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Cuidados Nutricionais a pessoa com Doenças Crônicas não

Transmissíveis (DCNT)
Unidade 3

As DANT’S e seus panoramas de mortalidade no Brasil.

As doenças crônicas não transmissíveis constituem o problema de saúde de


maior magnitude e correspondem a 72% das causas de mortes. As DCNT atingem
fortemente camadas pobres da população e grupos vulneráveis. Em 2007, a taxa de
mortalidade por DCNT no Brasil foi de 540 óbitos por 100 mil habitantes. Apesar de
elevada, observou-se redução de 20% nessa taxa na última década, principalmente
em relação às doenças do aparelho circulatório e respiratórias crônicas. Entretanto,
as taxas de mortalidade por diabetes e câncer aumentaram nesse mesmo período.

Fontes:
MS http://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-de-doencas-cronicas-nao-transmissiveis-dcnt/fatores-
de-risco
A redução das DCNT pode ser, em parte, atribuída à expansão da atenção
primária, melhoria da assistência e redução do tabagismo nas últimas duas
décadas, que passou de 34,8% (1989) para 15,1% (2010). Fatores de risco no
Brasil: os níveis de atividade física no lazer na população adulta são baixos (15%) e
apenas 18,2% consomem cinco porções de frutas e hortaliças em cinco ou mais
dias por semana. 34% consomem alimentos com elevado teor de gordura e 28%
consomem refrigerantes 5 ou mais dias por semana, o que contribui para o aumento
da prevalência de excesso de peso e obesidade, que atingem 48% e 14% dos
adultos, respectivamente.

Taxas de mortalidade por doenças não transmissíveis, por região, em 1996 e


2007

As Doenças Crônicas não transmissíveis (DCNT) são multifatoriais, ou


seja, determinadas por diversos fatores como: hábitos alimentares, predisposição
genética, tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo entre outros.
Fonte: https://www.grupomast.com.br/pilares-para-a-qualidade-de-vida/
É descrito na literatura que as principais DCNT (doenças cardiovasculares,
doenças respiratórias crônicas, diabetes mellitus e neoplasias) possuem quatro
fatores de risco em comum e passíveis de modificação.

Fonte: https://rezendelfm.github.io/obesidade-e-as-dcnt/

1) Tabagismo: é um importante fator de risco para o desenvolvimento de


uma série de doenças crônicas, como câncer, doenças pulmonares e doenças
cardiovasculares. Desse modo, o hábito de fumar permanece como líder global
entre as causas de mortes evitáveis;

2) Consumo Nocivo de álcool: A Organização Mundial da Saúde (OMS)


estima que o consumo nocivo do álcool foi responsável por 3,3 milhões de mortes
em 2012, ou seja, 5,9% do total de óbitos no mundo. Além de relacionado à
mortalidade, o consumo de bebidas alcoólicas também é classificado entre os cinco
principais fatores de risco para incapacidades, principalmente entre jovens, e está
relacionado como fator causal de mais de 200 doenças e lesões como cirrose
hepática, câncer, distúrbios neurológicos e maior exposição a acidentes e violências

3) Sedentarismo: A prática de atividade física de forma regular é


considerada um fator de proteção à saúde das pessoas, enquanto que o
sedentarismo é o quarto maior fator de risco de mortalidade global. Segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), 3,2 milhões de mortes por ano em todo o
mundo são atribuídas à atividade física insuficiente. A OMS recomenda a prática de,
no mínimo, 150 minutos de atividade física semanal de intensidade leve a moderada
ou 75 minutos de atividade de intensidade vigorosa, entre adultos.

4) Alimentação inadequada: No Brasil, houve uma redução na compra de


alimentos tradicionais básicos, como arroz, feijão e hortaliças, e aumentos notáveis
na compra de alimentos processados, acarretando aumento no consumo de
gorduras saturadas, sódio e açúcares livres. A Organização Mundial de Saúde
recomenda a ingestão diária de pelo menos 400 gramas de frutas e hortaliças, o que
equivale, aproximadamente, ao consumo diário de cinco porções desses alimentos.

Proporção de mortes por doenças cardiovasculares, neoplasias malignas,


doenças respiratórias e diabetes mellitus entre as mortes por DCNTs ocorridas no
Brasil, por faixa etária, em 2012
Fonte: WHO, 2013.

A Tabela abaixo evidencia que as DCNTs são as principais causas de mortes


no Brasil, sendo mais frequentes entre a população com mais de 30 anos de idade.
Diferente do observado na Figura 8, onde as doenças infecciosas ocupavam o
segundo lugar entre as causas de morte no mundo em 2012, esse grupo de causa
de mortes é pouco representativo no Brasil (no mesmo período). As mortes por
violências e acidentes ocupam o terceiro lugar na população brasileira, mas
representam mais da metade das mortes ocorridas entre a população com 15 a 29
anos.

Número absoluto de mortes ocorridas, por grupos de causas, e diferenças


comparativas de mortes ocorridas no Brasil entre 2002 e 2012.
Fonte: WHO, 2012.

ANÁLISE COMPARATIVA E PROJEÇÕES

Considerando as cinco principais DCNTs de cada uma das três fontes de


dados apresentadas, podemos observar uma correlação consistente entre Pesquisa
Nacional de Saúde e a Carga Global de Doenças, com exceção das neoplasias, que
ocupam o terceiro lugar na CGD e não aparecem entre as cinco principais causas
na PNS. Essa diferença pode ser explicada pelo desenho do estudo, pois a PNS foi
um estudo seccional (pontual), entrevistando indivíduos aptos a responder os
questionários, enquanto a CGD utiliza dados vitais de toda a população brasileira;
devido à potencial letalidade das neoplasias, a PNS pode não ter entrevistado
indivíduos hospitalizados ou em estado avançado da doença, enquanto a CGD leva
em conta os registros do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), captando
esses indivíduos. Ademais, a metodologia de cálculo dos “anos de vida ajustados
por incapacidade” (DALY) dá maior ênfase a mortes ocorridas nas faixas etárias
mais jovens, o que pode ser observado na coluna de mortalidade proporcional do
quadro abaixo, onde as neoplasias ocupam segundo lugar no total de mortes
ocorridas por DCNTs.

Comparação de ranking das DCNTs por prevalência, carga global de doenças


e mortalidade proporcional, Brasil, 2012-2013

Fontes: IBGE, 2013 (b), e WHO, 2012.


a. Pesquisa Nacional de Saúde, 2013 – prevalência autorrelatada de doenças crônicas. Amostra representativa da
população brasileira.
b. Carga Global de Doenças – anos de vida ajustados por incapacidade” (Disability-Adjusted Life Year – DALY)
c. Proporção de mortes, obtida dividindo as mortes ocorridas por categorias pelo total de mortes ocorridas no
período.

CONCLUSÃO

Enfim, os impactos nos serviços de saúde decorrentes do maior peso que


doenças como as doenças cardiovasculares e cânceres trarão demandas para uma
organização da rede de atenção à saúde, incluindo medidas preventivas,
diagnóstico precoce, o acesso a medicamentos essenciais ao tratamento dessas
doenças e reabilitação. O reconhecimento da importância estratégica do complexo
produtivo da saúde, inclusive no âmbito social, remete à necessidade de
reestruturação dinâmica do sistema produtivo da saúde, cabendo ao Estado buscar
integrar a lógica econômica e a sanitária desse complexo intersetorial.

Estas projeções demográficas e epidemiológicas devem ser entendidas como


uma sinalização das mudanças que estão em curso no Brasil, e servir de suporte
para o planejamento e para a adaptação da oferta à demanda por serviços de saúde
no país, reduzindo a vulnerabilidade do SUS, garantindo a atenção das
necessidades de saúde da população brasileira a médio e longo prazos e
racionalizando, com sustentabilidade tecnológica e econômica, o poder de compra
do Estado ante o seu papel estratégico para o SUS.

Bons estudos e até a próxima!

Profa: Jozelina de Castro Serudo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de


Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Plano de Ações
Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos não
Transmissíveis no Brasil 2021-2030 [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde,
Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e Vigilância
de Doenças Não Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2021.

BOCCOLINI, Cristiano Siqueira. Morbimortalidade por doenças crônicas no


Brasil: situação atual e futura. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2016 .
Disponível
em:<https://saudeamanha.fiocruz.br/wp.content/uploads/2017/11/PJSSaudeAmanha
_Texto0022_2016_v05.pdf>. Acesso em: 13/11/2022.

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