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Atividades sobre malefícios do tabaco: relato de experiência

Activities on tobacco harms: experience report

Igor Silva Campos1


Sthephany Yamaguchi de Melo 2
Danielle Cristina Gonçalves Ferreira3
Janaína Paula Costa da Silva4

RESUMO
O objetivo deste relato é descrever a experiência dos discentes do curso de graduação em
Medicina em uma ação extensionista que abordou o malefício do uso tabágico. A ação teve
como público-alvo estudantes de 10 a 15 anos de idade, matriculados em uma escola pública.
Os objetivos foram: compartilhar conhecimento científico sobre os malefícios do uso tabágico
e sensibilizar os estudantes acerca dos danos desse hábito. No planejamento da ação, adotou-
se o Arco de Maguerez, um método para conhecer a realidade dos estudantes para os quais a
atividade foi preparada, além de Teatro Invisível, quizes e rodas de conversa, com intuito de
abordar de forma efetiva a temática. A ação teve duração de cerca de 90 minutos e foi
executada em cinco classes da escola. Observou-se que, apesar de grande parte dos estudantes
ter relatado contato prévio com o tabaco, poucos sabiam os impactos negativos acarretados
por esse hábito. Os estudantes demonstraram surpresa ao ouvir sobre os prejuízos oriundos do
uso do tabaco para a saúde e puderam sanar dúvidas com os discentes que conduziram a ação,
a qual, acredita-se, tenha colaborado para promoção de saúde.
Palavras-chave: Saúde. Escola. Criança. Tabaco. Extensão universitária.

ABSTRACT
The purpose of this experience report is to describe the experience of undergraduate medical
students in an extension action, which addressed the harmful effects of smoking. The action
was aimed at students from 10 to 15 years old, enrolled in a public school. The objectives
were: to share scientific knowledge about the harms of smoking; and sensitize students about
the damage of said habit. When planning the act, the “Arco de Maguerez” was adopted, a
method to get to know the reality of the students for whom the activity was prepared, and
Invisible Theater, quizzes and conversation circles, in order to effectively address the theme.
The action lasted nearly 90 minutes and was performed in five of the school’s classes. It was
observed that, even though a large number of students reported previous contact with tobacco,
few knew the negative impacts caused by the habit. The students were surprised to hear about
the damage caused by tobacco use and were able to resolve doubts with the students who led
the action. It is believed that the action contributed to health promotion.
Keywords: Health. School. Child. Tobacco. University extension.

1
Graduando em Medicina na Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil
([email protected]).
2
Graduanda em Medicina na Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil ([email protected]).
3
Graduanda em Medicina na Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil
([email protected]).
4
Doutora em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Brasil; professora
adjunta da Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil ([email protected]).
Em Extensão, Uberlândia, v. 19, n. 1, p. 156-171, jan.-jun. 2020. 156
INTRODUÇÃO

No Brasil, aproximadamente 80% dos fumantes começaram a fumar diariamente antes de


completarem 19 anos de idade (sendo 20% com menos de 15 anos de idade); são os jovens
também que constituem o grupo mais afetado pelo fumo passivo domiciliar, segundo dados da
pesquisa Vigitel 2017, promovida pela Secretaria de Vigilância em Saúde (BRASIL, 2018).
Além disso, a pesquisa também mostra que a adoção desse hábito desde a adolescência pode
culminar em maior risco de desenvolvimento de doenças como câncer de pulmão, doença
pulmonar obstrutiva crônica e tuberculose (BRASIL, 2018).

Dentre as drogas mais requisitadas pelos jovens, o tabaco torna-se um alvo muito comum,
uma vez que é uma droga lícita e de fácil acesso (IBGE, 2013). Segundo dados da Pesquisa
Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), quase 30% dos adolescentes brasileiros com idade
entre 13 a 15 anos experimentam cigarro antes dos 12 anos (IBGE, 2013). Sabe-se que, por
ser um ambiente em que a criança/adolescente passa boa parte do dia, a escola pode ser um
local em que novos hábitos, inclusive aqueles viciosos, passam a ser reproduzidos e, algumas
vezes, ganham novos adeptos (FIGUEIREDO et al ., 2016).

A exposição precoce ao tabagismo se torna um fator agravante da probabilidade de adoção de


tal comportamento de risco, e há forte indicativo da manutenção desse hábito na fase adulta
(MALCON, 2003). O hábito de fumar entre irmãos e amigos aparece como principal fator de
risco para tabagismo na adolescência (MALCON, 2003). A adoção desse hábito pode trazer
sérios prejuízos para a saúde dos jovens (KUMAR et al ., 2013) e isso preocupa os estudantes
e profissionais da área de saúde.

Foi esse o cenário definido para a realização de uma atividade extensionista objetivando a
promoção de vida saudável. Desenvolvida por discentes de um curso de Medicina de uma
universidade pública, a ação foi executada em uma escola estadual, visando demonstrar,
segundo a literatura científica, os malefícios do consumo do tabaco e sensibilizar os alunos do
ensino fundamental acerca dos danos desse hábito.

METODOLOGIA

Trata-se de um relato de experiência de uma atividade prática, caracterizada como ação de


extensão, desenvolvida por discentes matriculados no 3º período do curso de graduação em
Medicina de uma Instituição de Ensino Superior Federal, sob a orientação de professoras de
dois componentes curriculares (Saúde Coletiva III e Método III).
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Durante as aulas teóricas, foram abordados temas como: Promoção da saúde; Educação em
saúde; Elaboração e desenvolvimento de ação extensionista; Diretrizes de Extensão; Política
Nacional de Extensão, bem como a legislação acerca dessas ações dentro da universidade.

A tarefa de planejar e executar uma ação de extensão fez parte de uma atividade de ensino que
integra os componentes Saúde Coletiva III e Método III. A classe com 64 graduandos foi
dividida em doze grupos de cinco ou seis discentes para a realização de ações em escolas
públicas no município. A partir dessa divisão, dois grupos (total de 10 discentes), organizados
em duplas, responsabilizaram-se pela realização da ação em uma escola pública no município
Uberlândia, Minas Gerais. A escola está localizada na zona urbana5, oferece turmas de 1º ao
9º ano e possui saneamento básico, infraestrutura com biblioteca, cozinha, quadra de esportes
e laboratórios de informática e ciências.

Para o planejamento da ação, adotou-se o Arco de Maguerez (BORDENAVE; PEREIRA,


2005), um método para conhecer, ao menos um pouco, a realidade das crianças para as quais a
atividade estava sendo preparada. As cinco fases do Arco são: observação da realidade, em
que há a definição do problema; pontos-chave, em que são elencados fatores determinantes e
mais relacionados ao problema; teorização, na qual há construção de respostas ao problema;
hipóteses de solução, em que se utiliza a criatividade para elaboração de propostas; e
aplicação à realidade, quando ocorre a intervenção (COLOMBO, 2007; BORDENAVE;
PEREIRA, 2005).

Tal método consiste na aplicação prática da educação problematizadora de Paulo Freire, cuja
pedagogia surge em contraposição à transferência passiva e unidirecional de conhecimento, a
fim de combater a verticalização e a opressão presente na relação tradicional educador-
educando (FREIRE, 2013).

Após discussão sobre o Arco de Maguerez, as professoras de Saúde Coletiva agendaram a


primeira reunião com o diretor da escola e o agente de saúde. O intuito da primeira visita era
proporcionar o ambiente e a discussão para que os discentes pudessem encontrar uma
problemática emergente da própria demanda da escola para a ação em planejamento.
Acreditava-se que, assim, a intervenção seria mais eficiente. Nessa primeira visita, os

5
A escola situa-se no bairro São Jorge, uma região periférica ao sul da cidade de Uberlândia, construído sem
planejamento urbano adequado, mas que se desenvolveu principalmente em virtude da realização de construções
em lotes cujos preços eram acessíveis à população de baixa renda. O bairro foi regularizado pela prefeitura em
1996, quando foram implementados serviços básicos (como saneamento, luz e pavimentação). A região possui
um centro comercial e a segurança é reforçada pelo Grupo Especializado de Policiamento em Áreas de Risco
(GEPAR), o qual foi instituído devido à alta criminalidade do bairro, segundo informações concedidas na
reunião com a direção e agente de saúde da escola.
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discentes conheceram a estrutura da escola, presenciando o mesmo ambiente que as crianças
durante o recreio. Ainda nessa visita, o diretor expôs vários problemas enfrentados pela escola
como automutilação e bullying. No entanto, foi colocada como mais urgente e necessária a
temática relacionada ao uso do cigarro.

Na aula seguinte à primeira visita, a equipe analisou a demanda da escola e as possibilidades


de intervenção possíveis. Elegeram-se a temática da exposição ao cigarro e o uso precoce do
tabaco e seus derivados como problema a ser debatido naquela realidade observada. Foram
realizados, então, levantamento bibliográfico de artigos relacionados ao tema (prevenção do
tabagismo, combate desse hábito, extensão comunitária); discussão sobre os tipos de
atividades possíveis na escola, considerando disponibilidade de agenda de todos os atores
envolvidos; e um efetivo planejamento da ação a ser executada.

Nesse momento, o grupo optou pela utilização da técnica Teatro Invisível. Essa técnica,
desenvolvida por Augusto Boal (1998), caracteriza-se por uma cena na qual o público não
sabe que está participando de uma peça, apenas os atores sabem que se trata de uma
encenação, sendo possível, ao final, estabelecer reflexões e questionamentos sobre o tema
representado na cena. A técnica foi considerada como uma das atividades da ação a ser
proposta no intuito de realizar atividades que chamassem a atenção das crianças.

O grupo considerou que deveria lançar mão de técnicas pedagógicas, as quais constituem um
instrumento ímpar de motivação dos participantes (ANTUNES, 1998), aqui denominados
crianças. Nesse contexto, definiu-se que seria elaborado um Quiz com perguntas curtas para
ocorrer após o Teatro Invisível. A atividade seria encerrada com uma Roda de Conversa, que
viabilizaria encontros dialógicos, com possibilidades de produção e ressignificação de sentido
– saberes – sobre as experiências dos participantes (SAMPAIO et al., 2014).

Assim, na oportunidade da segunda visita à escola, a proposta da ação sobre malefícios do


tabaco, voltada a alunos do ensino fundamental (Quadro 1), foi apresentada ao diretor e ao
agente de saúde que aprovaram o planejamento e auxiliaram no ajuste do cronograma com,
inclusive, definição das salas que participariam da atividade.

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Quadro 1 - Dispositivos utilizados na ação sobre malefícios do tabaco voltada a alunos do
ensino fundamental, Uberlândia-MG, 2019

Dispositivos Objetivo Meta


(duração prevista
em minutos)

1º: Dinâmica Apresentar a dupla de discentes Criar vínculo entre discentes


Quebra gelo (10) responsável pela condução das e crianças para que estas
atividades. Foi solicitado que as participassem das atividades
crianças escrevessem em uma folha seu seguintes.
nome, idade, profissão que gostariam
de seguir quando adultos e animal
preferido. Em seguida, cada criança
compartilhou, em voz alta para toda a
turma, uma de cada vez, o que havia
escrito. Os discentes e as outras
crianças, nesse momento, poderiam
fornecer um feedback breve sobre a
fala da criança/colega.

2º: Teatro Chamar a atenção das crianças e Impactar a criança acerca dos
Invisível (8) promover a reflexão acerca das prejuízos do tabaco para a
consequências negativas do uso saúde.
tabágico. Foi encenada a simulação de
sintomas comuns a síndromes
respiratórias muito frequentes entre
aqueles que usam constantemente o
cigarro. O ator foi um discente do
curso de Medicina.

3º: Quiz (30) Fazer perguntas sobre a experiência de Enfatizar as alterações


cada criança com o tabaco. Mostrar prejudiciais que o tabaco
imagens de pulmões saudáveis, pode causar ao pulmão.
intermediariamente afetado e
extremamente patológico daqueles

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indivíduos que tinham uso crônico do
tabaco.

4º: Roda de Criar espaço para que as crianças Proporcionar um ambiente


Conversa (30) compartilhassem suas experiências, seguro para a criança
caso se sentissem à vontade, e também compartilhar sua experiência
compartilhar com o restante da turma o com o tabaco e, a partir dessa
que havia aprendido com a ação. fala, a equipe faria uma
síntese dos malefícios do
tabaco, no encerramento da
ação.

Fonte: Os autores (2019).

Com a aprovação da proposta inicial, a equipe se dedicou a conhecer ainda mais o assunto
tabaco e seus malefícios para a saúde, como asma e enfisema (KUMAR et al., 2013). A busca
bibliográfica, realizada principalmente na Base de Dados Scientific Electronic Library Online
(Scielo), foi direcionada aos tipos de cigarro mais utilizados pelos adolescentes e aos
prejuízos decorrentes desse consumo, de forma que o grupo pudesse obter embasamento
científico atualizado, a fim de enriquecer o diálogo provável durante ação e de elaborar
hipóteses de solução para a problemática.

Encontrou-se que os principais tipos de cigarro utilizados pelos jovens são cigarro branco,
cigarro de palha e narguilé (Tabela 1).

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Tabela 1 – Frequência do uso de outros produtos de tabaco segundo tipo de produto
utilizado e sexo dos escolares do 9º ano do Ensino Fundamental, Pesquisa
Nacional de Saúde do Escolar, Brasil, 2015

Uso de outros Total Masculino Feminino


produtos de
tabaco
% IC95% % IC95% % IC95%

Narguilé 71,6 (68,08-74,2) 51,8 (47,7-55,8) 67,5 (64-70,7)


(cachimbo d´água)

Cigarros enrolados 13,5 (11,6-15,6) 12,9 (10,8-15,2) 9,3 (7,2-11,9)


à mão (palha ou
papel)

Cigarros de cravo 4,6 (3,7-5,7) 4,2 (3,2-5,5) 3,4 (2,4-4,8)


(cigarros de Bali)

Cigarro eletrônico 3,2 (2,4-4,4) 3,3 (2,3-4,8) 2 (1,2-3,4)


(e-cigarrette)

Fumo para mascar 2,4 (1,8-3,3) 2,7 (1,9-3,9) 1,2 (0,7-2,2)

Charutos, charutos 2 (1,4-2,9) 2,6 (1,7-3,9) 0,7 (0,4-1,2)


pequenos

Cigarrilhas 1,4 (0,9-2,0) 1,8 (1,2-2,9) 0,4 (0,2-0,7)

Cigarros indianos 1,3 (0,8-1,9) 1,5 (1,0-2,2) 0,6 (0,3-1,1)


(bidis)

Outros 17,3 (14,9-19,9) 19,2 (16-22,9) 15,1 (12,7-17,8)

Fonte: MALTA et al. (2018).

O cigarro branco e o de palha são feitos a partir de folhas de tabaco de corte fino enroladas em
diferentes materiais, enquanto o narguilé é um cachimbo de origem oriental que funciona à
base de água (utilizada como filtro) e da queima de tabaco aromatizado. Entretanto, a falta de
um filtro de papel como o do cigarro regular amplia a inalação de substâncias tóxicas, o que

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torna uma sessão de uso de narguilé (de 20 a 80 minutos) equivalente ao fumo de 100 cigarros
comuns (MALTA et al., 2018).

A partir desses dados, foram elaboradas 9 perguntas para o Quiz: 1. Você tem acesso ao
cigarro? 2. Você já comprou cigarro? 3. Na sua casa alguém fuma? 4. Algum dos seus amigos
fuma? 5. Você fica perto de pessoas que estão fumando? 6. Você já fumou narguilé? 7. Você
já fumou palheiro? 8. Você já aceitou cigarro de alguém? 9. Você já ofereceu cigarro pra
alguém?

Cada dupla responsável pela condução da ação, naquela sala, faria uma pergunta por vez,
enquanto cada criança permaneceria em sua carteira e anotaria, em um papel, suas respostas e
os pontos correspondentes. Cada resposta afirmativa corresponderia a 1 ponto, exceto as
questões 6 e 7, para as quais cada resposta afirmativa contabilizaria, respectivamente, 5 e 3
pontos. Os escores diferenciais para narguilé (5 pontos) e palheiro (3 pontos) foram definidos,
considerando-se que uma sessão de narguilé corresponde à fumaça de 100 cigarros brancos e
que um cigarro de palha corresponde a 10 cigarros brancos (MALTA, 2018). Para o cálculo
do escore não seria considerada a frequência dos hábitos de cada aluno, pois, devido a curta
duração da ação, seria inviável realizar esse levantamento e converter cada dado em
pontuação individualmente. Entretanto, ao final do Quiz, os discentes explicariam às crianças
que a frequência de tais hábitos mantém relação direta com os danos causados à saúde.

Ao final do Quiz, cada aluno faria seu somatório, que corresponderia a 1 dentre 3 intervalos
possíveis: de 0 a 5, de 6 a 10 ou de 11 a 15 pontos. Aos alunos com pontuação correspondente
ao primeiro intervalo, foi relacionada à imagem de um pulmão saudável (Figura 1-A); ao
segundo, a imagem de um pulmão intermediariamente afetado (Figura 1-B); ao terceiro, a
imagem de um pulmão extremamente patológico (Figura 1-C). Assim, foi possível estabelecer
uma analogia entre o nível de envolvimento com o cigarro, evidenciado pela pontuação obtida
e o estado de saúde do pulmão.

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Figura 1 – Pulmões saudáveis, intermediariamente afetados e extremamente patológicos,
respectivamente, junto às pontuações adequadas

Fonte: Google Imagens (2019).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A ação foi desenvolvida em novembro de 2019 e os alunos da escola, que são denominados
por crianças nesse texto, estavam matriculados no período vespertino. Ao todo, participaram
três turmas do 5º ano e duas turmas de 6º ano, simultaneamente. Em média, havia 25 crianças,
com idade entre 10 e 15 anos, em cada turma.

Considerando que toda a ação foi estruturada a partir do Arco de Maguerez (BORDENAVE;
PEREIRA, 2005; COLOMBO, 2007), a primeira etapa foi observar a realidade daqueles que
participaram da ação. Assim, na primeira visita à escola, para a etapa de observação da
realidade, o diretor da escola compartilhou algumas demandas sobre as quais a intervenção
poderia ser desenvolvida. Dentre elas, foram citadas: a evasão escolar, a alimentação pouco
saudável dos jovens, a falta de perspectiva de vida por parte das crianças e adolescentes
matriculados na escola e o uso precoce de cigarro. Ainda segundo relato do diretor,
recentemente alguns alunos teriam sido vistos fumando no banheiro da escola. Assim, a
demanda mais urgente do momento, conforme enfatizado pela própria direção, era o uso de
tabaco e seus derivados entre as crianças e os adolescentes, principalmente o cigarro,
problema definido para essa ação.

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Nessa etapa, a interação dialógica – uma das diretrizes de extensão (BRASIL, 2018) – foi
fundamental para a construção colaborativa e reflexiva sobre a realidade das crianças. Os
discentes relataram, como essenciais, a primeira visita à escola – para a conversa inicial com o
diretor – e, ao mesmo tempo, a oportunidade de conhecer a estrutura física da escola – para o
planejamento das atividades como, por exemplo, o Teatro Invisível, que precisou de um
espaço maior na frente da sala.

Dinâmica Quebra gelo

No dia da ação, para iniciá-la, foi realizada uma atividade quebra-gelo, na qual as crianças
preencheram papéis com seus nomes, idades, profissão almejada e animal preferido. Foi
solicitado que as crianças guardassem seus papéis para que, em um segundo momento, fosse
realizada a marcação das respostas do Quiz.

Com o intuito semelhante ao da técnica de Apresentação (ANTUNES, 1998), essa atividade


pretendeu que cada criança ampliasse a área de conhecimento acerca das possibilidades de
profissões que os colegas gostariam de seguir quando adultos, constituindo-se uma técnica de
aprofundamento interpessoal. Foram citadas respostas como “médico”, “bombeiro”,
“professora” e outras profissões frequentes naquele contexto social. A atividade também
permitiu que cada participante conhecesse um pouco de cada um, o que, certamente,
aumentou a interação entre eles e criou vínculo também com os discentes que conduziram as
atividades. Ao mencionar, por exemplo, o seu animal preferido, alguns colegas viram que
havia a opção semelhante à de um ou outro colega da mesma classe, o que proporcionou
olhares e risos, demonstrando gostos em comum.

Segundo os discentes, relatores desse texto, essa iniciativa, que se deu por meio do simples
uso dos papéis, auxiliou no estreitamento da comunicação entre eles e as crianças da escola, à
medida que ambos os lados foram identificando interesses em comum. Assim, entendeu-se
que a atividade quebra-gelo foi muito bem recebida pelas crianças. A partir desse momento,
elas se mostraram mais confortáveis em relação à presença dos realizadores da ação, de forma
que se sentiram mais à vontade para compartilhar suas experiências abertamente no decorrer
das atividades. Com isso, os discentes relataram ter compreensão do papel do estabelecimento
de canal de comunicação, bem como do acolhimento, especialmente quando se trata de uma
ação voltada para a temática atenção em saúde.

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Ações extensionistas são importantes na formação do discente na área de saúde
(HENNINGTON, 2005), principalmente quando se percebe que acolher significa mais do que
a definição trazida pelo Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa: “oferecer ou obter refúgio,
proteção ou conforto físico”. Trata-se da oportunidade de se aproximar do outro e dar espaço
para criação de confiança no outro para que haja interação.

Teatro Invisível

O Teatro Invisível, elaborado pelo dramaturgo brasileiro Augusto Boal, é uma das
modalidades do Teatro do Oprimido, criado durante a década de setenta, em um contexto de
repressão e censura instaurado pela ditadura militar no país (BOAL, 1998). Baseia-se no
preparo de uma cena em que apenas os atores sabem a respeito da encenação, uma vez que o
público acredita tratar-se de uma cena da realidade (BOAL, 1998). Tal atuação objetiva
instigar nos espectadores um questionamento acerca dos costumes que foram naturalizados
socialmente, de modo que haja a geração de debates relacionados ao tema abordado (BOAL,
1998; BALESTRERI, 2013).

Nesse contexto, logo após a dinâmica quebra-gelo, para introduzir a temática do tabagismo de
forma que chamasse a atenção das crianças, utilizou-se a técnica do Teatro Invisível, em que
um dos atores encenou um indivíduo com problemas respiratórios (como tosse contínua e
falta de ar). A fim de deixar a cena mais convincente e de obter toda a atenção da plateia, um
segundo ator, também discente, se mostrou surpreso e preocupado com o quadro de
dificuldade para respirar do colega e saiu às pressas da sala em busca de ajuda. Em pouco
mais de um minuto, retornou para a sala, acompanhado de um professor da escola, e logo a
dupla explicou que se tratava apenas de um teatro. Em seguida, às crianças foi explicado que
todo aquele sofrimento encenado na sala era muito comum entre pessoas que tinham o hábito
de fumar. Essa atividade ajudou a introduzir a temática do malefício do tabaco de forma
interessante e atrativa, segundo os discentes. Em seguida, a temática foi apresentada aos
alunos, com a explicação da magnitude dos malefícios do tabaco, a importância da discussão
acerca desse tema.

Quiz

Após o Teatro Invisível, realizou-se outra dinâmica: aplicação de um questionário com


perguntas fechadas (com possibilidades de respostas: “sim" ou “não") sobre o contato e o
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consumo de cigarro, que foi chamado de Quiz. Cada criança foi orientada a registrar,
individualmente, na mesma folha utilizada na dinâmica quebra-gelo, as repostas para as
perguntas enunciadas oralmente pelos realizadores da ação.

Apesar da instrução fornecida às crianças pelos discentes do projeto sobre o sigilo das
respostas (para evitar a exposição tanto do indivíduo quanto dos colegas), grande parte da
turma acabou compartilhando as respostas acerca do envolvimento com o cigarro. Observou-
se que muitas crianças expuseram livremente os próprios hábitos tabagistas, revelando a
naturalidade do assunto para esses escolares, naquele contexto socioambiental.

Também ao final do questionário, no momento da apresentação das imagens dos três


pulmões, houve grande participação da turma, e surgiram falas como: “É esse pulmão que tá
dentro de mim?”; “Que doença é essa?”; “Então se eu continuar fumando vai ficar desse
jeito?”. Essa grande participação das crianças foi interpretada como certa animação.

Os discentes, frente às dúvidas apresentadas pelas crianças, responderam de uma forma


simples e com linguagem acessível à realidade das crianças, isto é, utilizando analogias para
que a comunicação entre eles ficasse muito clara. Como exemplo, fez-se a comparação da
anatomia respiratória inferior a uma árvore invertida, de modo que o tronco principal era
equivalente à traqueia, os galhos principais aos brônquios, os galhos mais finos aos
bronquíolos e as folhas aos alvéolos pulmonares. Utilizando ilustrações e analogias como essa
citada, os discentes explicaram doenças pulmonares, como asma e câncer de pulmão, também
de forma acessível, e esclareceram que essas doenças podem se desenvolver devido ao
tabagismo, atingindo um resultado semelhante ao exposto nas imagens (Figura 1).

Os discentes universitários notaram que os conceitos relacionados à fisiopatologia pulmonar,


aprendidos em sala, foram essenciais nesse momento para fundamentar as respostas que as
crianças procuravam acerca do uso precoce de tabaco e o estado em que o pulmão poderia
ficar. Houve a oportunidade de compreender que conceitos e metodologias oriundos de várias
disciplinas e áreas do conhecimento são necessárias para dar consistência teórica a todo
conhecimento científico que deve ser partilhado com a sociedade, seja ele em forma de
cliente/paciente, em grupo ou individualmente, em consonância com a diretriz que refere a
articulação entre ensino/extensão/pesquisa (BRASIL, 2018).

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Roda de Conversa

Um instrumento que permite a partilha de experiências e o desenvolvimento de reflexões


sobre as práticas desenvolvidas, em um processo mediado pela interação com os pares,
entendido como Roda de Conversa (MOURA; LIMA, 2014) foi utilizado após o Quiz.

Os questionamentos e as reflexões motivaram, então, o início da roda de conversa, em que os


discentes de medicina utilizaram o conhecimento científico partilhado por professores dos
componentes curriculares Semiologia, Fisiologia e Histologia do aparelho respiratório, Saúde
Coletiva III e Método III para esclarecer dúvidas pontuais das crianças sobre o hábito de
fumar.

Despindo-se de preconceitos, os discentes conheceram um pouco mais da realidade daquelas


crianças a fim de conceder credibilidade, respeito e espaço de fala, o que permitiu estabelecer
uma construção conjunta e democrática de saber com todo o grupo. Nessa oportunidade,
observou-se que a maioria das crianças havia tido algum contato com cigarro ou já havia
desenvolvido o hábito de fumar e, ao mesmo tempo, desconhecia ou ignorava todos os
malefícios que essa prática poderia trazer para a saúde. Os discentes ficaram surpresos com a
desenvoltura das crianças, as quais demonstraram grande interesse, curiosidade e certo
conhecimento sobre a temática do tabagismo. Para a formação destes universitários foi uma
oportunidade de compreender melhor a importância e o significado do espaço para a escuta, a
observação e a análise. Foi uma atividade que contribuiu com o aprimoramento das
habilidades de observação e análise, essenciais para o cuidado médico humanizado.

Os discentes, com base nos conhecimentos científicos e a partir das falas ao longo da Roda de
Conversa, finalizaram a atividade, ressaltando os prejuízos que o hábito de fumar traz para a
saúde e enfatizando como isso afeta, negativamente, atividades como jogar bola, correr e, até,
atividades simples como tomar banho (KUMAR et al., 2013). A informação de que o ser
humano perde anos de vida se tiver doenças respiratórias crônicas e o tabagismo é o principal
fator de risco (LEAL et al., 2017) foi escolhida para finalizar a atividade.

No encerramento da ação, as crianças se expressaram de tal forma que os discentes


entenderam que a atividade, como um todo, havia sido importante para que eles conseguissem
compreender melhor a gravidade do hábito de fumar. Ao mesmo tempo, comentaram que
gostaram da oportunidade e da liberdade para perguntar mais sobre o uso de cigarro. Além
disso, muitos afirmaram que, após o exposto, parariam de fumar. Ouvir falas das crianças,
como “Nossa, eu nunca mais quero colocar cigarro na boca” ou “Tô muito arrependido de ter

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fumado” ou “Essa foi a primeira vez que eu consegui conversar sobre isso com alguém, então
aprendi bastante”, foi gratificante para os discentes idealizadores dessa ação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebeu-se que, por intermédio das atividades que partilharam conhecimento científico em
linguagem acessível e promoveram a construção colaborativa de conhecimento, houve grande
adesão das crianças. Ao abordar asma e enfisema, ao mostrar imagens comparativas de
pulmão saudável e de pulmão extremamente patológico e ao encenar um indivíduo com
dificuldade para respirar, foi possível aprimorar a habilidade de comunicação em situações de
compartilhamento de informações importantes para a saúde, tanto por parte da criança quanto
do discente, que, ao ensinar, também aprende.

Sabendo que a função do professor é contribuir e orientar o estudante a descobrir, aprender a


aprender, com base em experiências, reflexões e informações úteis, observou-se que o
planejamento e a execução da ação extensionista viabilizaram um cenário para que algumas
habilidades, em especial a de comunicação, fossem incorporadas ao processo ensino-
aprendizagem.

Contudo, diante do desafio de ensinar e daquela realidade social tão complexa, e tão comum,
seria interessante o desenvolvimento de uma ação contínua (com mais dias de atividades) e
ampla (envolvendo não apenas os alunos, mas também pais, professores e comunidade).

Apesar de ter sido realizada em um único encontro, pode-se concluir que a ação relatada, além
de, provavelmente, ter colaborado para promoção de saúde nessa escola, proporcionou o
enriquecimento da formação dos discentes envolvidos na execução da ação por meio da
expansão do universo de aprendizagem para além do espaço acadêmico.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem às professoras Fernanda Nogueira Campos Rizzi e Andreia Sousa de


Jesus; aos graduandos Camila Facure Gouvêa e Denner Custódio Gomes pela colaboração no
planejamento e execução da ação; e aos gestores, dos campos da saúde e da educação,
envolvidos na viabilidade do desenvolvimento das atividades.

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Submetido em 14 de fevereiro de 2020.


Aprovado em 2 de abril de 2020.

Em Extensão, Uberlândia, v. 19, n. 1, p. 156-171, jan.-jun. 2020. 171

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