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Sertralina para distúrbio bipolar

APRIMORAMENTO
DA GESTÃO DE
TECNOLOGIAS NO SUS

PLATAFORMA DE
TRADUÇÃO,
INTERCÂMBIO E
APROPRIAÇÃO SOCIAL
DO CONHECIMENTO

REVISÃO RÁPIDA

Sertralina para
distúrbio bipolar

1
Sumário
Resumo Executivo -------------------------------------------------------- 3
Contexto -------------------------------------------------------------------- 4
Registro da tecnologia na Anvisa --------------------------------- 4
Estágio de incorporação ao SUS ---------------------------------- 4
Inserção da tecnologia em protocolos clínicos nacionais -- 4
Pergunta -------------------------------------------------------------------- 4
Métodos -------------------------------------------------------------------- 5
Critérios de inclusão e de seleção -------------------------------- 5
Definição das estratégias e realização das buscas ------------ 5
Seleção das evidências --------------------------------------------- 5
Avaliação da qualidade das evidências ------------------------- 5
Evidências ------------------------------------------------------------------ 6
Síntese dos resultados -------------------------------------------------- 8
Conclusão ------------------------------------------------------------------ 8
Referências ----------------------------------------------------------------- 9
Identificação dos responsáveis pela elaboração ----------------- 9
Declaração de potenciais conflitos de interesse
dos responsáveis pela elaboração ----------------------------------- 9
Link de acesso ao protocolo de Revisão Rápida utilizado ----- 9
Sertralina para distúrbio bipolar

Resumo Executivo
Tecnologia
A sertralina é um agente antidepressivo pertencente à classe dos Inibidores Seletivos da Recaptação da
Serotonina (ISRS).

Indicação
É indicado para o tratamento de episódios agudos de depressão, incluindo depressão acompanhada por
sintomas de ansiedade em pacientes com ou sem história de mania, e no tratamento a longo prazo, a
fim de prevenir recaídas e recidivas. Também é indicado para o tratamento dos seguintes transtornos:
Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC); Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) em pacientes
pediátricos acima de seis anos; Transtorno do pânico, acompanhado ou não de agorafobia; Transtorno
do Estresse Pós-Traumático (TEPT); Fobia social (transtorno da ansiedade social); Sintomas da Síndrome
da Tensão Pré-Menstrual (STPM) e/ou Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM).

Pergunta
A sertralina é mais eficaz e segura no tratamento do distúrbio bipolar do que as tecnologias incorporadas
no Sistema Único de Saúde (SUS)?

Métodos
Foram realizadas buscas nas bases de dados Pubmed e NICE Evidence Search em 15 de julho de 2017.
Foi realizada também busca manual nas referências dos estudos encontrados. As estratégias de busca
utilizadas foram desenvolvidas com base na combinação de palavras-chave estruturada a partir do
acrônimo PICOS usando os termos Mesh no Pubmed e adaptando-os ao NICE. A qualidade metodológica
dos estudos selecionados foi avaliada segundo a ferramenta de risco de viés da colaboração Cochrane,
no caso do ensaio clínico randomizado, e utilizando o escore proposto pela ferramenta Assessing the
Methodological Quality of Systematic Reviews (AMSTAR), no caso da revisão sistemática.

Resultados
As evidências encontradas a cerca da tecnologia foram escassas e somente dois estudos científicos
compararam a sertralina com alternativas incorporadas no Sistema Único de Saúde para o tratamento
do distúrbio bipolar. Um ensaio clínico randomizado sugeriu, comparando a eficácia da sertralina, do
lítio e a combinação dos fármacos, que não há diferenças em termos de mudança para um episódio
hipomaníaco e taxa de resposta ao tratamento. Já uma metanálise da Cochrane que comparou
a sertralina a outros fármacos no tratamento das desordens depressivas concluiu maior eficácia da
sertralina em relação a outros antidepressivos como a fluoxetina, tanto em termos de eficácia quanto
aceitação e tolerabilidade.

Conclusão
Não existem evidências de superioridade ou mesmo equivalência da sertralina em relação a outros
medicamentos disponíveis no SUS para o tratamento de distúrbio bipolar.

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Sertralina para distúrbio bipolar

Contexto
Registro da tecnologia na Anvisa
A sertralina é um agente antidepressivo pertencente à classe dos Inibidores Seletivos da Recaptação da
Serotonina (ISRS).

De acordo com a bula de cloridrato de sertralina da Ranbaxy1, o medicamento é indicado para o


tratamento de episódios agudos de depressão, incluindo depressão acompanhada por sintomas de
ansiedade em pacientes com ou sem história de mania, e no tratamento a longo prazo, a fim de prevenir
recaídas e recidivas. Também é indicado para o tratamento dos seguintes transtornos:
• Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC);
• Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) em pacientes pediátricos acima de seis anos;
• Transtorno do pânico, acompanhado ou não de agorafobia;
• Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT);
• Fobia social (transtorno da ansiedade social);
• Sintomas da Síndrome da Tensão Pré-Menstrual (STPM) e/ou Transtorno Disfórico Pré-Menstrual
(TDPM).

O uso da tecnologia nas indicações acima é autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Atualmente, existem mais de 30 registros referentes ao cloridrato de sertralina na Anvisa, o que decorre
do fato de o fármaco possuir medicamento de referência, genéricos e similares de várias marcas e
produtores:
• Princípio ativo: Cloridrato de sertralina;
• Medicamento de referência: Zoloft®;
• Genéricos: Genéricos do cloridrato de sertralina são produzidos por diversos laboratórios do país;
• Similares: Assertr, Cefelic®, Dieloft®, Sered®, Serenata®, Tolrest®, Trasolin®, Seronip®, Serolift®,
Sertralin®, Zysertin®;
• Apresentação farmacêutica: 50 mg, embalagem com 30 comprimidos revestidos.

Estágio de incorporação ao SUS


Até a presente data esta tecnologia não foi avaliada pela Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no SUS ( Conitec).

Inserção da tecnologia em protocolos clínicos nacionais


O medicamento não está disponível no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Transtorno
Afetivo Bipolar do tipo I.

Pergunta
A sertralina é mais eficaz e segura no tratamento do distúrbio bipolar do que as tecnologias incorporadas
no Sistema Único de Saúde (SUS)?

P: Indivíduos com distúrbio bipolar


I: Sertralina
C: Placebo, ácido valproico, carbazepina, clozapina, fluoxetina, haloperidol, lamotrigina, lítio, olanzapina,
risperidona e quetiapina

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Sertralina para distúrbio bipolar

O: Eficácia (remissão de sintomas depressivos, diminuição de recidivas, redução da severidade de


sintomas, etc.) e segurança (ocorrência de efeitos adversos, abandono de tratamento, etc.)
S: Revisões sistemáticas ou ensaios clínicos randomizados

Métodos
Critérios de inclusão e de seleção
Eram elegíveis para inclusão revisões sistemáticas com ou sem metanálises ou, na falta delas, ensaios
clínicos randomizados quando avaliavam a sertralina no tratamento do distúrbio bipolar comparados a
outros medicamentos disponíveis pelo SUS ou nenhum tratamento, não importando a idade e visando
a remissão clínica dos sintomas do distúrbio bipolar.

Definição da estratégia e realização das buscas


Foram realizadas buscas nas bases de dados Pubmed e NICE Evidence Search em 15 de julho de 2017.
Foi realizada também busca manual nas referências dos estudos encontrados. As estratégias de busca
utilizadas foram desenvolvidas com base na combinação de palavras-chave estruturada a partir do
acrônimo PICOS usando os termos Mesh no Pubmed e adaptando-os ao NICE (Tabela 1).

Tabela 1. Estratégias de busca para cada base de dados

Base Estratégias Resultados

Pubmed Clinical Queries ((Therapy/Broad[filter]) AND (Sertraline [Mesh] and (“Bipolar


41
Ensaios clínicos Disorder”[Mesh])))
Pubmed Clinical Queries systematic[sb] AND (Sertraline [Mesh] and (“Bipolar
0
Revisões sistemáticas Disorder”[Mesh])))
NICE Evidence Search (sertraline and “bipolar disorder”) 19
a
Filtro para Health Technology Assessments

Seleção das evidências


Foi identificado um total de 60 referências utilizando as estratégias de busca descritas. Após a remoção
de duplicatas e exclusão dos não elegíveis, pela análise de título e resumo, restaram seis publicações.
Estas foram inteiramente lidas e, ao final, um ensaio clínico randomizado2 e uma revisão sistemática3
foram selecionados para compor a revisão rápida.

Avaliação da qualidade das evidências


A qualidade metodológica dos estudos selecionados foi avaliada segundo a ferramenta de risco de
viés da colaboração Cochrane4, no caso do ensaio clínico randomizado, e utilizando o escore proposto
pela ferramenta Assessing the Methodological Quality of Systematic Reviews (AMSTAR)5, no caso da
revisão sistemática.

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Sertralina para distúrbio bipolar

Evidências
As características e o sumário das evidências selecionadas estão apresentados na Tabela 2, e a respectiva avaliação da qualidade na Figura 1 e Tabela 3.

Tabela 2. Características e sumário das evidências selecionadas

Estudo Objetivo Métodos Conclusões Limitações


Não houve diferenças significantes entre a sertralina e lítio na (1) Os estudos não
Comparar a eficácia mudança para um episódio hipomaníaco (14,3% versus 17,8%) tinham um grupo
Comparar a eficácia da sertralina,
da sertralina, do lítio e taxa de resposta ao tratamento (67,4% versus 73,3%). placebo.
Altshuler et do lítio e a combinação dos
e a combinação dos
al., 20172 fármacos em pacientes com
fármacos em pacientes Não houve diferenças entre os grupos na probabilidade (2) Foram incluídos
depressão bipolar.
com depressão bipolar. de desenvolver um efeito colateral e nem na taxa geral de apenas pacientes com
abandono do tratamento. distúrbio bipolar tipo II.
Continua

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Sertralina para distúrbio bipolar

Conclusão
Estudo Objetivo Métodos Conclusões Limitações
Entre os estudos, 8 comparavam sertralina e fluoxetina:

Eficácia
Taxa de resposta
a) Tratamento na fase aguda (6 – 12 semanas): metanálise de oito estudos com 1.352
participantes indicou que a sertralina é mais eficaz do que a fluoxetina (OR= 0,73;
Intervalo de Confiança – IC 95%= 0,59 - 0,92; p = 0,007).
b) Resposta de acompanhamento (16 a 24 semanas): não houve evidências de
diferenças entre as tecnologias (OR= 0,81; IC 95%= 0,38 – 1,74; p = 0,059).

2) Número de pacientes que conseguiram remissão:


Determinar a eficácia, Não foi encontrada evidência de diferenças entre as tecnologias em relação a:
aceitabilidade a) Tratamento de fase aguda (6 a 12 semanas): OR= 0,78; IC 95%= 0,57 – 1,06; p = 0,11. Viés de publicação:
e tolerabilidade b) Resposta precoce (1 a 4 semanas): OR= 2,00; IC 95%= 0,55-7,22. embora a pesquisa
Revisão
da sertralina em c) Resposta de acompanhamento (16 a 24 semanas): OR= 0,66;IC 95%= 0,36-1,18. tenha sido
Sistemática e
Cipriani et comparação com completa, é possível
metanálise de
al., 20103 outros agentes Aceitabilidade que existam
ensaios clínicos
antidepressivos no Nenhuma diferença foi encontrada entre as tecnologias em termos de descontinuação estudos ainda não
randomizados.a
alívio dos sintomas do tratamento devido: publicados que não
agudos das principais • a qualquer causa: OR= 0,77; IC 95%= 0,58-1,02; p=0,07 foram identificados.
desordens depressivas. • à ineficácia: OR= 0,93; IC 95%= 0,58-1,50; p=0,78
• a efeitos colaterais: OR= 0,84; IC 95%= 0,60-1,17; p=0,30

Tolerabilidade
Não houve evidência de que a sertralina tenha sido associada a uma maior ou menor
taxa de participantes com:
• agitação/ansiedade: OR= 0,95; IC 95%= 0,62-1,46; p=0,82
• boca seca: OR= 1,62; IC 95%= 0,71-3,72; p=0,25
• insônia: OR= 1,12; IC 95%= 0,73-1,72; p=0,60
• náuseas: OR= 1,02; IC 95%= 0,75-1,40; p=0,89
• sonolência: OR= 1,03; IC 95%= 0,23-1,68; p=0,34
• suicídio: OR= 1,65; IC 95%= 0,32-8,40; p=0,55
Notas:IC 95%, intervalo de confiança à 95%; OR, odds ratio.

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Sertralina para distúrbio bipolar

Figura 1. Resultado da avaliação da qualidade da evidência do ensaio clínico

Tabela 3. Avaliação da qualidade da evidência das revisões sistemáticas incluída


AMSTAR item
Estudo
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 # Sim
Cipriani et al., 20103 S S S S S S S S S S S 11
Legenda: N: não; NA: não se aplica; S: sim. # Sim: número de sim; AMSTAR item: 1. A pergunta da revisão está bem estruturada? 2. A
seleção de estudos e a extração de dados foram pareadas? 3. Foi realizada uma pesquisa/busca bibliográfica abrangente? 4. Houve busca
na literatura cinzenta? 5. Os estudos incluídos e excluídos estão relacionados? 6. Os estudos incluídos estão descritos? 7. A qualidade
metodológica dos estudos incluídos foi avaliada? 8. A qualidade metodológica dos estudos incluídos foi utilizada de forma adequada
na formulação das conclusões? 9. Os métodos usados para agrupar os resultados foram adequados? 10. A probabilidade de viés de
publicação foi estimada? 11. Os potenciais conflitos de interesse foram informados?

Síntese dos resultados


As evidências encontradas a cerca da tecnologia foram escassas e somente dois estudos científicos
compararam a sertralina com alternativas incorporadas no Sistema Único de Saúde para o tratamento
do distúrbio bipolar. Um ensaio clínico randomizado2 sugeriu, comparando a eficácia da sertralina, do
lítio e a combinação dos fármacos, que não há diferenças em termos de mudança para um episódio
hipomaníaco e taxa de resposta ao tratamento. Já uma metanálise da Cochrane3 que comparou a
sertralina a outros fármacos no tratamento das desordens depressivas concluiu maior eficácia da
sertralina em relação a outros antidepressivos como a fluoxetina, tanto em termos de eficácia quanto
aceitação e tolerabilidade.

Conclusão
As evidências localizadas por meio desta revisão rápida indicam que a sertralina é mais efetiva
que a fluoxetina, disponível no SUS, no tratamento das desordens depressivas. Contudo, quando
comparada ao lítio, apresentou-se semelhante. Neste contexto, atualmente, não existem evidências
de superioridade ou mesmo equivalência da sertralina em relação a outros medicamentos
disponíveis no SUS para o tratamento de distúrbio bipolar.

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Sertralina para distúrbio bipolar

Referências
1. Cloridrato de sertralina [bula]. Gidy – França: Les Laboratoires Servier Industrie. 2016. [acesso
em 15 julho 2017]. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.
asp?pNuTransacao=16840672017&pIdAnexo=8778238

2. Altshuler LL, Sugar CA, McElroy SL, Calimlim B, Gitlin M, Keck PE Jr, Aquino-Elias A, Martens
BE, Fischer EG, English TL, Roach J, Suppes T. Switch Rates During Acute Treatment for Bipolar II
Depression With Lithium, Sertraline, or the Two Combined: A Randomized Double-Blind Comparison.
Am J Psychiatry. 2017 Mar 1;174(3):266-276.

3. Cipriani A, La Ferla T, Furukawa TA, Signoretti A, Nakagawa A, Churchill R, McGuire H, Barbui C.


Sertraline versus other antidepressive agents for depression. Cochrane Database Syst Rev. 2010 Apr
14;(4):CD006117.

4. Higgins J, Green S (2011) Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions. Cochrane
Collab. [acesso em 15 julho 2017]. Disponível em:www.cochranehandbook.org.

5. Shea BJ, Grimshaw JM, Wells GA, Boers M, Andersson N, Hamel C, Porter AC, Tugwell P, Moher D,
Bouter LM. Development of AMSTAR: a measurement tool to assess the methodological quality of
systematic reviews. BMC Med Res Methodol2007;7:10.

Identificação dos responsáveis pela elaboração


Keitty Regina Cordeiro de Andrade
Mestre em Ciências da Saúde com ênfase em Saúde Coletiva e doutoranda em Ciências Médicas
com ênfase em Epidemiologia e Saúde Pública
Universidade de Brasília, Campus Darcy Ribeiro, Faculdade de Medicina
E-mail: [email protected]
Telefone: 61 98334-9119

Declaração de potenciais conflitos de interesse


dos responsáveis pela elaboração
A autora afirma que não recebe qualquer patrocínio da indústria ou participa de qualquer entidade de
especialidade ou de pacientes que possa representar conflito de interesse.

Link de acesso ao protocolo de Revisão Rápida utilizado

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