTRUTURA PROCESSO RESULTADOS

Recursos materiais Atividades Mudanças


 Instalações  Diagnóstico  Estado de saúde
 Equipamentos  Tratamento  Conhecimentos
 Recursos financeiros  Reabilitação adquiridos
 Educação do paciente  Comportamento
Recursos humanos
 Quantidade, Realização das atividades Satisfação
 Variedade  Pessoal profissional  Com o atendimento
 Qualificação recebido
Contribuições para os
 Pessoal de apoio  Com os resultados
cuidados
Estrutura organizacional  Doentes e familiares
 Organização das
equipas médicas,
enfermagem e outros
profissionais
 Formação
 Ensino
 Pesquisa e
investigação
 Tipo de supervisão
 Forma de avaliação de
desempenho
 Métodos de
pagamento

Fontes: (adaptado Donabedian, 2003)

Donabedian (2003), considera que o seu modelo, devido à sua simplicidade e


capacidade de utilização intuitiva, foi amplamente aceite, embora nem sempre bem entendido
ou bem utilizado. Na verdade tem havido algumas sugestões no sentido de alterar e/ou
acrescentar algumas mais-valias ao modelo de Donabedian, assim como também tem existido
controvérsias mais ou menos relevantes em relação ao referido modelo.

Neste sentido Mezomo (2001) defende que a administração da qualidade pressupõe


uma administração participativa; trabalho em equipa; um processo de educação contínua de
todos e a todos os níveis da organização; o compromisso e envolvimento de todos na melhoria
contínua da qualidade; a utilização de uma metodologia na resolução de problemas; apoio à

29
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

mudança, à criatividade e à inovação; a definição da missão da organização; uma visão de


futuro; a utilização de práticas de benchmarking; uma avaliação permanente; e tomada de
decisões fundamentadas em dados objetivos e não por intuição (p. 116).

Para a monitorização e promoção da qualidade, Donabedian (2003) propõe que na


abordagem a utilizar se considerem três aspetos: estrutura, processos e resultados. Por
estrutura entende-se como as condições sob as quais os cuidados e serviços são
disponibilizados recursos materiais e financeiros, recursos humanos (número, tipo, distribuição
e qualificação), caraterísticas organizacionais; por processo entende-se as atividades que
representam os cuidados prestados; e os resultados referem-se às mudanças operadas no
estado de saúde dos indivíduos, famílias ou comunidades atribuídas aos cuidados. (Figura 3).

Este mesmo autor relata que na redefinição do sentido da qualidade, deve-se


desenvolver a base científica para mensurar a efetividade e a eficiência; equilibrar a assistência
prestada nos aspetos técnicos e nas relações interpessoais; equilibrar na assistência, a
efetividade e os custos, assim como, os valores individuais e sociais.

Figura 3 - Relação entre estrutura, processo e resultado e o desenvolvimento do


estudo

Fonte: (adaptado Donabedian, 2003, p. 47)

30
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

A qualidade apresenta três dimensões – estrutura, processo e resultado –


(Donabedian, 2003). Os indicadores de estrutura têm relevância semelhante aos indicadores
de resultado, e nas organizações tendem a ser atendidos de modo antecipatório, uma vez que
se inscrevem nas condições da organização como: as condições físicas dos serviços, as
condições hoteleiras, o equipamento existente para providenciar os cuidados ou a gestão dos
recursos humanos tais como os rácios enfermeiro-cliente, entre outros. Os processos de
melhoria da qualidade são por vezes, associados a ideias de que é necessário melhores
condições para se proporcionar melhor qualidade, o que se apresenta congruente com a
perceção dos enfermeiros. No entanto, a questão não se coloca na estrutura existente que
influencia os resultados, mas antes, nos resultados que se podem obter com a estrutura
existente.

2.3. Sistema de classificação de doentes

Em Portugal, o Sistema de Classificação de Doentes baseada em níveis de dependência


de cuidados em Enfermagem (SCD/E), começou a ser desenvolvido em Portugal desde 1987,
integrado no programa “Sistema de Informação para a Gestão dos Serviços de Saúde (SIGSS).
O SCD/E consiste na categorização dos doentes por indicadores críticos, e seguidamente, de
acordo com as suas necessidades de informação e conhecimento, que permite facilitar a
comunicação entre serviços e entre Hospitais, para a melhoria da qualidade na prestação de
cuidados de enfermagem. E portanto, sobretudo, otimiza a gestão de recursos de enfermagem
ao produzir indicadores de gestão de qualidade, de eficácia e de eficiência (Relatório anual
ACSS, 2011).

De acordo com Ascensão (2010) o desenvolvimento de sistemas de classificação de


doentes surgiu do desenvolvimento de uma investigação nos Estados Unidos da América
durante a década de 70 e início da década de 80, em que adveio da necessidade de
sistematizar a informação referente aos produtos de um hospital, isto é, perceber onde se
despendem recursos, o que permite constituir grupo de doentes com determinadas
caraterísticas, o que possibilitou a compreensão do consumo de recursos num hospital.
Segundo o relatório anual de Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS, 2008) sobre o
SCD/E, este sistema está a ser utilizado em 363 serviços/unidades de 53 unidades hospitalares,

31
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

em que a média global de Horas de Cuidados Prestados por dia de internamento (HCP) é de
3.61 horas e as Horas de Cuidados Necessárias por dia de internamento (HCN) é de 5.53 horas,
o que corresponde a uma diferença negativa de 1.92 horas. Utilizando o indicador de
equivalente a tempo completo (ETC), permite concluir que os recursos de enfermagem nos
hospitais continuam parcos, pois evidencia que com estes dados os hospitais necessitariam de
3.178,40 enfermeiros (ACSS, 2008).

De acordo com Parreira, (2005), definiu-se que “o Sistema de Classificação de Doentes


(SCD) consiste na categorização dos doentes de acordo com o grau de dependência em
cuidados de enfermagem e pretende determinar o número de horas necessárias para prestar
cuidados de enfermagem a cada utente, permitindo quantificar o número total de horas de
cuidados necessários para cada unidade de internamento ou total de serviço de internamento”
(p.236).

Seguidamente, os objetivos do SCD referem: - dotar os hospitais de um instrumento de


medida das horas de trabalho em cuidados de enfermagem necessárias; - desenvolver com os
hospitais aplicações que auxiliem no planeamento e gestão efetivos, otimizando a utilização do
fator humano em função dos recursos de enfermagem disponíveis (p.238).

Além disso, a dotação de enfermeiros a nível dos serviços de internamento deverá ter
em conta a taxa de ocupação, a lotação oficial, as horas de cuidados necessários por dia de
internamento e as horas de trabalho por ano por enfermeiro. O mesmo autor afirma que,
atualmente, este sistema encontra-se informatizado através da aplicação informática “Sistema
de Classificação de Doentes, baseado em níveis de dependência de cuidados de Enfermagem
(SCD/E) nos hospitais”, permitindo a sua interligação com o sistema de gestão de doentes
hospitalares.

Apresenta a seguinte fórmula:

EN = Lo * To * H.C.N/D.I. * 36
T

TO = numero toral de dias de internamento no ano


N.º de camas * 365

32
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

EN = N.º enfermeiros necessários


Lo = Lotação Oficial (nº de camas)
To = Taxa de ocupação
H.C.N / D.I = Horas de Cuidados Necessárias por doente por dia de internamento
T = Horas de trabalho por ano por enfermeiro

Ascenção (2010) referencia Urbanos e Bentes ao considerarem que este tipo de


sistemas de classificação deve servir de base na comunicação entre gestores e profissionais de
saúde, uma vez que possibilita ter conhecimento do que se produz, do gasto de recursos e
quais os fatores que influenciaram o consumo de recursos.

O mesmo autor referencia Veiga et al., ao descrever que as atividades principais de


enfermagem encontram-se divididas por nove categorias, nomeadamente; higiene e cuidados
pessoais, alimentação, movimentação, eliminação, terapêutica, tratamentos, sinais vitais e
outras avaliações, atividades especiais e avaliação e planeamento de cuidados. Relativamente
aos níveis de dependência, foram identificados: independente, ajuda parcial, ajuda total e
ajuda total com cuidados especiais. Estas categorias tiveram por base o grande impato que
tem o trabalho dos enfermeiros, decorrem de prescrições dependentes e interdependentes e
estão relacionados com o âmbito da prestação de cuidados de enfermagem (p. 57).

2.4. Processo de Enfermagem

O cuidado de enfermagem é um fator-chave na obtenção de resultados positivos para


o paciente e na manutenção, reabilitação e prevenção de certos aspetos do cuidado de saúde.

Originalmente, o conceito de processo de enfermagem foi introduzido na década de 50


como um processo de três etapas: histórico, plano e evolução com base no método científico
de observação, mensuração, obtenção de dados e análise dos achados. Ao longo do tempo
este processo utilizou parte do referencial conceptual de todos os currículos de enfermagem e
foi aceite esta definição legal da enfermagem na lei do exercício profissional na maior parte
dos estudos. Porém, anos de pesquisa, uso e refinamento levaram os enfermeiros a expandir o
processo de enfermagem para cinco etapas: (1) – histórico, incluindo a avaliação orientada

33
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

(colheita sistemática de dados dos pacientes e seus problemas/necessidades); (2) –


identificação dos problemas (análise e interpretação de dados); (3) – planeamento (escolha
das soluções, priorização e estabelecimentos de metas), (4) – implementação (colocação do
plano de ação) e (5) – evolução (avaliação da eficácia do plano e alteração do plano conforme
indicado pelo necessidades atuais). Estas cinco etapas são centrais para as ações de
enfermagem e para a prestação de um cuidado de alta qualidade (Doenges, 2000, p.7).

O Processo de Enfermagem (PE) consiste numa dinâmica de ações sistematizadas que


definem o alcance da prática de enfermagem e visam a assistência ao paciente. Esse processo
carateriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas etapas, que consistem no
histórico, identificação (diagnóstico), planeamento, implementação e avaliação (prescrições de
enfermagem). Quando o paciente entra no sistema de cuidado de saúde, o enfermeiro
implementa as etapas do processo de enfermagem para alcançar os resultados e as metas
desejadas para o utente. Se os problemas não foram resolvidos, os planos deverão ser feitos
por meio de um histórico mais amplo, pelas alterações das metas e resultados.

O PE é um método de organização e prestação dos cuidados de enfermagem, tendo


como componente a investigação diagnóstica de enfermagem, planeamento, implementação e
avaliação, os quais fornecem a estrutura organizacional para a realização de propósito do
processo (Figuereirado et al.; citado por Andrade, 2009). Este método representa um
instrumento no planeamento e execução dos cuidados de enfermagem que proporciona uma
abordagem para a resolução de problemas de forma ordenada, lógica, e utilizando uma
metodologia científica para a gestão de cuidados de enfermagem, de forma que as
necessidades que os utentes têm desses cuidados sejam satisfeitas de maneira personalizada
global e eficaz.

O processo de enfermagem é usado para ajudar os enfermeiros, sistematicamente, na


prática de resolução de problemas de enfermagem. Usando esse método, o enfermeiro pode
demonstrar a responsabilidade do requerente e a responsabilidade no cliente, famílias e
comunidades, para que a qualidade da prática de enfermagem nas comunidades possa ser
melhorada e é um método eficiente na tomada de decisão clínica e resolução de problemas de
real ou potencial importância, bem como na manutenção da saúde.

O processo combina todas as competências da reflexão crítica e cria um método ativo


de resolução do problema que tanto é dinâmico quanto cíclico e que tem sustentabilidade no

34
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

processo de implementação de um plano de cuidados de enfermagem. Por exemplo: American


Association of Critical-Care Nursing (AACN) reafirma a necessidade de um referencial comum
de comunicação e documentação. Relativamente a este processo, uma série de publicações
que ajudam a operacionalizar o trabalho de enfermagem foi publicada da American Nurses
Assosciation (ANA) Social Policy Statement (1980), que definiu a enfermagem como “ o
diagnóstico e o tratamento das respostas humanas aos problemas de saúde reais e
potenciais”, assim como da ANA Standards of Clinical Nursing Pratice (1991), que escreve o
processo de cuidado do utente e os padrões para o desempenho profissional, proporcionam
um impulso e um apoio para a utilização do diagnóstico de enfermagem no ambiente da
prática. (Doenges, 2000, p.9).

Consideramos ainda o trabalho da North American Nursing Diagnosis Association


(NANDA) para desenvolver os termos diagnósticos de enfermagem sendo completado pelo
Iowa Intervention Project (IIP): Nursing Intervention Classification (NIC), o nosso foco para o
conteúdo e o processo de cuidado de enfermagem pela identificação e padronização das
atividades de cuidados realizados; e o Iowa Outcomes Project (IOP): Nursing Outcomes
Classification (NOC), sobre descrição dos resultados que são as respostas à prescrição de
enfermagem e pelo desenvolvimento das correspondentes escalas de mensuração. As etapas
do processo de enfermagem estão inter-relacionadas, formando um círculo contínuo de
pensamento e ação que é tanto dinâmico quanto cíclico, como já foi referido. (Diagrama 2)

Diagrama 2 - O processo de Enfermagem

Fonte: Planos de Cuidados de Enfermagem. (Doenges et al.2000, p. 7)

35
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

O processo de enfermagem é guiado por uma ampla estrutura teórica, que permite ao
enfermeiro visualizar o ser humano de uma forma holística, sendo que a Sistematização de
Assistência de Enfermagem – SAE é a metodologia utilizada para aplicar os conhecimentos
teóricos na prática assistencial. Através desta sistematização, o enfermeiro consegue através
de conhecimento e fundamentação teórica aplicar na prática a assistência de enfermagem,
para que possa atender as demandas de cada indivíduo de acordo com as necessidades
pessoais.

Os diagnósticos de enfermagem são uma forma uniforme de identificação, focalização


e abordagem das necessidades específicas dos pacientes e das respostas aos problemas reais.
Entretanto, existem diversas classificações de intervenções de enfermagem, e destaca-se a
classificação das Intervenções em Enfermagem (NIC), sendo esta elaborada pela North
American Nursing Diagnosis Association (NANDA) que está em consonância com a taxonomia
que define o foco dos cuidados e os diagnósticos de enfermagem. “O diagnóstico de
enfermagem é um julgamento clínico sobre as respostas do indivíduo, da família ou da
comunidade aos problemas reais ou de risco para a saúde / processos vitais” (Doenges, 2000,
p.9).

Na taxonomia de NANDA, Abreu (2007) ao referenciar Carlson-Catalano afirma que os


enfermeiros têm conhecimento sobre as caraterísticas das doenças, os fatores relacionados
com as mesmas e os fatores de risco para cada um dos diagnósticos, o que proporciona o uso
de uma linguagem que pode ser compreendida e partilhada por toda a comunidade de
enfermagem (p. 33).

Segundo Carpenito (2003) os diagnósticos de enfermagem definem com problemas


atuais (presente) e potenciais (futuro), baseiam-se sintomas fisiológicos, comportamentais,
psicossociais ou espirituais.

O enunciado do diagnóstico ou problema de saúde identifica a ajuda e dar nas


atividades de vida diária; o ensino; as atividades de promoção de saúde; os dados de um
diagnóstico de enfermagem; um problema de saúde real ou potencial; um problema
interdependente – a ser solucionado em colaboração com o médico (PAUCHET-TRAVERSAT, et
al., 2003, p. 273).

36
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Planeamento é uma etapa de avaliação das prioridades dos problemas que se


levantam na etapa do diagnóstico para nortear o enfermeiro na elaboração dos cuidados
diários. O enfermeiro é, geralmente, a pessoa responsável por assegurar as necessidades
humanas básicas afetadas e o grau de dependência do indivíduo, da família e da comunidade
(Doenges, 2000).

A afirmação de Pauchet-Traversat (2003) é preciso estabelecer um plano de cuidados


de enfermagem, que permite o enfermeiro prestar os cuidados e avaliá-los fixando os
objetivos de cuidados, programar as intervenções de enfermagem e organizar na realização a
sua implementação.

A implementação representa a ação; a execução do plano de cuidados de


enfermagem com o objetivo de alcançar os resultados. Nesta etapa, cada membro da equipa
da enfermagem deve pensar e planear o seu trabalho de forma organizada, começando por ler
os planos de cuidados de enfermagem para cada utente; identificar as prioridades; pensar e
analisar os conhecimentos e habilidades exigidas para cada ação.

A avaliação é um processo que envolve a comparação e análise de dados antes de se


emitir um julgamento. Os enfermeiros precisam de colher dados referentes a um período
retrospetivo, analisá-los, para então comparar e emitir uma opinião sobre a sua evolução. O
resultado desejado para o paciente é definido como o resultado das prescrições de
enfermagem realizadas e as respostas do paciente que são desejadas pelo paciente e/ ou
cuidador e condizentes com o período de tempo definido.

37
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

3. QUALIDADE EM SAÚDE

O conceito de qualidade de saúde é complexo, considerando que é multidimensional e


multiprofissional. Diferentes pessoas envolvidas nos cuidados de saúde têm diferentes
perspetivas sobre eles: os políticos pretendem satisfazer a população, os gestores preocupam-
se com os gastos económicos, os prestadores de cuidados de saúde pretendem boas condições
de trabalho, recursos humanos e materiais suficientes, e os utentes querem ter fácil acesso
aos serviços de saúde e um bom atendimento (Rocha, 2006).

Ao mesmo autor diz que o conceito de qualidade evoluiu ao longo da segunda metade
do século XX, tendo contribuído para essa evolução, os trabalhos de investigadores como
Deming, Juran, Ishikawa, Crosby, Taguchi, entre outros, chegando-se ao conceito de gestão da
qualidade total assente no desenvolvimento sustentável. Ou seja, uma perspetiva integral da
qualidade que abarca o todo, e que significa mais que a soma das suas partes: entre
produtores e fornecedores de serviços e os clientes ou consumidores, que não pode ser
imposta de fora da organização mas que supõe uma cultura e filosofia de gestão, e que aponta
para a melhoria contínua.

A palavra qualidade refere-se ao mérito ou a uma atividade ou grau em que serviços e


recursos de saúde correspondem a padrões específicos, ao serem aplicados, e devem conduzir
aos resultados desejados (Roemer e Aquilar, 1991, citado por Sousa, MMA, 1999).

O Institute of Medicine da National Academy of Sciences dos EUA definiu um serviço de


saúde de qualidade como sendo um serviço “seguro, eficaz, centrado no doente, atempado,
eficiente e equitativo” (SILVA, 2013). Uma definição deste tipo tem a vantagem de usar
conceitos (segurança, eficácia, eficiência, equidade, etc.) que podem ser medidos e que, por
isso, permitem monitorizar e comparar a qualidade dos cuidados prestados. Outros autores
acrescentaram à definição de qualidade outros parâmetros que também podem ser medidos.
(RIBEIRO et al., 2008).

O autor acima afirma que os parâmetros usados para medir a qualidade dos cuidados
de saúde incluem, por exemplo: (a) eficácia – a relação entre os objetivos propostos e os

38
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

resultados obtidos; (b) eficiência – a relação entre os resultados obtidos e os recursos


utilizados; (c) equidade – a igualdade no acesso aos cuidados de saúde, sem discriminação por
motivos económicos, sociais, (d) acessibilidade – a facilidade de acesso aos cuidados de saúde,
sem barreiras de origem geográfica, física; (e) satisfação – o grau de satisfação dos utentes,
suas famílias e profissionais de saúde com os cuidados prestados; (f) adequação – o
ajustamento dos serviços de saúde disponíveis às necessidades da população que servem, em
termos de número de pessoas, caraterísticas de idade, doenças mais frequentes; (g)
continuidade – a continuidade dos cuidados prestados, entre cuidados primários e outros.

Ao longo do tempo, a necessidade de especificação da qualidade para cada situação foi


sendo maior, pois não existe uma qualidade única. Com a evolução humana, para além de
novas necessidades, surgem novas ofertas de produtos e serviços, variando a perceção da
qualidade, do consumidor ao produto, como refere Pires (2000). Mas, apesar de não existir
uma unidade de medida para a qualidade, o seu controlo é necessário e o aparecimento de
novas estratégias para gerir a qualidade é a prova disso. Como refere António e Teixeira
(2007), o aparecimento do controlo da qualidade moderna surgiu na década de 1930, onde se
aplicou na produção industrial a carta de controlo. A esta carta associou-se uma matriz teórica
que serviu de base para que outros autores da qualidade desenvolvessem uma matriz que
seria um novo paradigma da gestão.

Definir o conceito de qualidade não é fácil e não se pode falar dela sem abordar os
grandes estudiosos, que contribuíram para iniciar uma visão da qualidade mais objetiva e
consistente, tais como: Deming (1986); Juran (1995) e Crosby (1984). Neste trabalho,
considera-se que os modelos defendidos pelos autores anteriormente mencionados são
complementares, sendo modelos atuais, adequando-se às exigências dos consumidores. O
controlo de custos está presente e é fundamental para que uma organização se mantenha e
cresça. Mas esta redução de custos tem de resultar de uma maior eficiência dos processos,
onde consumidores internos e externos de uma organização são satisfeitos.

Simultaneamente a estes desenvolvimentos, e como defende Silva et al. (2004), é


importante salientar a fundação da International Organization for Standardization (ISO), em
1947, que permitiu facilitar o comércio mundial, pois criou uma confiança no mercado através
das suas normas, que são hoje a base da gestão de inúmeras organizações. Na nova versão da
série 9000, da norma ISO, estão inerentes os seguintes princípios de gestão da qualidade,
baseados nos ensinamentos de Deming: enfoque no cliente; liderança; envolvimento das

39
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

pessoas; abordagem pelo processo; abordagem sistémica; melhoria contínua; tomada de


decisões com base em factos; e relação com os fornecedores para benefício mútuo.

Mas para planear uma estratégia coerente para a qualidade numa organização de
saúde, através da norma ISO, é fundamental que a comunicação relativamente aos conceitos
chave seja precisa. Cada organização deve conhecer os seus profissionais e a definição que
estes têm de qualidade, como refere António e Teixeira (2007). A definição de qualidade de
cada profissional reflete a sua atitude perante o fenómeno, mais conservadora ou não,
dependendo esta dos interesses e pontos de vista de cada um.

Definir qualidade em saúde é algo complexo, pois é difícil a operacionalização do


conceito nesta área. É ainda difícil aceitar a saúde como um serviço prestado e os
doentes/utentes. Não se podendo encarar os cuidados de saúde como uma ciência exata e,
considerada por muitos e uma arte, esta foi uma das razões apontadas para o atraso no
desenvolvimento da gestão da qualidade na saúde.

Para conceptualizar qualidade em saúde é necessário ter prudência, pois esta não deve
ser definida de uma forma redutora. É fácil perceber que a complexidade que carateriza a
prática profissional de enfermagem, centrada no cuidar, não facilita a compreensão nem a
avaliação da qualidade nesta área.

A forma como os enfermeiros encaram o utente e como definem o cuidar, manifesta-


se nos seus procedimentos e no que eles valorizam como cuidados de qualidade.

Como refere Hesbeen (2001), é então importante utilizar instrumentos de medida na


qualidade em saúde, mas é essencial não esquecer a vertente holística do cuidar ao realizar
essa avaliação. O esquecimento desta vertente pode levar à insatisfação da população e de
alguns profissionais de saúde motivados para o cuidar. (Figura 4).

40
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Figura 4 – Componentes da Qualidade

Organização Aspectos políticos


concreta das e económicos. Método
Pessoa Desempenho e
estruturas. Pensar e organizar a s de competência
Espírito do cuidar; que
vida da comunidade colheita recebe
dos actores
Espaço de liberdade; numa perspectiva de •Simplicidade,
Tipo de gestão e de
de cuidados
saúde; Representação subtileza,
exercício da autoridade; alargada da saúde da
dados à família respeito, humor,
Orientação dada aos pessoa, não limitada à sobre a •Projecto de escrita, laicidade,
projectos; Arquitectura ausência de doença do prática e vida; compaixão,
e espaços previstos; corpo; Reconhecer a capacidade de se
processo •Esperança;
Conservação, higiene e indignar, cuidar
todas as pessoas o •Desejo de
segurança; Normas, mesmo valor social;
s de cura e
de si;
protocolos e outros avaliaçã •Articulação dos
Quadro legislativo e motivação;
instrumentos; Gestão mesmos;
regulamentar; o •Conhecime
•Saber, poder,
de recursos humanos; Repartição judiciosa •Dados nto da
Importância atribuída querer agir;
dos meios disponíveis numéricos doença e
aos cuidados ou às •Assumir riscos e
baseados nos valores pertinentes sua
funções; Meios responsabilidades
humanos e não e sua evolução;
materiais e unicamente nas utilização •Preocupaçã
aprovisionamento dos ambições técnico- judiciosa; o e
serviços; científicas; •Discussão sofrimento
Complementaridade Acessibilidade do multidiscipl da família
entre profissionais, sistema. inar das
serviços, estrutura; práticas.
Refeições, lazer,
horários das visitas.

Formação dos
profissionais
•Aquisição de conhecimentos
e apropriação de técnicas
Reflexões filosóficas e inerentes à prática do cuidar;
conhecimentos •Percursos interiores e
técnico-científicos. abertura sobre as “coisa da
Recursos dos protestadores vida”;
de cuidados; Capacidade •Modalidade de
Prática de acompanhamento dos
dos mesmos de se
interessarem questionar e cuidados estágios;
documentarem sobre a vida da •Enriquecimento da
e sobre a humanidade; experiência profissional;
Reflexão dos mesmos sobre
qualidade •Existência de espaços de
as experiências vividas e liberdade;
sobre a melhoria das •Biblioteca, colóquios,
práticas; Organização de congressos
espaços de discussão,
conhecimentos diversos e
actualização dos mesmos.

Fonte: Adaptado, Hesbeen (2001, p. 78)

A preocupação com a qualidade pelos enfermeiros em Portugal desencadeou em 1998


a publicação do Decreto-Lei que criou a OE como associação de Direito Público que têm o
poder de regulamentar e fiscalizar o exercício profissional para a acreditação da profissão.

O conceito de qualidade em saúde é considerado como a qualidade da gestão dos


episódios individualizados da doença (domínio técnico e interpessoal). Sendo necessário
considerar na avaliação dos cuidados a estrutura (caraterísticas do recursos humanos e
técnicos); processo (ação para transformar inputs em outputs); e resultado dos cuidados
prestados aos utentes, como refere Silva et al., (2004, p. 59) ao citar Donabedian.

41
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Segundo Mezomo (2001), para abordar o tema qualidade é preciso ter presentes pelo
menos três conceitos, que são: “missão”, “serviços” e a “satisfação do cliente” e por isso
afirma que não é possível “satisfazer os clientes”, se os serviços não forem adequados às suas
necessidades e se o atendimento deles não estiver previsto na própria definição da “missão”
da instituição”. A partir daqui ele define qualidade como sendo a “Adequação dos serviços
(produtos) à missão da organização comprometida com o pleno atendimento das necessidades
de seus clientes”. (p. 111). Também refere que, quando se fala em serviços de saúde é possível
identificar alguns componentes da qualidade que estão diretamente ligados à qualidade, à
ciência e à tecnologia dos cuidados e à sua aplicação na prática dos cuidados de saúde.

Nos dias de hoje, as organizações de saúde são das mais complexas; onde uma equipa
multidisciplinar, com elevado grau de autonomia, tem de responder às necessidades de
utentes cada vez mais exigentes e informados (informados não implica conhecedores),
utilizando tecnologia e conhecimentos científicos sempre em evolução.

Para a organização de saúde cumprir as exigências atuais é fundamental desenvolver a


melhoria contínua, sendo um dos pressupostos para a certificação de sistemas de qualidade,
pela norma da série ISO 9000:2000. Como refere Lopes e Capricho (2007), as mudanças já não
se limitam à introdução de tecnologia.

Algumas organizações atuais estão a escolher uma estratégia de mudança, que aposta
na melhoria contínua da qualidade, através de melhorias graduais e constantes.

Segundo Barbora et al. (2008), Joseph Juran considerado o pai da qualidade, propôs
que esta fosse regulada por três processos de gestão: planeamento, controlo e melhoramento
ficando conhecida como a Trilogia de Juran. (citado por Barbora & Melo, 2008, p. 367).

Segundo Silva et al. (2004), é preciso ter em consideração cinco elementos essenciais
para manter uma melhoria contínua de qualidade: os clientes no centro da organização; a
gestão de processos; envolvimento das pessoas; o domínio do processo de inovação e, por fim,
a liderança.

Neste trabalho foi focada a importância do envolvimento das pessoas, como


mencionado por MacDonald, citado por Lopes e Capricho (2007), para implementar a melhoria
contínua com sucesso. Para esses mesmos autores, o mais importante é o envolvimento dos
trabalhadores da organização, formando-as e motivando-as para a gestão da qualidade.

42
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

No âmbito da qualidade em saúde, o que anteriormente se pressupunha transforma-


se em efetiva realidade. Donabedian (2003) refere a qualidade em saúde como a obtenção dos
maiores benefícios, com os menores riscos para o cliente, benefícios deste que se definem em
função do alcançável de acordo com os recursos disponíveis e os valores sociais existentes.
Acrescenta ainda que definir a qualidade implica a consideração de diferentes atributos
intrinsecamente associados aos contextos. Este autor estabelece três dimensões para a
qualidade em saúde: a dimensão técnica que se refere à aplicação de conhecimentos
científicos e técnicos na solução do problema de saúde do cliente; a dimensão interpessoal
que se refere à relação que se estabelece entre quem presta o serviço e o cliente; e a
dimensão ambiental que se refere às condições oferecidas ao cliente em termos de conforto e
bem-estar.

Segundo Donabedian (2003, p. 4) a qualidade pode ser concebida como o produto de


dois fatores. Um fator é a ciência e a tecnologia dos cuidados de saúde e o outro é a forma
como é aplicada a ciência e a tecnologia nas práticas atuais de saúde. O produto alcançado na
prática dos cuidados pode ser caraterizado por sete pilares onde se incluem: a eficácia, a
efetividade, a eficiência, a optimização, a aceitabilidade, a legitimidade e a equidade. Estes
atributos avaliados individualmente ou em diversas combinações constituem uma explicação
da qualidade. E a sua medição nas variadas combinações possíveis determinam a magnitude
da qualidade. (Figura 5).

43
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Figura 5 - Componentes da qualidade nos cuidados de saúde

A ciência e a tecnologia dos A aplicação da ciência e da


cuidados de saúde tecnologia nos cuidados de
saúde

Qualidade nos cuidados de saúde

Eficácia
Efectividade
Eficiência
Optimização
Aceitabilidade
Legitimidade
Equidade

Fonte: (adaptado de Donabedian, 2003, p. 4)

Donabedian (2003, p. 6) define e explica os sete pilares de qualidade em saúde:


A eficácia. Refere-se à capacidade da ciência e da tecnologia dos cuidados para promover
melhorias na saúde. Ao longo do tempo, a eficácia correspondeu a standards de qualidade,
que tinham origem a partir da experiência e investigação e, que eram utilizados, como
referências para comparar resultados.

A efetividade. Refere-se à relação estabelecida entre os resultados obtidos e aqueles que os


standarts apontam com base na evidência científica. Esta componente da qualidade integra
em si a adequação das intervenções terapêuticas implementadas.

A eficiência. Diz respeito à capacidade de reduzir os custos dos cuidados sem diminuir a
efetividade destes. Este conceito é frequentemente usado numa análise económica,
baseando-se na mera redução de custos que não traduz necessariamente eficiência.
Donabedian (2003) refere diversas categorias de eficiência, como a eficiência clínica que
depende de aspetos como o julgamento clínico, os conhecimentos e competências, que

44
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

poderão traduzir menores custos para o cliente. A eficiência produtiva, quando são
aperfeiçoados pelo treino, determinados procedimentos terapêuticos com vista a reduzir a
frequência de erros e consequentemente, a diminuir os custos. A eficiência distributiva que se
refere à capacidade de prestar assistência a quem dela mais necessita.

A otimização. É a componente da qualidade que remete para a relação entre os custos e os


resultados, ou seja, os melhores resultados possíveis com os custos mais reduzidos. A
otimização é o equilíbrio desejado entre as melhorias na saúde em relação ao custo dessas
melhorias. Isto pressupõe que exista uma otimização entre o custo e o benefício dos cuidados
de saúde num ponto em que melhores benefícios podem ser conseguidos a menor custos
relativamente aos benefícios.

A legitimidade. A legitimidade é a adequação dos serviços de saúde às preferências sociais


expressas em princípios éticos, valores, normas, regulamentos leis ou regulamentos e
costumes.

A equidade. É definida como a conformidade com os princípios de justiça na distribuição dos


cuidados de saúde e os benefícios para os membros dessa população. A equidade é parte do
que torna os cuidados de saúde aceitáveis para os indivíduos e legítimos para a sociedade.
A qualidade em saúde reúne valores e princípios distintos, como a justiça, a centralidade no
cliente, a inovação e mudança e ainda, a aplicação da melhor evidência.

A aceitabilidade. É a adequação dos cuidados de saúde em relação às aspirações, desejos e


expetativas dos utentes e suas famílias.

3. 1. Qualidade em Enfermagem

Florence Nightingale apontou para a relevância de reunir dados epidemiológicos para


se poder comparar a qualidade dos cuidados nas diferentes instituições de saúde. Ao mesmo
tempo, iniciou-se o ensino de enfermagem centrado no indivíduo a fim de que a melhor
condição da natureza atuasse sobre ele (Nightingale, 1898). Desta forma, o exercício da
enfermagem aproximou-se da cultura médica numa lógica de atividades delegadas, sobretudo
a administração de fármacos e de outras atitudes terapêuticas prescritas. Assim, a evolução do

45
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

exercício profissional da enfermagem foi influenciado pelo progresso da medicina, o qual


determinou um conjunto crescente de intervenções resultantes de prescrição, de elevada
complexidade e uma atenção particular, sobre os sinais e sintomas associados aos quadros
patológicos (Silva, 2007).

Segundo OMS (1993), a “qualidade da assistência à saúde em função de um conjunto


de elementos que incluem: um alto grau de competência profissional, a eficiência na utilização
dos recursos, um mínimo de riscos e um alto grau de satisfação dos pacientes e um efeito
favorável na saúde” (citado por D`Innocenzo et al, 2006, p.85).

No entanto, e segundo os mesmos autores, a qualidade de Enfermagem, entre outros


fatores, é influenciada pela formação profissional, os recursos humanos disponíveis, o
mercado de trabalho, a legislação vigente, as políticas, a estrutura e a organização das
instituições.

Os mesmos autores afirmam que a qualidade em enfermagem exige reflexão sobre a


prática, de modo a definir objetivos do serviço que se vai prestar, e delinear as estratégias
possíveis para que esses objetivos sejam atingidos, o que requer algum tempo para pensar nos
cuidados prestados. É, pois, importante que todas as instituições de saúde se preocupem em
proporcionar condições aos profissionais para que seja implementada a qualidade e esta faça
parte da rotina dos profissionais de enfermagem.

Os focos de atenção dos cuidados de enfermagem são a promoção dos projetos de


saúde que cada pessoa vive e persegue. Assim, procura-se ao longo da vida prevenir a doença
e promover os processos de readaptação, a satisfação das necessidades bem como a
autonomia na realização das atividades da vida.

O enfermeiro vai coordenar e gerir todos os cuidados prestados ao utente. Neste


sentido, e de acordo com Barbosa e Melo (2008, p. 367), “o paciente e suas especificidades,
suas necessidades, sua alta ou recuperação, constituem a principal razão da assistência de
enfermagem, a qual deve, portanto, ser realizada eficientemente, com comprometimento de
quem a desenvolve, garantindo qualidade do cuidado prestado e, principalmente, a satisfação
do paciente e seus familiares”.

46
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

De acordo com Barros et al., (2010), a enfermagem, ciência em desenvolvimento,


necessita, identificar e caraterizar os conhecimentos e as técnicas científicas para que a prática
seja o espelho desses mesmos conhecimentos.

A OE emitiu, como primordial na prestação de cuidados de enfermagem, o


estabelecimento de alguns padrões de qualidade baseados na evidência, que visam a melhoria
contínua de qualidade do exercício profissional, em que o utente é o centro dos cuidados,
visando a sua satisfação. Numa altura em que os utentes assumem cada vez mais a sua
posição, pois estão conscientes dos seus direitos e deveres, crê-se que é cada vez mais
importante o seu papel no planeamento e avaliação dos serviços de saúde, pois são eles que
melhor conhecem as suas expetativas e necessidades, bem como a forma como foram
satisfeitas. Também Florentim e Franco (2006) corroboram, ao afirmarem que é imprescindível
a prestação de cuidados de saúde com qualidade para a satisfação do utente ser a melhor.

O Conselho de Enfermagem (2001) definiu o enquadramento conceptual e os Padrões


de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem, entretanto em 2005, deu-se uma nova etapa. Os
enfermeiros buscam as melhores respostas em cuidados de enfermagem, perseguindo a
excelência dos serviços que as instituições prestadoras de cuidados de saúde oferecem aos
cidadãos (OE, 2007).

O exercício profissional da enfermagem centra-se na relação interpessoal. Seja


enfermeiro, ou seja o receptor do cuidado de enfermagem, ambos possuem quadros de
valores, crenças e desejos da natureza individual. Assim, fruto das diferentes condições
ambientais em que vivem e se desenvolvem. Desta forma, no âmbito do exercício profissional,
o enfermeiro distingue-se pela formação e experiência que lhe permite compreender e respei-
tar os outros numa perspetiva multicultural, num quadro onde procura abster-se de juízos de
valor relativamente à pessoa cliente dos cuidados de enfermagem.

Os cuidados de enfermagem tomam por foco de atenção a promoção dos projetos de


saúde que cada pessoa vive e persegue. Assim, ao longo de todo o ciclo vital, prevenir a
doença e promover os processos de readaptação, satisfaz as necessidades humanas
fundamentais e a máxima independência na realização das atividades da vida, faz-se a
adaptação funcional aos défices e a adaptação a múltiplos fatores frequentemente através de
processos de aprendizagem do cliente. Portanto, distinguem-se dois tipos de intervenções de
enfermagem: as iniciadas por outros ténicos da equipa (intervenções interdependentes –

47
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

prescrições médicas) e - as iniciadas pela prescrição do enfermeiro - intervenções autónomas).


Relativamente às intervenções de enfermagem que se iniciam na prescrição elaborada por
outro técnico da equipa de saúde, o enfermeiro assume a responsabilidade pela sua
implementação. Relativamente às intervenções de enfermagem que se iniciam na prescrição
elaborada pelo enfermeiro, este assume a responsabilidade pela prescrição e pela
implementação técnica da intervenção (OE, 2001).

Os enfermeiros, num desafio de permanente e necessária aproximação à qualidade,


reconhecem que esta é resultante da conjugação de múltiplos esforços e saberes. Com efeito,
“a qualidade em saúde é tarefa multiprofissional e tem um contexto de aplicação local. Pois,
nem a qualidade em saúde se obtém apenas com o exercício profissional dos enfermeiros, nem
o exercício profissional dos enfermeiros pode ser negligenciado, ou deixado invisível, nos
esforços para obter qualidade em saúde” (OE, 2002, p. 39).

3.2. Uma visão sobre a sustentabilidade da enfermagem como ciência

Na primeira metade do século XX, os líderes da enfermagem começaram a perceber


que era necessária uma base de conhecimento para a prática de enfermagem profissional. Por
conseguinte, na última metade do século XX, os enfermeiros foram entrando em maior
número nas universidades, e começou a perceber-se o objetivo de desenvolver o
conhecimento como base para a prática de enfermagem, de seguida, o primeiro objetivo é
reconhecer a profissão e, depois, dedicar os cuidados aos doentes, como profissionais (Tomey,
2004).

Os líderes da enfermagem apresentaram várias perspetivas para o desenvolvimento da


ciência de enfermagem, concluindo de seguida, que precisavam de aprender o processo de
investigação. Os autores (Nightingale, Henderson, Orlando, Peplau e Wiedenback) foram
buscar tanto à investigação básica, como à aplicada e declararam que a utilização deste
conhecimento era vital para a enfermagem quer como disciplina, quer como profissão.

De acordo com Batey (1977), ou seja, depois de 25 anos após a publicação de Nursing
Research, apresentam os pontos fortes e fracos da investigação. Através destes, a atenção

48
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

direcionou-se para a importância das concetualizações da enfermagem para o processo de


investigação e o papel de uma estrutura concetual no âmbito e na concepção da pesquisa para
a produção da ciência. (Tomey, 2004; p. 16).

Segundo Donalkdson e Crowley (1997) no discurso principal na Conferência Western


Commission of Higher Education in Nursing (WCHEN) em 1997, afirmam que começavam a
surgir novos programas de doutoramento de enfermagem, e reabriram a discussão sobre a
natureza da ciência em enfermagem. Além disso, os enfermeiros e os alunos com nível de
mestrado aplicam e testam o conhecimento teórico na prática de enfermagem nas suas teses .
Durante os anos 80, foi demonstrada uma maior aceitação da teoria de enfermagem através
do seu desenvolvimento continuado e da crescente incorporação das teorias de enfermagem
no currículo de enfermagem. No mesmo período, Meleis, caraterizou-o como o período de
aceitação da necessidade de aprofundar o desenvolvimento da teoria de enfermagem, por
forma a fazer avançar a disciplina de enfermagem.

Em relação ao domínio de um campo específico de conhecimentos, dialogando com


filosofia da ciência, encontra-se que uma disciplina científica “é uma categoria organizadora
dentro do conhecimento científico.

De acordo com Meleis (1991) define a teoria de enfermagem como “… uma


concetualização articulada e comunicada da realidade inventada ou descoberta na
enfermagem com a finalidade de descrever, explicar, prever ou prescrever o cuidado de
enfermagem” (citado por George, 2000, p. 12).

Assim sendo, existe uma concordância geral na literatura de que a enfermagem se


preocupa com quatro conceitos principais: a pessoa, a saúde, o ambiente e a enfermagem.
Estes quatro conceitos formam o metaparadigma da enfermagem que identifica o conteúdo
nuclear de uma disciplina.

Meleis (1992) apresenta seis caraterísticas da disciplina de enfermagem que orientam


o desenvolvimento teórico no século XXI, em que a disciplina de enfermagem é a ciência
humana subjacente à disciplina que é baseada na compreensão do significado das experiências
vividas diariamente como são percebidas pelos membros ou pelos participantes da ciência; há
uma ênfase maior na orientação prática e a missão do enfermeiro é a de desenvolver teorias
que enriqueçam os enfermeiros, a disciplina e os utentes.

49
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

De acordo com Carper (1978), existem quatro padrões fundamentais do conhecimento


de enfermagem: conhecimento empírico (ciência de enfermagem), conhecimento estético
(arte de enfermagem), conhecimento moral (ética de enfermagem) e conhecimento pessoal
(uso terapêutica de si próprio).

No início dos anos 90, a literatura de enfermagem continuou a falar do significado dos
conceitos de domínio; da necessidade de estabelecer interligações entre estes conceitos de
enfermagem centrais, e nos meados ao mesmo ano, os estudiosos de enfermagem dedicaram-
se ao desenvolvimento de uma epistemologia da terapêutica da enfermagem, a coerência
entre ciência de enfermagem e arte, e defendendo o pluralismo das teorias de enfermagem e
dos métodos de investigação.

Modelos Conceptuais e Grandes Teorias de Enfermagem

Os pioneiros apresentam as ideias através das suas experiências em relação à teoria de


enfermagem.

De acordo com Orem (1958) ou seja, desde os anos 50, houve um discernimento sobre
o conceito de enfermagem. A autora explicou o autocuidado como uma necessidade humana e
a enfermagem como um serviço humano, e enfatizou a preocupação especial da enfermagem
pela necessidade que o ser humano tem de ter ações de autocuidado continuamente para
manter a vida e a saúde. A teoria geral do autocuidado de Orem tem um modelo concetual de
enfermagem íntegra e interrelaciona três teorias: a teoria do autocuidado; a teoria do défice
de autocuidado; a teoria dos sistemas de enfermagem (Tomey, 2004, p. 23).

Por outro lado, em meados dos anos 60, Levine usou as ciências, como a psicologia, a
sociologia e a fisiologia para analisar diversas práticas de enfermagem e descrever
determinadas atividades e competências de enfermagem. Por isso, na sua obra, classificou três
teorias: conservação; redundância e intenção terapêutica, no modelo concetual de
enfermagem (p. 24).

Johnson publicou desde meados dos anos 40 até ao início dos anos 70, apresentou o
Modelo de Sistema Comportamental no livro de Riehl e Roy, Conceptual Models for Nursing
Practice, e, desenvolveu este modelo para a prática, o ensino e a investigação da enfermagem
(p. 24).

50
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Os autores das Teorias de enfermagem são:

 Hildegard E. Peplau (1952) é a primeira autora que introduziu a teoria dos outros campos
científicos e a sintetizar uma teoria para prática de enfermagem. Ela começou com o livro
“Interpessoal Relation in Nursing”, e salientou que a importância da capacidade do
enfermeiro para compreender o seu próprio comportamento no sentido de ajudar os
outros e a identificar as dificuldades observadas.
 Segundo Orlando (1961) no livro “The Dynamic Nurse-Patient Relationship” utilizou a
relação interpessoal enfermeiro – doente em resposta às necessidades do doente, como
base do trabalho.
 De acordo com Madaleine Leininger (1984), ela escreveu diversos livros sobre
enfermagem, mas, a mais complexa descrição da Teoria do Cuidar Transcultural foi o livro
com o título “Care: The Essence of Nursing and Health”.
 Rosemarie Rizzo Parse (1998) extraiu a sua teoria dos princípios e conceitos de Rogers e da
fenomenologia existencial de Heidegger, Ponty e Sartre. Parse vê a enfermagem como
uma ciência humana. E portanto a teoria de Parse pode ser uma abordagem humanista
única em oposição a uma base fisiológica da enfermagem.
 Evelyn Adams escreveu e começou a publicar em meados dos anos 70 sobre o conceito de
enfermagem.
 Nola J. Pender (1996) definiu o objetivo dos cuidados de enfermagem como a saúde ótima
do individuo. A teoria dela identifica fatores cognitivo-percetuais no individuo, tais como a
importância de comportamentos promotores de saúde.

Finalmente, no último século, a enfermagem tem conseguido concretizações


fenomenais que levaram ao conhecimento da enfermagem como disciplina académica e como
profissão (Tomey, 2004).

3.3. Padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem

Os padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem requerem níveis de realização


que articulam e entrecruzam capacidades científicas, realização técnica e relação interpessoal.
Qualidade dos cuidados de enfermagem na perspetiva dos enfermeiros, segundo Tafreshi,

51
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Pazargadi e Saeedi (2007), é a prestação dos cuidados com segurança baseada em padrões de
enfermagem como a satisfação do utente, cuidados mínimos otimizados e cuidados seguros
para os utentes.

A qualidade não é um atributo abstrato, mas algo com atributos comuns que assenta
em pilares de eficácia, efetividade, eficiência, otimização, aceitabilidade, legitimidade e
equidade. Assim sendo, podemos afirmar que a qualidade associada aos cuidados de saúde
deve ser definida à luz das normas técnicas dos prestadores e das expetativas dos utentes.
Assim, as associações profissionais da área da saúde assumem um papel fundamental na
definição dos padrões de qualidade em cada domínio específico caraterístico dos mandatos
sociais de cada uma das profissões envolvidas. Aqui importa salientar as dimensões relativas
aos cuidados de enfermagem, em especial a comunicação e informação; a cortesia e apoio
emocional; a qualidade dos cuidados técnicos; o cuidado centrado no cliente (indivíduo/
família/ comunidade) e a disponibilidade.

Os enunciados descritivos da qualidade do exercício profissional dos enfermeiros


constituem-se como um instrumento relevante para precisar o papel do enfermeiro junto dos
clientes, dos outros profissionais, do público e das políticas (OE, 2002). Deste modo, os
enfermeiros defrontam-se com a procura das melhores soluções como garantia da qualidade
dos cuidados de enfermagem. Esta abordagem da qualidade não poderá incidir apenas nos
aspetos que já fazem parte da realidade, mas na procura de melhores resultados naquilo que
já hoje se reconhece como detentor de níveis aceitáveis de qualidade. E de igual modo, para
obter a excelência na qualidade, perceber o que ainda existe para desenvolver à luz do que
demonstra a evidência científica.

Os padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem requerem níveis de realização


que articulam e entrecruzam capacidades científicas, realização técnica e relação interpessoal.

As associações profissionais da área da saúde assumem um papel fundamental na


definição dos padrões de qualidade em cada domínio específico caraterístico dos mandatos
sociais de cada uma das profissões envolvidas. É este o contexto no qual o Conselho de Enfer-
magem (CE) da OE enquadra os esforços tendentes à definição estratégica de um caminho que
vise a melhoria contínua da qualidade do exercício profissional dos enfermeiros.

52
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Os conceitos fulcrais de enfermagem como a pessoa, o ambiente, a saúde,


enfermagem e os cuidados de enfermagem são os primeiros conceitos meta paradigmáticos
de enfermagem a um nível mais abstrato do conhecimento, enquanto conceitos fundamentais
de estrutura organizacional para o desenvolvimento do conhecimento em enfermagem
(Tomey et al., 2004).

A seguir apresentamos os quatro principais conceitos enfermagem, saúde, ambiente e


pessoa):

3.2.1. A saúde

No metaparadigma de enfermagem a saúde representa um estado de bem-estar


decidido, mutuamente, pelo cliente e pelo enfermeiro (George, 2000).

A saúde é uma representação mental (…) um estado subjetivo ( …) de procura do


equilíbrio (…) é o reflexo de um processo dinâmico e continuo (..) e é desejada (…) ( OE, 2000 a
2001, p. 16).

De acordo com OE (2001) a saúde é o reflexo de um processo dinâmico e contínuo;


toda a pessoa deseja atingir o estado de equilíbrio que se traduz no controlo do sofrimento, no
bem-estar físico e no conforto emocional, espiritual e cultural. Assim, a condição individual e
do bem-estar é variável no tempo, ou seja, cada pessoa procura o equilíbrio em cada
momento, de acordo com os desafios que cada situação lhe coloca. Nesta medida, trata-se de
um estado subjetivo; portanto, não pode ser tido como conceito oposto ao conceito de
doença.

De acordo com Peplau (1952/ 1988, p.12) definiu a saúde como “uma palavra
simbólica que implica o movimento adiante da personalidade e de outros processos humanos
em curso na direção de uma vida criativa, construtiva, produtiva, pessoal e comunitária”.

Henderson, na sexta edição de “The Principles and Practice of Nursing”, ela citou-se
várias fontes incluindo o quadro da OMS (2005). A autora referiu que “ é a qualidade de saúde
e não a própria vida, mas, a margem de vigor mental/físico que permite a uma pessoa

53
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

trabalhar com maior eficácia e obter o nível de satisfação mais elevada na vida” (Tomey, 2004;
p. 114).

Rogers afirma que a promoção da saúde positiva conota orientação na ajuda das
pessoas com oportunidade de coerência rítmica (Gunther in Tomey, 2004).

Segundo Hall, cit por George (2000) a saúde é, supostamente, um estado de


autoconscientização com a escolha consciente de comportamentos ideias para o individuo.
Salienta a necessidade de ajudar a pessoa a explorar o significado de seu comportamento para
identificar e ultrapassar os problemas através do desenvolvimento da identidade e da
maturidade (p. 78).

Orem em (1991) apoia a definição de saúde da OMS como o estado de bem-estar


físico, mental e social e não apenas a ausência da doença ou da enfermidade. A autora
fortaleceu novamente em sua citação que “os aspetos físicos, psicológico, interpessoal e
sociais são inseparáveis no individuo” (George, 2000, p. 89).

Johnson (1978) afirma que a saúde é um estado indefinido determinado por fatores
“psicológicos sociais, biológicos e fisiológicos” (George, 2000, p. 108).

Segundo Neuman (1995) citado por George (2000) afirma que a saúde é definida como
a condição ou o grau de estabilidade do sistema e é considerada uma continuidade do bem-
estar para a doença (p. 232).

3.2.2. A pessoa

No metaparadigma de enfermagem a pessoa pode representar um individuo, uma


família, uma comunidade ou toda a humanidade. Portanto, neste contexto, a pessoa é que
representa plena capacidade mental, é responsável pelos seus atos ou seja é aquele que
recebe o cuidado de enfermagem (George, 2000).

A pessoa é um ser social e um agente intencional de comportamentos baseados nos


valores, nas crenças e nos desejos da natureza individual, o que torna cada pessoa num ser
único, com dignidade própria e direito a autodeterminar-se. Os comportamentos da pessoa

54
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

são influenciados pelo ambiente que a rodeia, sendo que esta interage, influencia e é
influenciada no qual ela vive e se desenvolve. Toda a pessoa objetiva intencionalmente é
atingir a homeostasia na procura incessante de melhores níveis de saúde, sendo que para isso
interage com o ambiente: modifica-o e sofre a influência dele durante todo o processo não
intencional que afeta o seu equilíbrio e da harmonia (OE,2001).

A pessoa é agente intencional de comportamentos … é um ser único e sem cópias …


sofrendo a influência do ambiente no qual vive e se desenvolve … procura incessantemente o
equilíbrio e a harmonia (OE, 2000 a 2001, p. 16).

Na medida em que cada pessoa, na procura de melhores níveis de saúde, desenvolve


processos intencionais baseados nos valores, crenças e desejos da sua natureza individual,
podemos atingir um entendimento no qual cada um de nós vivencia um projeto de saúde. A
pessoa pode sentir-se saudável quando transforma e integra as alterações da sua vida quo-
tidiana no seu projeto de vida, podendo não ser feita a mesma apreciação desse estado pelo
próprio e pelos outros.

A pessoa é também centro de processos não intencionais. As funções fisiológicas,


enquanto processos não intencionais, são fator importante no processo de procura incessante
do melhor equilíbrio. Apesar de se tratar de processos não intencionais, as funções fisiológicas
são influenciadas pela condição psicológica das pessoas, e, por sua vez, esta é influenciada
pelo bem-estar e conforto físico. Esta inter-relação torna clara a unicidade e indivisibilidade de
cada pessoa; assim, a pessoa tem de ser encarada como ser uno e indivisível.

Nightingale dividiu na maior parte das duas obras: - referiu-se à pessoa como um
doente. Os enfermeiros executavam tarefas para e pelo doente e controlavam o ambiente do
doente para apressar a recuperação.

Henderson disse que o utente e a sua família são vistos como uma unidade e eles têm
15 necessidades da enfermagem (Tomey, 2004).

Em seguidamente Lydia Hall enfatiza a importância do individuo como único, capaz de


crescimento e aprendizagem e exigindo um abordagem totalmente pessoal. A fonte de
motivação e de energia para a cura é o individuo que precisa de cuidado.

55
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

De acordo com Dorethea Orem (1991) o funcionamento humano integrado inclui os


aspetos físicos, psicológicos, interpersoais e sociais, são diferenciados das outras coisas vivas
por sua capacidade de refletir, simbolizar e usar as criações simbólicas para pensar, comunicar-
se e orientar os esforços para fazer coisas que são benéficas para si e para os outros. (p.180).

Segundo Marta Rogers (1992) citado por Tomey (2004) apresentou cinco pressupostos
sobre os seres humanos, que estão em troca constante de energia com o ambiente. Existe um
padrão para a vida. Por isso, os processos de vida de um ser humano evoluem irreversível e
imprevisivelmente na pandimensionalidade. Finalmente, o ser humano é capaz de abstração,
visualização, linguagem, pensamento, sensibilidade e emoções, assim, os seres humanos “ não
são entidades separadas, nem agregados mecânicos (p. 257).

Roy definiu a pessoa como um enfoque central da enfermagem; o que recebe os


cuidados de enfermagem; um sistema de cognator e regulator que atuam para manter a
adaptação nos quatro modos adaptivos (fisiológico, autoconceito, função do papel e
interdependência) (Tomey, 2004; p. 308). Por outro lado, em 1984, ela afirma que ele pode ser
uma pessoa, uma família, uma comunidade ou uma sociedade que considerado pelo
enfermeiro como um sistema adaptivo holístico. Assim, os estímulos ao nível de adaptação são
três classificações: focal (normalmente, constitui o maior grau de mudança impactando a
pessoa), contextual (as mudanças interno ou externo que podem ser identificados como uma
influencia positiva ou negativa sobre a situação) e residual (são os fatores internos e externos
que não são claros), (George, 2000).

3.2.3. O ambiente

No metaparadigma de enfermagem o ambiente pode representar os arredores


imediatos, a comunidade ou o universo com tudo o que contém (George, 2000).

O ambiente é todo o envolvente no qual as pessoas vivem e integram, composto por


elementos das mais diversas ordens tais como humanos, sociais, físicos, políticos, económicos,
culturais e organizacionais. Este condiciona a maneira como cada individuo desenvolve o seu
estilo de vida e repercutem-se na condição de saúde do individuo. Na prática dos cuidados, os
enfermeiros devem perceber esta interdependência entre a pessoa e o ambiente (OE, 2001).

56
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

O ambiente físico é salientado por Nightingale como um modelo de saúde comunitária,


no qual tudo que circunda os seres humanos é considerado em relação ao seu estado de
saúde. Os pressupostos de Nightingale acerca das condições sociais são igualmente
importantes para sua teoria. E ela também acreditava que os enfermeiros podiam ser
instrumento na mudança do estatuto social dos pobres, melhorando a sua condição de vida.
(Tomey, 2004).

Segundo Henderson definia o ambiente como “ o agregado de todas as condições e


influencias internas que afetam a vida e o desenvolvimento de um organismo (Tomey, 2004; p.
114).

De acordo com Peplau (1952/ 1988) não ter abordado diretamente


sociedade/ambiente, encoraja o enfermeiro a considerar a cultura e as tradições do paciente
quando ele estiver em adaptação à rotina hospitalar. O conceito de sociedade/ambiente da
Lydia Hall é considerado em relação ao individuo. Levine (1990) utiliza as classificações de
Bates (1967), existem três aspetos de ambiente é: o ambiente operacional consiste daquelas
forças naturais não detetadas que atingem o indivíduo; o ambiente perceptivo … de
informações que são registadas pelos órgãos sensoriais; o ambiente concetual é influenciado
pela linguagem cultura, ideias e cognitivo.

Segundo Rogers (1992) afirma que o ambiente é um campo de energia


pandimensional, irredutível, indivisível, identificado pelo padrão e integrado ao campo
humano (Tomey, 2004).

Em seguida Neuman (1995) disse que o ambiente é uma arena vital que é relevante ao
sistema e à sua função: inclui o ambiente interno e externo (George, 2000).

3.4. Cuidados de enfermagem

No metaparadigma de enfermagem a enfermagem é a ciência e a arte da disciplina


(George, 2000, p.11). Como a enfermagem é uma ciência humana, o rigor e a objetividade do
laboratório são tanto inapropriadas quanto impossíveis de duplicar. No futuro, a
previsibilidade das teorias de enfermagem será muitos a medida que cresce a base de
pesquisa em que a teoria se desenvolve e sobre a qual é testada.

57
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Segundo Nightingale escreveu “Notes of Nursing” para fornecer linhas orientadoras


para os cuidados de enfermagem às mulheres e para aconselhar sobre como “pensar como
uma enfermeira”. Por isso, ela disse “o que a enfermagem tem a fazer… é colocar o paciente
na melhor condição para que a natureza aja sobre ele” (Nightingale 1859/1992, p.74).

De acordo com Peplau afirma que a enfermagem é “Um processo interpessoal


significativo terapêutico” e como um “relacionamento humano entre um individuo enfermo ou
necessitando de serviços de saúde, e uma enfermeira especialmente instruída para reconhecer
e responder à necessidade de ajuda” (Peplau, 1952/1988; p. 16 e p. 5-6).

Por outro lado, Henderson definiu a enfermagem em termos funcionais. Ela afirmou
que a única função do enfermeiro é assistir o individuo, doente ou saudável, no desempenho
das atividades que contribuam para a saúde ou para a sua recuperação e os conhecimentos
necessários (Tomey, 2004). Ela considera “os 14 componentes das funções de enfermagem ou
necessidades básicas são: biológicos, psicológicos, sociológicos e espirituais”. Quando as
necessidades não são preenchidas, a pessoa não está completa (George, 2000, p. 64).

Roy define amplamente a enfermagem como a ciência e a prática que expande


capacidade de adaptação e melhora a transformação ambiental e da pessoa (Tomey, 2004).

Lydia Hall apresentou a sua teoria de enfermagem de forma visual, desenhando três
círculos entrelaçados: o círculo de Cuidados, da Essência e da Cura. A enfermagem é
identificada como a participação de forma visual, desenhando três círculos entrelaçados: nos
aspetos de cuidados, da essência e da cura no cuidado ao utente. O cuidado é função único
dos enfermeiros, enquanto o núcleo e a cura são compartilhados com os outros membros da
equipa de saúde (George, 2000).

Por outro lado, Orem desenvolveu a teoria de enfermagem do déficit de autocuidado,


que é composta de três teorias inter-relacionadas: a teoria do autocuidado, do déficit do
autocuidado e dos sistemas de enfermagem. Assim sendo, a Orem, define a enfermagem
como uma ação humana diferenciada das outras ações humanas por seu enfoque sobre as
pessoas com incapacidades (Orem, 1991).

Em 1980, Johnson definiu a enfermagem como “uma força reguladora externa que age
para preservar a organização e a integração do comportamento do paciente ao nível ideal,

58
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

condições abaixo das quais o comportamento constitui uma ameaça para a saúde física e
social ou nas quais é encontrada a doença (Orem, 1980, citado por George, 2000, p. 84).

Segundo Orlando (1961,1990), a enfermagem é exclusiva e independente, preocupa


com uma necessidade individual de ajuda, real ou potencial, em uma situação imediata,
através do qual a enfermagem resolve esse desamparo é interativa e buscado de maneira
disciplinada, o que exige treinamento. Ela também acredita que a ação da pessoa deva ser
baseada em justificativa, não em protocolo (citado por George, 2000).

Segundo Levine, 1989), o propósito da enfermagem é cuidar dos outros quando eles
necessitam de cuidados. Segundo a autora que a teoria de enfermagem é “uma posta à prova
nas rocas diárias pragmáticas e simples entre o enfermeiro e paciente… no seu sucesso equipar
os indivíduos com força renovada para continuarem suas vidas com independência, realização,
esperança e promessa” (citado por George, 2000, p. 163).

De acordo com Rogers (1971; 1990) afirma que a enfermagem é uma profissão
aprendida, uma ciência e uma arte, com o objetivo promover a saúde e o bem-estar de todas
as pessoas. Esta profissão existe para cuidar das pessoas e do processo de vida dos seres
humanos (Tomey, 2004), ou seja é “uma arte e uma ciência humanística e humanitária – o
estudo dos seres humanos irredutíveis e seus ambientes”. (citado por George, 2000, p. 186).

Os cuidados de enfermagem e o exercício profissional da enfermagem centram-se na


relação interpessoal de um enfermeiro e uma pessoa ou de um enfermeiro e um grupo de
pessoas (família ou comunidades), independentemente dos seus valores, crenças e desejos da
natureza individuais. Assim, no âmbito do exercício profissional, o enfermeiro distingue-se pela
evidência a sua formação e experiência na prática de cuidados que lhe permite compreender e
respeitar os outros numa perspetiva multicultural. Estabelece uma relação de parceria num
processo dinâmico que visa ajudar o individuo a alcançar o seu equilíbrio e o seu estado de
saúde (OE, 2001).

O exercício profissional dos enfermeiros centra-se na relação interpessoal … num


quadro de respeito pelos valores, crenças, religiões e desejos da natureza individual dos
clientes … carateriza-se pelo estabelecimento de parcerias com os clientes … envolvendo as
pessoas significativas para o cliente (família e comunidade) … (OE, 2000 a 2001, p 17).

59
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

A relação terapêutica promovida no âmbito do exercício profissional de enfermagem


carateriza- -se pela parceria estabelecida com o cliente, no respeito pelas suas capacidades e
na valorização do seu papel. Esta relação desenvolve-se e fortalece- se ao longo de um
processo dinâmico, que tem por objetivo ajudar o cliente a ser proativo na consecução do seu
projeto de saúde. Várias são as circunstâncias em que a parceria deve ser estabelecida,
envolvendo as pessoas significativas para o cliente individual (família, convivente significativo).

Os cuidados de enfermagem tomam por foco de atenção a promoção dos projetos de


saúde procura-se, ao longo de todo o ciclo vital “prevenir a doença e promover os processos
de readaptação, procuram a satisfação das necessidades humanas fundamentais e a máxima
independência na realização das atividades de vida (...) através de processos de aprendizagem
do cliente” (OE,2001:13). Neste contexto, no ponto de vista profissional, os enfermeiros pela
sua formação e pelos princípios que norteiam a sua praxis compreendem que que os cenceito
conceitos de bons cuidados de enfermagem são distintos para cada individuo.

Os cuidados de enfermagem ajudam a pessoa a gerir os recursos da comunidade em


matéria de saúde, prevendo-se ser vantajoso o assumir de um papel de pivot no contexto da
equipa. Na gestão dos recursos de saúde, os enfermeiros promovem, paralelamente, a
aprendizagem da forma de aumentar o repertório dos recursos pessoais, familiares e
comunitários para lidar com os desafios de saúde.

As intervenções de enfermagem são frequentemente otimizadas se toda a unidade


familiar for tomada por alvo do processo de cuidados, nomeadamente quando as intervenções
de enfermagem visam a alteração de comportamentos, tendo em vista a adoção de estilos de
vida compatíveis com a promoção da saúde.

As intervenções autónomas dos enfermeiros compreendem o processo da tomada de


decisão e a resolução de problemas de enfermagem, com início na identificação de
necessidades de cuidados de enfermagem com uso do conhecimento atual de disciplina e da
experiencia acumulada, por isso, o enfermeiro planeia as intervenções a concretizar de acordo
com a sua experiencia e tendo em conta que as outras intervenções devem ser realizadas pelo
técnico da equipa de saúde em colaboração.

O exercício profissional dos enfermeiros insere-se num contexto de atuação


multiprofissional. Assim, distinguem-se dois tipos de intervenções de enfermagem: as iniciadas

60
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

pela prescrição médicas ou seja por outros técnicos da equipa (intervenções


interdependentes) – e as iniciadas pela prescrição do enfermeiro (intervenções autónomas).
Relativamente às intervenções de enfermagem que se iniciam na prescrição elaborada por
outro técnico da equipa de saúde, o enfermeiro assume a responsabilidade pela sua
intervenção e implementação.

3.5. Padrões de qualidade de cuidados – enunciados descritivos

Para melhor se compreender a abrangência do estudo tem utilidade compreender


como são descritos os padrões de qualidade de cuidados, em Portugal foram definidas seis
categorias de enunciados descritivos, relativas à satisfação dos clientes, à promoção da saúde,
à prevenção de complicações, ao bem-estar e ao autocuidado dos clientes, à readaptação
funcional e à organização dos serviços de enfermagem.

Segunda a Ordem dos Enfermeiros Portuguesa, “uma profissão deve procurar controlar
a sua prática tendo em vista garantir a qualidade de serviço prestado e promover
desenvolvimento pessoal e profissional dos seus membros. A finalidade dos padrões é garantir,
melhorar a qualidade da prestação dos cuidados para a proteção das pessoas e das profissões.
Sem padrões não estamos em condições de medir, avaliar ou implementar métodos que
permitam atingir o nível de excelência dos cuidados de enfermagem.”

A fim de compreender cada um dos padrões considera-se útil relembrar que a


satisfação do cliente é um resultado sempre considerado nos estudos da qualidade e para os
enfermeiros entende-se que é a “procura permanente da excelência no exercício profissional,
o enfermeiro persegue padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem que consigam os
mais elevados níveis de satisfação dos clientes.

São elementos importantes da satisfação dos clientes, relacionada com os processos


de prestação de cuidados de enfermagem, entre outros: o respeito pelas capacidades, crenças,
valores e desejos da natureza individual do cliente; a procura constante da empatia nas
interações com o cliente; o estabelecimento de parcerias com o cliente no planeamento do
processo de cuidados; o envolvimento dos conviventes significativos do cliente individual no
processo de cuidados; o empenho do enfermeiro, tendo em vista minimizar o impato negativo

61
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

no cliente, provocado pelas mudanças de ambiente forçadas pelas necessidades do processo


de assistência de saúde. (OE, 2001)

A promoção da saúde sendo uma das áreas nobres de atuação dos enfermeiros aos
longos dos tempos neste contexto e para aprondarmos o seu peso neste estudo entende-se
que a procura permanente da excelência no exercício profissional, o enfermeiro ajuda os
clientes a alcançarem o máximo potencial de saúde.

São elementos importantes face à promoção da saúde, entre outros: a identificação da


situação de saúde da população e dos recursos do cliente/família e comunidade; a criação e o
aproveitamento de oportunidades para promover estilos de vida saudáveis identificados; a
promoção do potencial de saúde do cliente através da optimização do trabalho adaptativo aos
processos de vida, crescimento e desenvolvimento; o fornecimento de informação geradora
de aprendizagem cognitiva e de novas capacidades pelo cliente. (OE, 2001):

O enfermeiro é pedido uma continuidade assistencial que promova a saúde é que evite
complicações pelo que se entende que o padrão de prevenção de complicações é a procura
permanente da excelência no exercício profissional, o enfermeiro previne complicações para a
saúde dos Utentes.

São elementos importantes face à prevenção de complicações, entre outros: a


identificação, tão rápida quanto possível, dos problemas potenciais do cliente, relativamente
aos quais o enfermeiro tem competência (de acordo com o seu mandato social) para
prescrever, implementar e avaliar intervenções que contribuam para evitar esses mesmos
problemas ou minimizar-lhes os efeitos indesejáveis; as prescrições das intervenções de
enfermagem face aos problemas potenciam identificados; o rigor técnico/científico na
implementação das intervenções de enfermagem; a referenciação das situações problemáticas
identificadas para outros profissionais, de acordo com os mandatos sociais dos diferentes
profissionais envolvidos no processo de cuidados de saúde; a supervisão das atividades que
concretizam as intervenções de enfermagem e que foram delegadas pelo enfermeiro; a
responsabilização do enfermeiro pelas decisões que toma, pelos catos que pratica e que
delega. (OE, 2001):

Vindo desde os primórdios de enfermagem a preocupação com os cuidados de higiene


e do bem-estar quase que naturalmente será de considerar um padrão de qualidade centrado

62
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

no bem-estar e o autocuidado e entende-se este como a procura permanente da excelência no


exercício profissional, o enfermeiro maximiza o bem-estar dos clientes e suplementa/com-
plementa as atividades de vida relativamente às quais o cliente é dependente.

São elementos importantes face ao bem-estar e ao autocuidado, entre outros: a


identificação, tão rápida quanto possível, dos problemas do cliente, relativamente aos quais o
enfermeiro tem conhecimento e está preparado para prescrever, implementar e avaliar
intervenções que contribuem para aumentar o bem-estar e suplementar/ complementar
atividades de vida relativamente às quais o cliente é dependente; a prescrição das
intervenções de enfermagem face aos problemas identificados; o rigor técnico / científico na
implementação das intervenções de enfermagem; a referenciação das situações problemáticas
identificadas para outros profissionais, de acordo com os mandatos sociais dos diferentes
profissionais envolvidos no processo dos cuidados de saúde; a supervisão das atividades que
concretizam as intervenções de enfermagem e que foram delegadas pelo enfermeiro; a
responsabilização do enfermeiro pelas decisões que toma, pelos atos que pratica e pelos que
delega. (OE, 2001):

A intervenção dos enfermeiros, não se fica pela colaboração no tratamento, pela


educação e pela intervenção dos cuidados, estende-se até à capacitação das pessoas para
fazer face, à vida nas suas novas condições de saúde, pelo que no padrão sobre readaptação
funcional procura-se permanente a excelência no exercício profissional, o enfermeiro
conjuntamente com o cliente, desenvolve processos eficazes de adaptação aos problemas de
saúde.

São elementos importantes face à readaptação funcional, entre outros: a continuidade


do processo de prestação de cuidados de enfermagem; o planeamento da alta dos clientes
internados em instituições de saúde, de acordo com as necessidades dos clientes e os recursos
da comunidade; o máximo aproveitamento dos diferentes recursos da comunidade; a
otimização das capacidades do cliente e conviventes significativos para gerir o regímen
terapêutico prescrito; o ensino, a instrução e o treino do cliente sobre a adaptação individual
requerida face à readaptação funcional. (OE, 2001):

Sendo os enfermeiros os profissionais que permanecem na assistência continuamente


e suportam também a intervenção de outros profissionais será de esperar que um dos padrões
se destina à organização dos cuidados de enfermagem e este é a procura permanente da

63
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

excelência no exercício profissional, o enfermeiro contribui para a máxima eficácia na


organização dos cuidados de enfermagem.

São elementos importantes face à organização dos cuidados de enfermagem, entre


outros: a existência de um quadro de referências para o exercício profissional de enfermagem;
a existência de um sistema de melhoria contínua da qualidade do exercício profissional dos
enfermeiros; a existência de um sistema de registos de enfermagem que incorpore
sistematicamente, entre outros dados, as necessidades de cuidados de enfermagem do
cliente, as intervenções de enfermagem e os resultados sensíveis às intervenções de
enfermagem obtidos pelo cliente; a satisfação dos enfermeiros relativamente à qualidade do
exercício profissional; o número de enfermeiros face à necessidade de cuidados de
enfermagem; a existência de uma política de formação contínua dos enfermeiros, promotora
do desenvolvimento profissional e da qualidade; a utilização de metodológias de organização
dos cuidados de enfermagem promotoras da qualidade. (OE, 2001):

A criação destes enunciados descritivos da qualidade do exercício dos enfermeiros, a


partir os conceitos de saúde, pessoa, ambiente e cuidados de enfermagem, traduz-se num
contributo específico para o exercício profissional dos enfermeiros, numa garantia de melhoria
contínua da qualidade e procura permanente da sua excelência.

64
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

4 - FUNCIONAMENTO DOS CUIDADOS

Para compreender as implicações do funcionamento de cuidados e será de registar um


olher sintético para as realidades dos dois países que atravessam este estudo, Portugal, onde
desenvolvemos os estudos e Timor onde efetivamos o estudo.

Em Portugal há uma história já longa sobre o serviço Nacional de saúde e na atualidade


o reforço é feito com investimento para os cuidados continuados e nas comunidades, no
Despacho n.º 10143/2009 e Decreto -Lei n.º 28/2008, de 22 de Fevereiro, foram criados os
agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) do Serviço Nacional de Saúde, integrados nas
Administrações Regionais de Saúde (ARS), e estabelecido o seu regime de organização e
funcionamento. Os ACES são serviços de saúde com autonomia administrativa, constituídos
por várias unidades funcionais de um ou mais centros de saúde e cuja missão é garantir a
prestação de cuidados de saúde primários aos cidadãos de determinada área geográfica.

Relacionado com o artigo 11.º do Decreto -Lei n.º 28/2008, de 22 de Fevereiro, sobre
as unidades funcionais a implementar consta a Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC),
prestam cuidados de saúde e apoio psicológico e social, de âmbito domiciliário e comunitário,
às pessoas, famílias e grupos mais vulneráveis em situação de maior risco ou dependência
física e funcional, atuando na educação para a saúde, na integração em redes de apoio à
família e implementação de unidades móveis de intervenção. No processo de implementação
das UCC parece ser útil aproveitar o impulso de autonomia e de iniciativa própria dos
profissionais que tem resultado de forma muito adequada no desenvolvimento de outra das
unidades funcionais, incluindo a unidade de saúde familiar (USF). Este modelo de auto- -
organização, com os ACES, tem permitido a rápida disseminação do modelo, com grande
satisfação dos utentes do Serviço Nacional de Saúde e com grande empenho dos profissionais.

Da análise que realizamos consideramos que, há que sistematizar a colheita de


informação sobre os indicadores e a atividade das UCC que permita, no futuro, o
desenvolvimento de mecanismos de remuneração associados ao desempenho, à semelhança
dos que estão consagrados para as USF.

65
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Com a determinação do Decreto -Lei n.º 28/2008, de 22 de Fevereiro, e atento ao


disposto no seu artigo 43.º, é aprovado o Regulamento da organização e funcionamento da
unidade de cuidados na comunidade na integração em redes de apoio à família e comunidade.

Os hospitais ligam-se às unidades referidas criando esforços para garantir uma


assistência em rede embora sejam entidades autonomias com gestão empresarial.

Os enfermeiros estão presentes em todos os locais assistenciais e têm uma


regulamentação própria na sua profissão expressa no Regulamento do Exercício profissional de
Enfermagem (REPE - Decreto-Lei n.º 161/96, de 4 de Setembro)

Em Timor-Leste o funcionamento dos cuidados, centra-se no Decreto-lei N.º 10/2004,


de 24 de novembro, está referido que o funcionamento dum sistema de saúde harmónico e
estruturado, que possibilite a efetivação do direito à proteção da saúde, como direito
fundamental de todos os cidadãos, implica a conjugação de esforços e atividades do setor
público e privado na área da saúde, o reconhecimento do setor privado como parceiro
complementar desde que devidamente regulado e fiscalizado, e o estabelecimento das
normas orientadoras do serviço nacional de saúde, de forma eficaz, proporcione cuidados da
saúde adequados. Relacionado com este Decreto-lei, os funcionamentos de cuidados na área
de saúde primária são uma prioridade no programa nacional de saúde.

66
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

5 - TEMPO NA CENTRALIDADE DE CUIDADOS

A centralidade dos cuidados obriga à assunção efetiva do modelo de distribuição de


trabalho de enfermagem por enfermeiro, atribuindo a cada cidadão o «Seu Enfermeiro»,
centrando no profissional que está mais próximo as respostas às necessidades de saúde da
pessoa - família - grupo. Esta enfermagem de que vos falo, da qual já se vão tendo alguns
exemplos, é uma profissão em que o cidadão é o eixo dos cuidados e o enfermeiro se assume
como um recurso básico, determinante o seu autocuidado, ajudando-o a decidir, ou decidindo
com ele e construindo compromissos nos objetivos e nas ações.

É nesta centralidade dos cuidados que os enfermeiros prestam que se encontra a


complexidade e imprevisibilidade dos cuidados de enfermagem que cada vez mais é evidente a
necessidade de garantir uma formação inicial sólida e profunda. Essa formação tem de ser
capaz de fornecer as ferramentas necessárias ao desenvolvimento das competências
profissionais que suportam o profissionalismo que se impõe para a promoção de ganhos em
saúde dos cidadãos, bem como a satisfação profissional dos enfermeiros, pelo constante
aprofundamento e desenvolvimento dos saberes onde a investigação deve ser uma fonte de
questionamento do que melhor se pode oferecer em cuidados de saúde em geral e de
enfermagem em particular.

A Enfermagem demonstra competências para o desempenho do seu papel estratégico


e de pivot elemento de referência nos cuidados de saúde e, pelos resultados alcançados,
assume, sem dúvida, uma prática profissional de excelência. Ligamos à prática baseada na
evidência científica a valorização das competências específicas da profissão e a sua capacidade
de tomada de decisão, promove-se a visibilidade dos cuidados e o desenvolvimento
profissional orientando o exercício por uma visão sistémica e um pensamento crítico.

Acresce ainda que este “saber-ser” os enfermeiros tem as suas raízes nas
competências comportamentais, como a liderança, a comunicação, a negociação, as relações
interpessoais e a iniciativa, porque são as que efetivamente mais contribuem para a

67
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

construção de compromissos e de objetivos na relação de cuidado entre o enfermeiro e o seu


utente - família - grupo.

O plano de cuidados é definido em função da situação de saúde do utente. Os


problemas são identificados com base na avaliação inicial realizada pelo enfermeiro, assim,
este plano deve ser desenvolvida de acordo com o CIPE registo na SAPE, referido por cada
enfermeiro no inicio de cada turno e sempre que necessária para todos os utentes (Correia,
2012).

Os seres humanos sempre precisaram de cuidados, para manter a vida quer para lutar
para contra o mal e as ameaças constantes. Portanto, a centralidade dos cuidados em todo o
território é facilitar e tornar mais fácil a acessibilidade aos cuidados de saúde.

No artigo 57, alínea 2º e 3º, na Constituição República Democrática de Timor-Leste


(RDTL), afirma que estado promove a criação de um serviço nacional de saúde universal, geral
e, na medida das suas possibilidades, gratuito, nos termos da lei; e, o serviço nacional de saúde
deve ser, “tanto quanto possível”, de gestão descentralizada e participativa.

68
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

PARTE II- ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

Procedemos neste capítulo a uma abordagem das questões metodológicas que


orientaram esta investigação. Podemos comparar o estudo exploratório descritivo a uma
fotografia que permite situar mais precisamente as pessoas, os factos e as suas interações
(Colliére, 2003). Acrescentaremos ainda que é o tipo de estudo que (…) apresenta mais
interesse para um grupo profissional que começa a interrogar-se sobre o que se faz e que se
iniciam na investigação.

Para que os objetivos referidos anteriormente sejam alcançados, é necessário escrever


as estratégias a utilizar no plano de ação, orientando assim a pesquisa, tendo presente que a
metodologia se carateriza por um “conjunto dos métodos e de técnicas que guiam a
elaboração do processo de investigação científico.” (Fortin 1999, p.372). Neste capítulo,
referimo-nos ao desenho do estudo, tipo do estudo, à população e amostra, às técnicas de
recolha de dados e sua aplicação, bem como ao tratamento dos dados obtidos.

A pesquisa constitui-se de um estudo de caráter exploratório e descritivo, com uma


abordagem quantitativa, cujo propósito foi avaliar a qualidade dos cuidados de enfermagem:
padrão de qualidade a partir da satisfação do cliente hospitalizado até à implementação da
organização de cuidados de enfermagem. É exploratório, porque, “ (...) se refere a relações de
causa e efeito entre algumas variáveis selecionadas” (Salgueiro, 2001, p.106). É considerado
um estudo descritivo pois “visa caraterizar os fenómenos” Fortin (1999: p.170) e tem como
objetivo “descriminar os fatores determinantes ou conceitos que, eventualmente possam estar
associados ao fenómeno em estudo” (p.162).

De acordo com Lo Biondo-Wood e Haber (2001), estudos survey


descritivos/exploratórios permitem-nos colher descrições detalhadas de variáveis existentes e
usar os dados para justificar e avaliar condições e práticas correntes, fazendo assim planos
mais inteligentes para melhorar as práticas de atenção de saúde. E também, as variáveis de

69
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

interesse podem ser classificadas como opiniões, atitudes ou factos e os dados da pesquisa
podem ser colhidos por um questionário ou uma entrevista.

1 - TRABALHO DE CAMPO

O trabalho de campo seguiu um percurso metodológico partindo dos seguintes


objetivos que passamos a relembrar:
o Traduzir e adaptar culturalmente a “Escala de Perceção das atividades de
Enfermagem que contribuem para a qualidade de cuidados” (EPAECQC) para
Tétum;
o Identificar o perfil de cuidados dos timorenses a partir da opinião dos
enfermeiros que prestam cuidados;
o Analisar a opinião dos enfermeiros face a intervenções que garantem
qualidade;
o Descrever os cuidados de enfermagem mais frequentes;
o Descrever necessidades de formação dos enfermeiros timorenses.

Inquietados com o trabalho dos enfermeiros, elaborarámos a seguinte pergunta de


partida: como percecionam os enfermeiros timorenses as suas atividades face a domínios de
padrões que garantem a relação com a satisfação do utente, a promoção da saúde, a
prevenção de complicações, bem-estar e autocuidado, readaptação funcional e organização
dos cuidados?

As questões de investigação são uma das partes fulcrais de uma investigação. Face ao
explorado no início do enquadramento teórico, foi possível elaborar as questões de
investigação que constituíram a base à orientação da investigação:
 Quais as caraterísticas dominantes dos enfermeiros em Timor-Leste?
 Que opiniões têm os enfermeiros sobre os cuidados no seu serviço?
 Quais os cuidados mais frequentes nos serviços em Timor-Leste?
 Como funcionam as unidades na área dos cuidados de enfermagem?

70
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Pretende-se com este trabalho caraterizar um conjunto de enfermeiros e descrever a


sua opinião face à responsabilidade destes profissionais de saúde quanto à escassez de
recursos.

1.1 - Desenho do Estudo

O desenho de um estudo funciona como um plano que permite responder às questões


de investigação delineadas. Para Fortin (2009) o desenho de investigação define mecanismos
de controlo, tendo por objetivo minimizar os riscos de erro.

A pesquisa constitui-se num estudo exploratório, descritivo e que se vale da revisão


bibliográfica dirigida especialmente aos trabalhos nacionais e internacionais. Iniciámos pela
pesquisa bibliográfica que foi realizada nos meses de maio e junho de 2015 nas bases de
dados: EBsCOHost, Academic Search Complete, Business Source Complete, CINAHL Complete,
CINAHL Plus with Full Text, ERIC, Library, Information Science & Technology Abstracts,
MedicLatina, MEDLINE with Full Text, Psychology and Behavioral Sciences Collection, Regional
Business News, SPORT Discus with Full Text. Utilizando o termo de busca: (“Nursing care”
(“cuidados de enfermagem”)) AND (“quality management” (“gestão da qualidade”)) OR
(“health management” (“gestão de saúde”)) OR (“quality Assu rance” (“melhoria qualidade”))
AND (“health care” (“cuidados de saúde”)) OR (“total quality management” (“gestão da
qualidade total”)) OR AB ((“Nursing care” (“cuidados de enfermagem”)) AND (“quality
management” (“gestão da qualidade”)) OR (“health management” (“gestão de saude”)) OR
(“quality Assu rance” (“melhoria qualidade”)) AND (“health care” (“cuidados de saúde”)) OR
(“total quality management” (“gestão da qualidade total”)). Foram pesquisados trabalhos
realizados nos últimos cinco (5) anos, resultando na revisão de 112 artigos.

O esquema seguinte representa o caminho por nós percorrido para alcançar as


conclusões do trabalho a que nos propusemos:

71
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Figura 6 - Desenho do Estudo

Qual o perfil sociodemográfico e habilitacional dos enfermeiros em Timor-Leste? Que


opiniões têm os enfermeiros sobre os cuidados de enfermagem? Quais os cuidados de
enfermagem mais frequentes em Timor-Leste? Quais as necessidades de formação dos
enfermeiros em Timor-Leste?

Estudo Quantitativo
Pesquisa Objetivos Descritivo -
Bibliográfica
Exploratório

Projeto

Identificação do questionário de
recolha de dados

Aprovada da EPAECQC
Comissão de
Tradução,
Ética para a Colheita de dados
adaptação cultural
Saúde.
e validação

Análise de dados

Resultados e
conclusões

72
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

1.2- Variáveis em estudo

As variáveis são, na sua génese, as propriedades que são estudadas pelo investigador
numa determinada investigação. “A variável (…) é algo que varia”. (…) ” É qualquer qualidade
de uma pessoa, grupo ou situação que varia ou assume diferentes valores” (Polit, 2004:46). O
mesmo autor enuncia que o investigador frequentemente se questiona sobre a relação
existente entre duas ou mais variáveis. As variáveis poderão ser classificadas “em função do
papel que ela tem em um determinado estudo” (Polit, 2004:47).

Segundo Fortin (1999), a variável define-se como sendo a “caraterística de pessoas, de


objetos ou de situações estudadas numa investigação, a que se pode atribuir diversos valores”
(p.376). Para melhor compreensão do estudo, seguidamente descreveremos as variáveis a
estudar:
 Variável sociodemográfica (quadro 1)
 Variável padrões de qualidade (quadro 2)
 Variável funcionamento dos cuidados (quadro 3)
 Variável frequência dos cuidados (quadro 4)

Quadro 1 - Caraterísticas sociodemográficas


Componente Dimensões Indicadores
Género Feminino/masculino
Idade Anos completos
Exercício profissional Profissional Anos completos
Exercício na área de gestão Sim / não
Exercício nos cuidados Sim / não
Anos de exercício profissional Anos
Exercício no ano atual Anos
Ano de escolaridade antes do
Anos
curso de enfermagem
Curso de Enfermagem Anos
Curso Superior de Enfermagem: - Anos
Grau Académico
- Especialidade - Sim/não
- Pós-graduação
- Mestrado
- Outros

73
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

É essencial a inserção de variáveis sociodemográficas no estudo, na medida que estas


são importantes para traçar o perfil das caraterísticas dos sujeitos da amostra.

Quadro 2 - Variável padrões de qualidade


Categorias Dimensão Indicador
Os enfermeiros demonstram respeito pelas capacidades, 1 a 4
crenças, valores e desejos da natureza individual do cliente
Satisfação do nos cuidados que prestam.
Cliente Os enfermeiros procuram constantemente empatia nas 1 a 4
interações com o cliente (doente/família)
Os enfermeiros envolvem os conviventes significativos do 1 a 4
cliente individual no processo de cuidados.
Os enfermeiros identificam as situações de saúde da 1 a 4
população e dos recursos do cliente / família e comunidade
Promoção da Os enfermeiros aproveitam o internamento para promover 1 a 4
Saúde estilos de vida saudáveis
Os enfermeiros fornecem informação geradora de 1 a 4
aprendizagem cognitiva e de novas capacidades pelo cliente
Os enfermeiros identificam os problemas potenciais do cliente 1a4
Os enfermeiros prescrevem e implementam intervenções com 1 a 4
vista à prevenção de complicações
Os enfermeiros avaliam as intervenções que contribuem para 1 a 4
evitar problemas ou minimizar os efeitos indesejáveis
Os enfermeiros demonstram o rigor técnico / científico na 1 a 4
A Prevenção de implementação das intervenções de enfermagem.
Complicações Os enfermeiros referenciam situações problemáticas 1 a 4
identificadas para outros profissionais, de acordo com os
mandatos sociais.
Os enfermeiros supervisionam as atividades que concretizam 1 a 4
as intervenções de enfermagem e as atividades que delegam.
Os enfermeiros demonstram responsabilidade pelas decisões 1 a 4
que tomam, pelos atos que praticam e que delegam.
Os enfermeiros identificam os problemas do cliente que 1 a 4

74
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Categorias Dimensão Indicador


contribuam para aumentar o bem-estar e a realização das
suas atividades de vida.
Os enfermeiros prescrevem e implementam intervenções que 1 a 4
O Bem-estar e o contribuam para aumentar o bem-estar e a realização das
autocuidado atividades de vida dos clientes.
Os enfermeiros avaliam as intervenções que contribuam para 1 a 4
aumentar o bem-estar e a realização das atividades de vida
dos clientes.
Os enfermeiros demonstram o rigor técnico/científico na 1 a 4
implementação das intervenções de enfermagem que
contribuam para aumentar o bem-estar e a realização das
atividades de vida dos clientes
Os enfermeiros referenciam situações problemáticas 1 a 4
identificadas que contribuam para aumentar o bem-estar e a
realização das atividades de vida dos clientes.
Os enfermeiros demonstram responsabilidade pelas decisões 1 a 4
que tomam, pelos atos que praticam e que delegam
Os enfermeiros dão continuidade ao processo de prestação de 1 a 4
cuidados de enfermagem
Os enfermeiros planeiam a alta dos clientes internados em 1 a 4
Readaptação instituições de saúde, de acordo com as necessidades dos
Funcional clientes e os recursos da comunidade.
Os enfermeiros otimizam as capacidades do cliente e 1 a 4
conviventes significativos para gerir o regime terapêutico
prescrito.
Os enfermeiros ensinam, instruem e treinam o cliente sobre a 1 a 4
adaptação individual requerida face à readaptação funcional.
Organização Os enfermeiros dominam o sistema de registos de 1 a 4
dos cuidados de enfermagem.
enfermagem
Os enfermeiros conhecem as políticas do hospital 1a4

75
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

A variável padrões de qualidade suporta-se no processo de trabalho dos enfermeiros,


tem como fonte os Padrões de Qualidade dos Enfermeiros de Portugal, e faz parte integrante
do questionário que escolhemos para suportar o estudo.

Quadro 3 - Variável funcionamento dos cuidados


Categorias Dimensão Indicador
Dúvidas Pergunto ao médico Sim-1
sobre os Não 2
cuidados Pergunto aos colegas Sim-1
Não 2
Pergunto ao Enfermeiro Chefe Sim-1
Não 2
Vou ler em livros ou vou à internet Sim-1
Não 2
Intercorrê Não digo nada Sim-1
ncias Não 2
Digo ao médico Sim-1
Não 2
Digo ao Enfermeiro Chefe. Sim-1
Não 2
Registo Sim-1
Não 2
Aguardo que se descubra Sim-1
Não 2
Não digo nada Sim-1
Não 2
Falta de Com o Enfermeiro Chefe Sim-1
material Não 2
Com o Médico Sim-1
Não 2
Com os doentes Sim-1
Não 2
Não falo com ninguém Sim-1
Não 2
Método de Tarefa (cada enfermeiro faz uma tarefa para todos os doentes, Sim-1
trabalho Pensos, medicação) Não 2
Método individual (um enfermeiro faz todos os cuidados a um Sim-1
ou vários doentes) Não 2
Enfermeiro responsável (um enfermeiro é responsável pelo Sim-1
doente da admissão à alta) Não 2
Método em equipa (um grupo de enfermeiros com um líder Sim-1
presta cuidados a um grupo de doentes) Não 2

A variável funcionamento está ligada à dimensão da qualidade estrutura e diretamente


aos cuidados de enfermagem.

76
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Quadro 4 - Variável frequência dos cuidados


Categorias Dimensão Indicador

Higiene e Dar banho na cama 1a4


cuidados Dar banho no chuveiro 1a4
pessoais Cuidados aos cabelos 1a4
Arranjar-se Vestir e despir 1a4
Alimentação Alimentação nas refeições 1a4
Hidratação nos intervalos das refeições 1a4
Entubação 1a4
Movimentação Posicionamento na cama 1a4
Posicionamento na cadeira 1a4
Mobilização na cama 1a4
Deambulação 1a4
Eliminação Ajuda na ida ao sanitário 1a4
Colocar aparadeiras 1a4
Algaliação 1a4
Terapêutica Medicação por via oral 1a4
Medicação intramuscular 1a4
Medicação endovenosa 1a4
Medicação por outras vias 1a4
Tratamentos Pensos de feridas cirúrgicas 1a4
Pensos de feridas abertas 1a4
Aspiração de secreções 1a4
Sinais vitais Avaliação da temperatura 1a4
Avaliação da TA 1a4
Avaliação do pulso 1a4
Avaliação da respiração 1a4
Atividades Ensino sobre estilos de vida 1a4
especiais / de Ensino sobre as situações patológicas 1a4
apoio e Ensinos sobre prevenção de complicações 1a4
educação Ensino sobre a adaptação dos autocuidados à situação 1 a 4
patológica
Ensino a familiares cuidadores 1a4

77
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Os enfermeiros na atenção a família no caso de obtido 1a4


Avaliação e Colheita de dados no momento de admissão - anamnese 1a4
planeamento Plano de cuidados 1a4
de cuidados Notas de enfermagem 1a4
Carta na alta 1a4

A variável frequência dos cuidados está ligada à dimensão da qualidade processo e


resultados diretamente aos cuidados de enfermagem.

1.3- População e amostra

Segundo Fortin (2000), a população é uma coleção de elementos ou sujeitos, que


partilham caraterísticas comuns, definidas por um conjunto de critérios”. Para a mesma
autora, a população alvo reporta-se aos “elementos que satisfazem os critérios de seleção
definidos antecipadamente e para os quais o investigador deseja fazer generalizações.
Segundo Beck et al., (2004), uma particularidade importante nos estudos quantitativos, é que
estes devem especificar as caraterísticas que delimitam a população através dos critérios de
seleção para a inclusão ou exclusão do estudo, pelo que delimitamos os seguintes critérios de
exclusão:
 Estar em processos formativos
 Estar ausente no período da colheita de dados

O presente estudo foi realizado em duas instituições hospitalares (Hospital Nacional


Guido Valadares (HNGV)), localizada na cidade de Díli e Hospital Referência de Baucau (HRB),
localizada no Distrito de Baucau, parte leste de Timor-Leste e, dois Centros da Saúde: Distrito
de Lospalos (parte Leste) e Subdistrito de Vera Cruz, na cidade de Díli.

A amostragem é o procedimento pelo qual um grupo de pessoas ou um subconjunto


de uma população é escolhido com vista a obter informações relacionadas com um fenómeno,
de tal forma que a população que interessa esteja representada.

78
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Consideramos que a amostra é um subconjunto dessa população (Polit, 2004) obtida


através de um processo de seleção de uma porção da população e neste estudo a população,
foram todos os enfermeiros que trabalham no Hospital Nacional Guido Valadares em Díli
(HNVG), 292 enfermeiros; no Hospital Referência de Baucau (HRB), 77 enfermeiros; no Centro
da Saúde Lospalos, 14 enfermeiros; no Centro da Saúde de Vera Cruz de Díli, 16 enfermeiros.
Esta subpopulação faz parte de uma população maior que é população dos enfermeiros que
trabalhavam no Ministério da Saúde de todos os territórios de Timor-Leste é constituída por
um total de 1142 enfermeiros, sendo 414 do sexo feminino (36,3%), e 728 (63,7%) do sexo
masculino.

A fim de compreendermos a representação da população, considerando que a


amostragem foi não probabilística intencional, podemos agora afirmar que no Hospital
Nacional Guido Valadares (HNGV), obteve-se uma amostra de 146 (50%) do total; no Hospital
Referência de Baucau (HRB), obteve-se uma amostra de 69 (89,6%) do total, no Centro da
Saúde de Lospalos, a população é constituída por 14 elementos, tendo-se obtida uma amostra
de 5 (35,7%), no Centro da Saúde de Vera Cruz, a população é constituída por 12 elementos,
tendo-se obtida uma amostra de 6 (50%).

1.4- Instrumento de colheita de dados

Para a colheita de dados utilizamos um questionário estruturado. Esta escolha deveu-


se, nomeadamente à gestão do tempo disponível, uma vez que constitui uma forma mais
rápida e económica de recolher informação. Segundo Fortin (2009) o (…) questionário tem por
objetivo recolher informação fatual sobre acontecimentos ou situações conhecidas, sobre
atitudes, crenças, conhecimentos, sentimentos e opiniões.

A base de trabalho foi um questionário denominado de “Qualidade dos Cuidados de


Enfermagem: Padrões de Qualidade” traduzido e adaptado pelo grupo de peritos.

O questionário da Escala de Perceção das Atividades de Enfermagem que Contribuem


para a Qualidade de Cuidados (EPAECQC) é constituído por 4 dimensões, nomeadamente: o
grupo que se refere à caraterização sociodemográfica; a segunda dimensão sobre padrões que

79
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

garantem a qualidade; a terceira sobre o funcionamento dos cuidados, e a quarta sobre a


frequência das atividades dos enfermeiros. A sua construção teve várias fontes: a primeira e
terceira foram construídas procurando determinar o perfil dos enfermeiros e o funcionamento
dos cuidados de enfermagem; a segunda e quarta parte, focalizam-se nas atividades dos
enfermeiros e dizem respeito à EPAECQC – MARTINS, & GOLÇALVES, (2013).

Elaborado o instrumento de colheita de dados, houve necessidade de o submeter à


apreciação por seis peritos: um professor da Universidade; um enfermeiro sénior; dois
professores da Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde (FMCS) - Departamento Escola de
Enfermagem (DEE) - UNTL; e um enfermeiro que estava a trabalhar no Hospital Nacional Guido
Valadares (HNGV) e também a orientar os estudantes da faculdade. Este grupo teve a
incumbência de fazer a tradução da língua portuguesa para língua tétum, a adaptação cultural
ao país, e, posteriormente, esta escala foi analisada de forma a ser validada.

Após as observações, críticas e sugestões dos mesmos, reformulámos algumas


questões de forma a facilitar a compreensão dos inquiridos. Seguidamente, procedeu-se à
realização de um pré-teste (piloto) com o objetivo de detetar eventuais falhas existentes.
Fortin (1999,p.373) define pré-teste (piloto) como sendo a “medida de uma variável efetuada
nos sujeitos antes que seja aplicado o questionário”. O pré-teste (piloto) foi aplicado aos
enfermeiros que trabalham no Hospital Nacional. Após apreciação pelos enfermeiros houve
necessidade de reformular a questão com quatro dimensões para facilitar a resposta dos
inquiridos. (Anexo II).

1.5- Procedimentos de colheita de dados e éticos

Através da pesquisa bibliográfica foram encontrados artigos que deram suporte a esta
investigação, e emergiram os questionários que se utilizaram para a recolha de dados,
nomeadamente a EPAECQC. Desenvolveu-se um pré-projeto que foi aprovado pela Comissão
da Ética para a Saúde na instituição onde se desenrolou o estudo (Anexo III).

Partimos para o trabalho de campo durante 2 meses (21 de fevereiro até 21 de abril de
2015). Num primeiro momento, realizámos os encontros com os grupos de peritos (fizeram
tradução para tétum, a adaptação cultural e a validação da EPAECQC), em Díli. No segundo

80
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

momento, utilizaram-se cinco (5) enfermeiros como treino-piloto, com o objetivo de identificar
qual o grau de dificuldade de compreensão no preenchimento dos questionários.

Seguiu-se a terceira fase com a aplicação dos instrumentos no campo escolhido,


através do coordenador dos enfermeiros da unidade. Estes fizeram a distribuição por todos os
enfermeiros que trabalham nas suas unidades. Posteriormente levantaram os questionários e
discutidos com o coordenador da unidade as dificuldades que tiveram durante o
preenchimento dos questionários.

A quarta fase foi a codificação dos questionários e o lançamento no programa SPSS 20,
vindo depois a fazer-se a análise dos dados com recurso da estatística descritiva na globalidade
e o recurso a testes não paramétricos para verificar a associação entre a formação e as várias
variáveis.

Em investigação é importante proteger os direitos e liberdade dos inquiridos. Portanto,


para a realização da investigação, tivemos em consideração todas as precauções formais e
éticas. Para Fortin (2009) os (…) cinco princípios ou direitos fundamentais aplicáveis aos seres
humanos, foram determinados pelos códigos de ética: o direito à autodeterminação, o direito
à intimidade, o direito ao anonimato e à confidencialidade, o direito à proteção contra o
desconforto e o prejuízo, e, por fim, o direito a um tratamento justo e legal.
A fim de garantir este princípio consideramos ser necessário:
 Pedir a aplicação do questionário ao Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV),
Hospital Referência de Baucau (HRB), Centros de Saúde com internamento dos
clientes.
 Distribuir o questionário e recolher o mesmo, seguindo um plano a acordar com a
direção do Hospital e do Centro da Saúde.
 Garantir a confidencialidade e livre adesão do seu preenchimento.

No presente estudo pretendeu-se respeitar de forma absoluta os direitos descritos,


desde a seleção dos participantes na amostra, até à apresentação e discussão dos resultados.

81
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Procedimento de colheita de dados

Antes da aplicação do questionário, começámos por pedir autorização para a


realização deste estudo à Direção Clinica dos Hospitais, e foi aprovado em Fevereiro de 2015.
Ao obtermos esse consentimento formal, tivemos uma reunião com os enfermeiros chefe dos
serviços que teve como objetivo comunicar a finalidade do estudo. Nesta reunião foi facultada
uma cópia do questionário, bem como foi reiterado que ao preencher os questionários
considerava-se que os enfermeiros consentiam na utilização dos dados.
A investigação contribui para o avanço dos conhecimentos científicos, mas quando
esta é efetuada em seres humanos, é essencial uma atenção especial no que concerne à
salvaguarda do respeito pelos direitos fundamentais das pessoas. Desta forma, a metodologia
científica a utilizar em investigação clínica deve basear-se no cumprimento de diretrizes éticas,
entre as quais destacamos (FORTIN,2003, p. 114-120):
 O direito à autodeterminação que se baseia no princípio ético do respeito pela
pessoa do qual decorre que a pessoa, ao ser solicitada a participar no estudo,
decide voluntariamente se quer participar no estudo.
 O direito à intimidade, em que o investigador tem a responsabilidade de
assegurar o anonimato e a confidencialidade, sendo o estudo o menos
invasivo possível.
 O direito ao anonimato e à confidencialidade ao respeitar que a identidade do
sujeito não é associada às respostas individuais, bem como os dados pessoais
não poderem ser divulgados sem consentimento da mesma.

Em todos estes direitos anteriormente mencionados encontra-se presente a noção de


consentimento informado, que deve ser livre e esclarecido e essencial em qualquer
investigação. Este vem contemplado na sequência do direito à informação, em que o
investigador fornece toda a informação essencial referente ao estudo, esclarece dúvidas para
que o sujeito possa decidir de forma consciente a sua participação no estudo.

No que respeita à enfermagem em particular, o Classificação de Doentes/Enfermagem


(CDE) no seu artigo 85º - Do dever do sigilo, alínea c) refere que “O enfermeiro, obrigado a
guardar segredo profissional sobre o que toma conhecimento no exercício da sua profissão,
assume o dever de manter o anonimato da pessoa sempre que o seu caso for usado em
situações de ensino, investigação ou controlo da qualidade de cuidados”.

82
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Neste caso, existe uma relação estreita entre o dever do sigilo do enfermeiro como
forma de preservar o direito à confidencialidade, mas também o direito ao anonimato e à
reserva da vida privada, bem como o respeito pela intimidade das pessoas em estudo.

Este dever de “guardar segredo” prende-se com a responsabilidade profissional dos


enfermeiros que devem assumir uma conduta ética no processo de investigação e na análise
das práticas, nomeadamente no garante da proteção da identidade e integridade da
população em estudo. Todos os anteriormente referidos são essenciais na investigação e da
inteira responsabilidade do investigador. No caso do presente estudo, os aspetos éticos foram
acautelados, nomeadamente o respeito pelo anonimato e confidencialidade dos dados obtidos
em questionário. Após a entrega do pedido de autorização do estudo, dirigido ao Conselho de
Administração dos Hospitais e Centros de Saúde, houve uma análise do projeto de
investigação, pelo conselho Ética da instituição, seguida de reuniões de esclarecimento, após
as quais foi emitida a autorização da realização do mesmo (Anexo III).

83
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

84
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

PARTE III – TRAÇADO DAS OPINIÕES DOS ENFERMEIROS –


APRESENTAÇÃO DOS DADOS

A opinião dos enfermeiros depende do nível de maturidade psicológica e profissional,


e é influenciada pelo estado de espírito ou atitude de cada um dos participantes em relação à
realidade particularmente às condições do trabalho.

Os resultados do estudo advêm da análise do questionário, que adaptámos dum


estudo desenvolvido para a Criação da EPAECQC) – MARTINS, MM; GOLÇALVES, M.N. (2013) e
a terceira parte tem como base as atividades dos enfermeiros, criada especificamente para
este fim.

Em seguida, procedemos à análise de dados, o que nos possibilitou a análise a opinião


dos enfermeiros sobre as suas atividades e qualidade assistencial. Para analisar os dados,
utilizámos distribuições de frequências absolutas e relativas. Assim, os dados serão
apresentados em tabelas e gráficos, acompanhados da análise respetiva.

1 - Caraterização da amostra

A amostra é constituída por enfermeiros timorenses, sendo (51,8%) do género


feminino e (48,2%) do masculino. Relativamente à idade verifica-se que (41,2%) dos
enfermeiros têm idades compreendidas entre 43 e 52 anos, e apenas (27%) com idade entre
53 e 62 anos, com desvio padrão de 0,87. O nível da escolaridade dos enfermeiros timorenses
(77%) é 9 de anos de escolaridade, e (23 %) é 12 de anos de escolaridade. Da nossa amostra

85
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

(54%) dos enfermeiros possuíam o Curso de Enfermagem do nível educação básica, e, (46%)
têm Curso Superior de Enfermagem.

1.1 - Exercício profissional

A fim de caraterizar o exercício profissional consideramos os anos de exercício


profissional global bem como anos no atual serviço e ainda a área do exercício como
verificamos nas tabelas que se seguem.

Tabela 1 - Distribuição dos enfermeiros de acordo com os anos de exercício profissional e anos
atual do serviço profissional
Variável Nº %
Anos de exercício profissional
1 – 10 Anos 37 16,4 %
11 – 20 Anos 22 9,7 %
21 – 30 Anos 43 19,0 %
31 – 40 Anos 68 30,1 %
41 – 50 Anos 56 24,8 %
Anos no atual serviço
1 – 5 Anos 50 22,1 %
6 – 10 Anos 36 15,9 %
11 – 15 Anos 59 26,1 %
16 – 20 Anos 37 16,4 %
21 – 25 Anos 18 8,0 %
26 – 30 Anos 18 8,0 %
Mais 30 anos 8 3,5 %

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 1 em


relação aos anos de exercício profissional que a maioria dos enfermeiros situa-se na faixa
etária (31 - 40) anos, correspondem a (30,1%) da amostra, e número de enfermeiros cujos
anos no atual serviço se situa no grupo (11-15) anos, correspondendo a (26,1%) da amostra, o
que garante um nível de experiência profissional elevado.

Face ao tipo de estudo é importante identificar se os enfermeiros são dos cuidados ou


da área da gestão onde se verificou que todos exercitavam cuidados conforme verificamos de
seguida apenas alguns se dedicam à gestão.

Tabela 2 - Distribuição dos enfermeiros de acordo com exercício na área de gestão e exercício
nos cuidados
Variável Nº %
Exercício na área da gestão

86
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Sim 42 18,6%
Não 184 81,4%

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 2 - que


(81,4%) dos participantes executar apenas cuidados sendo que a área do exercício na área de
gestão é (18,6%) da amostra. Considerando que os enfermeiros, como membros da equipa de
saúde, são corresponsáveis perante a população e a organização onde trabalham, pela
qualidade dos serviços prestados. Isto significa que é necessário conhecer e compreender
tanto os hábitos de saúde da população como os fatores organizacionais, para dimensionar as
práticas e a formação profissional, tem um contributo específico para a promoção de saúde
das populações.

2 - Padrões da qualidade

Padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem são um enorme desafio – pelo


reflexo na melhoria dos cuidados de enfermagem para fornecer aos cidadãos. Existe uma
preocupação generalizada sobre as formas de otimizar os recursos humanos existentes na
melhoria dos cuidados de saúde, quanto à forma como todos estão envolvidos, quanto à
forma como os serviços de saúde respondem às necessidades da população.

Apresentamos de seguida os dados que nos irão permitir a compreensão e


implementação dos padrões da qualidade de enfermagem através EPAECQC pela distribuição
por frequências absolutas e frequências relativas dos casos por cada item que compõe os
questionários.

2.1. A satisfação do cliente

A satisfação dos clientes é alcançada a partir de diversas ações que os enfermeiros


precisam executar - assim, implementar os cuidados de enfermagem com qualidade, implica
satisfação dos clientes. A satisfação do cliente é o ponto de encontro entre as expetativas do
cliente quanto ao cuidado de enfermagem e sua perceção sobre o cuidado recebido.
Acrescenta-se que a satisfação do cliente é uma avaliação positiva das dimensões do cuidado

87
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

de saúde e de enfermagem, e também uma perceção subjetiva que pode ser considerada
como realidade tanto pelo enfermeiro como também pelo cliente. Contudo, há dimensões que
se esperam que os enfermeiros realizem sempre. Ao analisar a forma de garantir a satisfação
parte-se do princípio do respeito pelo utente como pessoa única e com caraterísticas
individuais.

A satisfação do cliente com os cuidados de enfermagem relaciona-se com os


comportamentos, atitudes (relacionais e comunicacionais) e competências dos profissionais de
enfermagem, nomeadamente as competências pessoais, salientando as relações pessoais e
preocupação e solicitude em relação aos outros; as soft skill, sobretudo a capacidade de
comunicação e as competências sociais.

Tabela 3 - Distribuição da perceção dos enfermeiros sobre satisfação do cliente


Variável Nunca Poucas vezes Às vezes Sempre
Nº % Nº % Nº % Nº %
Demonstram respeito pelas 18 8% 11 4,9% 93 41,2% 104 46%
capacidades, crenças, valores e
desejos da natureza individual
do cliente nos cuidados que
prestam
Procuram constantemente 17 7,5% 69 30,5% 96 42,5% 44 19,5%
empatia nas interações com o
cliente (Doente/família)
Envolvem os conviventes 19 8,4% 21 9,3% 103 45,6% 83 36,7%
significativos do cliente
individual no processo de
cuidados

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 3 - que os


participantes (46%) são de opinião que sempre demonstram o respeito pelas capacidades,
crenças, valores e desejos dos clientes e (41,2%) os enfermeiros fazem-no às vezes. Sobre se
procuram constantemente empatia nas interações com o cliente apenas (19,5%) o faz sempre
e (42,5%) referiram que o fazem às vezes; considerando se envolvem os conviventes
significativos do cliente individual no processo de cuidados (36,7%) fazem-no sempre, e
(45,6%) às vezes.

88
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico Nº1 - Representação da satisfação do cliente

Satisfação do cliente
Envolvem os conviventes significativos
do cliente individual no processo de
cuidados

Procuram constantemente empatia nas


interações com o cliente (Doente/família

Demonstram respeito pelas


capacidades, crenças, valores e desejos
da natureza individual do cliente nos…

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Nunca Poucas vezes Às vezes Sempre

2.2. A promoção da Saúde

A promoção da saúde desenvolvida pelos enfermeiros contribui para garantir a


implementação dos padrões da qualidade a partir de uma filosofia de prevenção da doença. Os
cuidados de enfermagem tomam por foco de atenção a promoção dos projetos de saúde que
cada pessoa vive e persegue. Neste contexto, procura-se, ao longo de todo o ciclo vital,
prevenir a doença e promover os processos de readaptação, procura-se a satisfação das
necessidades humanas fundamentais e a máxima independência na realização das atividades
da vida, procura-se a adaptação funcional aos défices e a adaptação a múltiplos fatores –
frequentemente através de processos de aprendizagem do utente.

Tabela 4 - Distribuição da perceção dos enfermeiros sobre a promoção da saúde


Variável Nunca Poucas vezes Às vezes Sempre
Nº % Nº % Nº % Nº %
Identificam as situações de 13 5,8% 56 24,8% 123 54,4% 34 15,0
saúde da população e dos
recursos do cliente / família e
comunidade
Aproveitam o internamento 14 6,2% 35 15,5% 107 47,3% 70 31%
para promover estilos de vida
saudáveis
Informação geradora de 19 8,4% 71 31,4% 117 51,8% 19 8,4%
aprendizagem cognitiva, afetiva
e psicomotora e de novas
capacidades pelo cliente

89
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 4 – que os


enfermeiros (54,4%) dizem que às vezes identificam as situações de saúde da população;
(51,8%) transmitiram aprendizagem cognitiva, afetiva e psicomotora e de novas capacidades
para o cliente, e (47,3%) aproveitam o tempo do internamento para promover estilos de vida
saudáveis. Na opinião dos enfermeiros, apenas (8,4%) fornecem sempre informação geradora
de aprendizagem cognitiva e de novas capacidades pelo cliente, aumentando para (31%) o
número dos que aproveitam sempre o internamento para promover estilos de vida saudáveis,
e apenas (15%) dos enfermeiros identificam as situações de saúde da população e dos recursos
do cliente / família e comunidade.

Gráfico Nº2 – Representação da promoção da saúde

Na promoção da saúde

Informação geradora de aprendizagem


cognitiva, afetiva e psicomotora e de novas
capacidades pelo cliente

Aproveitam o internamento para promover


estilos de vida saudáveis

Identificam as situações de saúde da


população e dos recursos do cliente / família e
comunidade

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%100%

Nunca Poucas vezes Às vezes Sempre

2.3. A prevenção de complicações

Os cuidados de enfermagem visam a promoção dos projetos de saúde ao “prevenir a


doença e promover os processos de readaptação, procuram a satisfação das necessidades
humanas básicas e a máxima independência na realização das atividades de vida (…) através de

90
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

processos de aprendizagem do cliente. Os enfermeiros procuram, em todo o desempenho


profissional, a excelência do exercício, e adequar as normas de qualidade dos cuidados às
necessidades concretas das pessoas que prestam cuidados, atenção à pessoa como uma
totalidade única, inserida numa família e numa comunidade. De modo a que os cuidados de
enfermagem minimizem ou previnam ” (OE,2001:13).

Tabela 5 - Distribuição da perceção dos enfermeiros sobre prevenção de complicações


Variável Nunca Poucas vezes Às vezes Sempre
Nº % Nº % Nº % Nº %
Enfermeiros identificam os 21 9,3% 25 11,1% 115 50,9% 65 28,8%
problemas potenciais do
cliente
Prescrevem e implementam 33 14,6% 37 16,4% 94 41,6% 62 27,4%
intervenções com vista à
prevenção de complicações
Avaliam as intervenções que 29 12,8% 29 12,8% 96 42,5% 72 31,9%
contribuem para evitar
problemas ou minimizar os
efeitos indesejáveis
Demonstram o rigor técnico / 17 7,5% 22 9,7% 95 42% 92 40,7%
científico na implementação
das intervenções de
enfermagem
Referenciam situações 38 16,8% 27 11,9% 97 42,9% 64 28,3%
problemáticas identificadas
para outros profissionais, de
acordo com os mandatos
sociais
Supervisionam as atividades 61 27% 25 11,1% 88 38,9% 52 23%
que concretizam as
intervenções de enfermagem e
as atividades que delegam
Demonstram responsabilidade 28 12,4% 28 12,4% 90 39,8% 80 35,4%
pelas decisões que tomam,
pelos atos que praticam e que
delegam

Podemos verificar, através da análise dos resultados na tabela 5 - que dos


participantes referem fazer às vezes: (50,9%) a identificação dos problemas potenciais do
cliente; (41,6%) prescrição e implementação de intervenções; (42,5%) dos participantes
avaliam as intervenções; (42%) demonstram o rigor técnico/científico; (42,9%) referenciam as
situações problemáticas identificadas; (38,9%) supervisionam as atividades de enfermagem
que delegam; (39,8%) demonstram as responsabilidades pelas decisões que tomam.

91
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Na opinião dos enfermeiros dizem sempre: (28,8%) identificam os problemas


potenciais do cliente; (27,4%) prescrevem e implementam intervenções com vista à prevenção
de complicações; (31,9%) avaliam as intervenções que contribuem para evitar problemas ou
minimizar os efeitos indesejáveis; (40,7%) demonstram o rigor técnico / científico na
implementação das intervenções de enfermagem; (28,3%) referenciam as situações
problemáticas identificadas para outros profissionais de acordo com os mandatos sociais;
(23%) supervisionam as atividades que concretizam as intervenções de enfermagem e as
atividades que delegam; e (35,4%) demonstram responsabilidade pelas decisões que tomam,
pelos atos que praticam ou delegam.

Gráfico Nº3 – Representação de prevenção de complicações

Prevenção de complicações

Demonstram responsabilidade pelas


decisões que tomam, pelos atos que
praticam e que delegam

Supervisionam as atividades que


concretizam as intervenções de
enfermagem e as atividades que…

Referenciam situações problemáticas


identificadas para outros profissionais,
de acordo com os mandatos sociais

Demonstram o rigor técnico / científico


na implementação das intervenções de
enfermagem

Avaliam as intervenções que


contribuem para evitar problemas ou
minimizar os efeitos indesejáveis

Prescrevem e implementam
intervenções com vista à prevenção de
complicações

Enfermeiros identificam os problemas


potenciais do cliente

0 50 100 150 200 250

Nunca Poucas vezes Às vezes Sempre

92
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

2.4. O bem-estar e o autocuidado

De acordo com os enunciados descritivos dos Padrões de Qualidade dos Cuidados de


Enfermagem da Ordem dos Enfermeiros (OE, 2001), o enfermeiro tem por objetivo maximizar
o bem-estar e promover o autocuidado.

Os enfermeiros descrevem o conceito de saúde pela positiva, e em termos de bem-


estar e autocuidado relacionam-nos com o desenvolvimento pessoal e social, nomeadamente
das potencialidades dos indivíduos, e também da capacidade dos enfermeiros de
aconselharem os utentes com vista a promover o seu bem-estar e autocuidado. O autocuidado
em cada cliente é aprendido ao longo do seu crescimento e do seu desenvolvimento, através
das relações interpessoais e da comunicação quer na família, com os colegas e os outros
membros da sociedade. Também é importante levar em consideração o conjunto de atividades
aprendidas em relação direta com as crenças, os hábitos, as práticas culturais e os costumes
do grupo ao qual pertence o cliente que o pratica.

Tabela 6 - Distribuição da perceção dos enfermeiros do bem-estar e autocuidado


Variável Nunca Poucas Às vezes Sempre
vezes
Nº % Nº % Nº % Nº %
Identificam os problemas do cliente 17 7,5% 33 14,6% 118 52,2% 58 25,
que contribuam para aumentar o 7%
bem-estar e a realização das suas
atividades de vida
Prescrevem e implementam 31 13,7% 37 16,4% 101 44,7% 57 25,
intervenções que contribuam para 2%
aumentar o bem-estar e a realização
das atividades de vida dos clientes
Avaliam as intervenções que 30 13,3% 38 16,8% 94 41,6% 64 28,
contribuam para aumentar o bem- 3%
estar e a realização das atividades
de vida dos clientes
Demonstram o rigor 30 13,3% 36 15,9% 100 44,2% 60 26,
técnico/científico na implementação 5%
das intervenções de enfermagem
que contribuam para aumentar o
bem-estar e a realização das
atividades de vida dos clientes
Referenciam situações 15 6,6% 23 10,2% 101 44,7% 87 38,

93
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

problemáticas identificadas que 5%


contribuam para aumentar o bem-
estar e a realização das atividades
de vida dos clientes
Demonstram responsabilidade pelas 22 9,7% 27 11,9% 90 39,8% 87 38,
decisões que tomam, pelos atos que 5%
praticam e que dele

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 6 – que


mais uma vez, as maiores percentagens situam-se no às vezes sendo que a maioria dos
participantes (52,2%) referiram fazer a identificação dos problemas dos clientes; (44,7%) ao
mesmo resultado em dois itens que são: prescrevem e implementam intervenções que
contribuam para aumentar o bem-estar e a realização das atividades de vida dos clientes e
referenciam situações problemáticas identificadas; (41,6%) avaliam as intervenções que
contribuem para aumentar o bem-estar; (44,2%) demonstram o rigor técnico/científico na
implementação das intervenções de enfermagem; e (39,8%) dos enfermeiros demonstram
responsabilidade pelas decisões que tomam.

Na opinião dos enfermeiros da amostra o grupo dos que se situam no sempre ocupam
percentagens mais baixas em todas as componentes.

94
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico Nº4 – Representação de bem-estar e o autocuidado

Bem-estar e o autocuidado

Demonstram responsabilidade pelas decisões


que tomam, pelos atos que praticam e que
dele
Referenciam situações problemáticas
identificadas que contribuam para aumentar o
bem-estar e a realização das atividades de vida
dos clientes
Demonstram o rigor técnico/científico na
implementação das intervenções de
enfermagem que contribuam para aumentar o
bem-estar e a realização das atividades de…
Avaliam as intervenções que contribuam para
aumentar o bem-estar e a realização das
atividades de vida dos clientes

Prescrevem e implementam intervenções que


contribuam para aumentar o bem-estar e a
realização das atividades de vida dos clientes

Identificam os problemas do cliente que


contribuam para aumentar o bem-estar e a
realização das suas atividades de vida

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%100%

Nunca Poucas vezes Às vezes Sempre

2.5. A readaptação funcional

O enfermeiro procura, ao longo de todo o ciclo de vida, ensinar, orientar o utente no


processo de readaptação funcional antes do regresso a casa, e também promover,
paralelamente, a aprendizagem de forma a aumentar os recursos pessoais e de familiares
cuidadores e comunitários de modo a capacitá-los a enfrentar os desafios que têm pela frente.

95
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Tabela 7 - Distribuição da perceção dos enfermeiros sobre readaptação funcional


Variável Nunca Poucas vezes Às vezes Sempre
Nº % Nº % Nº % Nº %
Dão continuidade ao processo 22 9,7% 24 10,6% 80 35,4% 100 44,2%
de prestação de cuidados de
enfermagem
Planeiam a alta dos clientes 86 38,1% 32 14,2% 72 31,9% 36 15,9%
internados em instituições de
saúde, de acordo com as
necessidades dos clientes e os
recursos da comunidade
Otimizam as capacidades do 17 7,5% 32 14,2% 90 39,8% 87 38,5%
cliente e conviventes
significativos para gerir o
regime terapêutico prescrito
Ensinam, instruem e treinam o 20 8,8% 43 19% 100 44,2% 63 27,9%
cliente sobre a adaptação
individual requerida face à
readaptação funcional

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 7 - que


(44,2%) dos enfermeiros dizem sempre dar continuidade ao processo de prestação de
cuidados de enfermagem, (38,5%) dizem promover a otimização das capacidades do cliente,
sendo que apenas (15,9%) planeiam a alta dos clientes internados em instituições de saúde de
acordo com as necessidades dos utentes e os recursos da comunidade, e (27;9%) ensinam,
instruem e treinam o cliente sobre a adaptação individual requerida face à readaptação
funcional.

Ainda considerando a opinião dos enfermeiros (44,2%) fazem às vezes fornecem


ensino, instrução e treinamento; (39,8%) otimizam as capacidades do cliente; (31,9%)
planeiam a alta dos clientes e (35,4%) dão continuidade ao processo de enfermagem. Por
outro lado, (38,1%) salientam que nunca fazem o plano da alta dos clientes.

96
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico Nº5 – Representação de readaptação funcional

Readaptação funcional

Ensinam, instruem e treinam o cliente sobre a


adaptação individual requerida face à
readaptação funcional

Otimizam as capacidades do cliente e


conviventes significativos para gerir o regime
terapêutico prescrito

Planeiam a alta dos clientes internados em


instituições de saúde, de acordo com as
necessidades dos clientes e os recursos da
comunidade

Dão continuidade ao processo de prestação


de cuidados de enfermagem

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%100%

Nunca Poucas vezes Às vezes Sempre

2.6. A organização dos Cuidados de Enfermagem

A importância da política de saúde em relação ao poder de agir e de partilha de


saberes entre os diversos profissionais de saúde, o aumento da complexidade tecnológica e do
cuidado, exigem cada vez mais que o enfermeiro assuma o seu importante papel na gestão do
cuidado. Assim sendo, os enfermeiros assumem o papel na gestão de enfermagem no âmbito
hospitalar, ao fortalecer a formação e o desenvolvimento de suas competências na área da
gestão. Neste sentido, o conhecimento da organização dos cuidados de enfermagem ainda
está em construção. Porém, apontam-se algumas dificuldades: a incerteza na formação do
enfermeiro e saber como “abstrair” e “processar” estas mudanças na formação. Torna-se
assim necessário que todos os enfermeiros compreendam a importância da sua ação na
definição das políticas hospitalares, ao mesmo tempo precisa de ser socializado por todos os

97
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

enfermeiros que devem assegurar as políticas da instituição na implementação de cuidados de


enfermagem.

Tabela 8 – Distribuição da perceção dos enfermeiros sobre a organização dos cuidados de


enfermagem
Variável Nunca Poucas vezes Às vezes Sempre
Nº % Nº % Nº % Nº %
Dominam o sistema de registos 65 28,8% 64 28,3% 88 38,9% 9 4,0%
de enfermagem
Conhecem as políticas do 105 46,5% 65 28,8% 54 23,9% 2 0,9%
hospital

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 8 - que os


enfermeiros dizem às vezes (38,9%) dominam o sistema de registos de enfermagem e (23,9%)
conhecem as políticas do hospital. Quando analisado o sempre verificamos valores residuais
sendo que apenas (0,9%) conhecem as políticas do hospital e (4%) dominam sempre o sistema
de registos de enfermagem.

Gráfico Nº6 – Representação da organização dos cuidados de enfermagem

Organização dos cuidados de enfermagem

Conhecem as políticas do hospital

Dominam o sistema de registos de


enfermagem

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Nunca Poucas vezes Às vezes Sempre

Em síntese, verifica-se que em todos os domínios os valores das frequências das


opiniões dos enfermeiros nos indicadores que sempre tomam valores mais baixos que os às
vezes, o que nos leva a concluir que os enfermeiros necessitam de refletir sobre os cuidados
em todos os padrões de qualidade e, ainda, que necessitam de aumentar a sua formação em
algumas áreas, como por exemplo os registos e o conhecimento das suas organizações.

98
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

3 - O funcionamento dos cuidados

Os cuidados de enfermagem são as atividades básicas que compõem a prática da


profissão. Em princípio, atender as necessidades humanas é o fundamento dos cuidados de
enfermagem, podendo ser um guia para a promoção da saúde/doença. O cuidado é uma
necessidade humana essencial (NEVES, 2002).

Tabela 9 - Distribuição opinião dos enfermeiros sobre os recursos quando tem dúvidas sobre
os cuidados
Variável Nº %
Pergunto ao médico 46 20,4%
Pergunto aos colegas 21 9,3%
Pergunto ao Enfermeiro chefe 47 20,8%
Vou Ler em livros ou vou à internet 11 4,9%
Médico e colegas 5 2,2%
Médico e chefe 12 5,3%
Medico e ler 2 0,9%
Colegas e chefe 7 3,1%
Chefe e ler 1 0,4%
Todos 35 15,5%
Pergunto ao médico e Pergunto aos colegas e Pergunto ao 31 13,7%
Enfermeiro chefe
Pergunto aos colegas e Pergunto ao Enfermeiro chefe e Vou 8 3,5%
Ler em livros ou vou à internet

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 9 - que


apenas (20,8%) enfermeiros, quando têm dúvidas sobre cuidados referenciar ao Enfermeiro
Chefe; (20,4%) quando tem dúvidas sobre os cuidados pergunta ao médico; e cerca de (15,5%)
referiram aos diversos membros da equipa (colegas, médicos, enfermeira chefe) e utilizar
outros. Recursos como internet e livros.

99
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Tabela 10 – Distribuição da opinião quando algum cuidado corre mal


Variável Nº %
Não digo nada 10 4,4%
Digo ao médico 39 17,3%
Digo ao Enfermeiro Chefe. 59 26,1%
Registo 24 10,6%
Aguardo que se descubra 1 0,4%
Não digo nada e digo ao Enfermeiro Chefe. 1 0,4%
Não digo nada e Registo 8 3,5%
Não digo nada e aguardo que se descubra 4 1,8%
Digo ao médico e digo ao Enfermeiro Chefe. 24 10,6%
Digo ao médico e Registo 7 3,1%
Digo ao Enfermeiro Chefe e Registo 14 6,2%
Todos 7 3,1%
Digo ao médico e Digo ao Enfermeiro Chefe e Registo e Aguardo 28 12,4%
que se descubra

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 10 - que


os enfermeiros (26,1%), quando algum cuidado corre mal, dizem ao Enfermeiro Chefe, e
(17,3%) indicam o médico; contudo, (12,4%) dos enfermeiros utilizam outras formas referidas
na tabela para lidarem com a situação.

Tabela 11 – Distribuição das profissionais que são referenciados quando há faltas de materiais
Variável Nº %
Com o Enfermeiro chefe 174 77,0%
Com o Médico 18 8,0%
Com os doentes 5 2,2%
Não falo com ninguém 3 1,3%
Com o Enfermeiro Chefe e com o Médico 13 5,8%
Com o Enfermeiro Chefe e com os doentes 4 1,8%
Com o Enfermeiro Chefe e com os doentes 1 0,4%
Com o Médico e com os doentes 2 0,9%
Com o Enfermeiro chefe e com o Médico e com os doentes e não 1 0,4%
falo com ninguém
Com o Enfermeiro Chefe e com o Médico e com os doentes 5 2,2%

Podemos verificar na tabela 11 - que os enfermeiros (77%) perguntam aos Enfermeiros


Chefes quando há falta de material para os cuidados de enfermagem. Por outro lado, eles
também referiram o médico mas apenas em (8,0%) das situações.

Em síntese, a funcionalidade dos cuidados passa por uma representação forte do papel
do enfermeiro gestor pois é junto deste que os enfermeiros tiram dúvidas e referenciam a
falta de materiais e pela sua contribuição na organização da assistência pelo método em
equipa.

100
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Tabela 12 - Distribuição de método de trabalho dos enfermeiros


Variável Nº %
Enfermeiro responsável 3 1,3%
Método em equipa 144 63,7%
Tarefa e Método em equipa 1 0,4%
Método individual e Enfermeiro responsável 1 0,4%
Método individual e Método em equipa 52 23,0%
Enfermeiro responsável e Método em equipa 4 1,8%
Tarefa e Método individual e Enfermeiro responsável e Método 20 8,8%
em equipa
Método individual e Enfermeiro responsável e Método em equipa 1 0,4%

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 12 - que


os enfermeiros timorenses na sua maioria (63,7%) trabalham no método em equipa, seguindo-
se a representação do método individual com o da equipa (23%).

Para analisar os métodos de trabalho, consideramos que o método do enfermeiro


responsável é aquele em que há um enfermeiro responsável pelo utente da admissão à alta;
método em equipa quando há um grupo de enfermeiros com um líder a prestar cuidados a um
grupo de utentes; e o método à tarefa quando os enfermeiros são distribuídos para realizarem
tarefas isoladas aos utentes.

3.1-Frequência de cuidados de enfermagem

“O cuidado de enfermagem é um complexo de ações com vista ao suprimento de


necessidades circunstanciais das vastas manifestações humanas dos pacientes...”, Silva e
Damasceno (2005, p. 259), pelo que neste capítulo vamos apresentar a representação da
frequência de cuidados de enfermagem que normalmente se fazem em todos os serviços.

Higiene e cuidados pessoais

Os cuidados de higiene pessoais são muito importantes: para manter a saúde do nosso
corpo precisamos ter alguns cuidados, tais como tomar banho diariamente, cuidados aos
cabelos, vestir-se e despir-se. Apresentar bons hábitos de higiene pode prevenir e aliviar a
doença.

101
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Tabela 13 - Distribuição dos cuidados de higiene e cuidados pessoais


Variável Nunca Diariamente Raramente Em todos os turnos
Nº % Nº % Nº % Nº %
Banho na cama 224 99,1% - - 1 0,4% 1 0,4%
Banho no chuveiro 226 100% - - - - - -
Cuidados aos cabelos 130 57,5% - - 95 42% 1 0,4%
Vestir e despir 23 10,2% - - 202 89,4% 1 0.4%

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 13 - que


os enfermeiros dizem nunca usam o banho no chuveiro - o banho na cama é o mais
representativo e é mencionado por (100%) dos enfermeiros, sendo que os cuidados aos
cabelos não acontecem na opinião dos enfermeiros (57,5%) ou apenas raramente (42%). O
vestir-se e despir-se é considerado como uma atividade que ocorre raramente (89,4%) das
opiniões dos enfermeiros. É de salientar que na opinião dos enfermeiros as atividades de
higiene e cuidados pessoais, banho na cama e banho no chuveiro, cuidados aos cabelos, vestir
e despir, não ocorre diariamente. Também, a representação das frequências em todos os
turnos é muito baixa, levando-nos a afirmar que a questão dos cuidados de higiene deve ser
uma área de formação e discutida como componente em saúde e de bem-estar.

3.1.1- Alimentação

Uma alimentação saudável, isto é, adequada nutricionalmente tem influência no bem-


estar físico e mental, no equilíbrio emocional, na prevenção e tratamento de doenças. Uma
alimentação adequada deve ser completa, variada e equilibrada, respeitando as
recomendações para uma alimentação saudável. Os cuidados com alimentação e deambulação
são fundamentais e devem ser rotina para evitar problemas que podem surgir durante o
tratamento (infeções e complicações). Quando a pessoa não se pode alimentar pela boca, o
enfermeiro deve procurar uma opção, nomeadamente alimentar a pessoa através de sonda
nasogástrica.

Tabela 14 - Distribuição dos cuidados com a alimentação


Variável Nunca Diariamente Raramente Em todos os
turnos
Nº % Nº % Nº % Nº %
Alimentação a pessoas 34 15% 30 13,3% 162 71,7% - -
dependentes
Hidratação nos intervalos das 62 27,4% 23 10,2% 141 62,4% - -
refeições
Entubação 27 11,9% 28 12,4% 144 63,7% 27 11,9%

102
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 14 - que


os enfermeiros dizem raramente (71,7%) dar alimentação ao doente ou acompanhar o doente
nas refeições; (62,4%) referiu que intervém na hidratação dos doentes nos intervalos das
refeições; e (63,7%) dizem que alimentam o doente através de sonda. Naturalmente, sabemos
que estes cuidados embora não sejam feitos por enfermeiros outras pessoas o fazem.
Contudo, fica aqui, novamente, uma área de cuidados importante para ser discutida em
processos de formação, considerando que parece não ser prioritário a execução desta
atividade tão importante para o equilíbrio de saúde dos doentes e no processo de autonomia.

3.1.2-Movimentação

Como existem situações em que o paciente tem de permanecer acamado durante um


período de tempo prolongado, por isso, todos os pacientes acamados devem movimentar-se
com uma certa regularidade, tanto para terem uma maior comodidade como para prevenirem
o desenvolvimento de complicações consequentes da imobilidade prolongada, como seja
úlceras de pressão, pneumonias, anquiloses entre outras. Durante o período em que está
internado o paciente tem dificuldades em se movimentar sozinho e vai necessitar da ajuda do
enfermeiro.

Tabela 15 - Distribuição dos Cuidados na mobilidade


Variável Nunca Diariamente Raramente Em todos os
turnos
Nº % Nº % Nº % Nº %
Posicionamento na cama 53 23,5% 34 15% 89 39,4% 50 22,1%
Posicionamento na cadeira 50 22,1% 22 9,7% 134 59,3% 20 8,8%
Mobilização na cama 151 66,8% 3 1,3% 72 31,9% - -
Deambulação 133 58,8% - - 93 41,2% - -

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 15 - que


os enfermeiros consideram a representação do raramente (59,3%) para o posicionamento na
cadeira; (41,2%) na deambulação; (39,4%) no posicionamento na cama e (31,9%) mobilização
na cama. A representação do nunca toma significada em cuidados tais como mobilização na
cama (66,8%); deambulação (58,8%) e posicionamento na cama e na cadeira (23,5%) e
(22,1%). É de salientar que a deambulação não é tida como cuidado diário nem em todos os
turnos e a mobilização também não é considerada em todos os turnos, o que nos ajuda a

103
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

concluir que estes cuidados não são considerados como prioritários para a prevenção de
sequelas da imobilidade, logo, mais uma das áreas e ter em conta na formação.

3.1.3- Eliminação

Necessidade de eliminação é uma parte importante dos cuidados. Os enfermeiros têm


que ajudar o doente a superar as dificuldades de eliminação de fezes e urina. Por isso, antes de
se estabelecer qualquer plano de cuidados, deverá ser avaliada ao nível da capacidade do
paciente para que este possa superar a satisfação desta necessidade.

Tabela 16 - Distribuição dos cuidados de Eliminação


Variável Nunca Diariamente Raramente Em todos os turnos
Nº % Nº % Nº % Nº %
Ajuda na ida ao sanitário 27 11,9% 24 10,6% 169 74,8 6 2,7%
Colocar aparadeira 38 16,8% 49 21,7% 89 39,4% 50 22,1%
Algaliação 26 11,5% 6 2,7% 184 81,4% 10 4,4%

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 16 - que


os enfermeiros dizem raramente (74,8%) ajudar na ida ao sanitário; apenas (39,4%)
escolheram o colocar aparadeira como cuidado e a maioria tem como resposta a este
problema a algaliação (81,4%). Face aos riscos que se colocam aos doentes algaliados, mais
uma vez é importante incluir na formação a discussão das respostas aos cuidados de
eliminação.

3.1.4-Terapêutica

A utilização de medicamentos é uma das intervenções mais utilizadas no ambiente


hospitalar, no entanto, o enfermeiro deve colaborar com o médico para identificar os
caminhos percorridos pelo medicamento desde o momento que o médico o prescreve até ao
momento da sua administração, garantindo que aos doentes é administrado o medicamento
prescrito na dose e horário previsto.

104
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Tabela 17 - Distribuição dos cuidados com a terapêutica


Variável Nunca Diariamente Raramente Em todos os turnos
Nº % Nº % Nº % Nº %
Medicação por via oral 83 36,7% 20 8,8% 31 13,7% 92 40,7%
Medicação intramuscular 82 36,3% 35 15,5% 62 27,4% 47 20,8%
Medicação endovenosa 79 35% 32 14,2% 32 14,2% 83 36,7%
Medicação por outras 224 99,1% - - 2 0,9% -
vias

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 17 - que


(99,1%) dos enfermeiros consideram que por outras vias nunca são utilizadas, ficando assim de
fora as aplicações tópicas e aerossóis. A medicação oral tem a maior referência (40,7%) sendo
que acontece em todos os turnos, seguida de endovenosa (36,7%) e só depois a intramuscular
(20,8%). Podemos assim verificar que este é um cuidado que os enfermeiros consideram como
prioritário, contudo não estão sensíveis a outras vias de administração.

3.1.5-Tratamentos

O tratamento de feridas é uma das intervenções executadas pelos enfermeiros que


exige a qualificação específicas. As feridas têm etiologias muito deferentes e tem ocorrido
muito desenvolvimento das técnicas e materiais a utilizar nestes cuidados.

Tabela 18 – Distribuição dos cuidados com tratamentos


Variável Nunca Diariamente Raramente Em todos os
turnos
Nº % Nº % Nº % Nº %
Pensos de feridas cirúrgicas 32 14,2% 22 9,7% 105 46,5% 67 29,6%
Pensos de feridas abertas 30 13,3% 22 9,7% 103 45,6% 71 31,4%
Aspiração de secreções 35 15,5% 31 13,7% 126 55,8% 34 15%

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 18 - que


este é o cuidado prioritário dos enfermeiros sendo o que aparece com maior representação na
situação de ocorrer em todos os turnos. Contudo as frequências mais elevadas situam-se no
raramente, ocorrendo (46,5%) pensos de feridas cirúrgicas; (45,6%) pensos de feridas abertas;
e (55,8%) aspiração de secreções.

105
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Monitorizar os sinais vitais é uma intervenção de enfermagem comummente


implementada na prática de enfermagem diariamente, e na saúde em geral, frequentemente
usada por todos os profissionais de saúde para identificar rapidamente a magnitude de uma
doença e como o corpo está lidando com o stress fisiológico. Os sinais vitais incluem a
avaliação de temperatura, de frequência respiratória, de pressão arterial, de pulso e,
eventualmente, saturação de oxigénio do sangue. Os resultados de sinais vitais são de grande
importância e os profissionais de saúde utilizam estes valores como base de decisão dos
diagnósticos.

Tabela 19 - Distribuição dos cuidados com sinais vitais


Variável Nunca Diariamente Raramente Em todos os
turnos
Nº % Nº % Nº % Nº %
Avaliação da temperatura - - 3 1,3% 12 5,3% 211 93,4%
Avaliação da TA 6 2,7% 13 5,8% 33 14,6% 174 77%
Avaliação do pulso 1 0,4% 1 0,4% 1 0,4% 223 98,7%
Avaliação da Respiração 2 0,9% 1 0,4% 1 0,4% 222 98,2%

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 19 - que


os enfermeiros atribuem grande importância e este cuidado é o cuidado com maior
representação em todos os turnos sendo que (98,7%) referem a avaliação do pulso; (98,2%) a
avaliação da respiração; (93,4%) a avaliação da temperatura e (77%) a avaliação da TA.

3.1.6- Atividades especiais /de apoio de educação

O reconhecimento do papel do enfermeiro no contributo para o estabelecimento de


relações sociais na produção de serviços em saúde, enquanto capacidade de intervenção
humana, reconstruindo-se no quotidiano através da produção de ideias de forma a garantir a
capacitação dos doentes para a sua nova situação.

O enfermeiro ao assumir o papel de educador tem em vista promover o conhecimento


e desenvolvimento de capacidades dos clientes, assim como ajudar a resolver os problemas de
saúde que enfrentam; e também tem o dever de fornecer informações que promovam a
prevenção de complicações futuras.

106
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Tabela 20 – Distribuição dos cuidados com atividades especiais / apoio de educação


Variável Nunca Diariamente Raramente Em todos os
turnos
Nº % Nº % Nº % Nº %
Ensino sobre estilos de vida 43 19% 30 13,3% 123 54,4% 30 13,3%
Ensino sobre as situações 49 21,7% 39 17,3% 86 38,1% 52 23%
patológicas
Ensino sobre prevenção de 39 17,3% 31 13,7% 102 45,1% 54 23,9%
complicações
Ensino sobre a adaptação dos 39 17,3% 24 10,6% 101 44,7% 62 27,4%
autocuidados à situação
patológica
Ensino a familiares cuidadores 33 14,6% 31 13,7% 94 41,6% 68 30,1%
Os Enfermeiros na atenção a - - - - 61 27% 165 73%
família no caso de obtido

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 20 - que


os enfermeiros fazem raramente (54,4%) ensino sobre estilos de vida; (45,1%) ensino sobre
prevenção de complicações; (44,7%) ensino sobre a adaptação dos autocuidados a situações
patológicas; (41,6%) ensino a familiares cuidadores e (38,1%) ensino sobre as situações
patológicas. È de salientar contudo que (73%) dos enfermeiros considera que atende a família
no caso de obtido em situações difíceis na componente espiritual, nas práticas de enfermagem
em relação à Fé o que acresce uma sensibilidade específica face a acontecimento em fim de
vida. Ficamos com uma visão de que os ensinos ocorrem em todos os turnos embora com
pessoa diferentes conforme a sua natureza, verificando-se que não há muito investimento nos
estilos de vida.

3.1.7-Avaliação e planeamento de cuidados

A sistematização dos cuidados de enfermagem é hoje vista como um meio de


segurança para o doente e como garantia de continuidade, geralmente chamo a esta área de
desenvolvimento dos cuidados processo de enfermagem. Esta atividade desenvolver-se em
articulação com o método de trabalha e tem grande visibilidade na consulta de enfermagem. A
nível mundial há vários teoricos que desde a década de 50 que tem dado enfâse á necessidade
de sustentar o processo de intervenção numa metodologia científica ocorrendo já linguagens
classificadas para o efeito como é o caso NANDA, CIPE.

107
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Neste subcapítulo trazemos para análise variáveis que interferem no processo de


utilização de uma enfermagem mais científica.

Tabela 21 - Distribuição das fases de processo de enfermagem - avaliação e planeamento de


cuidados
Variável Nunca Diariamente Raramente Em todos os
turnos
Nº % Nº % Nº % Nº %
Colheita de dados no 0 0,0 16 7,1% 44 19,5% 166 73,5%
momento de admissão –
anamnese
Plano de cuidados 87 38,5% - - 138 61,1% 1 0,4%
Notas de Enfermagem 28 12,4 1 0,4% 132 58,4% 65 28,8%
Carta na alta 25 11,1% 11 4,9% 34 15% 156 69%

Podemos verificar, através da análise dos resultados apresentados na tabela 21 - que


os enfermeiros fazem (73,5%) colheita de dados momento de admissão – anamnese e (69%)
carta da alta. Contudo o plano de cuidados ocorre raramente em (61,1%) e as Notas de
Enfermagem (58,4%). Por vezes, a falta de documentação legal criada para o efeito leva a que
os profissionais não invistam nesta área de cuidados. Os dados demonstram a necessidade de
inclusão de alguma discussão na formação particularmente para a importância do uso de
planos e de notas de enfermagem como garante de execução dos cuidados.

108
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 7 – Representação da frequência dos cuidados

Frequências dos cuidados


Nunca Diariamente Raramente Em todos os turnos

Carta na alta 25 11 34 156


Registoa

Notas de Enfermagem 28 1 132 65


Plano de cuidados 87 0 138 1
Colheita de dados no momento de admissão – anamnese 016 44 166
Os Enfermeiros na atenção a família no caso de obtido 0 61 165
Ensino a familiares cuidadores 33 31 94 68
Ensinos

Ensino sobre a adaptação dos autocuidados à situação… 39 24 101 62


Ensino sobre prevenção de complicações 39 31 102 54
Ensino sobre as situações patológicas 49 39 86 52
Ensino sobre estilos de vida 43 30 123 30
Avaliação da Respiração 21 222
Sinais vitais

Avaliação do pulso 11 223


Avaliação da TA 613 33 174
Avaliação da temperatura 0312 211
Aspiração de secreções 35 31 126 34
Pensos

Pensos de feridas abertas 30 22 103 71


Pensos de feridas cirúrgicas 32 22 105 67
Medicação por outras vias 224 020
Mobilidade Eliminação Medicação

Medicação endovenosa 79 32 32 83
Medicação intramuscular 82 35 62 47
Medicação por via oral 83 20 31 92
Algaliação 26 6 184 10
Colocar aparadeira 38 49 89 50
Ajuda na ida ao sanitário 27 24 169 6
Deambulação 133 0 93 0
Mobilização na cama 151 3 72 0
Posicionamento na cadeira 50 22 134 20
Posicionamento na cama 53 34 89 50
alimentaçã

Entubação 27 28 144 27
Hidratação nos intervalos das refeições 62 23 141 0
o

Alimentação a pessoas dependentes 34 30 162 0


Vestir e despir 23 0 202 1
higiene e
cuidados
pessoais

Cuidados aos cabelos 130 0 95 1


Banho no chuveiro 226 0
Banho na cama 224 01

109
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Em síntese a amostra carateriza-se maioritariamente por uma representação de


enfermeiros prestadoras de cuidados, com idades na classe dos 43 a os 52 anos com o curso
de enfermagem não superior e experiencia profissional de 31 a 40 anos.

Sobre os Padrões que garantem qualidade verificamos que a representação sobre a


satisfação do utente surge em todos os domínios com maiores percentagens no ás vezes
seguido do sempre; a promoção da saúde, a prevenção de complicações, o bem-estar e o
autocuidado e readaptação funcional apresenta-se com maiores percentagens em todos os
domínios às vezes; a organização dos cuidados é uma das áreas onde a maior representação
ocorre no nunca quer em relação aos registos quer no conhecimento das politicas dos locais
de trabalho.

Sobre a frequência dos cuidados verificamos uma forte representação em todos os


turnos na avaliação dos sinais vitais e na colheita de dados em posição oposta no nunca
surgem os cuidados de higiene a medicação por outras vias. O que na ajuda a refletir sobre as
necessidades de formação e de questionar porque será que os enfermeiros dão estas
prioridades?

4 - Formação e cuidados

Após a analise descritiva dos dados prosseguimos para uma análise estatística não
paramétrica considerando a natureza das variáveis, no sentido de compreender se há
diferenças entre os enfermeiros com formação superior e não superior e os cuidados e quais
as áreas de carência para dar resposta ao objetivo de descrever as necessidades de formação,
pelo que analisamos a relação entre estas variáveis e utilizando o teste de Mann-Whitney,
considerando que a distribuição das variáveis, tirando-se de um teste de amostras
independentes, com valores significância inferiores a 0,050 e apenas apresentaremos os
variáveis em que ocorra um nível de significância inferior a 0,05 o que demonstra não haver
igualdade entre a subamostra com formação superior e a subamostra com formação não
superior, face à opinião sobre a qualidade de cuidados e a frequência da realização de
atividades na amostra na totalidade, contudo e considerando que há um hospital nacional
onde decorrem os locais de estágio dos estudantes do curso superior de enfermagem da

110
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Universidade Nacional de Timor Lorosae (UNTL) faremos uma análise mais aprofundada para
este grupo de enfermeiros, até pela aproximação institucional entre as duas organizações.

Da análise efetuada para o total da amostra só encontramos associação em duas


variáveis e a formação em enfermagem, que de seguida apresentamos.

111
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 8 – Associação entre formação e demonstram o rigor técnico / científico


na implementação das intervenção de enfermagem

Há associação entre a formação e a demonstração de rigor técnico / científico na


implementação das intervenções de enfermagem com um valor de s significância de 0,025, o
que garante um bom acompanhamento técnico e suporte para a formação, contudo não
garante uma intervenção assistencial, considerando outras atividades de enfermagem.

112
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 9 – Associação entre formação e quando algum cuidado corre mal

Há associação entre, a formação e o que faz quando algum cuidado corre mal, com um
valor de significância de 0,023, dos dados verificamos um comportamento de organização
garante segurança e coordenação por parte dos enfermeiros.

No sentido de compreender se os locais onde se realizam estágios têm condições


assistenciais diferentes realizamos a mesma análise para o Hospital Nacional e encontramos
associação em mais variáveis sendo os dados os que de seguida apresentamos.

113
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

De seguida apresentamos a análise mas agora só para o hospital nacional.

Gráfico nº 10 – Associação entre formação e demonstram responsabilidade pelas


decisões que tomam

Há associação entre a formação e a demonstração de responsabilidade pelas decisões


que tomam, pelos atos que praticam e que dele com um valor de significância de 0,040.

114
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 11 – Associação entre formação e planeiam a alta dos clientes


internados em instituições de saúde

Há associação entre a formação planeia a alta dos clientes internados em instituições


de saúde, de acordo com as necessidades dos clientes e os recursos da comunidade com um
valor de significância de 0,006

115
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 12 – Associação entre formação e ensinam, instruem e treinam o


cliente sobre a adaptação individual requerida face a readaptação
funcional

Há associação entre a formação e Ensinam, instruem e treinam o cliente sobre a


adaptação individual requerida face à readaptação funcional com um valor de significância de
0,031.
Analisando a associação entre a formação e a frequência de realização de atividades
pois considero a sua frequência uma escala, e continuando com recurso aos mesmos testes
verificamos associação em algumas atividades, apenas as que se verificam associação serão
transcritas.

116
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 13 – Associação entre formação e posicionamento na cama

Há associação entre a formação e posicionamento na cama com um valor de


significância de 0,042.

117
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 14 – Associação entre formação e algaliação

Há associação entre a formação e Algaliação com um valor de significância de 0,043.

118
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 15 – Associação entre formação e medicação por via oral

Há associação entre a formação e Algaliação com um valor de significância de 0,008.

119
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 16 – Associação entre formação e medicação intramuscular

Há associação entre a formação e Medicação intramuscular com um valor de


significância de 0,011.

120
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 17 – Associação entre formação e medicação e endovenosa

Há associação entre a formação e Medicação endovenosa com um valor de


significância de 0,013.

121
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 18 – Associação entre formação e aspiração de secreções

Há associação entre a formação e Aspiração de secreções com um valor de


significância de 0,041.

122
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 19 – Associação entre formação e avaliação da TA

Há associação entre a formação e Avaliação da TA com um valor de significância de 0,032.

123
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 20 – Associação entre formação e avaliação do pulso

Há associação entre a formação e Avaliação do pulso com um valor de significância de 0,032.

124
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 21 – Associação entre formação e avaliação da respiração

Há associação entre a formação e Avaliação da respiração com um valor de


significância de 0,049.

125
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 22 – Associação entre formação e ensino sobre situações patológicas

Há associação entre a formação e Ensino sobre situações patológicas com um valor de


significância de 0,037.

126
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 23 – Associação entre formação e ensino sobre prevenção de


complicações

Há associação entre a formação e Ensino sobre prevenção de complicações com um


valor de significância de 0,044.

127
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 24 – Associação entre formação e ensino sobre a adaptação dos


autocuidados à situação patológica

Há associação entre a formação e Ensino sobre auto cuidado e situações patológicas


com um valor de significância de 0,011.

128
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Gráfico nº 25 – Associação entre formação e ensino a familiares cuidadores

Há associação entre a formação e Ensino à família e cuidadores com um valor de significância


de 0,010.
Em síntese ocorrem diferenças entre os cuidados e a formação, sendo que na amostra
no seu global apenas há associação entre formação e demonstração de regor técnico /
científico na implementação das intervenções de enfermagem e a quem recorrem quando
algum cuidado corre mal. Como nos interessava aprofundar as necessidades de formação
fomos analisar as diferenças para o hospital nacional e aí verificamos existir mais diferenças,
com uma maior representação dos que têm curso superior e estas estão ligadas a intervenções
que contribuem para a segurança do doente como por exemplo a avaliação de sinais vitais.
Podemos afirmar que em toda a amostra há necessidade de formação embora com diferenças
entre os grupos dos enfermeiros dos hospitais.

129
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

130
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

PARTE IV – DA REALIDADE À NECESSIDADE DE DESENVOLVIMENTO –


DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Terminada a apresentação dos resultados, estamos agora em condições de refletir nos


mesmos chamando para esta discussão outros estudos que se centraram nas mesmas
temáticas.

A população do estudo é composta por quase todos os enfermeiros Timorenses um


total de cerca de 2000 mil enfermeiros, nomeadamente os enfermeiros que trabalham no
Ministério da Saúde de todo o território de Timor-Leste, num total 1142 Enfermeiros (63,7%)
do sexo masculino e (36,3%) do feminino (Mds, 2014). Ao contrário de Portugal onde há
(18,8%) enfermeiros e (81,2%) de enfermeiras (OE,2007) com um total 54220 membros,
contudo na amostra em estudo a relação entre homens e mulheres é diferente da população
dos enfermeiros de Timor-Leste pois do estudo fizeram parte (48,2%) de homens e (51,8%) de
mulheres com 226 inquiridos.

O REPE (1998), artigo 8.º sobre Exercício profissional dos enfermeiros portugueses,
afirmam que os enfermeiros assumem as suas funções, com base nos objetivos fundamentais
na implementação dos padrões de qualidade, e também têm uma atuação de
complementaridade funcional relativamente aos demais profissionais de saúde, mantendo-se
idêntico nível de dignidade e autonomia de exercício profissional. Assim, os enfermeiros que
exercem funções na área da gestão e de cuidados, nos resultados da amostra (18,6%), na área
de gestão, todos referem que estão na prestação dos cuidados, ao contrário de Portugal onde
(14%) assumem o cargo de gestores e (68%) prestam os cuidados de enfermagem (OE, 2007).

Relativamente aos resultados obtidos sobre o grupo os anos de exercício profissional,


o subgrupo (31 a 40) anos são (30,1%); no subgrupo anos no atual serviço (11 a 15) anos são
(26,1%). Analisando, a idade dos enfermeiros da amostra, verificámos que as idades mais

131
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

frequentes são as dos que têm 33 a 42 anos (42,9%), enquanto em Portugal podemos verificar
(OE, 2012, dados estatística membros ativos e efetivos com total 64535 enfermeiros) que se
situam entre 26 a 30 anos; pelo que podemos afirmar que os enfermeiros da amostra têm
mais idade do que em Portugal.

Em relação às habilitações académicas, Cunha & Neto (2006) e (Peres & Ciampone,
2006) defendem que formação académica de licenciados é a formação inicial para os
enfermeiros mantendo-se a necessidade de formação continua, por outro lado consideram
essenciais as competências de gestão, porque, com estas competências os enfermeiros têm
capacidade de tomar decisão, atenção às situações de saúde, comunicação e liderança. Os
resultados de pesquisa indicam que (54%) têm educação de nível mais básica que o Curso
Superior de Enfermagem e que só (46%) dos enfermeiros têm o grau académico adequado; é
ainda de referir que Cianciarrulo (2000, citado in Freeman et al., 2008) considera que as
competências-chave têm três pilares: conhecimento, habilidades, e atitudes, o que sustenta a
necessidade dos enfermeiros se desenvolverem nestes três domínios: o que nos faz refletir
sobre as necessidades de formação teórica e prática.

Segundo alguns autores: Palmer, 1992, cit in Sousa, 2014; Silva, 2013; Roemer e
Aquilar, 1991, citado por Sousa, MMA, 1999; António e Teixeira, 2007; a qualidade contribui
para um serviço de saúde seguro, eficaz, centrado no utente, atempado, eficiente e equitativo.

De acordo Silva (2013); Ribeiro et al. (2008); Hesbeen (2001); Donabedian (2003); há
necessidade de ter parâmetros, para medir a qualidade dos cuidados de saúde, a fim de
permitir monitorizar e comparar a qualidade dos cuidados prestados.

No sentido de garantir a qualidade dos cuidados é indispensável a existência de


recursos humanos, infraestruturas, instalações e educação para viabilizar todas as atividades
de cuidados de enfermagem aos utentes. Os enfermeiros devem aplicar as competências em
conformidade com a situação e condições, então, a aplicação das competências de
enfermagem, torna- se impossível quando se tem equipamentos inadequados.

Malagutti e Caetano (2010) citado por Martins (2009) referem que “competência é a
capacidade para realizar algo, implicando mobilização, integração e aplicação de
conhecimentos a uma situação correta” e “é ainda saber atuar com responsabilidade”.

132
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Segundo Le Boterf (1994) diz que as competências surgem pela aplicação adequada e
ajustada às situações concretas de trabalho, desses mesmos conhecimentos. Este autor define
a competência como “saber mobilizar”, “saber integrar”, e “saber transferir” assim, o
enfermeiro tem de executar todas as competências com rigor técnico/científico na
implementação das intervenções de enfermagem que contribuam para aumentar o bem-estar
e a realização das atividades de vida dos clientes.

De acordo com CIPE Versão 2 (2011) o autocuidado é executado pelo próprio utente:
tratar do que é necessário para se manter, manter-se operacional e lidar com as necessidades
individuais básicas e íntimas bem como das atividades da vida diária. Portanto, o autocuidado
higiene é um tipo de autocuidado com as caraterísticas específicas: encarregar-se de manter
um padrão continúo de higiene, conservando o corpo limpo e bem arranjado, sem odor
corporal, lavando regularmente as mãos, limpando as orelhas, nariz, dentes e zona perineal e
mantendo a hidratação da pele, de acordo com os princípios de preservação e manutenção da
higiene. Dar banho ou lavar-se, é aplicar água para enxaguar o próprio corpo, total ou
parcialmente. Por exemplo, um tipo de autocuidado é entrar e sair da banheira, juntando
todos os objetivos necessários ao banho, obtendo água, abrindo as torneiras, lavando e
secando o corpo (CIPE VERSÃO 2, 2011; p. 96).

Na realidade, os resultados da pesquisa mostram que a frequência das atividades de


cuidados de enfermagem, principalmente expressos na “higiene e cuidados pessoais" quase
toda a amostra referiu nunca dar banho ao paciente na cama (99,1%); assim como o dar banho
de chuveiro (100%) e o cuidado dos cabelos é (57,5%). A razão é a de ainda não terem
disponibilidade de equipamentos de apoio.

Por outro lado, para ajudar o utente a vestir-se e despir-se, a maioria (89,4%) dos
enfermeiros disseram que raramente executam esta intervenção, porque tentam envolver a
participação da família. Não obstante o disposto acima, os enfermeiros continuam tentando
encontrar uma solução para satisfazer as necessidades do cliente de acordo com a sua
responsabilidade profissional.

Como sabemos, a alimentação é essencial para nossa saúde e bem-estar. Por isso, a
alimentação tem um papel fundamental diretamente nos diversos processos orgânicos, e na
prevenção de certas doenças; como por exemplo, no crescimento e desenvolvimento, nos
mecanismos de defesa imunológica e na resposta às infeções, na cicatrização de feridas e na

133
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

evolução das doenças. Assim sendo, cada vez mais aumenta a consciência dos profissionais de
saúde que cuidam de pacientes internados em hospitais, certos de que apenas a terapêutica
medicamentosa não é suficiente para se obter uma resposta orgânica satisfatória. Além disso,
o profissional de enfermagem tem a responsabilidade de acompanhar as pessoas de quem
cuida, tanto a nível domiciliar como no hospitalar, preparando o ambiente e auxiliando-as
durante as refeições.

Segundo CIPE VERSÃO 2 (2011, p. 95) “alimentar é dar comida ou bebida a alguém”,
pelo contrário, os resultados (71,7%) diz que raramente ajuda o paciente a alimentar-se nas
refeições. Em relação à hidratação nos intervalos das refeições (62,4%) os enfermeiros
referiram que raramente supervisionam os doentes, mas realçaram que as famílias ajudam
nas refeições e hidratação dos pacientes.

O horário dos pacientes que são alimentados através da sonda nasogástrica deve ser
respeitado e no intervalo das refeições deve ser instituída a hidratação. Também devem ser
mantidos cuidados gerais na manipulação das sondas. Relativamente à atividade inserir sonda
nasogástica, mais de metade (63,7%) dos enfermeiros referiram que raramente executam essa
intervenção.

Em relação à mobilização, CIPE VERSÃO 2 (2011) define: - “Mobilizar; Executar: Tomar


alguma coisa móvel” (p. 98); - “Posicionar; Executar: colocar alguém ou alguma coisa em
determinada posição” (p. 99); - “Transferir; Posicionar: Mover alguém ou alguma coisa de um
local para outro” (p. 100). Assim, no resultado de pesquisa foi encontrado (66,8%) nunca
fazem mobilização na cama para todos os pacientes durante internamento e (58,8%) nunca
fazê-lo em deambulação. Porque, os enfermeiros ainda não tinham tido formação sobre
técnicas de mobilização.

Eliminação é uma ação de enfermagem com as caraterísticas específicas: levar a cabo


as atividades de eliminação fazendo a sua própria higiene intima, limpar-se depois de urinar ou
evacuar, deitar fora os produtos de eliminação, por exemplo, puxar o autoclismo de maneira
adequada, no sentido de manter o ambiente limpo e evitar a infeção. (CIPE Versão 2. 2001.
P.56). No resultado de pesquisa apresentam (74,8%), raramente ajudam o doente no
autocuidado ir ao sanitário; e (39,4%) providenciam aparadeira. Mas se os pacientes não
podem urinar espontaneamente então, os enfermeiros inserem um cateter urinário. Por isso,

134
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

o resultado de pesquisa, mostra que (81,4%) dos enfermeiros diz raramente inserir um cateter
urinário.

O estabelecimento de uma relação terapêutica torna-se fundamental à prestação de


cuidados globais à pessoa respeitando a individualidade que a carateriza como ser único que é
(OE, 2005). Na amostra (40,7%) dizem administrar terapêutica por via oral ao paciente em
todos os turnos; (36,7%) dos enfermeiros dizem nunca administrar terapêutica via
intramuscular, porque utilizam via oral. Quase a toda a amostra (99,1%) diz nunca administrar
medicação por outras vias.

No tratamento de feridas cirúrgicas referido como ação de enfermagem, segundo


Conselho Internacional de enfermeiros, (2001) e também CIPE Versão 2 (2011, p. 55) é
definido o conceito da ferida cirúrgica como tipo de ferida com as caraterísticas: “corte de
tecido produzido por um instrumento cirúrgico cortante, de modo a criar uma abertura num
espaço do corpo ou um órgão, produzindo drenagem de soro e sangue, que seja limpa, isto é,
sem mostrar quaisquer sinais de infeção ou pus". Na amostra raramente fazem tratamento de
feridas cirúrgicas (46,5%) e pensos de feridas abertas (45,6%). Na amostra, (55,8%), raramente
fazem tratamento com aspiração de secreção dos doentes.

Os sinais vitais, indicadores das funções vitais podem orientar o diagnóstico inicial e o
acompanhamento da evolução do quadro clínico dos doentes. São eles: temperatura; pulso;
tensão arterial e respiração. Os enfermeiros avaliam estes indicadores em todos os pacientes
diariamente. Assim, olhando o resultado de pesquisa, em todos os turnos a avaliação de
temperatura (93,4%); em avaliação da tensão arterial (77%); em avaliação do pulso (98,7%); e
em avaliação da respiração (98,2%).

Segundo a ICN (2006, p.137) ensinar significa “Dar informação sistematizada a alguém
sobre temas relacionados com a saúde,” e aprendizagem “Processo de adquirir conhecimentos
ou competências por meio de estudo sistemático, instrução, prática, treino ou experiência.”
Estes são mais eficazes quando correspondem às expetativas do cuidador. Phaneuf (2005)
comenta que para se poder intervir junto de uma pessoa doente é necessário conhecer a sua
motivação para colaborar no processo de cura e de tratamento, bem como na sua vontade em
mudar de estilo de vida.

135
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Estilo de vida é a forma pela qual uma pessoa ou um grupo de pessoas vivenciam no
mundo e, em consequência, se comportam e fazem escolhas. Como produto emergente da
tríade: conhecimento, valores e práticas (Clément 2004, 2006), os Estilos de Vida assumem-se
a ação humana e da saúde, tenham elas por génese sistemas de interação sócio ambiental,
aspetos físicos, psíquicos, sociais, emocionais. Assim sendo, os enfermeiros ensinam o utente
sobre estilos de vida analisando aspetos comportamentais, expressos geralmente sob a forma
de padrões de consumo, rotinas, hábitos ou uma forma de vida no dia a dia. Porém, nos
resultados de pesquisa obtidos, os enfermeiros diz raramente promovem a aprendizagem do
utente sobre: estilos de vida (54,4%); as situações patológicas (38,1%); prevenção de
complicações (45,1%); a adaptação dos autocuidados à situação patológica (44,7%); e, a
familiares cuidadores (41,6%). Os enfermeiros têm de saber acrescentar, a família, como parte
essencial no cuidado ao utente, é muito importante na continuação dos cuidados ao utente
em casa, e precisam de capacitar a família para uma assistência eficaz e eficiente à pessoa
dependente a fim de manter o doente no seio familiar.

A investigação (histórico de enfermagem) é a primeira fase do processo de


enfermagem, ou seja, é o primeiro passo para a determinação do estado da saúde do cliente.
(Tannure et al., 2008). No presente estudo verificamos: a colheita de dados no momento de
admissão – anamnese é efeito por (73,5 %), em todos os turnos e (61,1%) dizem raramente
fazem o plano de cuidados.

O REPE (1996) num dos primordiais artigos; artigo 4ª, nº 1, definiu claramente o foco
de atuação de enfermagem, “Ser Enfermeiro é a profissão que, na área da saúde, tem como
objetivo prestar cuidados de enfermagem ao ser humano, saudável ou doente, ao longo do
ciclo vital, de forma que mantenham, melhorem e recuperem a saúde, ajudando-os a atingir a
sua máxima capacidade funcional tão rapidamente quanto possível” aos grupos sociais em que
ele está integrado. O referido documento ainda classifica as formas de atuação em fazer por,
orientar, ajudar, encaminhar, supervisor e avaliar resultados.

Notes de enfermagem

Notas de Enfermagem é o ensaio provocador de pensamentos sobre organização e a


manipulação do ambiente das pessoas necessitando de atendimento de enfermagem. Assim,
apresenta suas descrições para a aplicação em cada fase de cuidado (Florence Nightingale).
Acordo com esta nota baseados na experiência prática, são as observações e os conselhos, nos

136
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

conhecimentos técnicos e na habilidade de aplicar o processo de enfermagem aos utentes. Ao


conhecermos esta ideia os enfermeiros da amostra (58,4%) dizem raramente fazem nota de
Enfermagem.

Florence Nightingale na obra Notes on Nursing (1859) tinha clarificado a distinção


entre Medicina e Enfermagem. Ela afirma:

“Nenhuma delas (a Medicina e a Cirurgia) pode fazer alguma coisa a não ser a
remoção de obstruções; nenhuma delas pode curar; só a natureza pode curar. A
cirurgia remove a bala que constitui um obstáculo à cura de um membro, mas é a
natureza que cicatriza a ferida. Assim é com a medicina; a função de um orgão
acha-se impedida; tanto quanto sabemos, a medicina ajuda a natureza remover a
obstrução, nada mais além disso, e o que a enfermagem tem de fazer em ambos
os casos é manter o paciente nas melhores condições possíveis, a fim de que a
natureza possa atuar sobre ele” (Vieira, 2009, p. 75).

Por outro lado, os enfermeiros preparam todos os documentos necessários ao


paciente que se encontra internado numa instituição de saúde desde o início de admissão até
regressar a casa. Por isso, os enfermeiros preparam a carta de alta ao paciente de acordo com
o plano de cuidados continuados. Da amostra (69%) os enfermeiros referiram elaborar carta
de alta dos doentes que tiverem alta em todos os turnos.

Os padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem requerem níveis de realização


que articulam e entrecruzam capacidades científicas, realização técnica e relação interpessoal.
Daí que, a OE (2002) através do Conselho de enfermagem, ao descrever os Padrões de
Qualidade dos Cuidados de Enfermagem, menciona que a “qualidade exige reflexão sobre a
prática … e isso evidencia a necessidade de tempo apropriado para refletir nos cuidados
prestados” (OE, 2002, p.5). Tafreshi, Pazargadi e Saeedi, 2007, definem a qualidade dos
cuidados de enfermagem como sendo a prestação dos cuidados com segurança baseada em
padrões de enfermagem. Refere o artigo 57º da Constituição da República Democrática de
Timor-Leste que a todos os cidadãos devem ser garantidos o acesso a cuidados de medicina
preventiva, curativa e de reabilitação. Este direito é realizado através de um serviço nacional
de saúde universal e geral tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos
tendencialmente gratuito. Mas ainda, refere, o texto constitucional na alínea primeira que
para assegurar esse direito aos cidadãos incumbe prioritariamente ao Estado assegurar a
saúde e a assistência médica e sanitária promovendo a saúde.

137
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Enunciados descritivos da qualidade do exercício profissional dos enfermeiros, (OE,


2002), são instrumentos importantes que ajudam a precisar o papel do enfermeiro junto dos
clientes e outros profissionais, para a sua satisfação, promoção de saúde, prevenção de
complicações, bem-estar e autocuidado, readaptação funcional e organização dos serviços de
enfermagem.

Relativamente ao Padrão de Qualidade, a satisfação dos clientes assente nos


resultados da pesquisa, os enfermeiros da amostra que dizem sempre demonstraram o
respeito pelas capacidades, crenças, valores e desejos da natureza individual do cliente (46%) e
(36,7%) envolveram o cliente no processo de cuidados. Mas, (45,6%) dizem às vezes que se
envolvem com o cliente no processo de cuidados. A existência de uma boa colaboração entre
ambos é importante para facilitar o trabalho dos enfermeiros pois assim podem ter mais
informações que ajudam na tomada de decisão facilitando a assistência de acordo com
necessidades dos clientes. Em relação ao comportamento dos enfermeiros na prática de
enfermagem, (42,5%) disseram que às vezes promovem empatia nas interações com o cliente
ou família e (30,5%) referem que promovem poucas vezes a interação com os clientes.

As necessidades de cuidados dos doentes dependentes são variadas, o que implica


uma prestação de cuidados múltipla e que engloba atividades promotoras de bem-estar,
suporte emocional, financeiro, social, etc. Assim, a duração, a frequência e a intensidade dos
cuidados dependem das necessidades objetivas das pessoas, nomeadamente das
dependências físicas, das alterações comportamentais, cognitivas, afetivas e psicomotoras
(Aneshensel et al., 1997 citado por Sequeira, 2007).

Assim, é importante refletirmos sobre o que se entende por “qualidade”. Analisámos


sobretudo a perspetiva de Mezomo (2001), de Hesbeen (2001) e ainda Donabedian (2003).
Neste sentido, a qualidade de cuidados implica, que o cuidar seja praticado em todas as suas
dimensões. A promoção da melhoria da qualidade é um processo longo, que implica liderança,
uma correta compreensão do que é qualidade e desejo de melhorá-la.

Assim, a promoção da saúde nos resultados de pesquisa dos que dizem às vezes
(54,4%) identificam as situações de saúde das populações e dos recursos do cliente /família e
comunidade e (47,3%) aproveitam o internamento para promover estilos de vida saudáveis. Os
enfermeiros têm limitações de capacidades de ciência e técnica da promoção de saúde,
porque, pareciam ter muitas dificuldades ao executar. Os enfermeiros mostravam-se sobre

138
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

carregados e não tinham tempo para ensinar e promover estilos de vida saudáveis. Um dos
papéis dos enfermeiros é ser “educador”, por isso, os enfermeiros podem fornecer as
informações geradoras de aprendizagem cognitiva, afetiva e psicomotora ou de novas
capacidades do cliente, os resultados da pesquisa indica que (51,8%) fazem às vezes.

Em relação à prevenção de complicações, nos resultados de pesquisa os que fazem às


vezes nos diferentes subitens: (50,9%) fazem identificação dos problemas potenciais do
cliente; (41,6%) prescrevem e implementam intervenções planeadas com vista à prevenção de
complicações; (42,5%) avaliação sobre intervenções implementadas; (42%) demonstram o
rigor técnico na implementação das intervenções de enfermagem; (42,9%) referenciam
situações problemáticas para outra profissão; (38,9%) supervisionam as atividades que
concretizam as intervenções e as atividades que delegam; (39,8%) demonstram
responsabilidade pelas decisões que tomam. Assim sendo, pode deduzir-se que, todos os itens
acima não podem ser implementados corretamente, devido à falta de conhecimento do
enfermeiro e a falta de instalações de apoio.

Assim os enunciados descritos da Ordem dos Enfermeiros (2002, p.13) relembram o


mandato profissional da enfermagem no que se refere à promoção do autocuidado. São
elementos importantes face ao bem-estar e ao autocuidado.

A Ordem dos Enfermeiros (2002, p.13) “na procura permanente da excelência no


exercício profissional, o enfermeiro maximiza o bem-estar dos clientes e
suplementa/complementa as atividades de vida relativamente às quais o cliente é
dependente”. Os resultados da pesquisa mostram que quase a maioria da amostra diz que às
vezes: desses (52,2%) fazem identificação dos problemas do cliente que contribuam para
aumentar o bem-estar e a realização das suas atividades de vida; (44,7%) prescrevem e
implementam as intervenções; (41,6%) fazem avaliação das intervenções que contribuam para
aumentar o bem-estar; (44,2%) demonstram o rigor técnico/científico na implementação das
intervenções de enfermagem; (39,8%) demonstram responsabilidade pelas decisões que
tomam, pelos atos que praticam e que delegam. Mas, (38,5%) da amostra dizem sempre que
referenciam situações problemáticas identificadas que contribuam para aumentar o bem-estar
e a realização das atividades de vida dos clientes. Assim sendo, pode deduzir-se que, todos os
itens acima não podem ser implementados corretamente, devido à falta de conhecimento e
recursos do enfermeiro. Por isso, será necessário promover aprendizagem de capacidades dos
enfermeiros na educação formal e informal. A opinião dos enfermeiros em relação aos

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A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

padrões da qualidade e frequência dos cuidados de enfermagem é que a maioria dos


inquiridos que dizem às vezes tem muita falta de formação, de infraestruturas, instalações e
equipamentos de apoio de enfermagem.

Segundo (OE, 2003, p.5) os cuidados de enfermagem tomam por foco de atenção, a
promoção dos projetos de saúde que cada pessoa vive e persegue. Neste contexto, procura-se,
ao longo de todo o ciclo vital, (…) promover os processos de readaptação à doença. Procura-
se, também, a satisfação das necessidades humanas fundamentais e a máxima independência
na realização das atividades de vida diária, bem como se procura a adaptação funcional aos
défices e a adaptação a múltiplos fatores, frequentemente através de processos de
aprendizagem do cliente/família”. Nos resultados de pesquisa (44,2%) referem sempre fazer
continuidade ao processo de prestação de cuidados de enfermagem ao cliente.

Relativamente ao planeamento da alta tornou-se uma grande prioridade para doentes


e família. Assim, um adequado planeamento da alta traduz uma diminuição da duração do
internamento e de readmissões hospitalares (Driscoll, 2000; Direcção Geral da Saúde, 2004;
Hospitais SA, 2005; Hesbeen, 2000). Nos resultados de pesquisa (38,1%) dizem nunca fazer o
planeamento da alta dos clientes internados, porque, normalmente é o médico e o
responsável dos enfermeiros a fazê-lo.

Segundo Pereira e Santos (2008) os enfermeiros ajudam as pessoas para alcançar o seu
próprio nível de saúde, quer pela otimização dos recursos externos, quer pela orientação
prestada, promoção e desenvolvimento de todo um potencial individual capaz de contribuir
para a concretização do projeto de saúde. Os enfermeiros fazem otimização das capacidades
do cliente e conviventes significativos para gerir o regime terapêutico prescrito. Na amostra
(39,8%) dizem fazê-lo às vezes, mas, por outra amostra (38,5%) diz sempre fazê-lo.

As necessidades de aprendizagem identificadas conjuntamente pelo enfermeiro e pelo


cuidador irão determinar o conteúdo do ensino (Pote & Perry, 2005). Outro autor salientou
que, a formação do enfermeiro é um percurso de apropriação pessoal e reflexivo dos saberes,
de integração da sua experiência, em função das quais uma ação educativa adquire significado,
gerindo eles próprios os apoios e influências exteriores ao longo do percurso (Ferry, 1987;
Josso, 1991; citado por Bento, 1997, p. 17). Porém, os enfermeiros que ensinam, instruem e
treinam o cliente sobre readaptação funcional, (44,2%) dizem fazê-lo só às vezes. Porque, os
profissionais de enfermagem ainda não tinham técnica de especialização. Assim sendo, é

140
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

primordial privilegiar e proporcionar a educação dos enfermeiros que cuidam dos pacientes na
área de especialização de enfermagem, por exemplo, especialização de Enfermagem de
Reabilitação, Enfermagem Comunitária, Enfermagem Médico-Cirúrgica, Enfermagem Saúde
Infantil e Pediatria, Enfermagem Saúde Materna e Obstetrícia, Enfermagem Saúde Mental e
Psiquiatria, etc., para melhorar a qualidade de cuidados de enfermagem no futuro.

Em relação à organização dos cuidados de enfermagem, o profissional de enfermagem


que é responsabilizável pelo âmbito e padrões da prática de enfermagem, também, tem a
responsabilidade de contribuir para o planeamento e política de saúde, e para a coordenação
e gestão dos serviços de saúde (ICN.CIE.CII, 2000). Nos resultados de pesquisa (38,9%) dizem
às vezes dominar o sistema de registos de enfermagem. De facto, o formulário de enfermagem
ainda não está disponível em qualquer unidade.

Conhecer as políticas das Instituições é conhecer as grandes linhas de orientação para


conceber e desenvolver o plano estratégico institucional, que por sua vez gera objetivos,
metas e planos de ação, nas suas funções e responsabilidades orientadas para a satisfação do
utente. Assim, as políticas de saúde centralizam a responsabilidade do profissional de saúde no
autocuidado ao doente e família, com vista a capacitar a pessoa na gestão dos processos
saúde-doença (Petronilha, 2012). Falamos sobre as políticas do hospital, nos resultados de
pesquisa (46,5%) dizem nunca conhecer as políticas do hospital. Portanto, é essencial socializar
e informar todos os funcionários, sobre missão, visão, objetivos e metas da própria instituição
e do Ministério da Saúde; mais importante é que as pessoas que passam no recrutamento ou
seja os enfermeiros que exercem funções pela primeira vez precisam de saber qual a política e
orientações das instituições de saúde.

Para garantir a qualidade dos cuidados, o profissional de enfermagem devem


colaborar com os outros profissionais de saúde, ou seja trabalhar em equipa. Segundo
Hesbeen (1998, p. 28) referiu que “Todas as pessoas têm que saber cuidar de si mas, em
determinadas circunstâncias, podem necessitar da ajuda de um ou de outro perito” assim,
pretender que precisam trabalhar numa equipa de saúde, para melhorar qualidade de
cuidados de enfermagem e de saúde.

A prestação de cuidados de enfermagem abrange dois tipos de intervenções: as


autónomas das responsabilidades do enfermeiro na sua prescrição, execução e avaliação; e
interdependentes são as intervenções que precisam complementaridade e iniciam-se na

141
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

prescrição elaborada por outro técnico da equipa de saúde (médico e farmacologista etc.),
cabendo ao enfermeiro a responsabilidade de assegurar a sua execução e monitorizar os seus
efeitos.

Assim sendo, os resultados de pesquisa mostram que os enfermeiros da amostra


quando tem dúvidas, dificuldades e falta equipamentos sobre o funcionamento dos cuidados
numa unidade vão dizê-lo ao Enfermeiro Chefe.

Nos resultados de pesquisa, em relação ao funcionamento dos cuidados: os


enfermeiros quando tem dúvidas sobre os cuidados (20,8%) comunicam ao Enfermeiro Chefe
[coordenador] e (20,4%) comunicam ao médico. Quando algum cuidado corre mal (26,1%) os
enfermeiros pedem opinião ao Enfermeiro Chefe [coordenador] e (17,3%) comunicam ao
médico. Quando há falta de material, maioria da amostra (77%) dizem que falam com o
Enfermeiro Chefe [coordenador]. Quanto ao método de trabalho (63,7%) dos enfermeiros
timorenses diz que trabalha pelo método em equipa.

Traçadas as opiniões dos enfermeiros timorenses sobre qualidade dos cuidados de


enfermagem em Timor-Leste, podemos afirmar que todos os enfermeiros conheciam as
competências necessárias (teórica e prática), para ajudar os utentes em qualquer situação,
mas, na realidade a qualificação dos enfermeiros timorenses ainda está no nível educação
básica, e também as infraestruturas, instalações e equipamentos são insuficientes, por fim,
ainda não implementam na prática e diariamente todas as competências de enfermagem.

Em Timor-Leste, a qualidade dos cuidados de enfermagem depende da liderança do País?


Quando muda a liderança do Governo, ao mesmo tempo também afeta a estrutura das
organizações profissionais de saúde em todos os níveis. Assim, depende do Ministro da saúde,
que tem a responsabilidade máxima para mudar o sistema. Portanto, neste momento na
estrutura dos hospitais, já não há uma liderança de enfermagem, todas as unidades passaram
a ser lideradas por um médico. Sendo assim, neste momento é preciso criar hábitos de diálogo
de trabalho conjunto entre médico e enfermeiros sobre as conceções de cada um pois notas
uma grande dificuldade de comunicação tal vez por hábitos culturais e formações muito
diferentes.

De facto, observando os resultados deste estudo, a maioria dos inquiridos responderam


nunca e raramente implementar todas as competências na prática de enfermagem, porque

142
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

não há equipamento insuficiente. Normalmente executam as funções utilizando os


equipamentos que têm e mais frequentemente usam a participação das famílias dos utentes
para responder a necessidades para as quais não têm recursos.

Timor-Leste é um novo país, jovem, pequeno, com a idade de 13 anos de


independência, e tem 1066,582 habitantes (Censos 2010). Reconhecendo que é um país em
desenvolvimento tem muita dificuldade em todas as áreas, incluindo nas áreas de saúde. A
realidade é particularmente dura no que concerne aos recursos humanos, infraestruturas,
equipamentos para assegurar os cuidados de enfermagem e de saúde.

Aos enfermeiros são exigidos cuidados contínuos e de elevada qualidade, como em


todos os serviços de saúde, acresce que devem atuar com a competência necessária (teórica e
prática), em situações de doença grave, onde a vida e a morte estão em constante conflito e
onde o sofrimento, a dor e a ansiedade (do doente, família e dos próprios enfermeiros) são
permanentes e enérgicas, atendendo a todas as necessidades do doente e da família. Porém, a
realidade sobre a qualificação dos enfermeiros timorenses ainda é do nível de educação
básica, e as infraestruturas e instalações insuficientes isto é um grande problema de saúde.

Segundo Vieira, (2009, p.7), os enfermeiros trabalham com pessoas ao longo do ciclo
de vida, saudáveis e doentes, em ambiente de alta tecnologia, como as unidades de cuidados
intensivos, ou no domicílio mais pobre de qualquer zona de país, onde a principal arma
terapêutica é o próprio enfermeiro e a relação que estabelece com a pessoa/família que
pretende ajudar.

Sabemos que a profissão visa o cuidado integral e o bem-estar do paciente durante 24


horas do dia, com base no caminho de construção e aplicação do saber de enfermagem que
continuamente é transmitido e aprofundado, para chegar à filosofia de cuidados de
enfermagem.

Com foi clarificado na distinção entre Medicina e Enfermagem por Nightingale, a


profissão de enfermagem é uma profissão importante na área de saúde. Então, um enfermeiro
gosta de afirmar que o profissional de enfermagem é muito importante no aumento da
qualidade dos cuidados de saúde para todos os necessitados, é um direito universal.

Assim sendo, ao utilizar o padrão de qualidade na prática de enfermagem, é necessário


olhar o cuidado humano na perspetiva da qualidade enquanto produto do serviço de

143
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

enfermagem e torná-lo disponível à experiência daqueles que se encontram numa situação


limite, ou seja, significa compreender as reais necessidades da humanidade e atender à
dignidade daqueles que, por algum motivo, se encontram numa situação de impotência e
fragilidade.

Apesar destas condições de trabalho dos enfermeiros e as instalações não serem


adequadas, não há diminuição da sua responsabilidade nos cuidados que prestam.

Assim sendo, os enfermeiros sugerem a educação formal e formação na área de


enfermagem pretendem ser capacitados para suportar o processo de trabalho dos
enfermeiros e ter um recurso para melhorar a qualidade dos cuidados de enfermagem,
pretendem Padrões de Qualidade no futuro em Timor-Leste.

Os resultados do estudo podem ser vistos como uma recomendação às lideranças do


País, para que tenham em atenção a qualidade de saúde das populações, satisfação dos
utentes na assistência de saúde em geral e dos enfermeiros em específico e assim, assegurar a
qualidade dos cuidados de enfermagem que estão e estarão a decorrer dentro do País.

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A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

CONCLUSÕES

Após o Términus deste estudo, podemos concluir, que a qualidade deverá ser
considerada uma prioridade para todos os profissionais de saúde, devendo para tal serem
criadas as condições institucionais, a par de uma sensibilização e motivação continuas, de
todos aqueles ligados à prestação de cuidados de saúde.

Tendo presente que garantir a qualidade, é constatar que recursos humanos,


infraestruturas, equipamentos e instalações que suportam os cuidados de enfermagem devem
eles próprio ser de qualidade há que assumir a responsabilidade dos líderes em estudar o
problema e tomar as medidas de mudança.

A qualidade é hoje uma dimensão incontornável na saúde e na prestação dos cuidados


de enfermagem. Porém, a qualidade na prestação dos cuidados de enfermagem é subtil e
complexa. Podemos ser induzidos a pensar que a qualidade dos cuidados existe quando
conhecemos o utente no seu todo, conseguimos detetar a sua necessidade de cuidados e
colocamos ao seu dispor em tempo útil, todo o conhecimento científico, recursos materiais e
técnicos, e força laboral responsável para o ajudar na satisfação das suas necessidades, sem
esquecer de considerar o envolvimento do utente no processo de prestação de cuidados.

O cuidar, praticado pela enfermagem, pode ser entendido como um processo que
envolve e desenvolve ações, atitudes e comportamentos, fundamentados no conhecimento
científico, técnico, pessoal, cultural, psicossocial, económico, político e espiritual, pretendendo
a promoção, manutenção e ou recuperação da saúde, dignidade e plenitude humana.

Pretendeu-se com este trabalho caraterizar de condições e carências do trabalho de


um conjunto de enfermeiros e descrever a sua opinião face à sua responsabilidade

145
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

profissional, no que diz respeito à escassez de recursos, sobre perceção das atividades de
enfermagem que contribuam para qualidade dos cuidados.

Desta forma, na prática dos cuidados, os profissionais de enfermagem necessitam de


focalizar a sua intervenção na complexa interdependência pessoa/ambiente; devem criar e
manter um ambiente de cuidados seguro, através da utilização de estratégias de garantia da
qualidade.

É de salientar o processo de tradução e adaptação cultural, que se tornou, uma mais-


valia, para a facilidade de compreensão por parte dos enfermeiros do instrumento de colheita
de dados. De facto, os resultados de pesquisa deste trabalho, os enfermeiros da amostra,
responderam as perguntas em cada variável sobre qualidade dos cuidados de enfermagem em
Timor-Leste. Por tanto, evidenciaram que a maioria dos inquiridos respondeu às vezes na
implementação dos Padrões de Qualidade e raramente na frequência de atividades dos
enfermeiros. Por outro lado, ainda tem alguns itens que dizem nunca fazê-lo, por causa falta
de instalações e equipamentos de apoio, e especificamente o próprio enfermeiro ainda sente
necessidade de formação pois falta-lhe conhecimentos suficientes na parte de especialização
de enfermagem.

Da análise da opinião dos enfermeiros, face a intervenções que garantem qualidade


verificamos, a necessidade de formação e de discussão sobre a natureza do cuidado de
enfermagem e verificamos as diferenças de resultados a partir dos níveis de formação;
Descrevemos os cuidados de enfermagem mais frequentes e salientaram-se: a colheita de
dados, a avaliação de sinais vitais e educação das famílias como áreas que garantem qualidade
pois detetaram fragilidades face à higiene e cuidados pessoais, mobilização, alimentação o que
implica com a qualidade nas áreas do bem-estar e autocuidado.

Aproveitando esta oportunidade, os enfermeiros pediram à Universidade Nacional de


Timor Lorosae (UNTL), através de Ministério da Saúde, para continuar a criar condições de
formação/educação formal e informal para todos os enfermeiros. Deseja-se o
desenvolvimento da capacidade dos enfermeiros para participar ativamente, no seu processo
de atualização da prestação de cuidados, numa perspetiva mais holística e consoante o
paradigma emergente do cuidar de forma que possam garantir qualidade de vida às pessoas
que procuram e necessitam de cuidados de enfermagem.

146
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Os enfermeiros dizem que ter dificuldades na implementação de cuidados


relacionados com os equipamentos de apoio por serem indisponíveis ou estragados. Por outro
lado, os participantes no estudo demonstram respeito e contam com o Enfermeiro Chefe
quando tem dúvidas ou quando alguma coisa corre com irregularidade.

Em relação aos cuidados, os enfermeiros sentem-se responsáveis por proporcionar


sempre os melhores cuidados e referem que a qualidade dos mesmos depende da sua
prestação. Além disso, a qualidade dos cuidados é afetada pelas dotações insuficientes, mas
consideram-se sempre responsáveis pelos mesmos.

Os enfermeiros timorenses ainda não dispõem de dispositivos legais que protejam a


profissão de enfermeiro e as suas práticas. Dos resultados tornou-se evidente que a formação
superior faz com que ocorram melhores cuidados, no entanto, por outras variáveis não
estudadas como as condições de trabalho e o número de enfermeiros para as necessidades de
cuidados fazem com que não se atinja a qualidade desejada.

Face ao desenvolvimentos do estudo podemos dizer que há necessidade de investir na


formação académica e prática de forma inicial e continua dos enfermeiros e a necessidade de
continuar a desenvolver estudos sobre esta profissão atrevendo-nos a sugerir que se faça um
estudo sobre a necessidades de dotações seguras de enfermeiros, bem como da satisfação dos
utentes.

Consideramos como limitações deste estudo: o tempo para a pesquisa considerando a


distância onde efetuamos a colheita de dados; a dificuldade em falar Português e dificuldade
em custos de pesquisa.

Para concluir deste trabalho, gostaria de dizer que, a qualidade dos cuidados de
enfermagem em Timor-Leste precisará de apoio das lideranças, instalações, equipamentos e a
formação para capacitar os enfermeiros nomeadamente em áreas especialização de
enfermagem no futuro.

No encerrar deste relatório também não posso deixar de agradecer à ESEP e seus
professores, pelas aprendizagens que me dispensaram e o quanto contribuíram para o meu
crescimento pessoal e profissional.

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A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

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A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

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A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

ANEXOS
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

ANEXO I – ATIVIDADES DOS ENFERMEIROS GESTORES


A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Atividade dos Enfermeiros Gestores

Unidades de
Atividades
competência
Garante o respeito Atendimento dos enfermeiros para problemas pessoais
pelos valores, regras Reuniões formativas
deontológicas e Revisão de procedimentos normas e protocolos
prática legal Verificação de faltas
Reuniões de divulgação de resultados de investigação
Avalia execução de normas de procedimentos
Avalia a satisfação dos doentes
Assiste à passagem de turno
Garante as melhores
Faz distribuição diária dos doentes
práticas profissionais
Faz os horários.
Afaz cálculos de rentabilidade do serviço
Monitoriza indicadores para o serviço
Plano de férias
Monitoriza dotações seguras de acordo com os padrões de
qualidade da profissão.
Planeai o processo de integração dos colaboradores
Prevê necessidades e Promove atividades de prevenção de riscos de acidentes de serviço
gere pessoas Promove momentos informais e de lazer
Assiste á visita médica
Monitoriza os registos de enfermagem
Planeia a avaliação da qualidade

Planeia e executa entrevistas de avaliação


Orienta cuidados de maior complexidade
Optimiza e promove o
Concebe e operacionaliza projetos no serviço, implica-se e implica a
desenvolvimento de
equipa no desenvolvimento e na implementação de projetos
competências
organizacionais.
Apresenta planos de melhoria contínua da qualidade
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Assegura a gestão de materiais necessários, de modo a garantir o


funcionamento global da unidade.
Prevê e assegura os
Verifica os prazos de validade
meios necessários à
Supervisiona as refeições dos doentes
prestação de cuidados
Participa em reuniões para aquisição de material
Elabora cálculos de custo-benefício
Promove e avalia a satisfação profissional dos enfermeiros e de
outros colaboradores
Participa em grupos de trabalho e comissões na área da gestão de
risco clínico e não clínico.
Prevê e gere riscos Gere as situações clínicas graves, tanto quanto aos doentes e
famílias como quanto à equipa.
Gere situações imprevistas e/ou problemáticas em diversos
domínios, nomeadamente na gestão dos cuidados, gestão dos
recursos humanos e a gestão dos materiais.
Participa na definição Participa em equipas de projeto.
e implementação de Participa em redes de conhecimento.
políticas Efetua avaliação de políticas (publicas).
Elabora, executa e avalia planos de intervenção e projetos
Planeamento sectoriais ao nível estratégico.
estratégico Garante a cooperação intersetorial para a consecução de
projetos/programas de intervenção.
Implica a equipa na inovação, envolvendo-a em projetos, na
Promove a divulgação e na utilização da investigação nos cuidados.
enfermagem baseada Promove a realização de estudos de investigação em áreas
na evidência problema da saúde e dos cuidados de enfermagem e da gestão em
enfermagem.
Promove a formação Atua como agente formativo na equipa multi e interdisciplinar.
e o desenvolvimento Promove a formação formal e informal da equipa.
da prática de Promove a divulgação de informação importante para a prestação
enfermagem de cuidados aos diferentes níveis.

Fonte: APEGEL, 16/3/2013.


A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

ANEXO II – QUESTIONÁRIOS
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

1. Questionário Português – Original


A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Questionário dirigido aos enfermeiros de serviço

Este questionário destina-se a identificar: A percepção dos enfermeiros relativamente aos


cuidados de enfermagem.
Asseguramos que o conteúdo das respostas ao questionário terá um caráter confidencial.

Considerando o conhecimento que tem sobre os cuidados do seu serviço, pedimos que
exprima a sua opinião partir das afirmações que apresentamos que pressupõem padrões de
qualidade.

Relativamente aos quadros que se seguem, assinale com a resposta que melhor se adequa à sua
opinião, com o significado:
Numa escala de 1 a 4, considere:
1- Nunca: 2- Poucas vezes; 3- Às vezes; 4- Sempre

Agradecemos a sua colaboração neste estudo

Grupo I
1 – Unidades ________________________________________
2 – Perfil sociodemográfico:
2.1 – Género: Feminino Masculino
2.2 – Idade: ___________(Anos completos até ao momento de preencher o
questionário)
2.3 – Anos de exercício profissional: _________________
2.4 – Anos no atual serviço: _________________
2.5- Exercício na área da gestão: Sim ____ Não ____ Exercício nos Cuidados Sim ___
Não___
2.6 – Anos de escolaridade antes do curso de Enfermagem______
2.7 – Formação em Enfermagem
Curso de Enfermagem _____ Curso Superior de Enfermagem _____
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Grupo II
3 – Enquanto enfermeiro considera que os enfermeiros da unidade onde trabalha demonstram
para cada um dos seguintes domínios:
3.1 - A satisfação do cliente 1 2 3 4
Os enfermeiros demonstram respeito pelas capacidades, crenças, valores e o o o o
desejos da natureza individual do cliente nos cuidados que prestam.
Os enfermeiros procuram constantemente empatia nas interações com o o o o o
cliente (doente/família)
Os enfermeiros envolvem os conviventes significativos do cliente individual o o o o
no processo de cuidados
Assinale necessidade de formação nesta área:
_________________________________________________________________________________

3.2 - A promoção da saúde 1 2 3 4


Os enfermeiros identificam as situações de saúde da população e dos o o o o
recursos do cliente / família e comunidade.
Os enfermeiros aproveitam o internamento para promover estilos de vida o o o o
saudáveis
Os enfermeiros fornecem informação geradora de aprendizagem cognitiva o o o o
e de novas capacidades pelo cliente.

Assinale necessidade de formação nesta área:


__________________________________________________________________________________

3.3 - A prevenção de complicações 1 2 3 4


Os enfermeiros identificam os problemas potenciais do cliente o o o o
Os enfermeiros prescrevem e implementam intervenções com vista à o o o o
prevenção de complicações
Os enfermeiros avaliam as intervenções que contribuem para evitar o o o o
problemas ou minimizar os efeitos indesejáveis
Os enfermeiros demonstram o rigor técnico / científico na implementação o o o o
das intervenções de enfermagem.
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Os enfermeiros referenciam situações problemáticas identificadas para o o o o


outros profissionais, de acordo com os mandatos sociais.
Os enfermeiros supervisionam as atividades que concretizam as o o o o
intervenções de enfermagem e as atividades que delegam.
Os enfermeiros demonstram responsabilidade pelas decisões que tomam, o o o o
pelos atos que praticam e que delegam.

Assinale necessidade de formação nesta área:


__________________________________________________________________________________

3.4 –O Bem-estar e o autocuidado 1 2 3 4


Os enfermeiros identificam os problemas do cliente que contribuam para o o o o
aumentar o bem-estar e a realização das suas atividades de vida.
Os Enfermeiros prescrevem e implementam intervenções que contribuam o o o o
para aumentar o bem-estar e a realização das atividades de vida dos
clientes
Os enfermeiros avaliam as intervenções que contribuam para aumentar o o o o o
bem-estar e a realização das atividades de vida dos clientes

Os enfermeiros demonstram o rigor técnico/científico na implementação o o o o


das intervenções de enfermagem que contribuam para aumentar o bem-
estar e a realização das atividades de vida dos clientes
Os enfermeiros referenciam situações problemáticas identificadas que o o o o
contribuam para aumentar o bem-estar e a realização das atividades de
vida dos clientes.
Os enfermeiros demonstram responsabilidade pelas decisões que tomam, o o o o
pelos atos que praticam e que delegam.

Assinale necessidade de formação nesta área:


__________________________________________________________________________________

3.5 -A readaptação funcional 1 2 3 4


Os enfermeiros dão continuidade ao processo de prestação de cuidados de o o o o
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

enfermagem
Os Enfermeiros planeiam a alta dos clientes internados em instituições de o o o o
saúde, de acordo com as necessidades dos clientes e os recursos da
comunidade.
Os Enfermeiros otimizam as capacidades do cliente e conviventes o o o o
significativos para gerir o regime terapêutico prescrito.
Os enfermeiros ensinam, instruem e treinam o cliente sobre a adaptação o o o o
individual requerida face à readaptação funcional.

Assinale necessidade de formação nesta área:


__________________________________________________________________________________

3.6 -A organização dos cuidados de enfermagem 1 2 3 4


Os enfermeiros dominam o sistema de registos de enfermagem. o o o o
Os enfermeiros conhecem as políticas do hospital o o o o
Assinale necessidade de formação nesta área:
__________________________________________________________________________________
3.7 - Caso considere pertinente, assinale necessidades de formação noutras áreas:
__________________________________________________________________________________

4 – Sobre o funcionamento dos cuidados:


Assinale todas as questões que são de acordo com o seu comportamento.

4.1- Quando tem dúvidas sobre os cuidados o que faz?


Pergunto ao médico o
Pergunto aos colegas o
Pergunto ao Enfermeiro chefe o
Vou Ler em livros ou vou à internet o

4.2 – Quando algum cuidado corre mal como faz?

Não digo nada o


A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Digo ao médico o
Digo ao Enfermeiro Chefe. o
Registo o
Aguardo que se descubra o

4.3 – Quando há falta de material com quem fala?


Com o Enfermeiro chefe o
Com o Medico o
Com os doentes o
Não falo com ninguém o
4.4 – Qual o método de trabalho dos Enfermeiros?
Tarefa (Cada Enfermeiro faz uma tarefa para todos os doentes, Pensos, o
medicação)
Método individual (Um Enfermeiro faz todos os cuidados a um ou vários o
doentes)
Enfermeiro responsável (Um enfermeiro é responsável pelo doente da o
admissão à Alta)
Método em equipa (um grupo de enfermeiros com um líder presta o
cuidados a um grupo de doentes)

5 – Frequência de cuidados
(1 – Em todos os turnos; 2 – Diariamente; 3 – Raramente; 4- Nunca
5.1 - Higiene e cuidados pessoais 1 2 3 4
Banho na cama o o o o
Banho no Chuveiro o o o o
Cuidados aos cabelos o o o o
Vestir e despir o o o o
5.2 - Alimentação 1 2 3 4
Alimentação nas refeições o o o o
Hidratação nos intervalos das refeições o o o o
Entubação o o o o
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

5.3 - Movimentação 1 2 3 4
Posicionamento na cama o o o o
Posicionamento na cadeira o o o o
Mobilização na cama o o o o
Deambulação o o o o
5.4 - Eliminação 1 2 3 4
Ajuda na ida ao sanitário o o o o
Colocar aparadeiras o o o o
Algaliação o o o o
5.5 - Terapêutica 1 2 3 4
Medicação por via oral o o o o
Medicação Intramuscular o o o o
Medicação endovenosa o o o o
Medicação por outras vias o o o o
5.6 - Tratamentos 1 2 3 4
Pensos de feridas cirúrgicas o o o o
Pensos de feridas abertas o o o o
Aspiração de secreções o o o o
5.7 - Sinais vitais 1 2 3 4
Avaliação da temperatura o o o o
Avaliação da TA o o o o
Avaliação do Pulso o o o o
Avaliação da Respiração o o o o
5.8 - Atividades especiais / de apoio e educação 1 2 3 4
Ensino sobre estilos de vida o o o o
Ensino sobre as situações patológicas o o o o
Ensinos sobre prevenção de complicações o o o o
Ensino sobre a adaptação dos autocuidados à situação patológica o o o o
Ensino a familiares cuidadores o o o o
Os Enfermeiros na atenção a família no caso de obtido
5.9 - Avaliação e planeamento de cuidados 1 2 3 4
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Colheita de dados no momento de admissão - anamnese o o o o


Plano de cuidados o o o o
Notas de enfermagem o o o o
Carta na Alta o o o o
Muito Obrigada
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

2. Questionário Tradução à Tétum

MESTRADO EM DIREÇÃO E CHEFIA DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM


2014/2015

Kestionáriu atu avalia enferméiru sira-nia hanoin kona-ba oinsá


fó-kuidadu iha servisu-fatin

Teresa de Jesus Vaz Cabral


A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Kestionáriu ba enferméiru sira-ne’ebé sei hala’o servisu

Kestionáriu ida-ne’e atu identifika: enfermeiru sira-nia hanoin no eperiénsia relasiona ho


kuidadu iha enfermajen nian.
Ami garante katak sei rai-metin didi’ak resposta ne’ebé hatán ba kestionáriu sira-ne’e.
Konsidera katak ita-boot sira iha koñesimentu kona-ba oinsá atu fó kuidadu iha ita nia servisu-
fatin, tan ne’e, ami husu ita-boot atu fó hanoin ba informasaun hirak-ne’ebé ami hatada,
haktuir padraun kualidade nian.

Grupo I

1 – Unidades ________________________________________
2 – Perfil sociodemográfico:
2.1 – Género: Feminino Masculino
Jéneru: Feto  Mane 
2.2 – Idade: ___________(Anos completos até ao momento de preencher o questionário)
(tinan kompletu to’o momentu ne’ebé prenxe kestionáriu)
2.3 – Tinan hira ona hala’o servisu profisionál nian: _________________
2.4 – Tinan hira ona servisu iha ospitál: _________________
2.5- Servisu iha área jestaun nian: Sim__Lae__Servisu iha área kuidadu nian
Sim____Lae__
2.6 – Eskola tinan hira, molok tama kursu Enfermajen ______

2.7 – Kursu iha Enfermajen


Kursu ba Enfermajen nian _____ Kursu Superiór ba Enfermajen nian ______
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Grupo II

Marka resposta ne’ebé di’ak liu, tuir ita-boot nia hanoin, ba kuadru hirak tuir mai ne’e:
Husi eskala 1 to’o 4, konsidera:
1-Nunka: 2- dalabalun; 3- dalaruma; 4-beibeik / sempre

Ami agradese ba ita-boot nia kolaborasaun iha estudu ida-ne’e

3 – Nu’udar enfermeiru, ita konsidera katak grupu enfermeiru ne’ebé servisu hamutuk iha
unidade, ida-idak hatudu ninia hahalok ba área ida-idak tuir mai:

3.1 - Fó satisfasaun ba kliente 1 2 3 4


o o o o
Enfermeiru sira considera no respeito ba kapasidade, fiar, valór kliente
nia hakarak bainhira fó kuidadu (tau-matan) ba nia

Enfermeiru sira buka hakbesik-an beibeik hodi dada-lia ho kliente sira o o o o


(pasiente/familia) atu harii relasaun ne’ebé di’ak ho sira hotu

Enfermeiru sira envolve ema ne'ebé importante atu hakbesik-an o o o o


liutan,bainhira fó kuidadu (tau-matan) ba kliente ida-idak

Hakerek treinamentu no motivasaun konkreto atu melhoria satisfasaun kliente iha área ida-ne’e:
________________________________________________________________________________

3.2 - Promosaun da Saúde 1 2 3 4


o o o o
Enfermeiru sira identifika situasaun saude populasaun nian no rekursu
sira ne’ebé kliente, família no komunidade iha ona

Enfermeiru sira aproveita oportunidade iha tempu internamentu o o o o


(pasiente baixa) hodi promove oinsá atu moris saudável)

Enfermeiru sira hato’o informasaun ba kliente sira, iha transformasaun o o o o


(aprendizajen) cognitiva, afetiva, psikomotor atu dezenvolve sira nia
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

kapasidade foun

Hakerek treinamento / modelu motivasaun konkreta atu melhoria promosaun da saúde ba kliente
no família, no suporta ita boot nia servisu, iha área ida-ne’e:
________________________________________________________________________________

3.3 - Oinsá atu prevene bainhira mosu komplikasaun 1 2 3 4


o o o o
Enferemeiru sira identifika kliente nia problema potensiál

Enfermeiru sira prescreve no implementa intervensaun hodi prevene o o o o


kompliksaun

Enfermeiru sira avalia intervensaun ne’ebé kontribui hodi evita problema o o o o


ka hamenus konsekuénsia ne’ebé la hakarak (lakohi atu hamosu

Enfermeiru sira, hatudu duni sira nia matenek tékniku / sientifiku o o o o


bainhira implementa intervensaun enfermajen nian

Enfermeiru sira hato’o situasaun problematiku ne’ebé identifica tiha ona o o o o


ba profissionál saúde sira seluk, tuir sira˗nia mandatu no kompeténsia

Enfermeiru sira superviziona atividade ne’ebé halo ba intervenzaun o o o o


enfermajen nian no atividade ne’ebé sira delega ba ema seluk

Enfermeiru sira hatudu responsabilidade ba desizaun ne’ebé foti, aktu o o o


ne’ebé nia pratika no servisu ne’ebé nia delega ba ema seluk

Hakerek treinamentu saida de’it mak persiza atu halo formasaun iha área ida-ne’e:
________________________________________________________________________________

3.4 –Oinsá atu iha bem-estar no kuidadu an rasik 1 2 3 4


Enfermeiru sira identifika kliente nia problema ne’ebé kontribui atu o o o o
hasa’e sira-nia moris di’ak no permite pasiente atu hala’o atividade loro-
loron
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Enfermeiru sira deside no implementa intervensaun ne’ebé kontribui atu o o o o


hasa’e pasiente nia moris di’ak no permite pasiente atu hala’o nia
atividade loro-loron

Enfermeiru sira hatudu sira˗nia matenek tékniku/sientífiku bainhira o o o o


implementa intervensaun ba enfermajen ne’ebé kontribui atu hasae
pasiente nia moris di’ak no permite pasiente atu hala'o nia atividade
loro-loron

Enfermeiru sira hatudu sira˗nia matenek tékniku / sientífiku iha o o o o


implementasaun ba intervensaun enfermajen nian ne’ebé kontrubui atu
hasa’e pasiente nia moris di’ak no permite pasiente atu hala'o nia
atividade loro-loron

Enfermeiru sira halo referencia situasaun problematika ne’ebé identifika o o o o


ona e halo contribuisaun atu aumenta bem-estar iha realizasaun
atividade vida pasiente nian.

Enfermeiru sira hatudu responsabilidade ba desizaun ne’ebé foti, aktu o o o o


ne’ebé nia pratika no servisu ne’ebé sira delega ba ema seluk

Hakerek treinamentu saida de’it mak persiza atu halo formasaun iha area ida-ne’e:
________________________________________________________________________________

3.5 - Oinsá halo adaptasaun fila fali ba funsaun uluk 1 2 3 4


Enfermeiru sira kontinua fó nafatin ba prosesu prestasaun no fó kuidadu o o o o
(tau-matan) enfermajen nian

Enfermeiru sira halo planu hodi fó-alta ba kliente ne’ebé baixa iha o o o o
instituisaun saude nian, tuir kliente nia presiza no komunidade nia kbiit

Enfermeiru sira otimiza kliente sira-nia kapasidade no hakbesik-an liután, o o o o


atu bele esplica kona˗ba aimoruk ne’ebé iha reseita
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Enfermeiru sira hanorin no fó-treinu ba kliente kona-ba oinsá nia bele o o o o


adapta fali ba ninia moris baibain (readaptasaun funsionál nian)

Hakerek treinamentu saida de’it mak persiza atu halo formasaun iha área ida-ne’e:
________________________________________________________________________________

3.6 - Organizasaun ba cuidados enfermagem nian 1 2 3 4


Enfermeiru sira domina sistema dokumentasaun enfermajen nian o o o o

Enfermeiru sira koñese polítika ospitál nian o o o o

Hakerek treinamentu saida de’it mak persiza atu halo formasaun iha área ida-ne’e:
________________________________________________________________________________

3.7 - Karik kazu seluk ne’ebé konsidera pertinente (adekuadu), hakerek treinamentu ne’ebé
persiza iha parte seluk no seidauk temi iha leten

4 – Konaba funsionamentu fó kuidadu nian:


Marka iha kestaun hotu-hotu ne’ebé reflete duni ita-boot nia hahalok
4.1- Bainhira iha dúvida kona˗ba kuidadu-saude ne’ebé adekuadu, saída
mak ita-boot halo?
Ha’u husu ba médiku o
Husu ba kolega sira o
Husu ba Xefe Enfermeiru nian o
Lee iha livru ka buka iha internet o

4.2 – Bainhira kuidadu (tau-matan) -saúde ruma la’o la di’ak, oinsa ita-
boot halo?
La dehan buat ida o
Fó-hatene ba médiku o
Fó-hatene ba xefe-enfermeiru nian o
Hakerek nota kona˗ba saída mak akontese (registu o
Hein to’o ema seluk sei deskobre o

4.3 – Bainhira materiál la iha, ita-boot ko’alia ho sé?


Ho Xefi Enfermeiru o
Ho Médiku o
Ho pasiente sira o
La Ko’alia ho ema ida o

4.4 – Enfermeiru sira nia métudu servisu mak ida ne’ebé?


Knaar (Tarefa); (enfermeiru sira ida-idak hala’o nia knaar ba pasiente o
hotu-hotu, purezemplu taka kanek ka fó ai-moruk)
Métodu individuál katak (enfermeiru sira ida fó-kuidadu-enfermajen ba o
pasiente ida ema moras oin-oin
Enfermeiru sira responsável: (enfermeiru sira ida mak sai responsável ba o
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

pasiente husi baixa to’o alta ba uma


Métudu-ekipa katak (enfermeiru sira grupu ida ho lider ida fó kuidadu- o
enfermajen ba pasiente lubuk ida

5 – Frekuensia fó kuidadu-enfermajen lor-loron nian


1 - Nunka; 2-lorloron; 3-dalaruma; 4- iha turnu hotu-hotu

5.1 - Hijiene no fó-kuidadu ba pasiente ida-idak 1 2 3 4


Fó-hariis pasiente iha kama˗leten o o o o
Fó-haris pasiente iha hariis˗fatin o o o o
Kuidadu pasiente nia fuuk o o o o
Fó hatais no hasai roupa o o o o

5.2 – Alimentasaun 1 2 3 4
Fó aihan ba pasiente iha fatin ba refeisaun nian/ toba fatin o o o o
Fó bee ba pasiente entre oras han o o o o
Uza kateter atu fó hahán (NGT) o o o o

5.3 - Muda pasiente ba fatin seluk (Movimentasaun) 1 2 3 4


Muda pasiente nia pozisaun iha kama˗leten o o o o
Muda pasiente nia pozisaun iha kadeira o o o o
Halo mobilizasaun ba pasiente iha kama leten o o o o
Haree pasiente nia pozisaun wainhira la’o o o o o

5.4 – Eliminasaun 1 2 3 4
Ajuda pasiente bá sanitáriu/sintina o o o o
Fó basia atu rekolle teen no miin (aparadeira) ba pasiente o o o o
Fó katéter atu hasai miin (algaliação) o o o o

5.5 – Terapêutica 1 2 3 4
Fó hemu ai-moruk ba pasiente o o o o
Fó medikasaun intra-muskulár nian (sona pasiente o o o o
Fó medikasaun endevenoza nian (uza uat atu tau ai-moruk o o o o
Uza maneira seluk atu fó ai-moruk ba pasiente o o o o

5.6 - Tratamentu 1 2 3 4
Halo kurativu no taka kanek sirúrjiku o o o o
Halo kurativu no taka kanek naklokek /nakloke hela o o o o
Uza aspirasaun ba sekresaun sira o o o o
5.7 - Sinais vitais 1 2 3 4
Halo avaliasaun ba temperatura o o o o
Halo avalisaun ba Tensaun Arteriál o o o o
Halo avaliasaun ba pulsu o o o o
Halo avaliasaun ba respirasaun (dada˗iis no hasai iis) nian o o o o
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

5.8 - Atividade espesiál / apoiu no edukasaun nian 1 2 3 4


Hanorin kona-ba moris di’ak (estilu moris nian o o o o
Hanorin kona-ba situsaun patolójiku nian o o o o
Hanorin oinsá atu prevene husi komplikasaun o o o o
Hanorin ba pasiente oinsá atu fó-kuidadu (tau-matan) ba an rasik iha o o o o
situsaun patolójiku
Hanorin família oinsá atu tau-matan no fó-kuidadu ba pasiente o o o o
Enfermeiru sira fo atensaun ba parte Fé nian, wainhira mate. o o o o

5.9 - Halo avaliasaun no planeamento ba kuidadu 2 3 4


Halibur dadus bainhira pasiente tama iha ospitál ka sentru-saude o o o o
(anamnese)
Halo planeamentu ba kuidadu (tau-matan) -saúde nian o o o o
Hakerek nota ba kuidadu (tau matan) enfermajen nian o o o o
Hakerek surat (prepara dokumentu sira) bainhira fó alta ba pasiente o o o o

Muito obrigado
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

3. Questionário tradução mixtura Português – Tétum


A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Questionário dirigido aos enfermeiros de serviço


Kestionáriu ba enferméiru sira-ne’ebé sei hala’o servisu
Este questionário destina-se a identificar: A perceção dos enfermeiros relativamente aos
cuidados de enfermagem.
Kestionáriu ida-ne’e atu identifika: enfermeiru sira-nia hanoin no eperiénsia relasiona ho
kuidadu iha enfermajen nian.
Asseguramos que o conteúdo das respostas ao questionário terá um caráter confidencial.
Ami garante katak sei rai-metin didi’ak resposta ne’ebé hatán ba kestionáriu sira-ne’e.
Considerando o conhecimento que tem sobre os cuidados do seu serviço, pedimos que
exprima a sua opinião partir das afirmações que apresentamos que pressupõem padrões de
qualidade.
Konsidera katak ita-boot sira iha koñesimentu kona-ba oinsá atu fó kuidadu iha ita nia
servisu-fatin, tan ne’e, ami husu ita-boot atu fó hanoin ba informasaun hirak-ne’ebé ami
hatada, haktuir padraun kualidade nian.
Grupo I
1 – Unidades ________________________________________
2 – Perfil sociodemográfico:
2.1 – Género: Feminino Masculino; Jéneru: Feto  Mane 
2.2 – Idade: ___________(Anos completos até ao momento de preencher o questionário)
(tinan kompletu to’o momentu ne’ebé prenxe kestionáriu)
2.3 – Anos de exercício profissional: _________________
Tinan hira ona hala’o servisu profisionál nian
2.4 – Anos no atual serviço: _________________
Tinan hira ona servisu iha ospitál
2.5- Exercício na área da gestão: Sim ____ Não ____ Exercício nos Cuidados Sim ___
Não___
Servisu iha área jestaun nian: Sim--------Lae__Servisu iha área kuidadu nian
Sim____Lae__
2.6 – Anos de escolaridade antes do curso de Enfermagem__
Eskola tinan hira, molok tama kursu Enfermajen
2.7 – Formação em Enfermagem / Kursu iha Enfermajen
Curso de Enfermagem _____ Curso Superior de Enfermagem _____
Kursu ba Enfermajen nian _____ Kursu Superiór ba Enfermajen nian ______
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Grupo II
3 – Enquanto enfermeiro considera que os enfermeiros da unidade onde trabalha demonstram
para cada um dos seguintes domínios: Nu’udar enfermeiru, ita konsidera katak grupu
enfermeiru ne’ebé servisu hamutuk iha unidade, ida-idak hatudu ninia hahalok ba área ida-
idak tuir mai:

Relativamente aos quadros que se seguem, assinale com a resposta que melhor se adequa à
sua opinião, com o significado:
Numa escala de 1 a 4, considere:
2- Nunca: 2- Poucas vezes; 3- Às vezes; 4- Sempre
Marka resposta ne’ebé di’ak liu, tuir ita-boot nia hanoin, ba kuadru hirak tuir mai ne’e:
Husi eskala 1 to’o 4, konsidera:
1-Nunka: 2- dalabalun; 3- dalaruma; 4-beibeik / sempre

Agradecemos a sua colaboração neste estudo


Ami agradese ba ita-boot nia kolaborasaun iha estudu ida-ne’e

3.1 - A satisfação do cliente / Fó satisfasaun ba kliente 1 2 3 4


Os enfermeiros demonstram respeito pelas capacidades, crenças, valores o o o o
e desejos da natureza individual do cliente nos cuidados que prestam.
(Enfermeiru sira considera no respeito ba kapasidade, fiar, valór kliente
nia hakarak bainhira fó kuidadu (tau-matan) ba nia.)
a. Os enfermeiros procuram constantemente empatia nas o o o o
interações com o cliente (doente/família)
Enfermeiru sira buka hakbesik-an beibeik hodi dada-lia ho
kliente sira (pasiente/familia) atu harii relasaun ne’ebé di’ak ho
sira hotu.
b. Os enfermeiros envolvem os conviventes significativos do cliente o o o o
individual no processo de cuidados
Enfermeiru sira envolve ema ne'ebé importante atu hakbesik-
an liutan,bainhira fó kuidadu (tau-matan) ba kliente ida-idak.
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Assinale necessidade de formação e modelo de motivação concreta para melhorar a satisfação do


cliente nesta área:
Hakerek treinamentu no motivasaun konkreto atu melhoria satisfasaun kliente iha área ida ne’e
________________________________________________________________________

3.2 - A promoção da saúde / Promosaun da Saúde 1 2 3 4


a. Os enfermeiros identificam as situações de saúde da população e o o o o
dos recursos do cliente / família e comunidade.
Enfermeiru sira identifika situasaun saude populasaun nian no
rekursu sira ne’ebé kliente, família no komunidade iha ona.
b. Os enfermeiros aproveitam oportunidade do internamento para o o o o
promover estilos de vida saudáveis (Enfermeiru sira aproveita
oportunidade iha tempu internamentu (pasiente baixa) hodi
promove oinsá atu moris saudável)
c. Os enfermeiros fornecem informação geradora de o o o o
transformação (aprendizagem) cognitiva, afetivo, psicomotor e
de novas capacidades pelo cliente.
Enfermeiru sira hato’o informasaun ba kliente sira, iha
transformasaun (aprendizajen) cognitiva, afetiva, psikomotor
atu dezenvolve sira nia kapasidade foun.

Assinale necessidade de formação e modelo de motivação concreta para melhorar a promoção da


saúde do cliente e família, e suportar o seu serviço diretamente nesta área:
Hakerek treinamento / modelu motivasaun konkreta atu melhoria promosaun da saúde ba
kliente no família, no suporta ita boot nia servisu, iha área ida-ne’e:

3.3 - A prevenção de complicações / Oinsá atu prevene bainhira mosu 1 2 3 4


komplikasaun
a. Os enfermeiros identificam os problemas potenciais do cliente o o o o
(Enferemeiru sira identifika kliente nia problema potensiál)
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

b. Os enfermeiros prescrevem e implementam intervenções com o o o o


vista à prevenção de complicações (Enfermeiru sira prescreve no
implementa intervensaun hodi prevene kompliksaun)
c. Os enfermeiros avaliam as intervenções que contribuem para o o o o
evitar problemas ou minimizar os efeitos indesejáveis
Enfermeiru sira avalia intervensaun ne’ebé kontribui hodi evita
problema ka hamenus konsekuénsia ne’ebé la hakarak (lakohi
atu hamosu).
d. Os enfermeiros demonstram o rigor técnico / científico na o o o o
implementação das intervenções de enfermagem.
Enfermeiru sira, hatudu duni sira nia matenek tékniku /
sientifiku bainhira implementa intervensaun enfermajen nian.
e. Os enfermeiros referenciam situações problemáticas o o o o
identificadas para outros profissionais, de acordo com os
mandatos sociais.
Enfermeiru sira hato’o situasaun problematiku ne’ebé
identifica tiha ona ba profissionál saúde sira seluk, tuir sira˗nia
mandatu no kompeténsia.
f. Os enfermeiros supervisionam as atividades que concretizam as o o o o
intervenções de enfermagem e as atividades que delegam
(Enfermeiru sira superviziona atividade ne’ebé halo ba
intervenzaun enfermajen nian no atividade ne’ebé sira delega
ba ema seluk)
g. Os enfermeiros demonstram responsabilidade pelas decisões o o o o
que tomam, pelos atos que praticam e que delegam.
Enfermeiru sira hatudu responsabilidade ba desizaun ne’ebé
foti, aktu ne’ebé nia pratika no servisu ne’ebé nia delega ba
ema seluk.

Assinale necessidade de formação nesta área:


Hakerek treinamentu saida de’it mak persiza atu halo formasaun iha área ida-ne’e:
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

3.4 – O Bem-estar e o autocuidado / Oinsá atu iha bem-estar no 1 2 3 4


kuidadu an rasik.
a. Os enfermeiros identificam os problemas do cliente que o o o o
contribuam para aumentar o bem-estar e a realização das suas
atividades de vida.
Enfermeiru sira identifika kliente nia problema ne’ebé kontribui
atu hasa’e sira-nia moris di’ak no permite pasiente atu hala’o
atividade loro-loron.
b. Os Enfermeiros prescrevem e implementam intervenções que o o o o
contribuam para aumentar o bem-estar e a realização das
atividades de vida dos clientes.
Enfermeiru sira deside no implementa intervensaun ne’ebé
kontribui atu hasa’e pasiente nia moris di’ak no permite
pasiente atu hala’o nia atividade loro-loron.
c. Os enfermeiros avaliam as intervenções que contribuam para o o o o
aumentar o bem-estar e a realização das atividades de vida dos
clientes
Enfermeiru sira hatudu sira˗nia matenek tékniku/sientífiku
bainhira implementa intervensaun ba enfermajen ne’ebé
kontribui atu hasae pasiente nia moris di’ak no permite
pasiente atu hala'o nia atividade loro-loron.
d. Os enfermeiros demonstram o rigor técnico/científico na o o o o
implementação das intervenções de enfermagem que
contribuam para aumentar o bem-estar e a realização das
atividades de vida dos clientes
Enfermeiru sira hatudu sira˗nia matenek tékniku / sientífiku iha
implementasaun ba intervensaun enfermajen nian ne’ebé
kontrubui atu hasa’e pasiente nia moris di’ak no permite
pasiente atu hala'o nia atividade loro-loron.
e. Os enfermeiros referenciam situações problemáticas o o o o
identificadas que contribuam para aumentar o bem-estar e a
realização das atividades de vida dos clientes.
Enfermeiru sira hatudu sira-nia responsabilidade bainhira foti
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

desizaun, ou hala'o atividade ruma ka entrega atividade ruma


ba ema seluk.
f. Os enfermeiros demonstram responsabilidade pelas decisões o o o o
que tomam, pelos atos que praticam e que delegam.
Enfermeiru sira hatudu responsabilidade ba desizaun ne’ebé
foti, aktu ne’ebé nia pratika no servisu ne’ebé sira delega ba
ema seluk.

Assinale necessidade de formação nesta área:


Hakerek treinamentu saida de’it mak persiza atu halo formasaun iha area ida-ne’e:
________________________________________________________________________________

3.5 A readaptação funcional/Oinsá halo adaptasaun fila fali ba funsaun 1 2 3 4


uluk.
a. Os enfermeiros dão continuidade ao processo de prestação de o o o o
cuidados de enfermagem
Enfermeiru sira kontinua fó nafatin ba prosesu prestasaun no
fó kuidadu (tau-matan) enfermajen nian.
b. Os Enfermeiros planeiam a alta dos clientes internados em o o o o
instituições de saúde, de acordo com as necessidades dos
clientes e os recursos da comunidade.
Enfermeiru sira halo planu hodi fó-alta ba kliente ne’ebé baixa
iha instituisaun saude nian, tuir kliente nia presiza no
komunidade nia kbiit.
c. Os Enfermeiros otimizam as capacidades do cliente e o o o o
conviventes significativos para gerir o regime terapêutico
prescrito.
Enfermeiru sira otimiza kliente sira-nia kapasidade no hakbesik-
an liután, atu bele esplica kona˗ba aimoruk ne’ebé iha reseita.
d. Os enfermeiros ensinam, instruem e treinam o cliente sobre a o o o o
adaptação individual requerida face à readaptação funcional.
Enfermeiru sira hanorin no fó-treinu ba kliente kona-ba oinsá
nia bele adapta fali ba ninia moris baibain (readaptasaun
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

funsionál nian).

Assinale necessidade de formação nesta área:


Hakerek treinamentu saida de’it mak persiza atu halo formasaun iha área ida-ne’e:
________________________________________________________________________________

3.6 -A organização dos cuidados de enfermagem 1 2 3 4


a. Os enfermeiros dominam o sistema de registos de enfermagem. o o o o
Enfermeiru sira domina sistema dokumentasaun enfermajen
nian.
b. Os enfermeiros conhecem as políticas do hospital o o o o
Enfermeiru sira koñese polítika ospitál nian.

Assinale necessidade de formação nesta área:


Hakerek treinamentu saida de’it mak persiza atu halo formasaun iha área ida-ne’e:
________________________________________________________________________________
3.7 - Caso considere pertinente, assinale necessidades de formação noutras áreas:
Karik kazu seluk ne’ebé konsidera pertinente (adekuadu), hakerek treinamentu ne’ebé
persiza iha parte seluk no seidauk temi iha leten.
________________________________________________________________________________

4 – Sobre o funcionamento dos cuidados /Konaba funsionamentu fó kuidadu nian:


Assinale todas as questões que são de acordo com o seu comportamento.
Marka iha kestaun hotu-hotu ne’ebé reflete duni ita-boot nia hahalok.
4.1- Quando tem dúvidas sobre os cuidados o que faz?
Bainhira iha dúvida kona˗ba kuidadu-saude ne’ebé adekuadu, saída
mak ita-boot halo?
a. Pergunto ao médico (Ha’u husu ba médiku) o
b. Pergunto aos colegas (Husu ba kolega sira) o
c. Pergunto ao Enfermeiro chefe (Husu ba Xefe Enfermeiru nian) o
d. Vou Ler em livros ou vou à internet (Lee iha livru ka buka iha o
internet)
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

4.2 – Quando algum cuidado corre mal como faz?


Bainhira kuidadu (tau-matan) -saúde ruma la’o la di’ak, oinsa ita-
boot halo?
a. Não digo nada (La dehan buat ida) o
b. Digo ao médico (Fó-hatene ba médiku) o
c. Digo ao Enfermeiro Chefe (Fó-hatene ba xefe-enfermeiru nian) o
d. Registo (Hakerek nota kona˗ba saída mak akontese (registu) o
e. Aguardo que se descubra (Hein to’o ema seluk sei deskobre) o

4.3 – Quando há falta de material com quem fala?


Bainhira materiál la iha, ita-boot ko’alia ho sé?
a. Com o Enfermeiro chefe (Ho Xefi Enfermeiru) o
b. Com o Médico (Ho Médiku) o
c. Com os doentes (Ho pasiente sira) o
d. Não falo com ninguém (La Ko’alia ho ema ida) o
4.4 – Qual o método de trabalho dos Enfermeiros? Enfermeiru sira nia
métudu servisu mak ida ne’ebé?
a. Tarefa (Cada Enfermeiro faz uma tarefa para todos os doentes, o
Pensos, medicação)
Knaar (Tarefa); (enfermeiru sira ida-idak hala’o nia knaar ba
pasiente hotu-hotu, purezemplu taka kanek ka fó ai-moruk.
b. Métodu individual (Um Enfermeiro faz todos os cuidados a um o
ou vários doentes).
Métodu individuál katak (enfermeiru sira ida fó-kuidadu-
enfermajen ba pasiente ida ema moras oin-oin)
c. Enfermeiro responsável (Um enfermeiro é responsável pelo o
doente da admissão à Alta)
Enfermeiru sira responsável: (enfermeiru sira ida mak sai
responsável ba pasiente husi baixa to’o alta ba uma)
d. Método em equipa (um grupo de enfermeiros com um líder o
presta cuidados a um grupo de doentes)
Métudu-ekipa katak (enfermeiru sira grupu ida ho lider ida fó
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

kuidadu-enfermajen ba pasiente lubuk ida)

5 – Frequência de cuidados / Frekuensia fó kuidadu-enfermajen lor-loron nian


(1 –Nunca; 2 – Diariamente; 3 – Raramente; 4- Em todos os turnos
1- Nunka; 2- lorloron; 3- dalaruma; 4- iha turnu hotu-hotu)

5.1 - Higiene e cuidados pessoais/Hijiene no fó-kuidadu ba pasiente ida- 1 2 3 4


idak
a. Banho na cama (Fó-hariis pasiente iha kama˗leten) o o o o
b. Banho no Chuveiro (Fó-haris pasiente iha hariis˗fatin) o o o o
c. Cuidados aos cabelos (Kuidadu pasiente nia fuuk) o o o o
d. Vestir e despir (Fó hatais no hasai roupa) o o o o
5.2 – Alimentação 1 2 3 4
a. Alimentação nas refeições o o o o
Fó aihan ba pasiente iha fatin ba refeisaun nian/ toba fatin
b. Hidratação nos intervalos das refeições o o o o
Fó bee ba pasiente entre oras han.
c. Entubação (Uza kateter atu fó hahán (NGT)) o o o o
5.3 – Movimentação / Muda pasiente ba fatin seluk (Movimentasaun) 1 2 3 4
a. Posicionamento na cama o o o o
Muda pasiente nia pozisaun iha kama˗leten
b. Posicionamento na cadeira o o o o
Muda pasiente nia pozisaun iha kadeira
c. Mobilização na cama o o o o
Halo mobilizasaun ba pasiente iha kama leten
d. Deambulação (Haree pasiente nia pozisaun wainhira la’o) o o o o
5.4 – Eliminação 1 2 3 4
a. Ajuda na ida ao sanitário (Ajuda pasiente bá sanitáriu/sintina) o o o o
b. Colocar aparadeiras o o o o
Fó basia atu rekolle teen no miin (aparadeira) ba pasiente
c. Algaliação (Fó katéter atu hasai miin (algaliação)) o o o o
5.5 – Terapêutica 1 2 3 4
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

a. Medicação por via oral (Fó hemu ai-moruk ba pasiente) o o o o


b. Medicação Intramuscular o o o o
Fó medikasaun intra-muskulár nian (sona pasiente)
c. Medicação endovenosa o o o o
Fó medikasaun endevenoza nian (uza uat atu tau ai-moruk)
d. Medicação por outras vias o o o o
Uza maneira seluk atu fó ai-moruk ba pasiente
5.6 – Tratamentos 1 2 3 4
a. Pensos de feridas cirúrgicas o o o o
Halo kurativu no taka kanek sirúrjiku.
b. Pensos de feridas abertas o o o o
Halo kurativu no taka kanek naklokek /nakloke hela).
c. Aspiração de secreções (Uza aspirasaun ba sekresaun sira) o o o o
5.7 - Sinais vitais 1 2 3 4
a. Avaliação da temperatura (Halo avaliasaun ba temperatura) o o o o
b. Avaliação da TA (Halo avalisaun ba Tensaun Arteriál) o o o o
c. Avaliação do Pulso (Halo avaliasaun ba pulsu) o o o o
d. Avaliação da Respiração o o o o
Halo avaliasaun ba respirasaun (dada˗iis no hasai iis) nian
5.8 - Atividades especiais / de apoio e educação 1 2 3 4
Atividade espesiál / apoiu no edukasaun nian
a. Ensino sobre estilos de vida o o o o
Hanorin kona-ba moris di’ak (estilu moris nian)
b. Ensino sobre as situações patológicas o o o o
Hanorin kona-ba situsaun patolójiku nian
c. Ensinos sobre prevenção de complicações o o o o
Hanorin oinsá atu prevene husi komplikasaun
d. Ensino sobre a adaptação dos autocuidados à situação o o o o
patológica
Hanorin ba pasiente oinsá atu fó-kuidadu (tau-matan) ba an
rasik iha situsaun patolójiku
e. Ensino a familiares cuidadores o o o o
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Hanorin família oinsá atu tau-matan no fó-kuidadu ba pasiente


f. Os Enfermeiros na atenção a família no caso de obtido

5.9 - Avaliação e planeamento de cuidados 1 2 3 4


Halo avaliasaun no planeamento ba kuidadu
a. Colheita de dados no momento de admissão – anamnese o o o o
Halibur dadus bainhira pasiente tama iha ospitál ka sentru-
saude (anamnese)
b. Plano de cuidados o o o o
Halo planeamentu ba kuidadu (tau-matan) -saúde nian
c. Notas de enfermagem o o o o
Hakerek nota ba kuidadu (tau matan) -enfermajen nian
d. Carta na Alta o o o o
Hakerek surat (prepara dokumentu sira) bainhira fó alta ba
pasiente

Muito obrigada
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ANEXOS III – AUTORIZAÇÃO


A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Carta da orientadora da Dissertação ao Magnifico Reitor da UNTL


A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Carta da orientadora da Dissertação ao Diretor Executivo do Hospital Naciona Guido


Valadares
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste
A Qualidade dos Cuidados de Enfermagem em Timor-Leste

Carta da aceitação da Comissão da Ètica do Ministerio da Saúde de Timor Leste

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