Aula 9 - Caract. Da Dieta Do Adolescente

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MKT-MDL-02

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AULA 9 – Características da
Dieta do Adolescente
Disciplina: Nutrição e Dietética Avançada
Professora: Agda Maryon
Introdução

A adolescência é uma etapa evolutiva peculiar ao ser humano, que


encerra todo o processo maturativo biopsicossocial do indivíduo. Caracterizada
por profundas transformações somáticas, psicológicas e sociais, compreende de
acordo com a Organização Mundial da Saúde, a idade de 10 a 19 anos.
Recomendações Nutricionais para
Adolescentes

• Nesta fase de crescimento acelerado é de grande importância a atenção à


energia e a alguns nutrientes como proteína, ferro, cálcio e vitaminas A, C, D,
B9 (ácido fólico), cujas necessidades aumentadas estão fortemente ligadas ao
padrão de crescimento.
Energia

O cálculo energético na adolescência é um processo complexo, pois, se


não houver domínio da fase pubertária (estirão de crescimento, caracteres
sexuais secundários, variáveis de crescimento) em que o adolescente se
encontra, não é possível estimar o valor correto que permita atender as
necessidades para o crescimento, o desenvolvimento e a atividade física.
Entretanto, não há fórmulas disponíveis para esse cálculo que levem em
consideração os diferentes estágios pubertários de Tanner. Assim, o nutricionista
escolherá o método que melhor se adapte às características do adolescente que
está sendo avaliado.
Energia

O equilíbrio diário de energia se dá pela relação entre a ingestão de


calorias provenientes da dieta e a quantidade de calorias gastas no dia, sendo
que o gasto energético diário inclui a taxa metabólica basal (TMB), efeito térmico
da alimentação (ETA) e atividade física (AF) diária.

*ETA (Efeito Térmico do Alimento) ou TID (Termogênese Induzida pela Dieta)  É


o gasto energético decorrente da digestão, absorção e metabolismo de alimentos
e armazenamento de glicogênio e gordura.
Energia – GEB (DRIS  BEE)

Gasto energético Basal (GEB) ou Taxa Metabólica Basal (TMB) é a


quantidade mínima de energia para manter as funções fisiológicas em repouso. A
TMB pode ser influenciada por alguns fatores. Exemplo: quanto maior a massa
magra maior a TMB; muito tecido adiposo diminui a TMB.
O cálculo do gasto energético basal (GEB) para adolescentes pode ser
feito por meio das fórmulas das DRIS (IOM, 2002/2005):
Meninos (3 a 18 anos)
BEE (kcal/dia) = 68 – (43,3 x idade [a]) + 712 x estatura [m] + 19,2 x peso [kg]

Meninas (3 a 18 anos)
BEE (kcal/dia) = 189 – (17,6 x idade [a]) + 625 x estatura [m] + 7,9 x peso [kg]
Gasto Energético Total
(GET)
• CONCEITO  GET é o valor GEB mais o gasto energético das atividades diárias.

• FÓRMULA  GET = GEB x fator atividade

• Fonte: Schofield (1985)

Sexo Idade Equação para o GEB


Masculino 10 a 18 anos 16,25 x (Peso real [kg]) + 1,372 x (Estatura [cm]) + 515,5

Feminino 10 a 18 anos 8,365 x (Peso real [kg]) + 4,65 x (Estatura [cm]) + 200
Gasto Energético Total
(GET)
• Método detalhado para cálculo do GET:
• Multiplicar as horas dos dias de acordo com as atividades (segue tabela).
Atividades Cálculo do GET
Dormindo ou deitado GEB x 1,0*
Atividades muito leves GEB x 1,3*
Atividades leves GEB x 2,0*
Atividades moderadas e intensas GEB x 3,5*

Atividades muito leves: sentado, escrevendo, estudando, tocando um instrumento musical.


Atividade leves: andando devagar, passeando de bicicleta, dançando, brincando de bola.
Atividades moderadas: andando depressa, correndo, andando de bicicleta, dançando em ritmo
acelerado, natação, ginástica olímpica, jogando futebol, vôlei, basquete.
Gasto Energético Total (GET) -
Exemplo

Considerando um garoto de 11 anos, avalie as suas atividades e determine o


GET:
Tipo de Fator Duração Cálculo
Atividade Atividade (h) Total
Dormindo 1 9 9
Muito leve 1,3 8 10,4
Leve 2 4 8
Moderada 3,5 3 10,5
Total 24 37,9
Fator atividade = Cálculo total ÷ 24h = 37,9 ÷ 24 = 1,57
Cálculo final (GEB X FA)
GEB= 16,25 x 35kg + 1,372 x 140cm + 515,5 = 1.276,33
GET = 1.276,33 X 1,57 = 2.003,83kcal/dia
Energia – EER Meninos

O cálculo do requerimento energético total é realizado pelas


fórmulas das DRIS (IOM, 2002/2005):

• Meninos (9 a 18 anos):
EER (kcal/dia) = 88,5 – (61,9 x idade [a]) + PA x (26,7 x peso [kg] + 903 x
estatura [m]) + 25kcal

Onde PA é o coeficiente de atividade física:


PA = 1,00 se PAL estimado em ≥1,0 <1,4 (sedentário)
PA = 1,13 se PAL estimado em ≥1,4 <1,6 (pouco ativo)
PA = 1,26 se PAL estimado em ≥1,6 <1,9 (ativo)
PA = 1,42 se PAL estimado em ≥1,9 <2,5 (muito ativo)
Energia – EER Meninas

O cálculo do requerimento energético total é realizado pelas fórmulas


das DRIS (IOM, 2002/2005):

• Meninas (9 a 18 anos):
EER (kcal/dia) = 135,3 – (30,8 x idade [a]) + PA x (10,0 x peso [kg] + 934 x
estatura [m]) + 25kcal

Onde PA é o coeficiente de atividade física:


PA = 1,00 se PAL estimado em ≥1,0 <1,4 (sedentária)
PA = 1,16 se PAL estimado em ≥1,4 <1,6 (pouco ativa)
PA = 1,31 se PAL estimado em ≥1,6 <1,9 (ativa)
PA = 1,56 se PAL estimado em ≥1,9 <2,5 (muito ativa)
Proteína

• A necessidade protéica é determinada pela quantidade necessária para manter


o crescimento de novos tecidos, que durante a adolescência podem representar
uma porção substancial da necessidade total.

• O risco de ingestão protéica inadequada em adolescentes inclui aqueles que


restringem a ingestão de alimentos, seja por condições socioeconômicas
desfavoráveis, seja por distúrbio comportamental.
Proteína – Recomendação (RDA)

VALORES RECOMENDADOS DE PROTEÍNA PARA ADOLESCENTES DE


ACORDO COM A RDA (adaptada de IOM, 2002/2005)

Sexo Idade (anos) g/kg/dia g/dia

Masculino 9 a 13 anos 0,95 34

14 a 18 anos 0,85 52

Feminino 9 a 13 anos 0,95 34

14 a 18 anos 0,85 46
Micronutrientes

• Ferro
• Cálcio
• Vitamina A
• Vitamina C
• Ácido Fólico
Ferro

• Na adolescência, a necessidade de ferro aumenta para ambos os sexos, pelo rápido


crescimento e pelo aumento da massa muscular, do volume sanguíneo e das enzimas
respiratórias.

• Nas meninas, há um aumento adicional devido o evento da menarca, por causa da


perda de ferro durante a menstruação. Essa perda é de grande variação, porém parece
que está relacionada com nível de absorção de ferro.

• Nos meninos, a necessidade de ferro é maior durante o pico da velocidade de


crescimento, pois a necessidade de ferro para o crescimento depende, em parte, do
aumento do volume sanguíneo causado pelo crescimento da massa magra.
Cálcio

• As necessidades de cálcio são maiores durante a puberdade e adolescência do


que em qualquer outro período da vida, devido ao acelerado desenvolvimento
muscular, esquelético e endócrino. No pico de velocidade máxima de
crescimento, a deposição diária de cálcio é duas vezes maior que a média de
incremento durante todo o período da adolescência.

• A ingestão de cálcio é uma das grandes preocupações de profissionais e


estudiosos da saúde do adolescente. Esta se faz importante porque, durante
essa fase, ocorre o aumento da retenção de cálcio para formação óssea. Esse é
um período crítico de mineralização do osso, o que poderá influenciar
futuramente no aparecimento de osteoporose.
Vitamina A

• A vitamina A é necessária para o crescimento, diferenciação e proliferação


celulares, reprodução e integridade do sistema imunológico, sendo que o
período da adolescência é de grande importância devido à aceleração do
crescimento.

• Para adolescentes, as recomendações são consideradas separadamente por


sexo, por causa das diferenças que ocorrem durante esse período e da
influência hormonal nos valores sanguíneos da vitamina A, independentemente
das suas reservas.
Vitamina C

• A vitamina C atua, fundamentalmente, como agente redutor em várias e


importantes reações de hidroxilação no organismo. Participa na síntese de
colágeno, refletindo cicatrização, na formação dos dentes e na integridade dos
capilares. É necessária para função normal dos fibroblastos e osteoclastos,
além de intervir na síntese de hormônios supra-renais e nas funções dos
leucócitos.

• A deficiência grave de vitamina C é avaliada por sinais clínicos de escorbuto,


que inclui hiperqueratose folicular, sangramento de gengivas, hemorragias e
dores articulares.
Fibra Alimentar

• O consumo apropriado de fibra alimentar vem sendo valorizado devido ao seu


possível efeito benéfico a saúde. A fibra alimentar atua na prevenção e
tratamento da obesidade, redução do colesterol sanguíneo, regulação da
glicemia após as refeições e, ainda, diminui o risco de doenças
cardiovasculares, diabetes e câncer.
Ácidos Graxos Trans

• Os ácidos graxos trans originam-se dos ácidos graxos insaturados no processo de


hidrogenação. São ácidos graxos não-essenciais e não trazem benefícios
conhecidos à saúde humana. Assim como os ácidos graxos saturados, existe
correlação positiva entre o consumo de ácidos graxos trans e a concentração
plasmática de partículas pequenas e densas de colesterol-LDL. Além disso,
acarreta a redução da lipoproteína de alta densidade (HDL-c) e compete com
os ácidos graxos essenciais, inibindo as enzimas envolvidas na síntese de ácidos
graxos poli-insaturados de cadeia longa.
Ácidos Graxos Trans

• Não existe AI ou RDA para a ingestão de ácidos graxos trans, por falta de
evidências consistentes que permitam determinar a quantidade adequada para
a prevenção de doenças crônicas. O consumo máximo recomendado também
não foi publicado, pois qualquer aumento na ingestão desse ácido graxo
aumenta o risco de doenças cardiovasculares, sendo recomendado o menor
consumo possível. Porém com base em alguns estudos epidemiológicos, a OMS
recomenda que o consumo máximo desse tipo de gordura não deve ser superior
a 1% das calorias totais.
Ácidos Graxos Trans

• Os ácidos graxos trans sempre estiveram presentes na alimentação humana,


pois são encontrados nos animais ruminantes. Sendo assim, existem, em
pequenas quantidades, nas carnes e nos produtos lácteos. Entretanto, com a
produção de substitutos para a manteiga e as gorduras animais, principalmente
a partir da hidrogenação parcial de óleos vegetais, aumentou
significativamente o consumo por meio de produtos industrializados como:
margarinas, produtos de padaria, batatas fritas, biscoitos, sorvetes, pastéis,
bolos, salgadinhos de pacote, entre outros alimentos.
Hábitos Alimentares na
Adolescência

As mudanças biológicas, psicológicas, cognitivas e sociais que ocorrem


intensamente na adolescência interferem de forma dinâmica no comportamento
alimentar do adolescente.
Para melhor entender o comportamento alimentar, deve-se levar em
consideração a inter-relação de vários fatores (internos e externos) que
influenciam de maneira direta e/ou indireta essa faixa etária.
Hábitos Alimentares na
Adolescência

Fatores Externos: Fatores Internos:

• Unidade familiar e suas • Necessidades e


características; características psicológicas;
• Atitudes dos pais e amigos; • Imagem corporal;
• Normas e valores sociais e • Valores e experiências
culturais; pessoais;
• Mídia; • Auto-estima;
• Fast-foods; • Preferências alimentares;
• Conhecimento sobre • Saúde e desenvolvimento
nutrição; psicológico.
• Manias alimentares.
Hábitos e Comportamentos
Alimentares na Adolescência

• Refeições irregulares e lanches


• Alimentos rápidos e Alimentos de Conveniência
• Refeições familiares
Educação Alimentar e
Nutricional na Adolescência

Qual estratégia você acredita ser eficiente a Educação


Alimentar e Nutricional???
Educação Alimentar e Nutricional

ESTRATÉGIA DE ABORDAGEM DIETÉTICA SOBRE CONSUMO DE CÁLCIO:

• Teoria: a formação da massa óssea predominantemente se dá durante a


adolescência. É o período pelo qual se define a densidade óssea. Nos períodos
subsequentes, é possível ter atitudes para prevenir a perda óssea, mas não
aumentá-la. A deficiência mais conhecida é a osteoporose, porém não é com
esse discurso que o adolescente será sensibilizado a mudar de atitude quanto à
ingestão de alimentos fontes de cálcio.
Educação Alimentar e Nutricional
Exemplo

ESTRATÉGIA DE ABORDAGEM DIETÉTICA SOBRE CONSUMO DE CÁLCIO:

• Sensibilização: O “endurecimento” dos ossos depende de quanto se ingere de


cálcio pela dieta, exatamente nessa fase. Assim, o adolescente terá um motivo
“presente” para mudar seu comportamento. Pode-se alertar o adolescente para
as microfraturas e os riscos de menor desempenho em esportes.
Educação Alimentar e Nutricional
Exemplo

ESTRATÉGIA DE ABORDAGEM DIETÉTICA SOBRE CONSUMO DE CÁLCIO:

• Prática Alimentar: Oferecer opções práticas de consumo alimentar


diário que sejam acessíveis e contribuam para maior aporte de
cálcio.
• Exemplo: consumir diariamente 2 copos de Leite OU 2 potes de Iogurte OU
1 copo de Leite + 1 fatia de Queijo OU 1 copo de Leite + 1 copo de Iogurte.
Referência Bibliográfica

• VITOLO, M. Regina. Nutrição: da gestação ao envelhecimento.


Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2008.
• MAHAN, L. Kathleen; ESCOTT-STUMP, Sylvia. Krause, alimentos,
nutrição e dietoterapia. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

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