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QUESTÕES

1. Uma jogadora de vôlei do Brasil nas olimpíadas de


Sidney fez esta declaração à imprensa: “Agora va-
mos pegar as cubanas, aquelas negas, e vamos
ganhar delas” (O Estado de S. Paulo, 27/09/2000).
Ainda segundo o jornal: “A coordenadora do Pro-
grama dos Direitos Humanos do Instituto da Mulher
Negra classifica as palavras da atacante como pre-
conceituosas e alerta as autoridades para erradi-
carem esse tipo de comportamento, combatendo o
racismo”.
a) Qual a atividade econômica predominante em
Cuba e no Nordeste brasileiro durante a colo-
nização e suas relações com o comércio
internacional?
b) Qual a condição social dos negros no Brasil
depois do fim da escravidão?

RESOLUÇÃO:
a) Tanto em Cuba como no Nordeste Brasileiro
predominou a agro-indústria do açúcar,
destinada à exportação para abastecer os
mercados europeus.
b) Foi mantida a marginalização social dos
negros, dentro de um contexto marcado pela
discriminação econômica e pelo preconceito
racial.

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


2. Fronteira é não apenas a divisão jurídica e adminis-
trativa entre dois territórios, mas é também delimi-
tação do lugar de cada um na sociedade. A
fotografia abaixo, de 1870, mostra um proprietário
de terras e cinco outros homens, negros e mulatos.

Militão Augusto de Azevedo, 1870.

a) Quais são as evidências, no registro fotográfico,


da fronteira existente entre o proprietário de
terras e os outros homens?
b) Quais são as relações de trabalho dominantes
nesse período no Brasil?

RESOLUÇÃO:
a) Evidencia-se a proeminência da figura do
proprietário de terra, posicionado em
primeiro plano e no centro da foto. A sua
postura e vestimenta destacam-no em
relação aos negros e mulatos que, em
segundo plano, estão de pés descalços e
mais simplesmente vestidos.
A estratificação social que pode ser
observada na foto, com o senhor de terra e
escravos, representa a polarização da
sociedade da época, onde a classe média
era pouco representativa.
b) Quanto às relações de trabalho dominantes
no período, podemos destacar:
– trabalho escravo – na cafeicultura da
Região Sudeste, como, por exemplo, o Vale
do Paraíba;
– trabalho assalariado – muito reduzido nas
atividades urbanas, como o comércio,
serviços de modo geral e pequenas
manufaturas.

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


3. O cinema tem mostrado imagens ilusórias de robôs
como o jovial R2D2 e o chato C3Po, de Guerra nas
Estrelas e o Exterminador do Futuro. Entre os
modernos brinquedos, há uma série de robôs que
imitam movimentos de seres humanos e de
animais.
a) Uma das diferenças entre robôs e seres
humanos é que nos homens existem quatro
grupos de moléculas orgânicas. Quais são esses
grupos?
b) Os rôbos armazenam energia em baterias.
Indique dois órgão ou tecidos de armazenamento
de energia nos seres humanos, citando que
composto é armazenado em cada um deles.

RESOLUÇÃO:
a) Carboidratos, lípides, proteínas e ácidos
nucléicos.
b) Músculo, fígado e tecido adiposo. Glicogênio
é armazenado no fígado e nos músculos, já o
tecido adiposo acumula lipídeos ou gorduras.

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


4. O zumbido no vôo de um pernilongo é produzido
pelo movimento de suas asas.
a) Porque essa intensa atividade muscular, reque-
rendo alto consumo de oxigênio é incompátivel
com o sistema circulatório dos insetos?
b) Como se explica o alto consumo de oxigênio
nesses animais?

RESOLUÇÃO:
a) Os insetos possuem circulação aberta, lenta e
sangue sem pigmento respiratório, o que é
incompatível com a alta demanda de oxigênio
nesses animais.
b) O alto consumo de oxigênio é possível graças
ao sistema respiratório traqueal que leva o
oxigênio diretamentes às células teciduais.

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


5. O índice de desenvolvimento humano [IDH],
divulgado pela ONU, é um número entre 0 e 1
usado para comparar o nível de desenvolvimento
dos países e resulta da média aritmética de três
outros índices: o índice de expectativa de vida [IEV],
o índice de escolaridade [IES] e o índice do produto
interno bruto per capita [IPIB]. Os últimos relatórios
fornecem os seguintes dados a respeito do Brasil:

Ano Posição IEV IES IPIB IDH

1998 74 0,700 0,843 0,700 0,747

2000 73 0,712 0,835 0,723 0,757

a) O índice de expectativa de vida [IEV] é calculado


pela fórmula: IEV = (E-25)/60, onde E representa
a expectativa de vida, em anos. Calcule a
expectativa de vida [E] no Brasil, em 2000.
b) Supondo que os outros dois índices [IES e IPIB]
não fossem alterados, qual deveria ter sido o IEV
do Brasil, em 2000, para que o IDH brasileiro
naquele ano tivesse sido igual ao IDH médio da
América Latina, que foi de 0,767?

RESOLUÇÃO
a) Em 2000, a expectativa de vida, em anos, re-
presentada por E, é tal que

(E – 25)
IEV = –––––––– = 0,712 ⇔ E – 25 = 42,72 ⇔
60

⇔ E = 67,72 anos.

b) Admitindo-se que o IDH brasileiro em 2000,


tivesse sido 0,767, teríamos:

IEV + 0,835 + 0,723


IDH = –––––––––––––––––––– = 0,767 ⇔
3

⇔ IEV + 1,558 = 2,301 ⇔ IEV = 0,743.

Respostas: a) E = 67,72 anos.


b) IEV = 0,743.

Obs.: Se o IDH Brasileiro, em 2000, tivesse sido,


0,767 o IDH médio da América Latina seria outro.

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


6. O gráfico abaixo fornece a concentração de CO2 na
atmosfera, em "partes por milhão" (ppm), ao longo
dos anos.

a) Qual foi a porcentagem de crescimento da con-


centração de CO2 no período de 1870 a 1930?
b) Considerando o crescimento da concentração de
CO2 nas últimas décadas, é possível estimar
uma taxa de crescimento de 8,6% para o período
1990-2010. Com esta taxa, qual será a
concentração de CO2 em 2010?

RESOLUÇÃO
a) A porcentagem de crescimento da concen-
tração de CO2 no período de 1870 a 1930 é
aproximadamente, 3,8%, pois
300 ÷ 289 ≅ 1,038 = 103,8%.
b) A taxa de concentração de CO2, em 2010, será
350 . 1,086 = 380,1.

Respostas: a) 3,8%.
b) 380,1.

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


7. No dia 10/09/2008 foi inaugurado o grande colisor
de Hádrons, na fronteira da França com a Suíça.
Situado a uma profundidade de 100m, com diâ-
metro de 8,6km e perímetro de 27km e formato cir-
cular o condutor onde ocorrerão as colisões de
prótons tem como objetivo principal reproduzir as
condições do Universo imediatamente após o big-
bang e por meio de colisões entre prótons, com
velocidades próximas da luz, tentar encontrar uma
partícula denominada bóson de Higgs responsável
por atribuir massa às partículas elementares.
De acordo com as informações apresentadas o
próton, em movimento circular e uniforme, percorre
o perímetro de 27km com uma freqüência próxima a
11000Hz.
Não considerando efeitos relativísticos, determine:
a) o módulo da velocidade do próton em relação à
velocidade da luz C = 3,00 . 108m/s.
b) o módulo da aceleração do próton adotando-se
π = 3. Considere a velocidade do próton apro-
ximadamente igual a 3,0 .108m/s.

RESOLUÇÃO:
∆s 2π R
a) V = ––– = ––––– = 2 π f R
∆t T

2πR = 27km = 27 . 103m

f = 11000Hz

V = 27 . 103 . 11 . 103 (m/s)

V = 297 . 106m/s = 2,97 . 108m/s

V 2,97 . 108
–– = –––––––– ⇒ V = 0,99C
C 3,00 . 108

b) C = 2 π R

27 . 103 = 6 . R ⇒ R = 4,5 . 103m

V2 9,0 .1016
a = ––– = –––––––––– (m/s2)
R 4,5 . 103

a = 2,0 . 1013m/s2

Respostas: a) V = 0,99C
b) a = 2,0 . 1013m/s2

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


8. A massa do próton para velocidades muito menores
que a da luz no vácuo (C = 3,0 . 108m/s) é chamada
massa de repouso e vale m0 ≅ 1,7 . 10–27kg.
De acordo com a teoria da relatividade de Einstein
uma partícula com velocidade de módulo V terá
uma massa relativística m que se relaciona com a
massa de repouso m0 de acordo com a relação:

m0
m = –––––––––––


 
V
1 – –– 2
C

Por outro lado a energia cinética relativística do


próton com velocidade de módulo V é dada por:

EC = m C2 – m0 C2

Considerando-se V = 0,8C, determine:


a) a massa relativística do próton: m
b) a energia cinética relativística do próton: EC

RESOLUÇÃO:
a) Para V = 0,8C, temos:

m0 m0
m = ––––––––––––– = –––––––––– =

1 – (0,8)2 
1 – 0,64

m0 m0
= ––––––– = –––
0,6

0,36

1,7 . 10–27
m = –––––––––– kg
0,6

m ≅ 2,8 . 10–27kg

b) EC = m C2 – m0 C2

EC = (m – m0) C2

EC = (2,8 – 1,7) . 10–27 . 9 . 1016 (J)

EC = 9,9 . 10–11J

Respostas: a) 2,8 . 10–27kg


b) 9,9 . 10–11J

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


9.

Quando um atleta pratica exercícios físicos vi-


gorosos, o oxigênio disponível na corrente sangüí-
nea é rapidamente consumido, levando seu meta-
bolismo a trabalhar em condições anaeróbicas.
Nesenergia para a contração de músculos envolve
a quebra de glicose (C6H12O6), produzindo ácido
lático (C3H6O3) e provocando fadiga muscular.
O gráfico a seguir mostra a variação da concen-
tração de ácido lático no sangue de um atleta
durante uma competição em função do tempo t.

a) Calcule a velocidade de formação de ácido lático


entre o estado de repouso (t = 0s) e o instante
t = 200s.
b) Como o ácido lático é um ácido monoprótico fra-
co, de cada 100 moléculas de ácido lático dis-
solvidas em água, apenas quatro sofrem ioni-
zação. Calcule o pH de uma solução aquosa de
ácido lático com concentração igual a 2,5mmol/L.

RESOLUÇÃO:
∆M M2 – M1
a) v = ––––– = ––––––––
∆t t2 – t1

3,0mmol/L – 0,5mmol/L
v = –––––––––––––––––––– = 0,0125mmol/L . s
200s – 0s

v = 1,25 . 10–2mmol/L . s

b) Grau de ionização:

número de moléculas ionizadas 4


α = ––––––––––––––––––––––––––––– = ––– = 0,04
número de moléculas dissolvidas 100

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


C3H6O3 →
← H+ + C3H5O–3

início 2,5mmol/L 0 0
reage e (0,04 x 2,5 = 0,1)
0,1mmol/L 0,1mmol/L
forma mmol/L
equilíbrio 2,4mmol/L 0,1mmol/L 0,1mmol/L

[H+] = 0,1mmol/L = 0,1 . 10–3mol/L


[H+] = 1 . 10–4mol/L
pH = – log [H+] = – log 1 . 10–4
pH = 4

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


10. Manter uma temperatura constante é uma das fun-
ções fisiológicas primárias do corpo humano, essen-
cial ao correto funcionamento muscular e ao con-
trole cinético das reações bioquímicas. Aproxima-
damente, 40% da energia produzida pela queima da
glicose é empregada nas contrações musculares e
nervosas. O restante se manifesta como calor, que
é utilizado para manter a temperatura corporal.
Quando o organismo produz intenso calor, o ex-
cesso deve ser dissipado para as vizinhanças, que
pode ocorrer por radiação, convecção e evaporação
(suor). Para responder a essa questão, considere
que a evaporação é o único sistema de dissipação
do calor. As equações químicas abaixo representam
os dois processos especificados no texto.
Dados: capacidade calorífica média do corpo:
4 x 103 J°C–1kg–1
densidade da água: 1g mL–1
aceleração da gravidade: 10 m s–2
massas molares em g/mol: H2O: 18; C6H12O6: 180

C6H12O6(s) + 6O2(g) → 6CO2(g) + 6H2O(l)


∆H = – 2800kJ mol–1
H2O(l) → H2O(g)
∆H = + 40kJ mol–1

Tendo em vista as informações apresentadas, res-


ponda ao que se pede:
a) Calcule o volume de água líquida que um atleta
deve transpirar para não ocorrer variação de tem-
peratura corpórea, ao oxidar 45g de glicose.
b) Admitindo não ocorrer transpiração ao subir uma
escada de 10 metros de altura, calcule a variação
na temperatura corpórea que um homem de
100kg sofreria.

RESOLUÇÃO:
a) Energia liberada na queima de 45g de glicose:
liberam
180g de glicose –––––––– 2 800kJ
45g de glicose –––––––– x
x = 700kJ

60% de 700kJ = 420kJ se manifestam como


calor.
Volume de água que o atleta deve transpirar:

absorvem
18g de H2O –––––––––– 40kJ
y –––––––––– 420kJ
y = 189g

m m 189g
d = ––– ∴ V = ––– = ––––– = 189mL
V d 1g/mL

b) Trabalho necessário para subir a escada:


τ=m.g.h
τ = 100kg . 10 m s–2 . 10m
τ = 104J = 10kJ

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


A energia para realizar esse trabalho é pro-
veniente da queima de glicose e corresponde
a 40% da energia liberada na oxidação da
glicose. Os outros 60% são destinados ao
aumento da temperatura corpórea, pois não
há transpiração.

40% ––––––– 10kJ


60% ––––––– z
z = 15kJ

Variação da temperatura corpórea:


Q = m . c . ∆θ
15 . 103J = 100kg . 4 x 103J . kg–1 . °C–1 . ∆θ
∆θ = 0,0375°C

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


11. Em 2008, a ONU divulgou que a população urbana
do mundo superou a rural. Nas próximas décadas
praticamente todo o crescimento populacional do
planeta ocorrerá nas cidades.
Em 2050, sete em cada dez pessoas viverão em
cidades, afirma o estudo das Nações Unidas.

Observe o mapa de urbanização do planeta e res-


ponda às questões.
a) Os países menos urbanizados do mundo estão
localizados em quais regiões geográficas do
planeta.
b) Qual a relação entre países de alto IDH e urba-
nização?

RESOLUÇÃO:
a) A mais baixa taxa de urbanização corres-
ponde aos países africanos do SAHEL (Mali,
Níger, Chade, Burkina) também possuem
taxas inferiores a 50% de urbanização grande
parte da África e quase toda a Ásia de
Monções e a China.
b) Os países com alto IDH são altamente ur-
banizados.

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


12. A África é um continente com características mar-
cantes.
a) Levando em conta desde o domínio colonial até
os dias de hoje, mencione algumas interpreta-
ções possíveis que permite a representação da
África a seguir.

(O Estado de São Paulo, 19/04/2000)

b) É um país da África Oriental, cortado pela linha


do Equador, e dividido em três regiões geográ-
ficas: o litoral do Índico de influência muçulmana,
o norte semi-árido e o centro-oeste localizado no
Planalto dos Grandes Lagos, ou seja, o Grande
Vale do Rift.
O Grande Vale do Rift é um conjunto de falhas
tectônicas recentes resultado da separação das
placas africana e arábica. A sucessão de falhas
estende-se no sentido norte-sul por cerca de 5
mil quilômetros, desde a Síria até Moçambique,
com larguras que variam entre 30 e 100km.
O Vale do Rift é a base física da área de maior
dinamismo econômico e social desse país, que
apresenta clima quente e úmido atenuado pela
altitude. O processo de intemperismo químico,
atuando sobre rochas vulcânicas, deu origem a
manchas de solos muito férteis, que são alvo de
disputas e um dos fatores dos conflitos no país.
A recente onda de violência (2007-2008) resulta
do entrelaçamento de causas estruturais: enor-
mes e persistentes desigualdades sociais, a luta
pelo acesso a recursos naturais escassos (terras
férteis) e rivalidades étnicas exploradas por polí-
ticos oportunistas.
A problemática contida no texto refere-se a qual
país?

RESOLUÇÃO:
a) I. A África chora a destruição das estruturas
econômicas e sociais de suas antigas co-
munidades, decorrente da partilha colonial
européia, oficializada pela Conferência de
Berlim.
II. A lágrima, lembrando o formato de diaman-
te, registra a pobreza de países africanos

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


que possuem tal recurso. Em Angola, Con-
go ou Serra Leoa essas pedras tornaram-
se motores de trabalho escravo, assas-
sinato e colapso econômico.
III. Engrossada pelo lago Vitória, a lágrima al-
cança as proximidades de Zimbábue, país
que enfrenta grave crise social, e de Mo-
çambique, onde crianças desnutridas pa-
gam com a vida a dívida externa do país.
b) Quênia habitado por mais de 60 grupos
étnicos (Kikujos, Luias, Luos)

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


REDAÇÃO
ORIENTAÇÃO GERAL: LEIA ATENTAMENTE.

A redação propõe três recortes do tema.


Propostas:
Cada proposta apresenta um recorte temático a ser
trabalhado de acordo com as instruções específi-
cas. Escolha uma das três propostas para a re-
dação (dissertação, narração ou carta) e assinale
sua escolha no alto da página de resposta.
Coletânea:
A coletânea é única e válida para as três propostas.
Leia toda a coletânea e selecione o que julgar
pertinente para a realização da proposta escolhida.
Articule os elementos selecionados com sua
experiência de leitura e reflexão.
O uso da coletânea é obrigatório.
ATENÇÃO – Sua redação será anulada se você
desconsiderar a coletânea; e/ou fugir ao recorte
temático da proposta escolhida; e/ou não atender
ao tipo de texto da proposta escolhida.

APRESENTAÇÃO DA COLETÂNEA

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o cigarro


causa prejuízos tanto aos fumantes quanto aos não-
fumantes: são inúmeras as doenças provocadas pelas
substâncias contidas nesse produto, o que tem gerado
gastos cada vez maiores à saúde pública. Em vista dis-
so, a exemplo do que tem sido feito em vários países
desenvolvidos, o governo do Estado apresentou à As-
sembléia Legislativa projeto de lei que restringe o uso
do cigarro.
COLETÂNEA

1) Fumar em espaços fechados é um atentado à saú-


de de quem está por perto.
Permitir que fumantes dispersem partículas tóxicas
no ar que outras pessoas respiram é próprio de
países que desprezam a vida humana.
Antes que você, leitor, diga que sou moralista e
preconceituoso, apresso-me em confessar que fui
dependente de nicotina por 19 malfadados anos,
durante os quais fumei em ambientes com mulheres
grávidas, crianças e senhoras de idade. Se remorso
matasse, não estaria aqui este que vos escreve.
A meu favor, posso alegar apenas a ignorância em
que éramos mantidos naquele tempo: não sabía-
mos quanto o cigarro nos prejudicava nem fazíamos
idéia dos malefícios causados a terceiros. Existiam
indícios, é fato, mas os fabricantes investiam for-
tunas em propaganda para desqualificá-los. Essa
gente praticou (e continua praticando) o crime mais
repugnante da história do capitalismo.
Nos últimos 20 anos, entretanto, as evidências cien-
tíficas se tornaram tão contundentes que ficou im-
possível negar o óbvio: fumantes passivos são pes-
soas que fumam. Logo, estão sujeitas às mesmas
doenças que encurtam a vida dos dependentes de
nicotina.
OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009
Acaba de ser publicado em The New England
Journal of Medicine, a revista médica de maior
circulação, um estudo escocês que ilustra o impacto
da proibição do cigarro em ambientes fechados. Em
2005, foi decretado na Escócia "The Smoking,
Health and Social Care Act" (ato para cuidar da
saúde de fumantes), que baniu o cigarro de todos os
espaços públicos e locais de trabalho, a partir de
março de 2006.(...)
Duas semanas depois da vigência da lei, o número
de fumantes passivos nos bares escoceses caiu
86%. As concentrações de cotinina na população
adulta do país diminuíram 42%, resultado próximo
dos 47% obtidos em Nova York, depois da entrada
em vigor de lei semelhante.
Embora o estudo escocês tenha sido o mais
completo até hoje publicado, está longe de ser a
primeira demonstração dos benefícios da proibição
do fumo em espaços comuns. Em 2004, entre os 68
mil habitantes da cidade norte-americana de
Helena, o número de internações por infarto do
miocárdio diminuiu 40%. Entre os 148 mil habitantes
de Pueblo, no Colorado, a queda foi de 15%. Nos
220 mil de Saskatoon, no Canadá, 13%. Em Roma,
cidade com 2,7 milhões de habitantes, o número de
casos caiu 8% naqueles com mais de 65 anos, e
11% na população abaixo dessa idade.
Todos os estudos demonstram que legislações
restritivas ao fumo em espaços públicos não só re-
duzem o número de fumantes passivos como fazem
cair os níveis de cotinina no sangue dos próprios
fumantes. Embora por ignorância, má-fé ou ga-
nância exista quem se oponha a elas, não há mais
dúvida de que leis desse tipo beneficiam indistin-
tamente crianças e adultos, jovens e velhos, quem
fuma e quem não o faz.
Se o Brasil adotasse leis como as dos países norte-
americanos e europeus, quanto sofrimento nós
evitaríamos? Até quando faremos parte do grupo de
países atrasados, que dá ao dependente de nicotina
o direito de jogar a fumaça de seu cigarro para
dentro dos pulmões dos outros?
Drauzio Varella, Fumantes passivos,
Folha de S. Paulo, 30/8/2008
2) Concordo com todos os argumentos do médico
Drauzio Varella em seu artigo de ontem para esta
Folha, inclusive com a pergunta final: "Até quando
faremos parte do grupo de países atrasados que dá
ao dependente de nicotina o direito de jogar a fu-
maça de seu cigarro para dentro dos pulmões dos
outros?".
Não obstante, tenho alguma simpatia pela tese do
também médico Ithamar Stocchero, ex-presidente
da regional de São Paulo da Sociedade Brasileira
de Cirurgia Plástica, que vê "totalitarismo" nas
proibições absolutas.
Pode ser mera birra com absolutismos ou pode ser
experiência pessoal. Fumei durante uns 40 anos,
até 2000. Senti o peso das proibições que se
ampliavam.
Senti o peso da sanção moral.
Nunca esqueço uma escala no aeroporto de Los
Angeles, a caminho de Seul. O "fumódromo" ficava
OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009
num subsolo soturno, mas no caminho para o
embarque de um vôo da British Airways. Quando o
embarque foi chamado, um grupo de senhorinhas
tipicamente inglesas, vestidas como se espera de
senhorinhas tipicamente inglesas, passou pelos
fumantes, olhando-nos como se estivéssemos
torturando um bebê.
Não adiantou nada. Se parei de fumar é por algo
que hoje parece fora de lugar ou de moda, que é
responsabilidade profissional. Notei que, à medida
que aumentava a dependência, passava a sair de
local fechado para fumar em evento que durasse
mais de uma hora, correndo o risco de perder
informações eventualmente importantes.
Aí decidi que era uma imensa burrice continuar
escravo de um cilindro inanimado. Por isso,
suspeito de que proibições e punições não devem
eliminar a simpatia pelos que são dependentes
químicos (e é disso que se trata). Não seria melhor
um tratamento guevariano, tipo endurecer sem
perder a ternura jamais?
Clóvis Rossi, Guevara e o fumo,
Folha de S. Paulo, 31/8/2008

3) É difícil não se lembrar de Humphrey Bogart em


Casablanca e não visualizá-lo com seu cigarro na
mão, ou então recordar de Rita Hayworth em Gilda
sem sua piteira. Nos Anos de Ouro, época áurea do
cinema hollywoodiano, os astros recebiam quantias
milionárias para fumar nos filmes. Documentos
liberados pela indústria cinematográfica denuncia-
ram os números: uma empresa de tabaco pagou
mais de US$ 3 milhões (em valores de hoje) em um
ano para as estrelas.
Há acordos que datam do começo da era do cinema
falado. O astro de O Cantor de Jazz, Al Jolson, deu
testemunhos dizendo que Lucky Strike era o cigarro
dos atores. No final dos anos 30, documentos pro-
vam que Carole Lombard, Barbara Stanwyck e
Myrna Loy receberam o equivalente a quase US$
150 mil para promover a marca de cigarros Lucky
Strike.
Segundo um artigo publicado na revista Tobacco
Control, pesquisadores revelaram que a propa-
ganda do fumo feita nas décadas de 30, 40 e 50
pode ser sentida até hoje. Jovens são influenciados
pelas cenas em que o cigarro é glamourizado. A
organização não-governamental (ONG) britânica
ASH, contra o tabagismo, declarou que poderia
haver alertas mais claros na exibição dos filmes
sobre a presença do tabaco em cena.

www.sidneyrezende.com/.../19474+o+glamour+do+ciga
rro+astros+recebiam+milhoes+para+fumar+nos+filmes

4) Fumaça
Enquanto diversos países abraçam a idéia contra o
uso do cigarro em lugares públicos, o mundo da
moda parece reacender, literalmente, o glamour da
tragada. Tanto a top Naomi Campbell quanto o mo-
delo Taylor Fuchs aparecem em ensaios, chiquér-
rimos, na companhia do cigarro. Ela, para a Her-
cules Magazine. Ele, para a nova edição da revista

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009


Man About Town. Politicamente incorreto? Há
controvérsias...
glamurama.uol.com.br/notas/index.asp, 15/10/2008

5) Médicos querem censura por idade para cenas


de fumo
A Associação Britânica de Médicos quer que cenas
de filmes e programas de TV com personagens
fumando sejam mais controladas para reduzir a
exposição de jovens a imagens positivas do fumo.

» Tabaco sem fumaça é menos cancerígeno.


» Escoceses receberão R$ 480,00 para largar
cigarro
» Cardiologista defende fim dos "fumódromos"
» Fumar aumenta riscos de perda de memória
No relatório Forever Cool: the influence of smoking
on young people (A influência do fumo sobre os
jovens, em tradução livre), os médicos afirmam que
todo filme e programa de TV que traz imagens po-
sitivas do fumo deve ser precedido por uma
mensagem de alerta sobre os perigos do cigarro.
Além disso, o documento, divulgado no domingo,
defende que os censores levem em conta o
conteúdo pró-fumo dos filmes antes de determinar
para qual faixa etária a obra pode ser liberada.
"A tendência de abandono do cigarro registrada há
20 anos tem desacelerado nos últimos anos (na
Grã-Bretanha); então, é essencial que novas
medidas sejam tomadas para acabar com o
glamour do cigarro", disse a chefe do departamento
de Ciência e Ética da associação, Vivienne
Nathanson.
Segundo o relatório, a maior parte dos fumantes
começa a fumar antes dos 18 anos e praticamente
todos o fazem antes de completar 25 anos, o que
demonstra que os jovens são um grupo alvo
importante para a indústria do tabaco.
Os médicos dizem que os jovens são muito
influenciados pelo que percebem como sendo
normal e atraente, especialmente imagens que
vêem em filmes e revistas.
"Os jovens estão rodeados de imagens positivas do
tabaco — desde pais e colegas fumando a
celebridades e ídolos que vêem na mídia. Eles
também estão expostos ao marketing forte da
indústria, e tudo isso reforça a idéia de que o hábito
é 'legal'."
O relatório da associação também defende que o
governo britânico adote uma série de restrições ao
marketing do cigarro. Entre elas estão a proibição
de deixar o produto à mostra em locais de venda, o
fim das máquinas de cigarro e a introdução de
maços de cigarro levando apenas o nome da marca
— sem nenhum design — e as advertências sobre
os riscos do fumo.
noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI2994427-
EI298,00.html, 07/7/2008

PROPOSTA A

Elabore uma dissertação sobre o problema da


proteção aos não-fumantes, discutindo-o no contexto
dos conflitos que opõem:
OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009
1) os direitos dos não-fumantes aos direitos dos
fumantes
2) os interesses coletivos aos interesses individuais.

PROPOSTA B

Elabore uma narração em terceira pessoa


envolvendo situações vividas por um fumante quando
confrontado com as informações sobre os malefícios do
tabaco e com as proibições crescentes ao fumo em
locais públicos.

PROPOSTA C

1. Se você concordar com Drauzio Varella, escreva


uma carta ao jornalista Clóvis Rossi, discordando
das opiniões expressas no artigo “Guevara e o
fumo”. Exponha claramente o ponto de
discordância, explicite a sua opinião e justifique-a.

2. Se você concordar com Clóvis Rossi, escreva uma


carta ao médico e escritor Drauzio Varella, discor-
dando da conclusão a que ele chega no artigo “Fu-
mantes passivos”. Exponha claramente o ponto de
discordância, explicite a sua opinião e justifique-a.

OBJETIVO ESPECIAL UNICAMP/2009

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