GSS A1
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15/02/2023 08:02 Gestão em serviços de saúde
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Introdução
Vamos começar essa unidade de Gestão em Saú de, nela iremos abordar diferentes sistemas de saú de, suas
origens, pontos fortes e fracos.
Para compreender como funcionam diferentes sistemas de saú de, primeiro precisamos compreender a
importância da gestão saú de para a sociedade e questionar: o que diferencia as organizaçõ es de prestação de
serviços de saú de das demais? Que características essas organizaçõ es apresentam que necessitam ser estudadas
de forma particular? Para trabalhar essas questõ es os primeiros tó picos dessa unidade tratam da importância da
gestão em saú de e das caraterísticas específicas de organizaçõ es de serviços de saú de (divididas em hospitais e
outras organizaçõ es de saú de).
Apó s discutirmos esses temas, passamos para os sistemas de saú de em si. Algumas questõ es que podemos
levantar quando a esse tema são: como se foram desenvolvidos os sistemas de saú de em diferentes países?
Como isso influenciou sua situação atual? Iremos discutir o sistema de saú de brasileiro na esfera pú blica e
privada, também os sistemas da Argentina e Inglaterra. Abordamos as origens desses sistemas e, de forma
resumida, o caminho que percorreram até as características atuais e seus pontos fortes e fracos.
Bons estudos!
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#PraCegoVer: mão com dedo apontado para um símbolo da área de saú de, em formato de cruz.
Na questão de custos, a consciência de custo implica em uma maior preocupação com o uso desnecessário de
serviços, mas os gestores devem estar igualmente preocupados com problemas relacionados à subutilização de
serviços (por exemplo, quantas pessoas que poderiam se beneficiar de uma cirurgia, mas não a receberam). Um
nível maior de gastos deixou de ser condição suficiente para melhoria da qualidade do serviço, além de não
resolver o problema de inequidade no acesso aos serviços.
Em países mais pobres e até nos desenvolvidos, ainda é um desafio levar os serviços de saú de com qualidade
aceitável para toda a população e encontrar meios de financiar esses serviços, que, principalmente na esfera
pú blica, concorre por recursos com outras áreas (PIOLA, et al., 2013). Evidências mostram que existem muitos
determinantes sociais da saú de e as políticas sociais têm efeitos na saú de das populaçõ es (DANIELS, 2001). O
acesso à saú de é complexo, as barreiras ao acesso são mú ltiplas e a existência de planos de saú de atenua, mas
não elimina os problemas de acesso. Intervençõ es eficazes para melhorar o acesso à saú de entre os pobres
podem precisar abordar questõ es de transporte, assistência infantil e financeira, além de alterar as percepçõ es
dos indivíduos que os levam a buscar ou evitar cuidados de saú de (AHMED et al., 2001).
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VOCÊ O CONHECE?
A professora Ana Maria Malick é Mé dica pela Faculdade de Medicina da USP, Mestre
em Administraçã o de Empresas e Doutora pela USP, professora titular da Escola de
Administraçã o de Empresas de Sã o Paulo da Fundaçã o Getú lio Vargas. Ela á uma das
autoras mais reconhecidas na á rea de gestã o em saú de, sendo seus trabalhos muito
reconhecidos na á rea.
Tratando de qualidade, a saú de fez grandes avanços no ú ltimo século, o que aumentou consideravelmente as
expectativas dos pacientes e familiares. Mas com destacado por Mcglynn (1997), muitos aspectos da qualidade
técnica do atendimento não podem ser avaliados pelos pacientes. Por exemplo, há planos de saú de e médicos
que ofereçam um alto nível de qualidade técnica, mas que não são bem avaliados pelos pacientes em termos de
humanidade, capacidade de resposta ou satisfação.
Portanto, cabe aos gestores definir os requisitos de qualidade a serem seguidos, o modo como essa qualidade
será mensurada, e também encontrar meios para lidar com esses desafios e tornar a saú de de qualidade
acessível para o maior nú mero possível de pessoas.
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Nas organizaçõ es de saú de, os resultados e desempenhos são determinados por um conjunto heterogêneo de
atores e de suas interaçõ es, e não como resultado do design intencional do sistema ou por uma função central de
comando e controle. Este é particularmente o caso no contexto da assistência médica, em que uma infinidade de
profissionais, seguradoras, empresas, agências governamentais e consumidores interagem para fornecer
produtos e serviços de saú de (BASOLE; BODNER; ROUSE, 2013).
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Desta forma, não surpreende que sejam comuns deficiências de custo e qualidade no setor da saú de. Além disso,
mudanças substanciais nos cuidados de saú de são difíceis de implementar e avaliar, já que dependem de um
conjunto de profissionais e a atuação entre eles. As inovaçõ es na área, tem o se sucesso ou fracasso, com base
nas reaçõ es e interaçõ es desse conjunto diversificado de agentes que atuam no setor e dentro das organizaçõ es.
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Figura 2 - Ilustração de alguns setores de um hospital: sala de atendimento, internação, sala de exames, sala de
espera e recepção
Fonte: elenab, Mediapool, 2020.
#PraCegoVer: uma ilustração mostra diversos setores do hospital onde acontecem diferentes atividades como a
recepção, sala de espera, salas de exame, espaços de internação e consultó rio.
O profissional tende a se identificar mais com a sua profissão que com a organização para a qual trabalha. O
profissional garante o seu poder na organização, não apenas pelo controle sobre o seu pró prio trabalho, mas
procura controlar as decisõ es de carácter administrativo que lhes dizem respeito (MONTEIRO, 1999).
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CASO
Os hospitais sofrem muitos questionamentos quanto ao seu modelo produtivo e tem
sido frequentemente gerenciado por profissionais de outras á reas, sem
conhecimentos sólidos em administraçã o. Nesse contexto surge a necessidade de
conhecer o consumo de recursos dentro do processo de prestaçã o de serviços,
acompanhamento e controle para tomada de decisã o adequada.
Nesse contexto foi realizada uma pesquisa em um hospital de Florianópolis - SC para
levantar as dificuldades de implantaçã o de um sistema de custos. As informações
levantadas culminaram na identificaçã o de oito fatores que mais dificultam o
processo de implantaçã o de um sistema de custos na á rea hospitalar, a saber: (1)
falta de escopo do projeto, (2) falta de participaçã o da direçã o, (3) utilizaçã o de
consultores, (4) resistê ncia cultural, (5) falta de conhecimento para usar as
informações, (6) divisã o funcional arraigada e sem visã o de processo, (7) necessidade
de uso de um software e (8) necessidade de treinamento.
A autora concluiu que para lidar com essas dificuldades é preciso interesse da
organizaçã o e levar em conta as barreiras que esse processo irá encontrar (ROCHA,
2004).
É nesse contexto que, à medida que as regras mudam (novas ferramentas de recompensa, diferenciação de
carreiras profissionais e administrativas, entre outros) e a turbulência ambiental aumenta (pressão dos
cidadãos, necessidade de contenção de custos, qualidade, medicina baseada em evidências etc.), pressõ es
principalmente financeira, de expectativas e de especialização, fazem com que os hospitais sintam cada vez
mais a necessidade de reconfigurar seu design interno (LEGA; DE PIETRO, 2005).
Na área financeira os hospitais são responsáveis por uma parte considerável dos gastos da população e
precisam ser mais eficientes para justificar esses gastos. Principalmente porque eles foram afetados por cortes
nos orçamentos, principalmente os hospitais que precisam de financiamento pú blico, mas ao mesmo tempo
precisam atender as necessidades de seus pacientes (LEGA; DE PIETRO, 2005).
As expectativas do pú blico em relação à assistência médica, a necessidade de prestação de contas e a
padronização da prática clínica são exigidas por ambos os consumidores e ó rgãos reguladores profissionais. A
combinação desses esforços tem sido denominada “governança clínica”, pois requer um hospital para integrar
controle financeiro, desempenho do serviço e qualidade clínica.
A especialização é um processo contínuo das ciências médicas, os hospitais requerem treinamento contínuo
para médicos e enfermeiros para garantir que eles possam responder rapidamente às mudanças no ambiente.
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No Brasil, a saú de é uma das áreas que sofre maior interferência e regulação do governo. Grande parte dos
hospitais brasileiros está, em maior ou menor nível, envolvido com o Sistema Ú nico de Saú de (SUS). As Santas
Casas, por exemplo, são instituiçõ es privadas, mas que atendem principalmente pacientes cobertos pelo SUS.
Determinados serviços são executados exclusivamente pelo SUS, como é o caso dos transplantes, por exemplo,
em que a fila é ú nica e é controlada pelo SUS (SALU, 2013).
Antes da criação do Sistema Ú nico de Saú de (SUS), o Ministério da Saú de (MS), com o apoio dos estados e
municípios, atuava de forma bastante limitada na vida da população brasileira as açõ es de promoção da saú de e
prevenção, como as campanhas de vacinação (MINISTÉ RIO DA SAÚ DE, 2002).
Inicialmente a assistência à saú de era feita por meio do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que
posteriormente passou a ser chamado de Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS).
O INAMPS prestava assistência a seus associados, aqueles que faziam parte da economia formal, e seus
dependentes. Quanto mais desenvolvida a economia de uma região, com maior presença de trabalho formais e,
consequentemente, maior o nú mero de beneficiários do INAMPS (MINISTÉ RIO DA SAÚ DE, 2002).
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Assim, nesse período pré-SUS os cidadãos estavam divididos em três categorias quanto à assistência à saú de: a)
aqueles que podiam pagar pelos serviços, b) aqueles que tinham direito a assistência prestada pelo INAMPS, e c)
aqueles que não tinham nenhum direito (MINISTÉ RIO DA SAÚ DE, 2002).
Depois de diversas mudanças, no final dos anos 80, o INAMPS adotou uma série de medidas que o aproximaram
mais de uma cobertura universal, que foi o início da caminhada para a assistência universal que temos hoje.
Em 1988, a Constituição Federal, no art. 196, determinou que “a saú de é direito de todos e dever do Estado(...)” e,
no art. 198, que: “o sistema ú nico de saú de será financiado com recursos do orçamento da seguridade social, da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes”. Aqui foi implantada a
universalidade do acesso aos serviços de saú de, o que foi um grande passo no acesso à população a esses
serviços, pois principalmente os trabalhadores informais e / ou população de baixa renda, ficava praticamente
excluída no sistema anterior. Em termos de responsabilidade, caberia ao governo prover saú de integral e gratuita
para toda a população (SALU, 2013).
A Lei nº 8.080 instituiu o SUS, com comando ú nico em cada esfera de governo e definiu o Ministério da Saú de
como gestor no âmbito da União (PIOLA et al., 2013). Com o estabelecimento do SUS, foi implantado o acesso
universal a saú de, ao menos em termos de legislação (SILVA, 2011). Destaca-se que as mudanças estabelecidas
pela legislação não resolveram, em termos práticos, as limitaçõ es de acesso aos serviços de saú de. Como o SUS
utilizava a estrutura já existente do INAMPS, os recursos disponíveis não eram suficientes para atender
necessidades de toda a população (PIOLA et al., 2013).
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Considera a saú de como um direito de todos e cabe ao Estado assegurar este direito. O
Universali
acesso deve ser garantido, independentemente de sexo, raça, religião, ocupação ou
zação
outras características pessoais ou sociais.
Equidade O objetivo desse princípio é diminuir desigualdades, ou seja, investir mais onde a
carência pelos serviços é maior.
Integralid Pressupõ e a articulação da saú de com outras políticas pú blicas que tenham
ade repercussão na saú de e na qualidade de vida dos indivíduos.
O SUS é um dos maiores sistemas pú blicos de saú de do mundo e, nos anos 2000, o ú nico a fornecer assistência
integral e gratuita para toda a população, inclusive aos pacientes portadores do HIV, pacientes renais crô nicos e
pacientes com câncer (MINISTÉ RIO DA SAÚ DE, 2002).
Com a Constituição de 1988 o registro no mercado formal de trabalho não servia mais para discriminar o acesso
aos serviços pú blicos de saú de (TREVISAN; JUNQUEIRA, 2007). Além disso, a busca pela descentralização dos
serviços de saú de prestados pelo SUS, seguindo a determinação da Constituição de 1988, foca na transferência
de poder, responsabilidades e recursos da União e dos estados para os municípios (PIOLA et al., 2013). Contudo,
a União mantém o controle do repasse de recursos (TREVISAN; JUNQUEIRA, 2007) e essas transferências, em
boa parte, são condicionadas ou vinculadas à açõ es e programas específicos (MACHADO; LIMA; BAPTISTA,
2011).
Em termos de área de atuação, o SUS também trata de outras questõ es como a Vigilância Sanitária, de
responsabilidade da ANVISA, a saú de das populaçõ es indígenas e regulação da saú de suplementar à saú de que é
responsabilidade da Agência Nacional de Saú de Suplementar (ANS) (MINISTÉ RIO DA SAÚ DE, 2002).
Nos anos 90, os municípios passaram a receber mais responsabilidades no sistema de saú de, já nos anos 2000 a
esfera estadual também ganhou destaque por meio da Norma Operacional Básica do SUS (NOB-96) e da Norma
Operacional de Assistência à Saú de (NOAS) (UGÁ ; SANTOS, 2006).
De acordo com Machado; Lima e Baptista (2011), em termos de divisão das funçõ es de gestão podemos
identificar quatro grandes funçõ es na gestão da saú de pú blica no Brasil: a) formulação de
políticas/planejamento; b) financiamento; c) regulação, coordenação, controle e avaliação (do sistema e dos
prestadores); d) prestação direta de serviços de saú de.
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#PraCegoVer: uma mulher trabalha em planilha no computador e segura um lápis para fazer anotaçõ es,
representando a realização de atividades de regulação, coordenação, controle e avaliação, referentes ao sistema e
dos prestadores de serviços.
Já o financiamento do SUS é uma responsabilidade comum dos três níveis de Governo (MINISTÉ RIO DA SAÚ DE,
2002). Além das transferências do Fundo Nacional de Saú de, os fundos estaduais e municipais recebem aportes
de seus pró prios orçamentos. Alguns estados promovem repasses de recursos pró prios para os fundos
municipais de saú de, de acordo com regras definidas no âmbito estadual (MINISTÉ RIO DA SAÚ DE, 2002).
Contudo é sabido que não há recursos suficientes para prover a saú de no modo como especifica o SUS, os
recursos arrecadados não são aplicados adequadamente e a abrangência e qualidade dos serviços de saú de são
muito inferiores ao esperado (SALU, 2013). Ainda há gastos que dizem respeito à justiça tributária e não são
contabilizados no gasto total com saú de. São conhecidos como subsídios ou renú ncia fiscal, isençõ es e
abatimentos. (PIOLA et al., 2013).
Outra característica importante do financiamento do SUS é o foco na descentralização das origens dos recursos,
entre os anos 90 e 2000 foram ampliadas as responsabilidades de estados municípios nessa questão (UGÁ ;
SANTOS, 2006).
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No Brasil o sistema de saú de é pluralista tanto em termos institucionais quanto no que diz respeito a fontes de
financiamento e a modalidades de atenção à saú de. Essa pluralidade se expressa em quatro vias básicas de
acesso da população aos serviços de saú de.
A saú de suplementar é regulada pela Agência Nacional de Saú de Suplementar (ANS) (MINISTÉ RIO DA SAÚ DE,
2020b). Esses serviços podem ser utilizados por qualquer indivíduo, dependendo da disponibilidade do serviço
de saú de ou de sua capacidade de pagamento.
Uma questão que merece destaque é que o desembolso direto é mais difundido nos países mais pobres, o que
aumenta ainda mais a inequidade e exclusão dos mais pobres no acesso aos serviços de saú de.
O setor de saú de suplementar, muitas vezes, atua oferecendo complementação, em função de coberturas
incompletas do serviço pú blico, como taxas adicionais de consulta, serviços especializados não cobertos e
outros casos (SCHULTZ, 2010). O setor privado brasileiro é bem dinâmico e inclui prestadores privados ao SUS,
planos e seguros de saú de, ao qual estão vinculados cerca de 50 milhõ es de pessoas, que também utiliza o SUS
(MACHADO, 2018).
O caso brasileiro mostra que há espaço para a oferta de forma privada dos serviços que a população precisa,
mas não são oferecidos pelo sistema pú blico, e como nenhum sistema de saú de é capaz de oferecer todo e
qualquer procedimento, essa mistura de pú blico-privado é inerente em todos os sistemas de saú de (PIOLA et al.,
2013). Depois dos anos 60 foram incrementados os incentivos governamentais à contratação de prestadores
privados (MACHADO, 2018), mas isso também gera crítica, pois os subsídios para contratação de planos de
saú de, via renú ncia de arrecadação fiscal, poderiam ser destinados ao SUS para prover assistência médica aos
segmentos mais vulneráveis da população (SCHULTZ, 2010).
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Na década de 90 houve avanços com o Có digo de Defesa do Consumidor, e em 1998 a Lei n. 9.656, de 3 de junho
de 1998, definiu as regras específicas do setor, em 1999 a ANS passou a estabelecer de forma mais detalhada a
regulamentação para o setor.
No Brasil os planos podem ser contratados pela pessoa física e familiares, ou por uma empresa a qual o
indivíduo esteja vinculado. O plano deve garantir o direito a atendimento em nível ambulatorial, exames
complementares, procedimentos cirú rgicos, tratamentos de alto custo e outros necessários para o atendimento.
Em 2018 existiam por volta de 47 milhõ es de beneficiários de planos de saú de e aproximadamente 24 milhõ es
de beneficiários de planos odontoló gicos. (SCHEIDWEILER, 2019).
#PraCegoVer: a mão de uma pessoa assinando documentos em papel, representando os contratos realizados
entre as companhias que oferecem planos de saú de e os sujeitos que os contratam.
Um plano de saú de pode ser adquirido de forma individual ou coletiva, o pagamento acontece através de uma
quantia mensal fixa, independente do uso que se faz dos serviços de saú de credenciados. Boa parte da população
economicamente ativa e com trabalho formal, utiliza os serviços oferecidos pela saú de suplementar. Tanto que
muitas decisõ es governamentais promovem incentivos diretos e indiretos para o desenvolvimento do mercado
privado de saú de, tanto na prestação de serviços quanto na gestão privada da assistência, paralela à ampliação
da cobertura pú blica (PIOLA et al., 2013).
Os planos de saú de também enfrentam desafios em sua gestão, como gerir os riscos relacionados a pacientes
com diferentes níveis de necessidade de serviços de saú de. Pois as operadoras precisam seguir a legislação que
limita as restriçõ es de serviços e reajustes, como a Lei 9.656 de 3 de junho de 1998 (KANAMURA, VIANA, 2007).
Em contrapartida, as operadoras desenvolvem uma seleção adversa por meio da qual empresas de assistência à
saú de selecionam indivíduos que não interessam na carteira, por apresentarem patologias ou pela idade, devido
ao custo assistencial demandado nestes grupos. Tentando se proteger, e garantir o lucro, as empresas investem
na criação de setores de gestão risco, visando criar barreiras à adesão de indivíduos doentes ou idosos
(SCHULTZ, 2010).
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VOCÊ SABIA?
A NHS tem um site voltado para os usuá rios do sistema de saú de britâ nico. Ele
apresenta dados como localizaçã o de hospitais, dentistas, clínicas e outros serviços
de saú de e disponibiliza aplicativos para ajudar os usuá rios a gerenciar e
melhorar sua saú de, informações sobre medicamentos. També m apresenta
indicadores de saú de e outras informações sobre o funcionamento do sistema.
Conheça mais em: https://www.nhs.uk/ (https://www.nhs.uk/).
Quanto a execução dos serviços em si, o acesso começa com o registro dos usuários em uma unidade básica de
saú de na qual um grupo de médicos clínicos gerais trabalham em conjunto, de maneira associada ou contratada.
Essas clínicas funcionam como sistema de filtragem e são responsáveis por uma lista de pessoas cadastradas na
unidade básica de saú de, geralmente por referência geográfica (DE OLIVEIRA TOSO; FILIPPON; GIOVANELLA,
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2016). Esse nível de atendimento inclui serviços como consultas médicas, exames, contraceptivos,
procedimentos cirú rgicos simples e imunizaçõ es. Ainda, existem unidades que atendem situaçõ es específicas:
usuários de drogas, saú de mental ou grupos vulneráveis (DE OLIVEIRA TOSO; FILIPPON; GIOVANELLA, 2016).
Outras inovaçõ es foram introduzidas no sistema são os NHS Walk-in Centers e o NHS Direct. Adicionalmente a
essa ampliação na atenção primária, foi determinado o nível de Atenção Secundária, que abrange atendimento
ambulatorial especializado e procedimentos de alta complexidade realizados em hospitais (TANAKA; OLIVEIRA,
2007).
Em termos de financiamento, a maior parte do financiamento do sistema de saú de britânico advém do setor
pú blico, principalmente de impostos gerais, com uma pequena contribuição do sistema de Seguridade Social.
Portanto, o sistema pú blico inglês conta com fontes de financiamento semelhante às do SUS (TANAKA;
OLIVEIRA, 2007).
O ú nico gasto dos cidadãos britânicos no sistema pú blico de saú de se refere ao pagamento por prescrição
medicamentosa ambulatorial. O repasse dos recursos para os diferentes municípios se dá por um critério per
capita, com base de captação ponderada, ou seja, é ajustado a fatores demográficos e epidemioló gicos, como
idade, saú de e localização da população (TANAKA; OLIVEIRA, 2007).
Nessa questão a NHS difere bastante do SUS, no qual os recursos financeiros têm sido realocados visando a
atenção primária, mas a maior parte dos esforços ainda ficam nos serviços de média e alta complexidade
(TANAKA; OLIVEIRA, 2007)
Outro aspecto importante, em se tratando de financiamento em saú de, é a crescente participação do setor
privado em ambos os sistemas. A Inglaterra com economia abalada pela crise europeia de 2009 levou o governo
a estabelecer políticas de cortes no NHS, estimando reduzir os gastos em saú de em 20 bilhõ es de libras entre
2010 e 2015. Mas os gastos pú blicos do país permanecem superiores a 80% e a cobertura de serviços da
população não foi afetada mesmo com a crise, mostrando que o sistema foi capaz de manter o seu caráter
universal (NICOLETTI; DE MATTOS FARIA, 2017).
Desde sua criação o NHS buscou o fortalecimento da atenção básica para garantir que todos recebam cuidados
primários básicos, incluindo imunizaçõ es de rotina, antes que os recursos sejam gastos em transplantes
cardíacos ou em outros serviços com custos muito altos e que trazem pequenos benefícios a poucas pessoas
(ENTHOVEN, 1991). Diferente do SUS, no qual as políticas para melhorar efetivamente a atenção básica foram
publicadas tardiamente (NICOLETTI; DE MATTOS FARIA, 2017).
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Entre os anos 90 e 2000 foram realizadas mais mudanças, mas muitas províncias persistiam com
subfinanciamento e dificuldades no acesso aos serviços (MACHADO, 2018).
O sistema de saú de da Argentina é atualmente composto por três setores integrados entre si e fragmentados no
interior: setor pú blico, setor social seguro obrigató rio (Obras Sociais) e setor privado.
•
Setor público
O setor pú blico está integrado pelas estruturas administrativas provinciais e nacionais de nível
ministerial, e os hospitais e centros de saú de pú blicos que oferecem serviços gratuitos a toda a
pessoa que procura, em geral pessoas com segurança social e com capacidade de pagamento (BELLÓ ;
BECERRIL-MONTEKIO, 2011). O setor pú blico se financia com recursos fiscais. A administração
central e os organismos provinciais descentralizados se financiam fundamentalmente com recursos
do pressuposto nacional (BELLÓ ; BECERRIL-MONTEKIO, 2011).
O setor de seguro social obrigató rio se organiza no torno das Obras Sociais que cobrem os
trabalhadores assalariados e suas famílias apó s dois anos de atividade. Além disso, cada uma das
províncias cuida de um sistema operacional que cubra os locais pú blicos de jurisdição. O
financiamento das Obras Sociais nacional provém do pagamento de 8% do salário dos trabalhadores
ativos; 3% para o trabalhador e 5% para o patrão. O OS das províncias se financia da mesma forma,
com contribuiçõ es dos administradores governamentais e contribuiçõ es dos governos provinciais na
qualidade dos implementadores. Uma parte das contribuiçõ es para o OS financiado pelo Fundo
Solidário de Redistribuição, que se destina a aumentar a equidade na distribuição dos recursos entre
as entidades (BELLÓ ; BECERRIL-MONTEKIO, 2011).
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Setor privado
Conclusão
Concluímos essa unidade na qual abordamos a importância da gestão de saú de e algumas especificidades da
gestão em saú de. Também discutimos o funcionamento do sistema de saú de brasileiro (pú blico e privado) e
como funcionam os sistemas de saú de britânico e argentino.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
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15/02/2023 08:02 Gestão em serviços de saúde
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