Sujeito Pós-Moderno - Descentrado 07 04
Sujeito Pós-Moderno - Descentrado 07 04
Sujeito Pós-Moderno - Descentrado 07 04
35
34
A IDENTIDADE CULTURAL NA PÓS-MODERNIDADE
NASCIMoNTO E MORTE DO SUJEITO MODERNO
36 37
NASCIMENTO E MORTE DO SUJEITO MODERNO
A IDENTIDADE CULTURAL NA PÓS-MODERNIDADE
39
38
A IDENTIDADE CULTURAL NA PÓS-MODERNIDADE
1
; 1
que essa forma de pensamentQ ~usaa noções que posso ser. Como diria Lacan, a identidade, como
vêem o sujeito racional e aiden1i.üade: como fixos e oinconscienfe, "tb$táestruturada como a língua".
estáveis. O que mode:rno~.filósofos da linguagem - como
O terceiro descentramentto qu~ examinarei Jacques Dertida,iQrlluenciados por Saussure e pela
está associado com o trab~ho do lingüista "virada Jingfüsti$à" - argumentam é que, apesar
estrutural, Ferdinand de Sap.13sure. Saussure de seus melhore~ esforços, o/a falante individual
argumentava que nós não sohll.os, em nenhum não pode, nunca~har o significado de uma forma
sentido, os "autores" das a.:fir.rnações'quefazemos final, incluiado ~<Significado de sua identidade.
ou dos significados que expre~$amos na língua. As palavras são 'tmulti.moduladas". Elas sempre
Nós podemos utilizar a língd* para produzir carregam eeos de outros significados que elas
significados apenas nos posicid4ando no interior colocam em movimento, apesar de nossos
das regras da língua e dos sistemas de significado melhores esforç~para cerrar o significado. Nossas
de nossa cultura. A língua é $ sistema social e afirmações sãol baseadas em proposições e
não um sistema individual. Elfl. preexiste a nós. premissas dlll.s qd11is nós não temos consciência,
Não podemos, em qualquer sellitido simples, ser mas que sãà, pd,n assim dizer, conduzidas na
seusautores.Falarumalínguanii.osigp:ifi.caapenas corrente sattgü~ea de nossa língua. Tudo que
expressar nossos pensamentos mai.$ interiores e dizemos tem UIDj' ". . antes " e um "dep01s
. " - uma
originais; significa também ativar a imensa gama "margem" na qualloutras pessoas podem escrever.
de significados que já estão e~utidos em nossa O significado,é ind:rentemente instável: ele procura
língua e em nossos sistemas cul11Urais. o fechamento :(a identidade), mas ele é
constantemente perturbado (pela diferença). Ele
Além disso, os significados, das palavras não está constantemeitte escapulindo de nós. Existem
são fixos, numa relação um-a-$ com os objetos sempre s~cadP:s suplementares sobre os quais
ou eventos no mundo existent~forada língua. O não temos qual#er controle, que surgirão e
significado surge nas relaçõesl .J.e similaridade e subverterão poss~ tentativas para criar mundos
diferença que as palavras têm céÍmi outras palavras fixos e estávéis (vepaDerrida, 1981).
no interior do código da língu4. Nós sabemos o
que é a "noite" porque ela niio to "dia". Observe- O quanto ~~scentramento principal da
se a analogia que existe aqui entre língua e identidade ~ do ~µjeito ocorre no trabalho do
identidade. Eu sei quem "eu" wue:ntrelação com 017r
filósofo J~is?:. 1~. o.r fran. cês Michel Fo~cault.
Numa sene ele e~ Jll.dos, Feucault produzm uma
"o outro" (por exemplo,~ mãe) que eu não 1 ·t ;
40 41
NASCIMENTO E MORTE DO SUJEITO MODERNO
A IDENTIDADE CULTURAL NA PÓS-MODERNIDADE
43
42
A IDENTIDADE CULTURAL NA PÓS-MODERNIDADE NAsCIMENTO E MORTE 00 SUJEITO MODERNO
femillismo, tanto como uma crítl~a teórica quanto • Cadamo~ento apelava para aUlentidade
como um movimento social O feminismo faz parte soei~ de'!leus sustentadores. Assim, o
daquele grupo de "novos movimentos sociais", que feminismo apelava às mulheres, a política
emergiram durante os anos sessenta (o grande sexuàl aos gays e lésbicas, as lutas raciais
marco da modernidade tardia), juntamente com aos negro~, o movimento antibelicista aos
as revoltas estudantis, os movimentos juvenis pac:i:&tas~ e assim por diante. Isso constitui
contraculturais e antibelicistas, as lutas pelos direitos o nascimttaitto histórico do que veio a ser
civis, os movimentos revolucionários do "Terceiro c1;mhecido como a política de idenridade-
Mundo", os movimentos pela paz e tudo aquilo uma identidade para cada movimento.
que está associado com '"1968". O .que é importante Mas o feminismo teve também uma relação
reter sobre esse momento histórico é que: o
mais direta com descentramento conceitua! do
• Esses movimentos se opunham tanto à sujeito cartesianct>e sociológico:
política liberal capitalista do Ocidente • Ele questiOOou a clássica distinção entre o
quanto à política "estalinista" do Oriente. "dentro'' ;e 'O "fora", o "privado" e
• Eles afirmavam tanto as dimensões "público'~. O slogan do feminismo era: "o
"subjetivas" quanto as dimensões pessoal é político".
"objetivas" da política. • Ele abriu!, portanto, para a contestação
• Eles suspeitavam de todas as formas política, attnas inteiramente novas de vida
burocráticas de organização e favoreciam social: a f~a, a sexualidade, o trabalho
a espontaneidade e os atos de vontade domisti<10, a divisão doméstica do
política. trabalho,;o cuidado com as crianças, etc.
• Como argmnentado anterionnente, todos • Ele tamb&a enfatizou, como uma questão
esses movimentos tinham uma ênfase e política ei~ocial, o tema da forma como
uma forma cultural fortes. Eles abraçaram somos f0;rmados e produzidos como
o "teatro" da revolução. sujeitos gdnerificados. Isto é, ele politizou
" Eles refletiam o enfraquecimento ou o fim a subjetivf<Jade, a identidade e o processo
da classe política e das organizações de iden~ção (como homens/mulheres,
políticas de massa com ela associadas, bem mãesApais~ filhos/filhas).
como sua fragmentação em vários e • A~ ~!começou como um movimento
separados movimentos sociais. dirigi{lo à nntestaçiio daposi,;00 social das
44 45
A IDENTIDADE CULTURAL NA PÓS-MODERNIDADE
:
mulheres expandiu-se para incluir a
formação das identidades sexuais e de
gênero.
• O feminismo questionou a noção de que
os homens e as mulheres eram parte da
mesma identidade, a '"Humanidade",
substituindo-a pela questão da diferença
sexual.
Neste capítulo, tentei, pois, mapear as
mudanças conceituais através das quais, de acordo
com alguns teóricos, o "'sujeito" do Iluminismo,
visto como tendo uma identidade fixa e estável,
foi descentrado, resultando nas identidades
abertas, contraditórias, inacabadas, fragmentadas,
do sujeito pós-moderno. Descrevi isso através de
cinco descentramentos. Deixem-me lembrar outra
vez que muitas pessoas não aceitam as implicações
conceituais e intelectuais desses desenvolvimentos
do pensamento moderno. Entretanto, poucas
negariam agora seus efeitos profundamente
desestabilizadores sobre as idéias da modernidade
tardia e, particularmente, sobre a forma como o
sujeito e a questão da identidade são
conceptualizados.
46