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CHANDRA TORRES

ELIANE SOUZA
VANESSA CAROLINE

A INFLUÊNCIA DA SUPLEMENTAÇÃO COM PROBIÓTICO


LACTOBACILLUS PLANTARUM NA TERAPÊUTICA
ADJUVANTE DE TRANSTORNOS MENTAIS COMO
DEPRESSÃO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado a Faculdade Bezerra de
Araújo, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Bacharel em
Farmácia.

Orientadora: Prof.ª Ma. Renata Macedo dos Reis.

Rio de Janeiro
2022
CHANDRA TORRES
ELIANE SOUZA
VANESSA CAROLINE

A INFLUÊNCIA DA SUPLEMENTAÇÃO COM PROBIÓTICO


LACTOBACILLUS PLANTARUM NA TERAPÊUTICA
ADJUVANTE DE TRANSTORNOS MENTAIS COMO
DEPRESSÃO

Trabalho de conclusão de curso


apresentado à Faculdade Bezerra de Araújo
como requisito parcial para obtenção do
grau de Bacharel em Farmácia.

Aprovado em:    /12/2022


Banca Examinadora

 
Prof. Ma. Renata Macedo dos Reis - Orientadora 
a

 
Prof. Carlos Candido Santos Junior - Membro Interno

 
Coord.  Katsue Kosaka Duarte - Membro Interno
a

Rio de Janeiro

2022

2
AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos nossos familiares por todo apoio que nos deram. Por
aqueles que já não estão aqui, mas que de alguma forma estarão sempre em
nossos pensamentos e corações. Aos nossos professores por todos os
ensinamentos e direcionamentos e por fim, mas não menos importante,
agradecemos à Deus por estar sempre nos dando suporte e abençoando
nossas vidas.

Rio de Janeiro
2022

RESUMO

3
O eixo intestino-cérebro é indispensável para manter a homeostase do
corpo humano regulando seus níveis neurais, hormonais e imunológicos
através da administração adequada de probióticos. Os probióticos apresentam
grande capacidade de exercer benefícios ao organismo. Nosso trabalho
especificou uma das classes, o Lactobaccillus Plantarum, que associado na
terapia adjuvante de transtornos mentais como a depressão pode vir a auxiliar
no tratamento e trazer benefícios ao paciente. De acordo com dados coletados
no site da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil apresenta casos de
cerca de 5,8% da população, o equivalente a 11.584.577 casos, de pacientes
portadores de depressão, podemos levar em consideração que esses
pacientes que apresentam determinados transtornos mentais apresentam em
seu organismo um desequilíbrio na microbiota de seu trato gasto intestinal
(TGI) e esse ecossistema microbiológico influencia na conexão do eixo
intestino- cérebro. De acordo com alguns gêneros de probióticos temos
determinadas capacidades de produção de neurotransmissores, que
influenciam no funcionamento do sistema nervoso entérico (SNE) que por sua
vez vem sendo estudado a fim de comprovar sua importância a nível central. O
intestino juntamente com sua estrutura neural, associado as microbiotas e seus
metabólitos, apresentam capacidade de modular o sistema nervoso central
(SNC), assim, qualquer desequilíbrio no eixo interligado ao TGI e SNC estarão
presente em diversos quadros clínicos como doenças inflamatórias, anorexia,
perturbações de humor e inclusive a depressão. A fim de obter evidências
cientificas quanto a importância da grande ligação entre a microbiota intestinal
e a função cerebral que são interligadas pelo eixo intestino-cérebro e
comprovar os benefícios que uma microbiota saudável trás pro bem estar da
saúde mental e a sua importância na terapêutica adjuvante de transtornos
mentais como a depressão.

Palavras-chave: Depressão; transtornos mentais; probiótico.

ABSTRACT

4
The gut-brain axis is indispensable for maintaining the homeostasis of the
human body by regulating its neural, hormonal, and immunological levels
through the proper administration of probiotics. Probiotics have great capacity to
exert benefits to the body. Our work specified one of the classes, the
Lactobaccillus Plantarum, which associated in the adjuvant therapy of mental
disorders such as depression can help in the treatment and bring benefits to the
patient. According to data collected on the site of the World Health Organization
(WHO), Brazil presents cases of about 5.8% of the population, equivalent to
11,584,577 cases, of patients with depression, we can take into account that
these patients who have certain mental disorders have in your body an
imbalance in the microbiota of your intestinal tract (TGI) and this microbiological
ecosystem influences the connection of the intestine and brain axis. According
to some genera of probiotics we have certain capabilities for neurotransmitter
production, which influence the functioning of the enteric nervous system
(ENS), which in turn has been studied in order to prove its importance at a
central level. The intestine along with its neural structure, associated with the
microbiota and their metabolites, have the ability to modulate the central
nervous system (CNS), thus any imbalance in the axis interconnected to the
GIT and CNS will be present in various clinical pictures such as inflammatory
diseases, anorexia, mood disorders and even depression. In order to obtain
scientific evidence regarding the importance of the great connection between
the intestinal microbiota and brain function that are interconnected by the
intestine-brain axis and to prove the benefits that a healthy microbiota brings to
the well-being of mental health and its importance in adjuvant therapy of mental
disorders such as depression.

Palavras-chave: Depression; mental disorders; probiotic.

5
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Principais vias de comunicação do eixo intestino-cérebro ................


14
Figura 2 - tecido linfático associado ao intestino, tecido comum em regiões de
mucosa .............................................................................................................
16
Figura 3 - Comunicação eixo cérebro-intestino8. Transtornos mentais como a
Depressão .........................................................................................................19
Figura 4 - Probióticos e prebióticos ...................................................................
22

Quadro 1 - Bactérias e produção de neurotransmissores .................................


15

6
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

GABA – Ácido Gama-aminobutírico


GI – Gastro intestinal
OMS – Organização Mundial da Saúde
SNC – Sistema Nervoso Central
SNE – Sistema Nervoso Entérico
TGI – Trato Gastro Intestinal
GALT – Gnt Associated Lymphoid Tissue
LPS – Lipopolissacarídeos
DHA – Ácido Docosahexaenóico
TDT – Estratégia Terapêutica Direta
PCR-US – Proteína C Reativa Direta
CASPASES – Cistein-aspatato Proteases

7
SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS................................................................................................................3
RESUMO....................................................................................................................................4
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................................5
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.................................................................................6
INTRODUÇÃO...........................................................................................................................8
OBJETIVOS.............................................................................................................................10
JUSTIFICATIVA.......................................................................................................................11
METODOLOGIA......................................................................................................................12
COMUNICAÇÃO INTESTINO-CÉREBRO...........................................................................13
MICROBIOTA INTESTINAL...................................................................................................18
PROBIÓTICOS, PREBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS............................................................21
PROBIÓTICO.......................................................................................................................21
PREBIÓTICOS....................................................................................................................21
SIMBIÓTICOS......................................................................................................................21
MECANISMO DE AÇÃO DOS PROBIÓTICOS..................................................................23
ALIMENTAÇÃO E SEUS BENEFÍCIOS...............................................................................24
DEPRESSÃO...........................................................................................................................25
CONCLUSÃO..........................................................................................................................26
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................27

8
INTRODUÇÃO

O estudo científico envolvendo a microbiota para a saúde humana só


passou a ter reconhecimento a partir de 1877 quando Louis Pasteur em um de
seus estudos afirmou que “os microrganismos são necessários para uma vida
humana normal”. Já em 1886, o cientista Theodor Escherich comprovou que “a
interação entre o hospedeiro e as bactérias é muito importante, sendo a
combinação do microbioma intestinal essencial para a saúde e bem-estar do
ser humano”.
Porém, foi o cientista russo Elie Metchnikoff, juntamente com Paul
Ehrlich que após muita dedicação ao estudo da importância dos probióticos na
alimentação e sua relação com a saúde humana que tornou viável a
demonstração da influência de probióticos no desenvolvimento cerebral.
(BENGMARK, 2013; COLLINS et al., 2012).
No corpo humano encontramos uma microbiota com cerca de 100
trilhões de células microbianas e um metagenoma de 2 milhões de genes
microbianos. (RAVEL et al,2013), esses microrganismos gastrointestinais se
reproduzem de forma assexuada, pela fisiologia binária, onde uma bactéria
duplica seu ácido desoxirribonucleico, gerando uma ou mais célula filha, com
as mesmas características da mãe formando assim a grande microbiota do
corpo humano. Esse dinâmico ecossistema onde mudanças na composição da
microbiota estão associadas à disfunção fisiológica e alterações na saúde
humana. (LIMA et al., 2017).
A sinalização bidirecional entre o trato gastrointestinal e o cérebro é
regulada nos níveis neural, hormonal e imunológico. Esta relação é conhecida
como o eixo intestino-cérebro e é indispensável para manter a homeostase. A
colonização bacteriana do intestino desempenha um papel importante no
desenvolvimento e na maturação dos sistemas imune e endócrino, podendo
modular a saúde do hospedeiro.
Os probióticos são organismos vivos que, quando administrados em
quantidades adequadas, podem conferir benefícios à saúde, pois quando
utilizados como suplemento alimentar ou como componente ativo de uma

9
medicação registrada, devem conseguir sobreviver à passagem por meio do
aparelho digestivo, sobreviver ao ácido e a bile e proliferar no intestino. Devem
ser capazes de exercer seus benefícios por meio do crescimento e/ou da
atividade no corpo humano.
A suplementação de probiótico de classes específicas com a
LACTOBACILLUS PLANTARUM pode auxiliar na prevenção de doenças
mentais, tais como a ansiedade. A implementação no cotidiano da alimentação
da população de forma precoce antes de qualquer diagnóstico ou
sintomatologia de doenças mentais pode vir a contribuir significativamente para
a saúde dos indivíduos diagnosticados ou não com transtornos mentais.

10
OBJETIVOS

Objetivo Geral

  Analisar a importância da suplementação com probiótico na


terapêutica adjuvante de transtornos mentais com identificação positiva do
meio de cultura para: Lactobacillus Plantarum  na prevenção e tratamento de
doenças mentais como a depressão. 

Objetivos Específicos

Apontar o potencial efeito psicobiótico de uma determinada cultura, o


Lactobacillus Plantarum definindo seu mecanismo de ação. 
Mostrar a importância da terapêutica adjuvante em tratamentos
associados à depressão e os benefícios advindos do uso de probiótico como
ações preventivas e estratégia terapêutica no tratamento de doenças mentais.
Especificar o tipo de probiótico associando seu uso à atenuação dos
sintomas da depressão.
Incentivar estudos na área de probióticos e saúde mental, a fim de que
se obtenha uma posologia e um tratamento adequado para esse tipo de
tratamento aumentando o tratamento com o uso de probiótico para pacientes
acometidos por sintomas de depressão.

11
JUSTIFICATIVA

Este estudo justifica-se pela necessidade de analisar os dados já obtidos


por publicações anteriores, a fim de mostrar os benefícios causados pelos
probióticos principalmente para pessoas com problemas de depressão. O
número de casos de transtornos de depressão no Brasil atinge 5,8% da
população (11.584.577, casos), de acordo com World Health Organization.
Depression and other common mental disorders: Global health estimates.
Geneva: WHO; 2017.
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2011) define transtornos
mentais, tendo como condições de saúde diagnosticados como característica a
tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, oscilações entre sentimento
de culpa e baixa autoestima, além de estar acompanhada de distúrbios de
sono ou de apetite, podendo apresentar cansaço e falta de concentração.
A escolha do tema foi inspirada devido a influência da disbiose
acometida por hábitos alimentares e por estilo de vida que refletem nas
alterações de humor sendo um agravante nos casos de transtorno mental
como a depressão, assim como a influência do equilíbrio da microbiota
intestinal na terapêutica adjuvante da doença. Essa relação é explicada pela
existência do eixo intestino-cérebro que quando relacionadas a seu
desequilíbrio podem influenciar nos distúrbios inflamatórios crônicos. A revisão
desse estudo implica o esclarecimento do mecanismo base das doenças
psíquicas, tendo em vista que uma adequada suplementação pode influenciar
na síntese de serotonina que é um hormônio essencial do bem estar muito
importante nos casos de depressão.

12
METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho será baseada em levantamento


de dados bibliográficos e pesquisas, que mostram a existência de comunicação
entre o cérebro e intestino, sendo responsável por garantir ou não a saúde
mental, como citado por Silvestre (SILVESTRE, 2015)
O autor menciona que:
“O cérebro e o intestino se comunicam de forma dinâmica e complexa
através de diferentes vias, formando um eixo bidirecional, cujo equilíbrio
depende da composição da comunidade microbiana que habita o intestino. O
papel modulador que este ecossistema exerce sobre o eixo cérebro-intestino e,
concretamente, sobre comportamento é uma área fascinante que está em
franco crescimento. O distúrbio da homeostase da comunidade bacteriana
intestinal, a disbiose, exerce um impacto negativo na saúde do hospedeiro,
podendo conduzir a patologias distintas, nomeadamente, do foro psiquiátrico.
Neste contexto, os probióticos parecem possuir um papel relevante para a
manutenção da eubiose entérica, dando lugar ao conceito emergente de
psicobiótico revelando um novo potencial como terapêutica a favor da saúde
mental.”

13
COMUNICAÇÃO INTESTINO-CÉREBRO

O conceito de Eixo-intestino-Cérebro (da sigla em inglês GBA, “GUT-


BRAIN-AXIS”) existe a mais de três décadas, o papel que o Sistema Nervoso
Central (SNC) exerce sobre o intestino vai desde a produção hormonal,
peristaltismo, secreção de mucinas e a secreção de um componente
imunológico de grande importância na síntese de citocinas pelas células
imunes a nível intestinal, na qual através de seus sensores gastrointestinais e
motores, o sistema nervoso central envia suas mensagens por impulsos
nervosos de resposta de retorno ao intestino (SAULNIER, 2015). Esse meio de
transmissão se denomina eixo intestino-cérebro (Figura 1). O neurotransmissor
GABA é o principal inibitório do sistema nervoso central (SNC), esse
neurotransmissor possui duas classes de receptores ionotrópicos principais, o
GABA A e o GABA B, que são alvos farmacológicos como por agentes
ansiolíticos, como os benzodiazepínicos. (SAULNIER, 2015)
Os receptores GABA A e GABA B têm grande importância nas
condições psiquiátricas relacionadas ao estresse (ANA LETÍCIA,2019). De
acordo com os dados obtidos através de revisão literária, o intestino tem
capacidade de produzir uma variedade de neurotransmissores, substâncias
neuroativas e metabólitos como serotonina, catecolaminas e acetilcolina.
(LYTE, 2015)

14
Figura 1: Principais vias de comunicação do eixo intestino-cérebro.
Fonte: Modificado de Foster, Rinaman e Cryan, 2017.

De acordo com alguns gêneros de probióticos, temos a capacidade de


produção de determinados neurotransmissores como, Escherichia, Bacillus e
Saccharomyces produzem noradrenalina. Candida, Streptococcus, Escherichia
e Enterococcus produzem serotonina, enquanto Bacillus e Serratia têm
potencial para produzir dopamina, conforme descrito no Quadro 1. Mediante a
estudos pré-clínicos realizados nos artigos analisados, foram encontrados
resultados positivos em relação a suplementação de probiótico em relação aos
aspectos neuroquímicos e comportamentais em camundongos, principalmente
voltados para classe Bifidobacterium (adolescentis,animalis, bifidum, breve e
longum ) e Lactobacillus (acidophilus, casei, fermentum, gasseri, johnsonii,
paracasei, plantarum, ramhamus e salivarius). (LYTE, 2015 e
SILVESTRE,2015).

15
GÊNERO NEUROTRANSMISSOR
Escherichia, Bacillus, Saccharomyces Noradrenalina
Candida, Streptococcus, Escherichia, Serotonina
Enterococcus
Bacillus, Serratia Dopamina
Lactobacillus Acetilcolina
Quadro 1: Bactérias e produção de neurotransmissores
Fonte: Adaptada de Lyte et al, 2015

Experimentos feitos em camundongos vagotomizados foram capazes de


identificar a presença do nervo vago, que é a principal via neural atuante no
eixo intestino-cérebro além do efeito ansiolítico observado em ratos intactos
sob influência de cepas probióticas específicas, não era visto naqueles ratos.
As espécies Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei, Lactobacillus
helveticus, Bifidobacterium lactis, Bifidobacterium longum e Bifidobacterium
bifidum foram as mais usadas nestes estudos e todas foram capazes de
apresentar melhoras relacionadas à depressão ou sintomas depressivos e
cognitivos relacionados.
Espécies de Lactobacillus e Bifidobacterium podem produzir GABA
(Ácido Gama-aminobutírico), um neurotransmissor que transmite informações
de um neurônio para outro. “Como ocorre a alteração da microbiota intestinal
influenciada pela resposta imune?” A imunidade desempenhada pelo
organismo, está relacionada a mecanismos inativos e adaptativos que são
instrumentados por fatores primários e secundário dentro do contexto
fisiológico humano, isto é o sistema imunológico é composto por células
tipicamente imunológicas, tecidos e órgãos de pertinência imune, com isso o
sistema imunológico tem a capacidade de gerar respostas antagônicas a
diversos tipos de antígenos mantendo a homeostasia através da supressão de
respostas imunológicas exacerbadas. Esses antígenos, partícula ou molécula
com capacidade de provocar uma resposta imunológica, eles podem invadir o
organismo por diferentes vias, uma delas é o Trato Gastrointestinal (TGI), a
TGI por se tratar de uma via de fácil ingestão de patógenos apresenta alta
capacidade de resposta de defesa a antígenos devido a presença de uma
estrutura denominada Gut-Associated Lymphoid Tissue (GALT) em português,
tecido linfático associado ao intestino, tecido comum em regiões de mucosa.

16
Sendo assim, o tecido linfoide associado ao intestino (GALT) é composto por
linfócitos intraepiteliais, folículos linfoides isolados, Placas de Peyer e
linfonodos mesentéricos, responsáveis pelo reconhecimento de antígenos
presentes no lúmen intestinal, bem como pela síntese e liberação de
mediadores químicos e anticorpos envolvidos na regulação das respostas
imunes (Figura 2). A GALT é auxiliada por outros mecanismos a fim de
promover a homeostase no TGI, um desses mecanismos está a microbiota
intestinal. (GONÇALVES, 2016).

Figura 2: O tecido linfático associado ao intestino, tecido comum em regiões de mucosa.


Fonte:

O mecanismo mediado pelo sistema imune se dá pelo nervo vago, logo


a presença de fatores imunes, citosinas e quimosinas conseguem influenciar o
cérebro através do nervo vago, com isso citocinas pró-inflamatórias alteram a
concentração de neurotransmissores no cérebro, como a serotonina, a
dopamina e o glutamato, ocasionando a diminuição desses neurotransmissores
que já foram associados com sintomas específicos da depressão. Com isso a

17
utilização dos probióticos mostrou uma diminuição inflamatória, tanto pela
produção direta de fatores anti-inflamatórios pelos microrganismos probióticos,
como pela inibição da ativação do fator nuclear κβ (NF-κβ) induzida por LPS
(Lipopolissacarídeos). Estudos já demonstraram que a suplementação de
probióticos em ratos foi capaz de aumentar os níveis de ácidos graxos do tipo
ômega 3 circulantes, resultando no cérebro o aumento de seu metabólito, o
Ácido Docosahexaenóico (DHA). Seus efeitos atuam na redução da inflamação
sistêmica e neuro inflamação e está relacionado com a melhora dos sintomas
de depressão, que tem sido amplamente estudado nos últimos anos (BRUNA
C.C, 2020). Desses estudos temos, o de Akkasheh et al. que avaliou
inflamação e observou diminuição do processo inflamatório sistêmico
(AKKASHEH G, 2016). Tendo em vista esses relatos os pesquisadores
acreditam que a suplementação com probióticos promoveu a queda dos
valores de Proteína C Reativa Ultra Sensível (PCR-US). 

18
MICROBIOTA INTESTINAL

O papel do Sistema Nervoso Central (SNC) no intestino já é reconhecido


há muito tempo, porém o papel do Sistema Nervoso Entérico (SNE) tem sido
estudado a pouco tempo, e este parece exercer uma importância a nível
central. 
Derivado da crista neural, o sistema nervoso entérico possui de 200 a
600 milhões de neurônios, representando a maior e mais complexa rede neural
do sistema nervoso periférico e autônomo. O intestino juntamente com a
estrutura neural, às microbiotas e seus metabólitos possuem capacidade de
modular o SNC.
O Intestino e o cérebro formam um eixo de comunicação bidirecional
onde a informação é gerada tanto no intestino quanto no sistema nervoso
(fig.3). Sendo assim, a comunidade simbiótica intestinal exerce um papel
fundamental no diálogo entre o eixo cérebro-intestino. A sinalização hormonal,
metabólica e imunológica é tão importante quanto o eixo cérebro-intestino.
Estas diferentes vias de comunicação, garante à Flora entérica e seus
metabólitos diferentes maneiras de contactar   o cérebro. 
A alteração do equilíbrio desse eixo é associada a disfunção tanto no
nível gastrointestinal (GI) quanto no SNC, sendo em doenças inflamatórias,
perturbações do funcionamento gastrointestinal, comportamento alimentar
como anorexia e obesidade, perturbações de humor, ansiedade, depressão.

19
Fig. 3 - Comunicação eixo cérebro-intestino. Transtornos mentais como a Depressão;
Fonte: https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/26287/1/CarinaRFSilvestre

Os transtornos mentais como a depressão é caracterizada pelo baixo humor,


autoestima e perda de interesse em atividades agradáveis, podendo apresentar
transtorno de humor com fisiopatologia nervosa, endócrina e imunológica.
Algumas pesquisas vêm apontando uma possível relação da microbiota
gastrointestinal com o desenvolvimento dessas e outras doenças como
obesidade, diabetes e até mesmo o autismo. Logo, o controle e equilíbrio
dessa microbiota pode ser essencial na recuperação e/ou manutenção da
saúde mental e fisiológica do ser humano, isso pode ser feito através de uma
introdução de prebióticos e probióticos na alimentação.
A recuperação/manutenção da microbiota pode ser feita com usos de
psicobióticos que são definidos como bactérias vivas que ao ser ingeridas
trazem benefícios para a saúde mental através de interações entre bactérias
intestinais. Essas bactérias são capazes de produzir substâncias neuroativas
como o ácido gama-aminobutírico e a serotonina, estas atuam no eixo
intestino-cérebro. Assim, ao serem ingeridos em quantidades adequadas
podem exercer benefícios para a saúde do ser humano. “está bem

20
estabelecido que eles geram efeitos terapêuticos em muitos distúrbios ligados
ao TGI” (Parvez, et al., 2006).
Os probióticos Bifibbacterium Gram-positivo e os Lactobacillos não
possuem cadeias de lipopolissacarídeos pró-inflamatórios, assim não
estimulam as reações imunológicas. Segundo Sudo, et al. (2004) a presença
dessas bactérias um estímulo ao sistema imunológico a distinguir entre
bactérias intestinais e anti-inflamatórias criando uma resposta imune e
identificando organismos antigênicos.
Seguindo essa lógica, a redução da bioatividade do inflamassoma pode
ser uma estratégia terapêutica direta (TDT) no tratamento de doenças
neuropsiquiátricas com componentes inflamatórios segundo Morrison, et al,
(2016).
O inflamassoma é um complexo multiproteico intracelular que atua na
ativação de enzimas da família cisteín-aspartato proteases (CASPASES) como
uma estrutura essencial para a regulação da imunidade em condições
fisiológicas e no reconhecimento de sinais de perigo a diferentes componentes
(Morrison, et al., 2016)
Por mais que o assunto tenha embasamentos científicos que mostram a
eficácia teórica e prática, os estudos correlacionando a microbiota intestinal
com depressão ainda são escassos. Havendo ainda muita necessidade de
estudos mais completo, onde seja verificado qual o tipo de bactéria é o mais
apropriado para cada enfermidade assim como a posologia, tendo em vista que
todos os estudos deixaram essa parte muito vago.
Pessoas com transtornos de depressão apresentam composição
microbiana alterada, sendo essa alteração na mobilidade do cólon
provavelmente causada pelo estresse advindo da comorbidade. Mostrando ser
necessário uma inclusão de probióticos na dieta dos mesmos, porém a
posologia ainda não é conhecida. Diferentes estudos demonstraram benefícios
do consumo de probióticos, tanto para animais quanto humanos, incluindo:
diminuir a inflamação nos distúrbios inflamatórios intestinais, impedir a
presença de compostos inflamatórios no cérebro (LIU et al., 2015; SAULNIER
et al., 2013);

21
PROBIÓTICOS, PREBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS

PROBIÓTICO

Probiótico é caracterizado como suplemento alimentar microbiano vivo,


afetando de forma benéfica o hospedeiro com a melhoria da microbiana
intestinal, causando efeitos benéficos sobre a saúde de seu hospedeiro. 
Sendo inúmeros benefícios obtidos através da inclusão destes
probióticos na alimentação dos indivíduos tais como redução do colesterol e do
triglicerídeo, inibição de bactérias patogênicas (prejudiciais à saúde), estimulam
o sistema imune, produzem vitaminas e aumentam os antioxidantes.
A disbiose intestinal pode ser causada pela falta de probiótico, ou seja, a
falta de probiótico causa desequilíbrio da flora bacteriana intestinal e reduz a
capacidade de absorção dos nutrientes causando carência de vitaminas. 
Sendo encontrados em alimentos como coalhada, queijos, iogurtes,
alho, alho poró, cebola, banana, mel, entre outros.

PREBIÓTICOS

Prebiótico são componentes alimentares não digeríveis no intestino


humano e funcionam como alimento para bactérias intestinais benéficas
(FIGURA 4), especialmente bifidobactérias, auxiliam estimulando seletivamente
a proliferação e atividade de bactérias desejáveis no cólon, além de inibir a
proliferação de patógenos. 

22
Fig. 4 – Probióticos e prebióticos.
Fonte: Carreiro, 2012

SIMBIÓTICOS
Gerado através da combinação de probióticos com prebióticos, são
suplementos alimentares complexos, que estimulam o desenvolvimento e a
atividade da microbiota intestinal. Esse efeito simbiótico pode ser direcionado a
diferentes regiões do trato gastrointestinal, os intestinos delgado e grosso. O
consumo de probióticos e prebióticos selecionados apropriadamente podem
aumentar os efeitos benéficos de cada um deles, uma vez que o estímulo de
cepas probióticas conhecidas leva à escolha dos pares simbióticos substrato-
microrganismo ideais. (HOLZAPFEL, SCHILLINGER, 2002; PUUPPONEN et
al., 2002; MATTILA et al., 2002; BIELECKA, BIEDRZYCK, MAJKOWSKA, 2002
apud SAAD, 2006, p.2).

23
MECANISMO DE AÇÃO DOS PROBIÓTICOS

Os mecanismos de ação dos probióticos não foram


ainda completamente estabelecidos. Após a ingestão, deve manter sua
viabilidade após contato com o ácido gástrico e com os sais biliares, devem se
aderir à superfície intestinal onde desempenham suas funções, competindo
com agentes patogênicos por sítios de fixação e nutrientes e modulando as
respostas inflamatórias e imunológicas do hospedeiro. Essa exclusão
competitiva, faz com que ocorra a necessidade de administração contínua e
elevada dos probióticos, para a manifestação de seus efeitos.
Os probióticos também podem alterar de forma favorável a flora
intestinal, inibir o crescimento de bactérias patogênicas, promovem digestão
adequada, estimulam a função imunológica local e aumentam a resistência à
infecção. Já que afetam microorganismo patogênicos através da síntese de
bacteriocinas, ácidos orgânicos voláteis e de peróxido de hidrogênio, ou atuar
sobre o metabolismo celular, diminuindo a concentração de amônia e liberando
enzimas.

24
ALIMENTAÇÃO E SEUS BENEFÍCIOS

O cérebro necessita de proteínas, carboidratos e gorduras que


constituem a membrana das células e da bainha de mielina, os minerais e as
vitaminas que participam das atividades neurais. Tudo isso advém do que
comemos, com o bom funcionamento do intestino combatemos e controlamos
a depressão, tendo em vista que há uma produção de serotonina trazendo ao
cérebro sensação de bem estar, aumentando o bom humor.
Os neurônios intestinais chamam atenção pela produção de 90% da
serotonina produzida pelo corpo. A serotonina é responsável pela sensação de
bem estar. 
O padrão alimentar é crucial para o estabelecimento das espécies
comensais dominantes. Uma Alteração na dieta pode trazer uma mudança
significativas na comunidade entérica, a alimentação rica em gorduras animais
e pobre em fibras conduzem a uma disbiose intestinal que tem sido associado
ao estresse e depressão. Especificamente, doces e fast-food são consumidos
com mais frequência em indivíduos estressados e deprimidos (IRALA et al.,
2012). Segundo Miki et al. (2015), mostraram que uma ingestão de fibra
alimentar derivada de frutas e vegetais, solúvel ou insolúvel é relatada como
benéfica à sintomas de depressão.

25
DEPRESSÃO

Trata-se de transtorno mental altamente prevalente na população que


afeta o humor ou os sentimentos da pessoa afetada. Caracterizados pela
tristeza, perda de interesse ou prazer, sentimento de culpa ou baixa estima,
sono ou apetite perturbado, sensação de cansaço e dificuldade de
concentração. Os sintomas podem variar de leves a graves e sua duração é
extremamente variável, podendo ser recorrente, prejudicando a capacidade de
um indivíduo no trabalho, na escola ou na vida diária. Em sua maior
severidade, a depressão pode levar ao suicídio. Estima-se que em 2015, 4,4%
da população mundial sofria desse transtorno.

26
CONCLUSÃO

Conclui-se a partir das evidências científicas a forte ligação entre a


microbiota intestinal e a função cerebral, através do eixo intestino-cérebro, e da
existência de vários estudos comprovando a importância de uma microbiota
saudável e da preservação da barreira intestinal para uma boa saúde mental e
consequentemente o bom funcionamento do cérebro. As evidências científicas
encontradas da eficácia do uso de probióticos no tratamento de depressão,
advém de vários estudos que revelaram que a microbiota intestinal influencia
no funcionamento normal do cérebro. Sendo assim, conclui-se que
modificações na microbiota estão associadas ao desenvolvimento de
depressão.
Entretanto, a escassez de estudos publicados contendo cepas
probióticas específicas para o tratamento de depressão, contendo dose e
tempo de intervenção, prejudica uma indicação específica para a
suplementação de acordo com o objetivo/tratamento. Sugere-se então a
realização de mais estudos a fim de sanar essas necessidades encontradas e
produzir um estudo dos probióticos eficazes para o tratamento do transtorno da
depressão. 
A comunicação bidirecional do sistema nervoso central com a microbiota
intestinal feita através do eixo intestino-cérebro é essencial para a manutenção
do bem estar do indivíduo, sendo extremamente importante estudos mais
direcionados para esse público a fim de demonstrar cientificamente a eficácia
do uso de probióticos com a diminuição de depressão, aumentando a
comunicação entre esse eixo e a produção de enzimas capazes de produzir a
mais serotonina.

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