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Joana Catarina da Silva Sousa

Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

Universidade Fernando Pessoa


Faculdade de Ciências da Saúde

Porto, 2017
Joana Catarina da Silva Sousa

Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

Universidade Fernando Pessoa


Faculdade de Ciências da Saúde

Porto, 2017
Joana Catarina da Silva Sousa

Inaloterapia: eficácia dos Ensinos realizados por Enfermeiros

_______________________________________________
Joana Catarina da Silva Sousa

Projeto de Graduação apresentado à


Universidade Fernando Pessoa como
parte dos requisitos para obtenção do
grau de licenciado em enfermagem.
RESUMO

Em Portugal a mortalidade por doenças respiratórias constitui a terceira principal causa


de morte, seguindo-se as doenças cardiovasculares e doença oncológica. A mortalidade
por doenças respiratórias afeta na sua maioria indivíduos do sexo masculino com idade
superior aos sessenta e cinco anos. A patologia respiratória é ainda, a quinta principal
causa de internamentos hospitalares e a primeira causa de morte a nível hospitalar.

Em conjunto com o diagnóstico das patologias respiratórias, na sua maioria Doença


Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), existe um tratamento caracterizado pela
prescrição de inaloterapia. A inaloterapia demonstra-se eficaz no tratamento de patologias
respiratórias uma vez que, tem uma ação rápida e uma atuação no local da origem do
problema, os pulmões.

Para a equipa de enfermagem o desafio é o ensino relativamente à inaloterapia, o qual


deve ser realizado com informações claras e precisas aos doentes, família ou cuidadores.
No entanto, existem particularidades que afetam a eficácia desse ensino tais como, a
capacidade do doente em compreender o ensino bem como, a capacidade do doente em
realizar a técnica inalatória.

O presente estudo insere-se no âmbito do plano curricular do 4ºano da Licenciatura em


Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa, e o tema abordado foi “Inaloterapia:
eficácia dos ensinos realizados por enfermeiros”.

A metodologia científica utilizada para a realização da presente investigação foi de


carácter exploratório descritivo servindo-se de uma abordagem qualitativa. O instrumento
de colheita de dados foi a entrevista semiestruturada aplicada a uma amostra de nove
enfermeiros que exercem a sua profissão num serviço de medicina de um hospital central
do grande Porto.

Com esta investigação pretende-se perceber a eficácia dos ensinos sobre inaloterapia
realizados por enfermeiros a doentes, e/ou cuidadores que necessitam desta técnica para
tratar a patologia respiratória de que sofrem.
De acordo com os resultados obtidos considerou-se que segundo os participantes nesta
investigação, a eficácia do ensino sobre inaloterapia pode depender da capacidade do
doente em compreendê-lo e da sua capacidade em realizar o ensino de modo apropriado.

Conclui-se que os enfermeiros devem estar atentos às dificuldades do doente aquando do


ensino para que este possa ser corrigido e aperfeiçoado, desta forma, pode-se estabelecer
uma melhor eficácia para benefício do doente.

Palavras-chave: Inaloterapia; Dispositivos Inalatórios; Enfermeiros; Ensinos de


Enfermagem; Doenças Respiratórias; DPOC.
SUMMARY

In Portugal, mortality due to respiratory diseases is the third leading cause of death,
followed by cardiovascular diseases and oncological disease. Mortality from respiratory
diseases affects mostly male individuals over the age of sixty-five. Respiratory pathology
is still the fifth leading cause of hospital admissions and the leading cause of death at the
hospital level.

In conjunction with the diagnosis of respiratory pathologies, mostly Chronic Obstructive


Pulmonary Disease (COPD), there is a treatment characterized by the prescription of
inhaler therapy. Inhaled therapy proves effective in treating respiratory conditions since
it has a rapid action and an action at the site of the origin of the problem, the lungs.

For the nursing team the challenge is the teaching regarding inhaler therapy, which should
be carried out with clear and accurate information to patients, family or caregivers.
However, there are particularities that affect the effectiveness of such teaching such as
the patient's ability to understand teaching as well as the patient's ability to perform the
inhalation technique.

The present study is part of the curriculum plan of the 4th year of Nursing Degree at the
Fernando Pessoa University, and the theme was "Inhalation: effectiveness of teaching by
nurses".

The scientific methodology used to carry out the present research was descriptive
exploratory in nature, using a qualitative approach. The data collection instrument was
the semi-structured interview applied to a sample of nine nurses practicing in a medical
service of a central hospital in Greater Porto.

This research intends to understand the effectiveness of inhalation teaching performed by


nurses to patients, and / or caregivers who need this technique to treat the respiratory
pathology they suffer from.
According to the results obtained, it was considered that, according to the participants in
this investigation, the effectiveness of inhalotherapy teaching may depend on the patient's
ability to understand it and on their ability to carry out teaching in an appropriate way.

It is concluded that nurses should be aware of the difficulties of the patient during the
education so that it can be corrected and improved, in this way, a better efficacy can be
established for the benefit of the patient.

Keywords: Inhaler therapy; Inhalation Devices; Nurses; Nursing Teaching; Respiratory


Pathologies; COPD.

DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais e
irmão por todos os momentos de luta
em que sempre me apoiaram.

Obrigada por TUDO!


Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

AGRADECIMENTOS

E assim termina uma das fases mais especiais e importantes da minha vida, fase pela
qual lutei e dei o meu melhor para que ultrapassasse cada etapa com sucesso. Não
poderia deixar de agradecer a todas as pessoas que participaram nesta minha caminhada
e que de uma forma ou de outra me deram o apoio que sempre precisei.

Aos meus pais e irmão, pois sem eles nada disto seria possível e sem as suas palavras de
apoio e conforto não conseguiria chegar até aqui. Obrigada por serem as pessoas mais
importantes da minha vida!

À professora Amélia José, orientadora do presente projeto, o meu sincero Obrigada por
todo o apoio, auxílio e compreensão em todas as minhas dúvidas e dificuldades.
Obrigada por acreditar que era possível!

Aos meus amigos que como eu terminam esta caminhada e a eles lhes desejo o maior
sucesso do mundo! Obrigada a todos vocês por todas as alegrias nesta vida académica…

E por último mas não menos importante, o meu sincero Obrigada a todos os professores
e enfermeiros que fizeram parte da minha formação académica e ajudaram a construir
em mim uma profissional com conhecimentos e experiências sem igual.

Em especial o meu sincero Obrigada aos enfermeiros que me acompanharam neste


presente ano letivo e me ajudaram a desenvolver capacidades, habilidades e
experiências, ao Enfermeiro Francisco Santos, à Enfermeira Cláudia Maio, à Enfermeira
Lucinda Pacheco, à Enfermeira Isabel Gomes e à Enfermeira Ana Barros.

Estou-vos grata por TUDO!


O meu sincero Obrigada!
PENSAMENTO
Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

“Tenho em mim todos os sonhos do mundo.”


Fernando Pessoa
Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

DGS – Direção-Geral da Saúde

pMDIs - Pressurized Metered-Dose Inhalers (em português, Inaladores Pressurizados


Doseáveis)

DPI – Dry Power Inhaler (em português, Inaladores de Pó Seco)

DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica

OMS – Organização Mundial de Saúde


Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

ÍNDICE

0. INTRODUÇÃO _____________________________________________________ 16

I. FASE CONCEPTUAL ________________________________________________ 18

i. JUSTIFICAÇÃO DO TEMA: ________________________________________ 19

1.1 PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO: ____________________________________ 20

1.1.1 QUESTÕES ORIENTADORAS: __________________________________ 20

1.2 OBJETIVO GERAL: ______________________________________________ 20

1.2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: _____________________________________ 20

1.3 ENQUADRAMENTO TEÓRICO: _____________________________________ 21

i. AS COMPETÊNCIAS DO ENFERMEIRO: _______________________________ 21

ii. OS ENSINOS DE ENFERMAGEM E A EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE: ___________ 22

iii. CAPACIDADE COGNITIVA COMPROMETIDA: ________________________ 23

iv. O DOENTE COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA: ____________ 24

v. A INALOTERAPIA: ______________________________________________ 28

II. FASE METODOLÓGICA ____________________________________________ 38

2.1 DESENHO DE INVESTIGAÇÃO: _____________________________________ 38


Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

i. O MEIO ______________________________________________________ 38

ii. TIPO DE ESTUDO _______________________________________________ 39

iii. POPULAÇÃO E AMOSTRA _______________________________________ 39

iv. PROCESSO DE AMOSTRAGEM _____________________________________ 40

v. VARIÁVEIS ___________________________________________________ 41

vi. INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS _____________________________ 42

vii. TRATAMENTO E APRESENTAÇÃO DOS DADOS _______________________ 43

viii. PRINCÍPIOS ÉTICOS ___________________________________________ 43

III. FASE EMPÍRICA__________________________________________________ 46

3.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS: _____________________________________ 46

3.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: ____________________________________ 56

CONCLUSÃO _________________________________________________________ 60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ___________________________________________ 62

ANEXOS _____________________________________________________________ 65

ANEXO I – GUIA ORIENTADOR DA ENTREVISTA ____________________________ 66

ANEXO II – CONSENTIMENTO INFORMADO ________________________________ 69


Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

ANEXO III – TESTE DE COGNIÇÃO MINI-COG ______________________________ 71

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Características da amostra _____________________________________ 41

Quadro 2 - Categorias e Subcategorias das unidades de registo _________________ 46

Quadro 3 - Unidades de registo para a Categoria: Défice na Gestão do Regime


Terapêutico __________________________________________________________ 47

Quadro 4 - Unidades de Registo para a Categoria: Cuidador Principal ____________ 48

Quadro 5 - Unidades de Registo para a Categoria: Preparação para a Alta _________ 50

Quadro 6 - Unidades de Registo para a Categoria: Apoio para a Realização do Ensino 51

Quadro 7 - Unidades de Registo da categoria: Avaliação da Eficácia _____________ 53

Quadro 8 - Unidades de Registo para a Categoria: Necessidade de informação


complementar ________________________________________________________ 55
Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

0. INTRODUÇÃO

O presente projeto de investigação insere-se no âmbito da Unidade Curricular de Projeto


de Graduação e Investigação do 4ºano da Licenciatura de Enfermagem da Universidade
Fernando Pessoa.

O projeto de investigação é parte integrante da conclusão da licenciatura e tem como


principal finalidade ser objeto de avaliação, e também, contribuir para o crescimento
pessoal e profissional da aluna, alargando experiências e conhecimentos.

A investigação científica tem por base um processo de colheita de dados observados ou


já verificados no mundo do conhecimento, com o objetivo de adquirir novos
conhecimentos com esta prática. Trata-se de um processo que visa o fortalecimento de
conhecimentos anteriormente adquiridos e a consolidação de novos, auxiliando no futuro
na vida do indivíduo.

O incumprimento terapêutico no que concerne às patologias respiratórias é um problema


que preocupa os profissionais de saúde. A não adesão à terapêutica, na maioria das vezes,
por má técnica e manuseamento dos dispositivos inalatórios leva a que exista exacerbação
da patologia e consequentemente, a internamentos hospitalares sucessivos.

Estima-se que entre trinta a cinquenta por cento dos doentes, “independentemente da
doença, do tratamento e do prognóstico, não aderem ao regime terapêutico.” (Cordeiro
& Mateus, 2012) Sendo que, a percentagem de doentes com doença crónica, em países
desenvolvidos, ronda os cinquenta por cento, tendo um maior impacto em países menos
desenvolvidos.

De uma forma geral existem várias razões para a existência de uma percentagem tão
elevada de doentes com não-adesão à terapêutica. Nomeadamente, existem causas como
“o tipo de regime terapêutico (complexidade e custo), a envolvência da equipa de saúde
e a atitude do doente, assim como as características individuais do mesmo (existência de
patologias concomitantes, problemas psiquiátricos, etc.)”. (Cordeiro & Mateus, 2012)

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

A maior preocupação incide nos doentes com patologia crónica, em que a não-adesão ao
regime terapêutico pode resultar em “enormes repercussões na incidência e prevalência
de inúmeras patologias” (Cordeiro & Mateus, 2012)

Desta forma, é exigido de cada profissional de saúde o conhecimento sobre o uso correto
de cada dispositivo inalatório para que possa realizar os ensinos ao doente, a fim de
corrigir erros e esclarecer dúvidas que existam.

Assim, “para que a terapêutica inalatória seja efetivamente uma terapêutica eficaz, é
necessário que todos os profissionais de saúde responsáveis por doentes com patologia
respiratória, tenham um conhecimento correcto sobre a terapêutica inalatória em
questão e a técnica correcta da administração da mesma.” (Cordeiro & Mateus, 2012)

A eficácia de um ensino de enfermagem é tanto maior quanto a adesão do doente ao


tratamento, porém, é necessário que o doente conheça a terapêutica, esteja familiarizado
com a mesma, para que consiga realizar a sua auto-administração.

É nesse sentido que o investigador elabora o presente estudo, demonstrando que os


profissionais de saúde trabalham a fim de conseguirem uma boa adesão à terapia de modo
a evitar um agravamento da doença, bem como, promover o bem-estar do doente e uma
melhor qualidade de vida.

Na presente investigação pretende-se mostrar a eficácia dos ensinos realizados por


enfermeiros a indivíduos que necessitam de um tratamento com dispositivos inalatórios.
Sendo que as motivações do investigador levaram à elaboração do estudo, mostrando as
dificuldades dos enfermeiros na realização dos ensinos sobre inaloterapia e nas
dificuldades e falhas de aprendizagem dos doentes em receberem esse ensino.

Durante o estágio de integração da investigadora, como aluna deparou-se com situações


nas quais encontrava doentes que já realizavam a técnica de inalação no domicílio, no
entanto, realizavam-na de forma incorreta o que levava a exacerbações da doença e
consequentes e sucessivos internamentos hospitalares.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

O instrumento de colheita de dados utilizado foi a entrevista semi-estruturada para um


estudo exploratório-descritivo, transversal com abordagem qualitativa, uma vez que se
pretende explorar e descrever de que forma os ensinos de enfermagem sobre inaloterapia
podem ser eficazes durante o internamento do doente.

Durante a elaboração deste projeto de investigação surgiram algumas dificuldades que


demarcaram a investigação, tudo isso devido à indisponibilidade dos participantes na
investigação e a uma limitada existência de referências bibliográficas sobre o tema
abordado.

O presente estudo pretende mostrar através dos resultados obtidos que, a eficácia dos
ensinos realizados por enfermeiros sobre a inaloterapia nem sempre é conseguida ou
comprovada. Sendo que, os ensinos são realizados ao doente porém, após a alta hospitalar
na maioria das vezes não existe feedback, pelo que não é possível através da opinião dos
participantes avaliar a eficácia dos ensinos.

I. FASE CONCEPTUAL

A fase conceptual “consiste num conjunto de actividades que levam à formulação do


problema de investigação e ao enunciado do objectivo, das questões ou das hipóteses”

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

(Fortin & Côté, 2009, p. 63), trata-se da fase de introdução à investigação que se vai
seguir, tendo como objetivo trabalhar uma ideia e orientá-la durante toda a investigação.
É também nesta fase que se escolhe um tema pertinente e se determina a sua importância
para ser investigado.

i. JUSTIFICAÇÃO DO TEMA:

O tema da presente investigação refere-se à eficácia dos ensinos de enfermagem sobre a


utilização de inaladores para tratamento de patologias respiratórias como, a Doença
Pulmonar Obstrutiva Crónica, tendo em conta as capacidades do doente com DPOC em
compreender e cumprir o tratamento da sua doença.

As doenças respiratórias “são a terceira principal causa de morte em Portugal e no


mundo e a primeira causa de letalidade intra-hospitalar nacional” (DGS, 2014). A
DPOC é um exemplo de doença respiratória que altera o modo de vida do doente uma
vez que, o seu tratamento é bastante rigoroso e requer da pessoa total compromisso para
que se obtenham bons resultados.

O tratamento é, principalmente constituído por inaladores, para os quais o doente não


possui técnica para os utilizar. Nesse sentido, é necessário que existam ensinos de
enfermagem para a utilização dos aparelhos, sendo que para isso necessário que o doente
possua capacidades de aprendizagem e adaptação ao tratamento.

Quando o doente não consegue cumprir o tratamento com a técnica que é necessária, os
objetivos de tratamento não podem ser observados pelo que, e talvez por isso, a maioria
dos doentes abandonam o tratamento com as repercussões na saúde que se procurava
melhorar.

A relevância desta temática para a autora rege-se pela vontade de mostrar a eficácia dos
ensinos de enfermagem sobre inaladores em doentes com DPOC, tendo em conta a
dificuldade dos doentes em adquirir competências para o tratamento e assim, conseguir
cumpri-lo.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

1.1 PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO:

Segundo Fortin (2009) uma questão de investigação corresponde a “uma interrogação


explícita relativa a um domínio que se deve explorar com vista a obter novas
informações”. Para o presente estudo definimos como a nossa questão de investigação
saber ‘Qual a eficácia dos ensinos sobre inaloterapia realizados por enfermeiros?’.

1.1.1 QUESTÕES ORIENTADORAS:

Será que os enfermeiros avaliam a necessidade dos doentes com doenças respiratórias em
terem ensinos sobre inaladores?

Será que os ensinos também são realizados ao cuidador principal?

Será que o enfermeiro avalia a eficácia do ensino realizado sobre a técnica de inalação?

Será que após a alta, os enfermeiros recebem feedback sobre os ensinos de enfermagem
realizados?

Qual será a opinião dos enfermeiros relativamente ao fornecimento de folhetos com


indicações sobre inaloterapia aos doentes/cuidadores?

1.2 OBJETIVO GERAL:

Compreender qual a eficácia dos ensinos sobre inaloterapia, realizados por enfermeiros.

1.2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Saber como os enfermeiros avaliam a necessidade dos doentes com doenças respiratórias
em terem ensinos de enfermagem sobre inaladores.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

Identificar se os ensinos também são realizados ao cuidador principal.

Identificar o modo como o enfermeiro avalia a eficácia do ensino realizado sobre a técnica
de inalação.

Averiguar se após a alta, os enfermeiros recebem feedback sobre os ensinos de


enfermagem realizados.

Conhecer a opinião dos enfermeiros relativamente ao fornecimento de folhetos com


indicações sobre inaloterapia aos doentes/cuidadores.

1.3 ENQUADRAMENTO TEÓRICO:

A revisão teórica representa uma pesquisa documental através de várias fontes


possibilitando ao investigador um alargamento dos seus conhecimentos e o domínio na
estruturação do problema de investigação, conseguindo deste modo objetivar os
conceitos.

Segundo Fortin (2009), “a revisão da literatura é um processo que consiste em fazer o


inventário e o exame crítico do conjunto de publicações pertinentes sobre um domínio de
investigação”.

i. AS COMPETÊNCIAS DO ENFERMEIRO:

Segundo o Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros (REPE), o enfermeiro


é um “profissional (…) a quem foi atribuído um título profissional que lhe reconhece
competência científica, técnica e humana para a prestação de cuidados de enfermagem
gerais ao indivíduo, família, grupos e comunidade”. (OE, 1996)

O Regulamento do Perfil de Competências do Enfermeiro de Cuidados Gerais define as


competências do enfermeiro de cuidados gerais, esclarecendo que, o enfermeiro
“proporciona apoio/educação no desenvolvimento e/ou manutenção das capacidades

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

para a vivência independente” e “garante que cliente e/ou os cuidadores recebem e


compreendem a informação na qual baseiam o consentimento dos cuidados”.

Deste modo, compreende-se que o enfermeiro tem competências e rege-se delas para
garantir que o cliente e respetivo cuidador/família consigam ter acesso a informações
importantes sobre o cuidado da sua saúde e prevenção da doença, inclusive, ter acesso a
ensinos importantes relacionados com o tratamento da doença.

Segundo o Novo Estatuto da Ordem dos Enfermeiros (2015, p.78), os enfermeiros devem
“exercer a profissão com os adequados conhecimentos científicos e técnicos, com o
respeito pela vida, pela dignidade humana e pela saúde e bem-estar da população,
adotando todas as medidas que visem melhorar a qualidade dos cuidados e serviços de
enfermagem”. (Estatuto, 2015, p. 78) Sendo assim, a equipa de profissionais de
enfermagem trabalha para que o resultado final seja o cuidado pela comunidade tendo em
conta a melhoria da sua qualidade de vida.

Por outro lado, o enfermeiro tem o dever de “informar o indivíduo e a família no que
respeita aos cuidados de enfermagem”, bem como “atender com responsabilidade e
cuidado todo o pedido de informação ou explicação feito pelo indivíduo em matéria de
cuidados de enfermagem”. (Estatuto, 2015, p. 84) Assim, a equipa de enfermagem tem
como obrigação informar o doente/família/cuidador relativamente aos cuidados de
enfermagem, ensinos de enfermagem, tratamentos e terapias a que o doente é sujeito.

ii. OS ENSINOS DE ENFERMAGEM E A EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE:

O ensino ao doente e família “tem por objectivo contribuir para que o indivíduo, a família
ou a comunidade consigam níveis óptimos de saúde”. (Potter, 2008, p. 154) O doente que
está a recuperar da sua doença necessita de orientação e procura informação no sentido
de conhecer o tratamento para conseguir uma melhor adaptação às alterações que vão
surgindo no seu dia-a-dia.

No entanto, o doente que possui “dificuldade em adaptar-se à doença pode adoptar uma
atitude passiva e desinteressada face à aprendizagem.” (Potter, 2008, p. 155) Pelo que é

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

necessário que o enfermeiro crie estratégias de modo a incentivar o doente na aquisição


de informação.

Em caso de incapacidade do doente “os familiares e amigos têm de dar apoio e aceitar”,
porém necessitam de ensino para que possam auxiliar o doente, o qual “tem início logo
que sejam identificadas as necessidades do utente e a disponibilidade da família e dos
amigos para ajudar.” (Potter, 2008, p. 155)

Para que o ensino seja eficaz é necessário que o enfermeiro incentive o doente a ser parte
ativa no processo de aprendizagem evitando o papel em que transmite apenas a
informação. Assim, devem ser identificados quais os conhecimentos que serão
transmitidos ao doente e quando este estará disponível para os receber, deste modo será
mais fácil o doente assumir as responsabilidades que advêm dos cuidados. (Potter, 2008)

A Educação para a Saúde surge neste processo como “um meio facilitador deste percurso,
no sentido de preparar os indivíduos para um papel activo na saúde” sendo um dos
principais objetivos auxiliar as pessoas no desenvolvimento da sua “capacidade de
tomada de decisão, responsabilizando-as pela sua saúde”. (OE, 1996)

Com desenvolvimento desta atividade para os doentes pretende-se que “as pessoas se
sintam capazes para colaborarem nos processos de mudança, com vista à adopção de
estilos de vida saudáveis e promotores de saúde”. (OE, 1996)

iii. CAPACIDADE COGNITIVA COMPROMETIDA:

A cognição representa para o ser humano a grande diferença entre si e os restantes animais
da cadeia. É a cognição ou raciocínio que torna o ser humano diferente em
comparativamente ao cão ou gato, por exemplo.

A capacidade cognitiva corresponde ao processo de aprendizagem do qual faz parte a


“aquisição de novas informações e a sua integração no conjunto de conhecimentos

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

existentes”. No entanto, a aprendizagem depende de outros processos mentais como:


“atenção, percepção, memória e raciocínio”. (Pinto, 2001)

Ao nível cognitivo, a aprendizagem inclui “comportamentos intelectuais, como seja,


aquisição de conhecimentos, a compreensão (faculdade de entender), aplicação (uso de
ideias abstractas em situações concretas), análise (relacionar ideias de forma
estruturada), síntese (reconhecer partes de informação como um todo) e avaliação
(apreciar o mérito de um conjunto de informações).” (Potter, 2008)

Quando existe comprometimento da cognição os processos dos quais a aprendizagem


depende possuem falhas que não permitem que o indivíduo viva o seu dia-a-dia de forma
independente, uma vez que, existe uma perda de habilidades cognitivas, nomeadamente
o esquecimento que “pode comprometer a rotina do indivíduo”. “A perda de cognição
ou incapacidade cognitiva traduz-se no desmoronamento da identidade que nos distingue
como seres pensantes.” (Paiva, 2013)

iv. O DOENTE COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA:

As doenças pulmonares crónicas são as mais significativas, a sua incidência tem


aumentado dramaticamente nos últimos anos incapacitando os doentes na sua vida
profissional. “Estima-se que a incidência possa aumentar anualmente à medida que
cresce o número de idosos na nossa sociedade” (Monahan, et al., 2007)

A doença pulmonar obstrutiva crónica refere-se a um conjunto de situações clínicas que


contribuem para uma limitação do fluxo aéreo. “A DPOC é uma doença crónica, de
evolução lenta, caracterizada por fases estáveis frequentemente interrompidas pelo
agravamento dos sintomas e designadas por exacerbações agudas.” (Monahan, et al.,
2007)

Em 1992 foi definido pela American Thoracic Society que a DPOC representa um estado
patológico em que existe obstrução do fluxo normal aéreo devido a bronquite crónica ou
enfisema.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

Pode-se explicar de uma forma simplificada que as vias aéreas inferiores são sujeitas a
quadros inflamatórios sucessivos, resultando em alterações de estrutura pulmonar,
nomeadamente a nível da destruição do tecido alveolar, onde se realizam as trocas
gasosas.

A alteração do tecido pulmonar leva a alterações na respiração normal do indivíduo, e


normalmente está associada a tosse e produção excessiva de muco nas vias respiratórias
inferiores, responsável pela expetoração crónica. «Outra consequência importante da
DPOC, provocada por efeitos sistémicos (neurológicos, musculares e da dinâmica
ventilatória), consiste numa ventilação diminuída» resultando numa maior acumulação
de dióxido de carbono.

A acumulação de dióxido de carbono leva ao aparecimento de alguns sintomas da doença,


nomeadamente a dispneia (sensação de falta de ar), que normalmente é responsável pela
limitação dos doentes nas atividades de vida diárias por cansaço fácil; a tosse,
principalmente de manhã e ocorre em cerca de 50% dos fumadores; a produção de
expetoração que apresenta diferentes caraterísticas ao longo das várias exacerbações da
doença; e por último, a respiração ruidosa, ou pieira, resultado da contração muscular
brônquica, acumulação de secreções e estreitamento das estruturas.

Existem vários fatores que podem influenciar o desenvolvimento de DPOC, sendo que,
fatores que interfiram diretamente com as vias aéreas são os mais predominantes no
desenvolvimento da doença, por exemplo, o tabagismo é o principal fator causal de DPOC
em mais de 90% dos doentes.

O tabagismo, ainda que passivamente, “é considerado o principal fator de risco para vir
a desenvolver DPOC” sendo que está fortemente relacionado com a doença,
nomeadamente com o grau de declínio da função pulmonar e com pior prognóstico.
(DPOC.PT, 2015)

O fumo inalado proveniente do tabaco conduz a uma inflamação do tecido pulmonar,


causando deste modo a obstrução dos brônquios e consequente destruição dos alvéolos,

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

as estruturas responsáveis pelas trocas gasosas. Pensa-se que pelo menos 20% dos
fumadores têm ou podem vir a desenvolver DPOC.

O risco de desenvolvimento de DPOC aumenta com quantidade de cigarros e os anos de


consumo, no entanto a cessação tabágica não leva a uma melhoria completa da função
pulmonar mas o seu declínio não será tão agravado.

A genética também é um fator de risco crucial no desenvolvimento de DPOC,


nomeadamente, «o défice da enzima alfa-1 antitripsina», que é produzida pelo fígado e
possui a função de inibir a “elastase neutrofílica, que é responsável pela destruição do
parênquima pulmonar” limitando o fluxo de ar nos pulmões. Este fator é responsável por
cerca de 5% dos casos de DPOC. (DPOC.PT, 2015)

A DPOC afeta sobretudo pessoas com mais de 40 anos sejam estas do género feminino
ou masculino. Existe predisposição ao desenvolvimento de DPOC para pessoas que
durante a infância tenham apresentado infeções pulmonares crónicas, uma vez que, estas
infeções podem alterar a dinâmica natural do pulmão.

Os sintomas precoces da doença são geralmente ignorados pelos doentes, recorrendo a


consulta médica numa fase tardia da doença. Cerca de 50% dos indivíduos chegam a não
ser diagnosticados. O diagnóstico da DPOC pode ser realizado através de provas de
função respiratória e de um exame de espirometria.

O exame de espirometria mede o fluxo de ar e o tempo que levam os pulmões até estarem
completamente insuflados. Este teste pode detetar alterações fisiológicas que ocorrem no
início da doença, é bastante sensível para a deteção de obstrução no fluxo aéreo, no
entanto, não consegue identificar uma causa.

Existem outras análises que conseguem identificar alterações provocadas pela doença,
nomeadamente, a gasimetria arterial que mostra a concentração dos gases a nível
sanguíneo. Numa fase inicial os estudos de gasimetria arterial revelam uma hipoxemia
ligeira a moderada sem hipercapnia, ou seja, sem retenção de dióxido de carbono.
Contudo, numa fase mais tardia, os doentes apresentam hipoxemia e hipercapnia mais

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

grave, podendo os valores se agravarem durante as exacerbações da doença, o exercício


físico e o sono.

O tratamento da DPOC tem o objetivo de melhorar o fluxo aéreo e de proporcionar um


controlo e alívio significativos dos sintomas da doença. Apesar de nenhum tratamento
poder curar a doença, pode trazer benefícios no alívio das queixas do doente, diminuir o
número de exacerbações da doença e abrandar o agravamento da função pulmonar.

O fato da DPOC ser uma doença respiratória influencia a escolha dos fármacos usados
no tratamento. Pretende-se que o método de tratamento usado atue diretamente na fonte
do problema, o pulmão, sendo neste usados fármacos inalatórios.

Existem diferentes tipos de inaladores com diferentes fármacos que atuam de diversas
formas no tecido pulmonar, o que dificulta por vezes o tratamento para o doente,
principalmente se for necessário mais do que apenas um inalador para o tratamento.

Outro método de tratamento auxiliar passa pela administração de oxigénio quando


existem sinais e sintomas de hipoxemia arterial com pressão arterial de oxigénio inferior
a 55mmHg, o correspondente a saturação inferior a 88%. O objetivo desta intervenção é
a prevenção de hipoxia e a preservação da oxigenação a nível celular.

A oxigenoterapia só pode ser administrada apenas após confirmação via gasimetria


arterial “para avaliação dos gases e equilíbrio ácido-base. Posteriormente, devem ser
reavaliados esses parâmetros, para avaliar o sucesso da terapêutica e para vigiar
possíveis complicações”. (DPOC.PT, 2015)

Os doentes com DPOC numa fase mais grave, podem «necessitar de fazer tratamento com
oxigénio de forma crónica», levando o oxigénio para o domicílio. Para estes casos a
concentração de oxigénio no ar não é a suficiente para que chegue a nível alveolar,
podendo levar a níveis baixos de oxigénio no sangue. Ao fornecer “um débito superior

27
Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

de oxigénio consegue-se melhorar um pouco esse valor, melhorando a oxigenação


corporal”. (DPOC.PT, 2015)

Segundo a DGS (2015) os critérios para terapia de oxigénio no domicílio são: a pressão
arterial de oxigénio inferior a 55mmHg, ou então, a pressão arterial de oxigénio entre os
55mmHg e os 60mmHg com a associação de uma patologia como, hipertensão pulmonar,
policitémia ou insuficiência cardíaca à direita associada a edema. (DGS, 2015)

Portanto, a DPOC trata-se de uma doença crónica, não curável em que os seus sintomas
podem ser controlados, conseguindo assim um atraso na sua evolução. Em alguns casos
existe mesmo um agravamento progressivo da doença, com mais exacerbação e
sintomatologia, que representa um risco para o declínio da função pulmonar do doente.

A doença pulmonar obstrutiva crónica é uma das “principais causas de mortalidade a


nível mundial” estimando-se que atualmente corresponda à terceira maior causa de
mortes no mundo. (DPOC.PT, 2015)

v. A INALOTERAPIA:

A inaloterapia é atualmente conhecida como a terapia de eleição no tratamento de


patologias do foro respiratório, contribui diariamente para a melhoria da qualidade de
vida dos doentes respiratórios, principalmente aqueles com DPOC e asma.

Segundo Barreto, as principais vantagens no uso de terapêutica inalatória são “a


possibilidade de se obter uma ação mais rápida e maior eficácia terapêutica, com doses
inferiores e menores efeitos secundários.” (Barreto, et al., 2000)

Em comparação com a via oral, a via inalatória oferece outra vantagem, nomeadamente,
a deposição do fármaco no local do foco da doença, os pulmões. Induzindo uma ação e
resposta terapêuticas mais rápidas que a via oral, com menos dose de medicamento
utilizada e consequentemente, menos efeitos adversos.

28
Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

A administração do fármaco por via inalatória tem como principal objetivo a deposição
do mesmo nas vias respiratórias inferiores, contudo, existem fatores que influenciam na
quantidade de fármaco que é depositado no pulmão. Segundo Cordeiro “apenas, uma
quantidade de fármaco alcança o local pretendido, sendo que a maior parte fica retida
na cavidade oral ou é desperdiçada no ar ambiente.” (Cordeiro, 2014)

Conforme referido pelo mesmo autor, Cordeiro afirma que “existe uma significativa
variabilidade entre a fração de fármaco prescrito (disponível no dispositivo inalatório),
a fração gerada (libertada pelo dispositivo), a fração inalada (a real quantidade de
fármaco inalada pelo doente) e fração depositada (quantidade de fármaco depositado
nas vias aéreas inferiores)”. (Cordeiro, 2014)

A dose de fármaco prescrita será muito inferior à dose que é, na realidade, depositada no
tecido pulmonar uma vez que, existem fatores que condicionam a sua depositação,
nomeadamente «o diâmetro da partícula, o padrão ventilatório do doente e (…)
características anatómicas das vias aéreas». (Barreto, et al., 2000)

Relativamente às características anatómicas do doente sabe-se que “quanto maior for a


distorção da árvore brônquica e o estreitamento das vias aéreas, menor será a deposição
distal das partículas” tal como acontece em situação de obstrução brônquica. (Cordeiro,
2014)

Para além disso, existem outras características que podem influenciar a administração de
fármacos por via inalatória, estando estas diretamente relacionadas com particularidades
do doente, tais como: «a idade; a capacidade de correto desempenho da técnica de
inalação; a própria perceção doe doente relativamente à eficácia da medicação; as
características dos próprios dispositivos inalatórios; a facilidade da sua utilização e,
ainda, a existência de doenças subjacentes.» (Cordeiro, 2014)

DISPOSITIVOS INALATÓRIOS

Atualmente existe uma vasta gama de dispositivos inalatórios disponíveis, cada um deles
“com as suas indicações clínicas, vantagens e desvantagens, e com a sua própria técnica

29
Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

de inalação” (Cordeiro, 2014) sendo por isso importante conhecer a sua forma de
manuseamento para uma maximização da sua eficácia no tratamento.

Os dispositivos inalatórios representam uma grande vantagem na medicina, uma vez que,
possuem um efeito mais rápido com menor dose de medicamento resultando numa
redução dos efeitos colaterais.

 Inaladores Pressurizados Doseáveis (pMDIs):

Os pMDIs, também chamados de aerossóis pressurizados de dose calibrada,


tiveram o seu aparecimento há mais de cinquenta e cinco anos, e desde então que
são os dispositivos inalatórios mais prescritos e os mais utilizados em contexto
hospitalar e domiciliar pelos doentes, em todo o mundo.

O primeiro dispositivo pressurizado doseável foi comercializado em 1955 por


Thiel Charles, dos laboratórios Riker Laboratories. Este foi um pedido de um
médico e presidente, George Maison, cuja filha teria asma. A filha de George
Maison terá pedido a este, um dispositivo para a administração da sua terapêutica,
que fosse mais portátil e maneável que os nebulizadores utilizados na época.

Trata-se de um dispositivo doseável e frequentemente prescrito pelos


profissionais de saúde, sendo que, é um dispositivo versátil por possuir pequeno
tamanho, elevada portabilidade e ser económico comparativamente aos
dispositivos de pó seco.

É o único dispositivo de utilização aconselhável a todas as faixas etárias, com


exceção dos lactentes e crianças, sendo que, para esta faixa etária a sua utilização
deve ser acompanhada de uma câmara expansora. Para além disso, é cómodo e
pode ser utilizado em qualquer lugar e situação, sendo possível uma rápida
atuação em caso de exacerbação da doença da pessoa.

30
Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

Relativamente à técnica inalatória necessária para utilizar os pMDIs esta é um


“fator determinante na deposição pulmonar, podendo aumentá-la em 14%”, no
entanto existem autores que defendem duas formas de execução da técnica, a
técnica com utilização de boa aberta, e a técnica com utilização de boca fechada

A primeira revela que o dispositivo é colocado cerca de três a quatro centímetros


da boca permitindo que “o aerossol desacelere e perca propolente, diminuindo a
dimensão das partículas e assim facilitando a deposição pulmonar”. (Cordeiro &
Mateus, 2012)

Por outro lado, a técnica com utilização de boca fechada, que consiste em colocar
o dispositivo com os lábios fechados à volta do bucal, é a mais utilizada pelos
profissionais de saúde para realização do ensino ao doente, sendo também a
técnica que “permite uma melhor coordenação entre a ativação do inalador e a
inspiração, e uma melhor aceitação da técnica pelos doentes, por ser mais fácil
de executar comparativamente à técnica de boca aberta.” (Cordeiro & Mateus,
2012)

Existem recomendações importantes no que diz respeito à técnica inalatória para


utilização dos pMDIs, sendo e passo a citar segundo Cordeiro (2014):

 Aguardar pelo menos 30 segundos a 1 minuto antes de repetir a segunda


inalação, porque este é o tempo necessário para equilibrar as pressões no
interior do dispositivo, de modo a estra novamente pronto para inalação;

 Realizar uma apneia de 10 segundos uma vez que, facilita a deposição por
sedimentação das partículas a nível intra-brônquico;

 Aquecer e agitar o dispositivo para que exista uma correta suspensão e/ou
dissolução do fármaco e aquisição de uma pressão ideal no interior da
embalagem para a obter o aerossol;

31
Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

 O aplicador deve ser lavado regularmente, 2 a 3 vezes por semana, em


água morna com detergente suave e ser posteriormente bem seco;

 O doente deve lavar a cavidade bocal sem deglutir a água após a inalação
de fármacos corticoides.

O maior obstáculo para a utilização deste dispositivo, deve-se ao facto, da sua


técnica. Para esta ser bem-sucedida, tem de existir uma boa coordenação “mão-
pulmão”, ou seja, uma coordenação entre a ativação do dispositivo com a mão e
a inspiração do seu produto.

Quando esta coordenação não é bem conseguida, “existem uma série de


alternativas a estes dispositivos inalatórios”, nomeadamente, as câmaras
expansoras e os inaladores de pó seco. (Barreto, et al., 2000)

 Câmara Expansora:

Um dos grandes problemas dos Inaladores Pressurizados Doseáveis “está


relacionado com a dificuldade na coordenação entre a ativação do inalador e a
inalação” e, de forma a auxiliar na administração do medicamento, é utilizada em
conjunto com o dispositivo inalatório, a câmara expansora. (Barreto, et al., 2000)

A utilização de câmara expansora minimiza o “problema com a sincronização


exigida pela complexidade da técnica com pMDI, em doentes com fraca
coordenação ou técnica inadequada”. (Cordeiro, 2014)

“Existem actualmente uma grande variedade de modelos de câmaras expansoras


com diferentes volumes, formas, tipo de material de fabrico (plástico, metal), com
ou sem válvulas (baixa e alta resistência)” adaptáveis aos pMDIs existentes.
(Barreto, et al., 2000)

32
Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

As câmaras expansoras podem ser usadas em todas as faixas etárias, mas


principalmente em lactentes, crianças e idosos, ou outros indivíduos que não
possuam a capacidade ventilatória necessária para a execução da técnica. Estes
dispositivos podem ainda ser usados em “situações de crise de asma,
independentemente da idade, nos doentes ventilados e traqueostomizados,
facilitando não só, o uso dos inaladores pressurizados, mas a redução da
absorção sistémica, dos efeitos secundários locais dos corticosteroides inalados,
e também uma maior deposição pulmonar do fármaco, a nível das vias aéreas
inferiores, comparativamente à utilização do inalador pMDI sem câmara
expansora”. (Cordeiro, 2014)

Ao atuar como um reservatório de aerossóis, estes dispositivos retardam a


velocidade do aerossol e aumentam o tempo de transferência e a distância entre o
dispositivo de pMDI e a boca do paciente, permitindo, desta forma, que exista
uma diminuição do tamanho das partículas, e, consequentemente um aumento da
deposição das partículas de aerossol nos pulmões. (Lavorini & Corbetta, 2008)

Uma vez que as câmaras expansoras retêm cerca de 80% das partículas da dose
de aerossol, apenas uma pequena porção da dose é depositada na orofaringe,
resultando numa redução dos efeitos secundários adjuvantes da elevada deposição
de aerossol. Estes efeitos são, nomeadamente, irritação da orofaringe, disfonia e
candidíase oral, associados à inalação de fármaco dos pMDIs quando usados sem
câmara expansora. (Lavorini & Corbetta, 2008)

A grande desvantagem destes dispositivos relaciona-se com o fato de


apresentarem no geral um tamanho de cerca de 18 a 28cm e, por esta, razão,
comparadas com o pDMI sem câmara expansora, não são tão compactas e
portáteis, podendo resultar numa não-adesão ao regime terapêutico, especialmente
por parte dos mais jovens.

Contrariamente ao que os utilizadores possam pensar a câmara expansora não


permite a administração de múltiplas doses de fármaco pelo que a aplicação de
vários puffs para o interior da câmara expansora é uma prática errada.

33
Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

O correto é a administração de um puff para o interior da câmara por cada inalação


uma vez que, “a distribuição do fármaco é superior, quando se realiza uma dose
de cada vez (um “puff”) por inalação.” (Cordeiro, 2014)

 Inaladores de Pó Seco (DPI):

Os DPIs foram primeiramente introduzidos no ano de 1970, dos quais, os mais


recentes eram dispositivos unidose em que o fármaco está armazenado em
cápsulas de pó com dose única, e o paciente encarrega-se de carregar o dispositivo
com a dose necessária.

No ano de 1980 chegaram os DPIs multidose, em que o fármaco se encontra num


reservatório com múltiplas doses. Estes podem ser de dois tipos, com um
reservatório comum ou com doses individualizadas.

Os Inaladores de Pó Seco possuem o mesmo nível de conveniência que os pMDIs,


porém com mais vantagens sobre estes. Os PDIs não necessitam de propolentes
para criar um aerossol, é apenas necessário, a inalação do doente para ativar estes
dispositivos. Dizem-se de mais fácil manuseamento uma vez que, não necessitam
de uma técnica complexa para o seu funcionamento.

Apresentam-se como dispositivos pequenos e portáteis e não necessitam de


“coordenação ‘mão-pulmão’”. (Cordeiro, 2014, p. 91) Nos dispositivos PDI
unidose há a possibilidade de confirmar se a inalação foi realizada de forma
correta uma vez que, é possível ver se a cápsula com a dose de medicamento foi
completamente consumida e, caso não esta não esteja vazia, é possível repetir a
inalação até que isso aconteça.

Como desvantagens destacam-se “os custos elevados e a dependência do débito


inspiratório gerado pelo utilizador, entre 30 a 90l/m, e que nem todos os doentes
alcançam, devido à sua capacidade pulmonar ou ao caibre das vias respiratórias
ou à obstrução das vias aéreas.” (Cordeiro, 2014, p. 91)

34
Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

É importante um reforço dos ensinos por parte dos profissionais de saúde para um
maior sucesso na gestão da doença. A execução de uma boa técnica inalatória
conduz a uma maior facilidade no manuseamento destes dispositivos. (Lavorini,
et al., 2007)

Relativamente à técnica para utilização dos DPIs existem alguns passos pelos
quais o doente se deve guiar, sendo que para iniciar a técnica, o doente deve:

1. Expirar até que o volume de ar nos pulmões seja residual. Este passo
permite que a inalação possa ser realizada de forma mais profunda,
permitindo uma maior deposição do fármaco;

2. Colocar o dispositivo na boca e entre os dentes, sem obstruir o bocal com


a língua e apertando os lábios contra o dispositivo para evitar saídas de ar;

3. Realizar uma inspiração/inalação forte, contínua e profunda pela boca.


Deve ser uma inalação forte desde o início para que permita fluxos rápidos
e turbulentos para provocar a desagregação das partículas, qu ocorre
apenas se existir uma ótima turbulência gerada pelo fluxo inspiratório. “Se
este passo não for corretamente executado, está em causa a eficácia do
tratamento.”;

4. Suster a respiração durante 10segundos antes de realizar a expiração. Este


passo permite a deposição do fármaco nas vias aéreas inferiores. “Se esta
manobra não for efetuada, pode ocorrer a saída da medicação pela
expiração e consequente diminuição da deposição pulmonar.”;

5. Expirar de forma lenta uma vez que, uma expiração muito rápida pode
interferir com a deposição do fármaco;

6. Esperar 30segundos a 1minuto caso tenha de repetir a dose;

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

7. Lavar a cavidade bocal com água para evitar deglutição de fármaco e sua
absorção sistémica.

A realização da técnica segundo os passos influencia uma melhor eficácia do


tratamento, trazendo bastantes benefícios para o doente.

 Dispositivo Inalatório com Solução para Inalação por Nebulização:

O avanço na medicina, com um melhor conhecimento sobre as patologias permitiu


avanços na farmacêutica, com o desenvolvimento de dispositivos inalatórios que
tornam mais fácil a deposição de fármaco no pulmão.

Assim, “as companhias de indústria farmacêutica, atenta às necessidades reais


neste domínio, têm desenvolvido dispositivos que visem, por um lado, não só a
melhoria na eficiência da entrega do fármaco a nível pulmonar, mas também, a
facilidade de utilização dos mesmos por parte dos doentes, e consequentemente,
a facilitação da técnica de inalação.” (Cordeiro, 2014, p. 99)

Atualmente disponível em Portugal existe um dispositivo inalatório com solução


para inalação por nebulização, com design e mecanismo de inalação exclusivo,
contendo Brometo de Tiotrópio, um anticolinérgico, usado habitualmente no
tratamento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica.

Comparativamente com os pMDIs, estes dispositivos oferecem uma


broncodilatação equivalente com metade da acumulação do fármaco e ainda, a
deposição de fármaco no pulmão representa o dobro e a acumulação de fármaco
na orofaringe é reduzida. (Hess, 2008)

Tal como já referido, os inaladores pressurizados (pMDIs) requerem do doente


uma eficaz coordenação ‘mão-pulmão’ e os inaladores de pó seco (DPIs)
dependem da geração de um fluxo inspiratório, no entanto, os novos dispositivos
inalatórios “implicam, menor necessidade de coordenação ‘mão-pulmão’, e não

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

de um fluxo inspiratório elevado” por apresentar uma nuvem de aerossol mais


lenta com uma duração mais prolongada, facilitando a coordenação entre a
ativação do dispositivo e a inalação do fármaco. (Cordeiro, 2014)

A técnica de inalação correspondente à utilização dos dispositivos inalatórios com


solução de inalação por nebulização, é muito semelhante à técnica usada nos
pMDIs sendo que o doente deve seguir os seguintes passos:

1. Segurar o inalador na posição vertical, com a tampa de proteção fechada


para evitar perda de medicamento;

2. Rodar a base na direção das setas indicadas no dispositivo até ouvir um


click, correspondendo a meia volta;

3. Selar os lábios em redor do bocal do dispositivo e pressionar o botão de


liberação de fármaco enquanto inspira lenta e profundamente o máximo
que conseguir;

4. Suster a respiração por 10 segundos para permitir a deposição de fármaco


nas vias aéreas inferiores.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

II. FASE METODOLÓGICA

Segundo Fortin (2009), nesta fase “o investigador determina os métodos que utilizará
para obter as respostas às questões de investigação colocadas ou às hipóteses
formuladas”. (Fortin & Côté, 2009, p. 40)

Para a fase metodológica é escolhido um desenho de investigação sobre o que se trata a


explorar, determina-se a população e escolhe-se os instrumentos apropriados à colheita
de dados.

2.1 DESENHO DE INVESTIGAÇÃO:

“O desenho de investigação é o plano lógico elaborado e utilizado pelo investigador


para obter respostas às questões de investigação.” (Fortin & Côté, 2009, p. 40) Tem
como principal objetivo obter respostas válidas às questões de investigação colocadas,
bem como, controlar potenciais fontes de enviesamento, de modo a que não possam
influenciar os resultados do estudo da investigação.

Desta forma, os principais elementos de um desenho de investigação são: o meio em que


o estudo será realizado, o tipo de estudo, a seleção da população e o tamanho da amostra,
e o instrumento da colheita de dados.

i. O MEIO

Segundo Fortin (2009, p. 132), “os estudos conduzidos fora dos laboratórios tomam o
nome de estudos em meio natural”, os quais se realizam em qualquer outro local fora dos
laboratórios com um elevado nível de controlo.

“O investigador define o meio onde o estudo será conduzido e justifica a sua escolha”,
para o efeito, o investigador terá de organizar os meios necessários à realização do estudo,
assegurando-se de que o “meio é acessível” e obtendo “a colaboração e as autorizações
necessárias”. (Fortin & Côté, 2009)

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

Para a realização de este projeto de investigação, o meio utilizado foi o meio natural, uma
vez que, foi desenvolvido onde os sujeitos se encontram. O estudo foi realizado a nove
enfermeiros que exercem a sua profissão num serviço de medicina, num hospital central
do grande Porto, sendo que foi necessário receber a colaboração e autorização dos
mesmos para a realização do projeto de investigação.

ii. TIPO DE ESTUDO

Assim como refere Fortin (2009, p.133) “O tipo de estudo descreve a estrutura utilizada
segundo a questão de investigação vise descrever variáveis ou grupos de sujeitos,
explorar ou examinar relações entre variáveis ou ainda verificar hipóteses de
causalidade.”

O tipo de estudo deste projeto de investigação é exploratório-descritivo, transversal com


abordagem qualitativa, uma vez que se pretende explorar e descrever de que forma os
ensinos de enfermagem sobre inaloterapia podem ser eficazes durante o internamento do
doente.

Numa abordagem qualitativa o investigador “reconhece uma relação sujeito-objeto”


marcada pela intersubjetividade. É nesta intersubjetividade que o investigador se baseia
para recolher a informação das experiências que os sujeitos (pessoas) têm ou já tiveram
enquanto experiência. “Numa abordagem qualitativa acontece frequentemente que se
investiga «com» e não «para» as pessoas de interesse”. (Fortin & Côté, 2009, p. 148)

iii. POPULAÇÃO E AMOSTRA

“A descrição da população e da amostra fornece uma boa ideia sobre a eventual


generalização dos resultados. As características da população definem o grupo de
sujeitos que serão incluídos no estudo e precisam de critérios de seleção.” (Fortin &
Côté, 2009, p. 133)

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

A população, segundo Fortin (2009, p. 373), é “um conjunto de todos os sujeitos ou outros
elementos de um grupo bem definido tendo em comum uma ou várias características
semelhantes e sobre o qual assenta a investigação.”

Tendo em conta, a definição de Fortin referida, a população será o grupo de pessoas sobre
o qual a investigação se aplica. Para esta investigação, a população é o grupo de
enfermeiros que trabalham no serviço de medicina de um Hospital Central do grande
Porto.

Já a amostra, representa o “conjunto de sujeitos retirados de uma população” (Fortin &


Côté, 2009, p. 363), “é o sub-conjunto de uma população ou de um grupo de sujeitos que
fazem parte de uma mesma população”, e “deve ser representativa da população (…),
isto é, as características da população devem estar presentes na amostra selecionada.”
(Fortin & Côté, 2009, p. 202)

Para a presente investigação, a amostra é constituída por nove enfermeiros que exercem
a sua profissão num serviço de medicina, num hospital central do grande Porto e que se
mostraram disponíveis para colaborar no estudo.

iv. PROCESSO DE AMOSTRAGEM

Segundo Fortin (2009, p. 363), a amostragem constitui o “conjunto de operações que


consiste em escolher um grupo de sujeitos ou qualquer outro elemento representativo da
população estudada”.

No presente estudo, a amostragem é não-probabilística, uma vez que, todos os elementos


da população escolhida não têm igual probabilidade de serem os escolhidos para
integrarem a amostra.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

v. VARIÁVEIS

Em Fortin (2009, p. 376), é definido o termo «Variável» como uma “característica de


pessoas, de objectos ou de situações estudadas numa investigação, a que pode atribuir
diversos valores”.

Ainda segundo Fortin (2009), “as variáveis podem ser classificadas segundo o papel que
exercem numa investigação. Podem ser dependentes, independentes, de investigação,
atributos e estranhas”.

No presente estudo podemos encontrar variáveis atributo que são consideradas uma
“característica dos sujeitos de um estudo, que serve para descrever uma amostra”.
(Fortin & Côté, 2009, p. 376) Neste caso, as variáveis atributo correspondem a
características como: género; detenção de especialidade; experiência profissional de mais
de três anos; tempo de exercício de profissão no serviço de medicina e possibilidade de
existência de formação sobre Inaloterapia.

Quadro 1 – Caracterização da amostra

TEMPO DE FORMAÇÃO
EXPERIÊNCIA
ENTREVISTA GÉNERO ESPECIALIDADE SERVIÇO NA SOBRE
PROFISSIONAL
MEDICINA INALOTERAPIA
E1 Masculino Não 14anos 14anos Sim
E2 Feminino Não + 8anos + 8anos Sim
E3 Masculino Não 9anos 9anos Sim
E4 Masculino Não 10anos 5anos Sim
E5 Feminino Não + 5anos + 5anos Não
E6 Masculino Não + 3anos + 1ano Sim
E7 Feminino Não 5anos + 1ano Sim
E8 Masculino Não 14anos 14anos Sim
E9 Feminino Reabilitação + 10anos + 6anos Sim

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

vi. INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS

Tal como em qualquer outra investigação, verifica-se que é necessária uma correta e
válida recolha dos dados necessários para o estudo. Para isso, é necessário ter em conta,
o tipo de estudo, os objetivos deste estudo, a amostra e as suas variáveis.

Assim como refere Fortin (2009, p. 240), “os dados podem ser colhidos de diversas
formas junto dos sujeitos.”. Desta forma, é da responsabilidade e escolha do investigador,
selecionar o meio que acha mais adequado para a recolha dos dados.

Neste estudo, o instrumento de colheita de dados utilizado foi a entrevista estruturada. A


entrevista consiste “nos testemunhos dos sujeitos, não tendo geralmente o investigador
acesso senão ao material que o participante consente em fornecer-lhe” (Fortin & Côté,
2009, p. 245)

A entrevista “é um modo particular de comunicação verbal, que se estabelece entre o


investigador e os participantes com o objetivo de colher dados relativos às questões de
investigação formuladas.” (Fortin & Côté, 2009, p. 245) Para este estudo, a entrevista foi
elaborada pelo investigador, e é constituída por seis questões sociodemográficas e oito
questões de resposta aberta.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

vii. TRATAMENTO E APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Posteriormente à colheita de dados, é necessário recorrer à organização e interpretação


dos mesmos, uma vez que, só dessa forma se consegue chegar a uma investigação
conclusiva.

“No caso das entrevistas, transcrever-se-á o conjunto da entrevista, rememorando o


encontro logo após o ter efectuado, ou transcrevendo integralmente o registo do
encontro”. (Fortin & Côté, 2009, p. 307)

No presente estudo, as entrevistas foram transcritas para o papel, respeitando de forma


integral a linguagem utilizada pelos participantes na entrevista. Foram usadas aspas
(“…”) para a transcrição do conteúdo das entrevistas, e acrescentadas reticências entre
parênteses curvos (…) para representar um intervalo entre frases, mostrando o conteúdo
mais relevante para cada categoria.

As entrevistas foram identificadas com letras e números (E1; E2; E3; E4; E5; E6; E7; E8;
e E9) de acordo com a sua ordem cronológica de realização, de forma a tornar mais fácil
a sua identificação e localização.

A apresentação dos dados será feita através de tabelas identificadas por categorias e, em
alguns casos, subcategorias, às quais são correspondidas as transcrições das entrevistas.

viii. PRINCÍPIOS ÉTICOS

Qualquer tipo de estudo ou investigação levanta questões morais e éticas que estão
relacionadas com os direitos de cada indivíduo. A “ética é um conjunto de permissões e
interdições que têm um enorme valor na vida dos indivíduos e em que estes se inspiram
para guiar a sua conduta.” (Fortin & Côté, 2009, p. 114)

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

Quando se realiza uma investigação a indivíduos “pode, por vezes, causar danos aos
direitos e liberdades da pessoa. Por conseguinte, é importante tomar todas as disposições
necessárias para proteger os direitos e liberdades das pessoas que participam nas
investigações.” (Fortin & Côté, 2009, p. 116)

Existem cinco princípios ou direitos fundamentais aplicáveis às pessoas, que foram


determinados pelos códigos da ética:

 Direito à autodeterminação: baseia-se no princípio ético do respeito pelas


pessoas, segundo o qual qualquer pessoa é capaz de decidir por ela própria e tomar
conta do seu próprio destino.

Segundo descrito no princípio ético referido, foi explicado aos enfermeiros que
participaram no estudo que têm o direito de decidir de livre vontade sobre a sua
participação.

 Direito à intimidade: faz referência à liberdade da pessoa de decidir sobre a


extensão de informação a dar ao participar numa investigação e a determinar em
que medida aceita partilhar informações íntimas e privadas.

De acordo com o Direito à Intimidade os participantes na investigação, têm o direito a


decidir a extensão da informação a dar ao investigador.

 Direito ao anonimato e à confidencialidade: é respeitado se a identidade do


sujeito não puder ser associada às respostas individuais, mesmo pelo próprio
investigador.

Tal como referido no direito ao anonimato e à confidencialidade, os resultados da


investigação serão apresentados sem que os participantes sejam identificados, mesmo
pelo próprio investigador.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

 Direito à proteção contra o desconforto e o prejuízo: corresponde às regras de


proteção da pessoa contra intervenientes suscetíveis de lhe fazerem mal ou de a
prejudicarem. Refere-se ao risco de cariz físico, psicológico, legal ou económico
que possa suceder através da realização do estudo.

 Direito a um tratamento justo e equitativo: refere-se ao direito de ser informado


sobre a natureza, o fim e a duração da investigação para a qual é solicitado a
participação a pessoa, assim como os métodos utilizados no estudo.

O direito a um tratamento justo e equitativo diz respeito ao direito pela informação sobre
a natureza da investigação e dos métodos utilizados na sua realização.

Em conclusão, pode-se afirmar que foram tidos em conta os princípios éticos acima
citados, assim como, a salvaguarda dos participantes na investigação.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

III. FASE EMPÍRICA

Segundo Fortin (2009, p. 41), nesta fase integram “a colheita de dados no terreno,
seguida da organização e do tratamento dos dados”. Sendo que, para que isso seja
possível, é realizada uma análise de conteúdo de seguida, passa-se à interpretação dos
dados e por último, à comunicação dos resultados.

A análise de dados “permite, portanto, guiar o investigador na sua amostragem que é de


natureza «intencional e dá-lhe pistas sobre o que lhe resta descobrir sobre o fenómeno
em estudo durante o processo de colheita de dados.” (Fortin & Côté, 2009, p. 306)

3.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS:

Nesta fase da investigação, são apresentados os dados recolhidos a partir das nove
entrevistas que foram previamente transcritas para integrarem quadros com classificação
em categorias e subcategorias.

Quadro 2 - Categorias e Subcategorias das unidades de registo

CATEGORIA SUBCATEGORIAS

 Cognição comprometida;
Défice na gestão do regime terapêutico
 Falta de capacidade funcional.

Cuidador principal

Preparação para a alta  Durante o internamento

Apoio para a realização do ensino

Avaliação da eficácia

Necessidade de Informação complementar

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

Nos quadros seguintes são apresentadas de forma pormenorizada, as unidades de registo


que integram cada categoria e subcategoria, tendo em conta a transcrição das entrevistas
de cada participante no presente projeto de investigação.

Quadro 3 - Unidades de registo para a Categoria: Défice na Gestão do Regime


Terapêutico
CATEGORIA SUBCATEGORIAS UNIDADE DE REGISTO

“Verifica-se que uma boa parte dos doentes que já faziam


inaladores do domicílio fazem-no mal” (E4)

“É essencial fazer ensinos, a grande maioria das vezes não


Cognição
sabem fazer de forma adequada/eficaz” (E8)
comprometida

“Técnica incorreta no manuseamento dos inaladores


resultando na má adesão ao regime medicamentoso” (E9)

Défice na
gestão do “Quando o doente não tem capacidade funcional para o fazer
regime sozinho ou há compromisso cognitivo” (E3)
terapêutico

“ Incapacidade funcional ou mental para efetuarem


sozinhos.” (E4)
Falta de capacidade
funcional
“Quando o doente precisa de auxílio por ter défice ou
quando não tem capacidade para aprender informação” (E7)

“Cognição comprometida, dificuldade em manusear os


inaladores – destreza manual” (E9)

Ao contrário do que muitos profissionais possam por vezes considerar, não existem
certezas quanto ao facto de o doente que já faz o inalador no domicílio, o realizar de forma
correta. Tal como se pode verificar na referência do participante E4, não é muito raro

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

verificar que um doente que habitualmente realiza terapêutica inalatória, executa de forma
errada a técnica.

Um défice na cognição pode resultar numa má gestão do regime terapêutico, seja devido
à má execução da técnica inalatória, seja na manipulação dos dispositivos inalatórios,
sendo necessário e essencial realizar os ensinos junto do doente ou cuidador mais
próximo.

Na falta de capacidade funcional é habitual, realizarem-se os ensinos ao cuidador mais


próximo ou familiar. A capacidade funcional prende-se com o facto de o doente não
conseguir manusear os dispositivos devido a algum problema funcional ou défice
cognitivo que resulte na incapacidade de reter informação importante sobre os ensinos de
enfermagem.

Nos dispositivos inalatórios em que é necessária energia mecânica, ou seja, força manual
do “utilizador para acioná-lo (…) pode ser uma condicionante em doentes com
limitações funcionais, como por exemplo, nos que têm artrite e nos idosos.” (Cordeiro,
2014)

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

Quadro 4 - Unidades de Registo para a Categoria: Cuidador Principal

CATEGORIA SUBCATEGORIA UNIDADE DE REGISTO

“Incluímos o cuidador principal quando o doente não


tem capacidade funcional para o fazer sozinho ou há
compromisso cognitivo” (E3)

“Chamamos o cuidador principal quando temos doentes


Cuidador com alterações cognitivas, que não lhes permitam
Principal executarem a técnica. Doentes com limitações físicas que
não lhes permitam executarem a técnica.” (E5)

“Quando constatámos incapacidade cognitiva ou física


da pessoa tentamos que o cuidador principal esteja
presente” (E8)

Segundo os participantes da investigação, na falta de capacidade funcional do doente, é


habitual, realizarem-se os ensinos ao cuidador mais próximo ou familiar. A capacidade
funcional prende-se com o facto de o doente não conseguir manusear os dispositivos
devido a algum défice na função do seu corpo.

Tal como as limitações cognitivas, as limitações físicas podem impedir o doente de


executar a técnica, muitas vezes, devido à incapacidade no manuseamento dos
dispositivos. Doentes com algum tipo de amputação dos membros inferiores, ou doenças
como artrite ou artrose podem ser as causas para a não adesão à técnica necessária para a
terapêutica.

Nesses casos a única e mais razoável solução é recorrer ao cuidador principal. Este poderá
ser a única solução para que o doente cumpra de forma correta a terapêutica prescrita pelo
seu médico.

O que se verifica quando não existe uma boa técnica no manuseamento e administração
da terapêutica inalatória é que o doente por opção própria não cumpre a terapêutica.
Geralmente, devido à não verificação de bons resultados após algum tempo de

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

administração da terapêutica, o doente conclui que o medicamento não é eficaz e desiste


de o realizar.

Em outros casos, o doente continua a realizar a administração da terapêutica, no entanto,


quando em contato com um profissional de saúde, numa consulta ou durante o
internamento hospitalar após agravamento da doença, o profissional de saúde (por
exemplo, enfermeiro) verifica que o doente não realizava de forma correta a técnica no
domicílio.

É por isso crucial a ajuda da família/cuidador uma vez que, “grande parte dos episódios
de doença, exigem continuidade na família, logo será importante desenvolver uma
cultura de aproximação às famílias pois estas são uma condicionante para a relação que
será criada entre enfermeiro/cliente/família”. (UNIESEP, 2012)

Quadro 5 - Unidades de Registo para a Categoria: Preparação para a Alta


CATEGORIA SUBCATEGORIA UNIDADE DE REGISTO

“Desde a entrada do doente no serviço é preparada a


alta, a limitação é que na maioria os inaladores são
prescritos dois dias antes da alta do doente” (E2)
Preparação Durante o
para a alta internamento “A alta prepara-se aquando da admissão, ou seja, os
ensinos iniciam-se quando é diagnosticado o
problema” (E6)

A preparação da alta é realizada desde que o doente é admitido no serviço. É a partir da


sua admissão que o enfermeiro realiza os diagnósticos de enfermagem, executa cuidados
ao doente, averigua as dificuldades do doente e realiza ensinos.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

No momento em que o médico prescreve a terapêutica, o enfermeiro pode iniciar os


ensinos ao doente, dessa forma, pode identificar limitações, incapacidades e obstáculos
do doente à terapêutica prescrita.

O principal objetivo do profissional é despender do seu tempo, de forma útil, para realizar
o ensino ao doente ou cuidador mais próximo deste. Quer seja necessários quinze, vinte
ou trinta minutos, o importante é que o ensino seja compreendido de forma eficaz para
que o doente/cuidador possa ser autónomo na administração da sua terapêutica.

Quadro 6 - Unidades de Registo para a Categoria: Apoio para a Realização do Ensino


CATEGORIA SUBCATEGORIA UNIDADE DE REGISTO

“Quando se verifica a incapacidade em controlar os tempos


respiratórios, nomeadamente a inspiração profunda,
sincronização com o momento de pressionar o dispositivo
pressurizado e o momento de “apneia” é introduzida a câmara
expansora” (E1)

“Em muitas situações os doentes e o seu prestador informal têm


cognição comprometida para aprender a técnica inalatória, aí é
inserida a câmara expansora. Outra situação é quando os
Apoio para a doentes não conseguem sincronizar a inspiração com o puff de
realização do inalador, nestes casos se após 3 ensinos o doente não conseguir

ensino sincronizar é introduzida a câmara expansora” (E2)

“No serviço de medicina existe um instrumento de avaliação


chamado mini-cog que permite avaliar a capacidade cognitiva
que o doente possui, no que concerne à auto-administração de
medicamentos. Quando a avaliação deste instrumento não é
favorável, o doente não tem capacidade para a administração
convencional de inaladores, optando-se pela adaptação a
câmara expansora” (E6)

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

Por vezes o doente não consegue realizar a técnica inalatória de forma correta e eficaz,
sendo que não consegue ter uma boa coordenação «mão-pulmão», o que corresponde a
uma fraca coordenação entre a ativação do dispositivo inalatório e a inspiração do doente,
perdendo-se grande parte do medicamento na nuvem de aerossol e, por conseguinte, não
obtendo a chegada de uma quantidade eficiente de fármaco ao pulmão.

De forma a evitar esta dificuldade, “recomenda-se a utilização de câmaras expansoras


que minimizam o problema da sincronização exigida pela complexidade da técnica com
pMDI, em doentes com fraca coordenação ou técnica inadequada”. (Cordeiro, 2014, p.
64)

Através do testemunho dos participantes no presente estudo pode-se verificar que a


equipa de enfermagem é capaz de identificar as falhas do doente e cuidador mais próximo
deste, enquanto o ensino é realizado.

Após a repetição do ensino e caso não exista melhoria da técnica, é preferível a adoção
de uma câmara expansora de forma adquirir melhores resultados na administração da
terapêutica e consequente tratamento da doença.

Existem serviços hospitalares que adotam mecanismos que ajudam na identificação de


algum défice cognitivo que não é facilmente detetado e que pode interferir na
compreensão da técnica inalatória.

No serviço hospitalar em que os participantes deste estudo exercem a sua profissão,


existem pequenos testes que são realizados quando os profissionais possuem dúvidas
acerca da capacidade cognitiva dos doentes aos quais necessitam de realizar ensinos mais
complexos como o da inaloterapia.

O mini-cog (em anexo III) é um exemplo de teste cognitivo que representa um pequeno
instrumento de avaliação da cognição do doente, no qual existem simples questões de
memória e raciocínio. Desta forma é possível verificar se o doente possui capacidade para
a auto-administração da terapêutica e compreensão de todo o processo que isso envolve.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

Se após a realização deste instrumento de avaliação ainda existirem dúvidas acerca da


capacidade cognitiva do doente, será necessário realizar o ensino junto de um familiar ou
cuidador.

Quadro 7 - Unidades de Registo da categoria: Avaliação da Eficácia

CATEGORIA SUBCATEGORIA UNIDADE DE REGISTO


“É sempre mais eficaz quanto maior a adesão do doente à
terapêutica” (E1)

“Não que tenha conhecimento. Talvez haja feedback em


consulta” (E1)

“Antes de cada sessão de ensino é feita uma avaliação para


saber quais os conhecimentos/habilidades já adquiridos e o
que reforçar/ensinar” (E2)

Avaliação de Feedback após a “Não, a não ser que o doente seja reinternado” (E2)
eficácia alta

“Verificando como o doente realiza a técnica sem interferir”


(E3)

“A avaliação da eficácia é realizada na medida em que o


doente consegue ou não auto-administrar a medicação”
(E6)

“Raramente existe feedback, infelizmente” (E6)

Para avaliar a eficácia do ensino, é importante confirmar se o doente realiza a técnica de


forma correta. Desta forma, consegue-se verificar se o doente reteve a informação
fornecida em sessões de ensino anteriores. Por isso a “técnica usada para cada
dispositivo inalatório prescrito deverá ser objecto de demonstração e ensino continuo

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

aos doentes e familiares.” Sendo que, “todos os procedimentos devem ser exemplificados
e corrigidos, (…) e reavaliados nas consultas posteriores”. (Cordeiro, 2014)

Geralmente, segundo o testemunho dos entrevistados, não existe feedback da eficácia do


ensino após a alta a nível hospitalar do doente. Não sendo, por isso, possível saber se o
doente realiza a técnica de forma eficaz no domicílio e se estará a obter bons resultados
com a mesma durante o tratamento da sua doença.

Acontece que, na maioria das vezes apenas se conhece feedback por parte do doente
quando este volta ao hospital para uma consulta externa ou então, quando existe uma
exacerbação da doença, e o doente é internado num serviço hospitalar em que esteve
anteriormente.

É muito comum pessoas com patologia respiratória possuírem internamentos repetitivos


por exacerbação aguda da sua doença. De um modo geral, essa exacerbação pode ser
causada pelo esquecimento de toma de medicação ou pelo mau manuseamento dos
dispositivos inalatórios prescritos.

O uso de dispositivos inalatórios por parte dos doentes está marcado por uma alta taxa de
erros, sendo que, “os erros podem ser minor, e não interferirem marcadamente com a
deposição pulmonar, ou podem ser erros suficientemente graves ao ponto de reduzir a
zero o fármaco depositado nos pulmões”. A principal causa deste último pode dever-se à
realização de uma má técnica inalatória, podendo conduzir à “redução da adesão, por
redução ou ausência total do efeito terapêutico esperado”. (Cordeiro, 2014, p. 127)

Portanto, considera-se necessário o reforço nos ensinos relativos à técnica inalatória e


manuseamento dos dispositivos inalatórios de modo a que sejam corrigidas falhas e
pequenos erros que possam impedir o tratamento eficaz da doença.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

Quadro 8 - Unidades de Registo para a Categoria: Necessidade de informação


complementar
CATEGORIA SUBCATEGORIA UNIDADE DE REGISTO

“Penso que, sendo o ensino efetuado em tempo útil, não seja


necessário o uso de folhetos” (E1)

“Na minha opinião, sim. Facilita o esclarecimento de dúvidas


sobre a técnica inalatória, bem como a sua esquematização”
(E2)

Necessidade
“Sim, principalmente com as principais questões (…), efeito da
de informação
medicação, efeitos secundários, o que fazer em caso de
complementar
falha/esquecimento na toma” (E3)

“Sim, será uma ideia oportuna à semelhança de outros


programas/ensinos, existirem folhetos/livros explicativos para a
inaloterapia no doente com DPC (doença pulmonar crónica)
seria importante algum documento orientador na inaloterapia
domiciliária, principalmente um documento que abordasse as
principais dúvidas” (E6)

Alguns dos participantes nesta entrevista são da opinião que deveria existir informação
complementar para oferecer aos doentes/cuidadores aquando da realização do ensino de
enfermagem. Desta forma é possível conseguir esclarecer alguma dúvida sobre a
terapêutica administrada.

É também de opinião dos participantes no estudo que, a informação complementar ao


ensino pode ser entregue sob a forma de folhetos informativos com ilustrações da técnica
inalatória, com instruções do seu manuseamento e outras informações como, efeito
terapêutico e efeitos secundários da medicação.

Esta informação é importante sobretudo para o doente possuir algo no domicílio que o
auxilie em caso de dúvida, em caso de esquecimento de toma de medicação ou mesmo,
em caso de aparecimento de algum sintoma adverso.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

Em todo o caso, não é prejudicial para o doente estar bem informado, só traz benefício
possuir informação suficiente mesmo que seja repetitiva. O importante é não fornecer
informação contraditória uma vez que, se isso acontecer, estaremos a confundir mais do
que esclarecer.

3.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS:

A interpretação dos dados recolhidos é realizada pelo investigador, e essa tarefa é


executada tendo em conta o tipo de estudo e os objetivos desenvolvidos para o mesmo. O
principal objetivo nesta fase consiste em realizar uma reflexão de comparação entre os
resultados obtidos e a fundamentação descrita ao longe deste trabalho.

Assim, “o investigador interpreta os resultados no contexto do estudo e à luz de outros


trabalhos de investigação” tendo em conta a “relação entre os resultados obtidos e as
questões de investigação ou as hipóteses formuladas”. (Fortin & Côté, 2009, p. 337)

O principal objetivo deste estudo foi averiguar a eficácia dos ensinos realizados por
enfermeiros sobre inaloterapia, e se os profissionais de saúde verificam que existe essa
eficácia.

De acordo com os resultados obtidos ao longo da investigação, os participantes revelaram


que não é algo raro, encontrar um doente que já auto-administra terapia inalatória, no
entanto, executa-o de forma errada. Esta situação pode ocorrer devido a falhas no ensino
de enfermagem, nomeadamente na falha de informação dada ao doente, ou por outro lado,
pode dever-se a falhas de cognição da pessoa que a conduz à não-compreensão do ensino.

Todo este processo de desinformação e não-conhecimento por parte do doente, pode


resultar numa não-adesão à terapêutica conduzindo a pessoa a um estado de exacerbação
da doença e por consequência, a internamento sucessivos.

Quando não existe um compromisso cognitivo na pessoa que recebe o ensino, pode existir
uma incapacidade funcional, ou seja, algo que torna a pessoa incapaz de executar a técnica

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

funcionalmente. Na maioria das vezes, esta situação verifica-se em pessoas com historial
de amputação dos membros superiores, ou patologias que diminuam a força dos
membros, sendo a pessoa incapaz de ativar o dispositivo inalatório.

De acordo com os participantes nesta investigação, o cuidador principal do doente é


incluído no ensino quando o doente não possui capacidades cognitivas e/ou funcionais
para a execução da técnica. Desta forma, a terapêutica pode ser administrada por alguém
responsável pelo doente, evitando assim, que haja desistência por parte do doente no
cumprimento da terapêutica.

Relativamente ao momento em que os ensinos são realizados ao doente ou cuidador


principal, os participantes referiram que na maioria das vezes, apenas são realizados
quando o médico responsável prescreve a terapêutica para o domicílio, sendo que pode
levar a uma prescrição com um pequeno intervalo de tempo de antecedência. Esta
situação pode ser desastrosa no que concerne à realização de ensinos em doentes com
patologias respiratórias recentemente diagnosticadas e que nunca tenham realizado
terapêutica inalatória em outra altura da sua vida.

O facto de a terapêutica ser prescrita momentos antes da alta hospitalar do doente, implica
que o enfermeiro se esforce e redobre meios para que o doente execute a técnica
pretendida. No então, num curto espaço de tempo, com dois dias, é praticamente
impossível identificar problemas e corrigir todas as falhas do doente na execução da
técnica.

Assim, pode resultar num doente que vai para o domicílio com pouco conhecimento sobre
a técnica de inalação da terapêutica, em que existem dúvidas, questões e indecisões não
foram prontamente esclarecidas levando à má execução da técnica ou simplesmente, à
não-adesão da terapêutica.

Poderá se iniciar um ciclo de contínuas exacerbações da doença por falta de conhecimento


da execução da técnica e desistências sobre a terapêutica, uma vez que o doente não

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

reconhece qualquer efeito/resultado sobre a sua doença com a utilização dos dispositivos
inalatórios.

Em muitos casos, quando existe identificação da incapacidade ventilatória dos doentes,


em que existe pouco fluxo ventilatório para executar a técnica, é aconselhado o uso de
acessórios adaptáveis aos dispositivos inalatórios tais como, a câmara expansora.

A câmara expansora é, de forma geral, prescrita em lactentes, crianças e idosos. No


entanto, se o profissional de saúde reconhecer que existem dificuldades no doente que
vão além da incapacidade funcional ou cognitiva, pode aconselhar o uso de uma câmara
expansora. Desta forma será mais fácil para o doente executar a técnica.

Os participantes nesta investigação chegaram à conclusão que a avaliação de eficácia de


cada ensino realizado pode fazer-se através avaliação do conhecimento do doente sobre
a técnica, avaliando que tipo de informação o doente reteve desde a última vez em que o
ensino foi realizado, ou então, como o doente executa a técnica.

Estas serão as mais corretas formas de se verificar a avaliação da eficácia relativamente


aos ensinos dos profissionais uma vez que, desta forma estarão a “obrigar” o doente a
relembrar tudo o que já foi dito sobre o ensino.

No entanto, após a alta do doente, é praticamente impossível conhecer-se o feedback do


ensino realizado. Na grande maioria dos profissionais, não existe conhecimento sobre a
eficácia do ensino realizado a partir do momento em que o doente abandona o ambiente
hospitalar.

Relativamente à necessidade de informação complementar em conjunto com os ensinos


realizados, a maioria, reconhece que seria uma boa opção. O facto de se entregarem aos
doentes folhetos de informação ilustrativa e teórica facilitaria uma vez que, os doentes
teriam uma fonte de informação no domicílio, sendo possível o esclarecimento de
pequenas dúvidas que possam ainda existir.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

Em suma, é importante que o profissional de saúde esteja atento aos diversos problemas
que possam existir aquando da execução da técnica de inalação. Ao identificar os
problemas de forma precoce estará a evitar que aquele doente execute uma má técnica
assim que abandona a instituição hospitalar.

É importante reter que o ensino é sempre tão eficaz quanto a adesão do doente. A não-
adesão do doente à terapêutica pode ser evitada quando os profissionais estão
inteiramente atentos a cada caso.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

CONCLUSÃO

Em conclusão ao presente estudo, é necessário apresentar uma breve reflexão no que diz
respeito à questão de investigação, os objetivos propostos e os respetivos resultados
obtidos com a realização da investigação.

A elaboração do presente projeto de graduação permitiu o aprofundamento de


conhecimentos e representou um ganho de experiência relativamente à realização de uma
investigação.

Para permitir a recolha dos testemunhos e opiniões dos participantes na investigação, foi
usada como instrumento de recolha de dados, a entrevista. Nesta, foi possível reconhecer
opiniões diversas acerca das várias categorias que se criaram como forma de organizar os
dados.

A participação dos elementos que constituem a amostra deste estudo não foi um aspeto
de fácil aquisição uma vez que, atualmente não existe muita disponibilidade por parte dos
profissionais de saúde para a realização de entrevistas.

Para além disso, segundo a opinião dos participantes, o facto de existirem questões de
resposta aberta torna mais difícil a resposta dos mesmos. Isto porque os participantes
recearam ser demasiado extensos nas suas respostas.

A maior dificuldade na realização deste projeto de investigação teve lugar na pesquisa


bibliográfica durante a recolha de informação para a revisão de conteúdo teórico sobre os
temas em discussão.

No entanto, através da pesquisa bibliográfica, tanto de estudos nacionais como


internacionais, possibilitou a reunião de várias fontes que revelam informações
importantes sobre os temas discutidos.

Evidencia-se assim, o interesse da investigadora no presente estudo, que resultou num


maior conhecimento sobre a realidade da adesão à terapêutica de doentes com patologia

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

respiratória que demonstram, muitas vezes, não se sentirem confortáveis e habilitados


para as alterações na sua vida diária relativamente à introdução de terapia de inalação.

Para além das dificuldades apresentadas e testemunhadas pelos participantes da


investigação, a nível cognitivo e funcional, existem dificuldades económicas que levam
os doentes recusarem tomas de medicação, recusarem adquirir os dispositivos ou até
mesmo os seus acessórios (câmara de expansão). Uma realidade que afeta sobretudo a
população mais idosa.

Tendo em conta todas as dificuldades referidas, mostra-se cada vez mais relevante por
parte dos profissionais de saúde, o desenvolvimento de métodos e estratégias
educacionais e comportamentais que ajudem a população afetada por patologias
respiratórias, em compreender melhor as informações dada acerca da terapêutica
inalatória.

A experiência na realização do presente projeto de investigação revelou-se bastante


positiva e enriquecedora para a investigadora. Porém, durante este percurso, algumas
dificuldades e indecisões surgiram, todavia, com empenho, interesse e auxílio estas foram
superadas.

Ressalta-se o sentimento satisfação por um objetivo cumprido, repleto de novos


conhecimentos enriquecedores e uma experiência pessoal, de se sentir útil na elaboração
de um projeto de investigação como o apresentado.

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Inaloterapia: eficácia dos ensinos realizados por Enfermeiros

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http://www.fpce.up.pt/docentes/acpinto/artigos/16_memoria_e_educacao.pdf
[Acedido em Maio 2017].

Potter, P., 2008. Fundamentos de Enfermagem - Conceitos e Procedimentos. 5º ed.


Loures: Lusociência - Edições Técnicas e Científicas. LDa.

UNIESEP, E. S. d. E. d. P. -., 2012. Transferibilidade do Conhecimento em Enfermagem


de Família. [Online]
Available at:
http://www.esenf.pt/fotos/editor2/i_d/transferibilidade_conhecimento_ef.pdf
[Acedido em Maio 2017].

64
ANEXOS
ANEXO I – GUIA ORIENTADOR DA ENTREVISTA
ENTREVISTA À EQUIPA DE ENFERMAGEM

Joana Catarina Silva Sousa, aluna do 4º ano do Curso de Licenciatura e Enfermagem, está
a realizar um Projeto de Graduação que se intitula de “Inaloterapia: eficácia dos ensinos
realizados por Enfermeiros".

Este projeto tem como principal objetivo saber a eficácia dos ensinos realizados por
Enfermeiros sobre a inaloterapia.

Os dados recolhidos da entrevista serão confidenciais, sendo salvaguardado o anonimato


do entrevistado, pelo que não deve colocar o seu nome em parte alguma do documento.

Desde já agradeço a sua participação, a sua resposta é muito importante.

___________________________________

Joana Catarina Silva Sousa

Porto, 2017
ENTREVISTA À EQUIPA DE ENFERMAGEM

GÉNERO: Feminino Masculino

ESPECIALIDADE: Sim Não QUAL? _______________________

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: _____________________________________

TEMPO DE SERVIÇO NA MEDICINA: ________________________________

POSSUI FORMAÇÃO SOBRE INALOTERAPIA? Sim Não

0. Como avalia a necessidade dos doentes com doenças respiratórias em terem ensinos de
enfermagem sobre os inaladores?

1. Para além do doente incluem os familiares nos ensinos realizados?

2. Quanto tempo demora a fazer o ensino?

3. Em que momento da preparação para a alta, realiza o ensino? (dias)

4. Como avalia a eficácia do ensino realizado sobre a técnica de inalação?

5. Existem outros tipos de apoios para os doentes que não conseguem utilizar corretamente
o equipamento?

6. Após a alta existe feedback acerca da eficácia dos ensinos de enfermagem?

7. Em sua opinião para além do ensino realizado no serviço deveriam ser fornecidos ao
doente/cuidador principal folhetos com indicações precisas sobre inaloterapia?
ANEXO II – CONSENTIMENTO INFORMADO
CONSENTIMENTO INFORMADO

No âmbito da licenciatura de Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa foi elaborada a


presente entrevista, onde se pretender conhecer a eficácia dos ensinos realizados por enfermeiros
sobre inaloterapia.

O anonimato das entrevistas e a confidencialidade da informação são garantidos pelas mais


rigorosas regras de ética da instituição envolvida e inerente a um trabalho desta natureza.
Agradecemos o seu consentimento, depois de devidamente informada e esclarecida.

Eu, _________________________________________________________ declaro que, após


devidamente informada da natureza e objetivos do estudo, e com a garantia do meu anonimato e
da confidencialidade dos dados, autorizo a utilização dos dados recolhidos por entrevista para a
realização de um projeto de investigação que aborda o tema: “Inaloterapia: eficácia dos ensinos
realizados por enfermeiros”.

A presente investigação será realizada pela aluna, Joana Catarina da Silva Sousa que frequenta o
quarto ano da licenciatura de enfermagem da Universidade Fernando Pessoa, e encontra-se sob a
orientação da Mestre Amélia José, professora da Universidade Fernando Pessoa, Faculdade de
Ciências da Saúde no Porto.

Porto, ___ de ________________ de 2017

____________________________________________
(assinatura)
ANEXO III – TESTE DE COGNIÇÃO MINI-COG
(MiniCog, s.d.)
MINI-COG

Instruções

ADMINISTRAÇÃO INSTRUÇÕES ESPECÍFICAS

1. Obter a atenção do doente. • Permitir três tentativas ao doente e em seguida ir para o próximo item.
Pedir-lhe para memorizar três • As seguintes listas de palavras foram validadas num estudo clínico:1–3
palavras não relacionadas. Pedir-lhe
Versão 1 Versão 3 Versão 5
para repetir as palavras para garantir
• Banana • Vila • Capitão
que a aprendizagem estava correta.
• Nascer do sol • Cozinha • Jardim
• Cadeira • Bebé • Fotografia

Versão 2 Versão 4 Versão 6


• Filha • Rio • Líder
• Paraíso • Nação • Estação do ano
• Montanha • Dedo • Mesa
• Pode ser usada uma folha de papel em branco ou um círculo pré-impresso no verso.
2. Pedir ao doente para desenhar o
• A resposta correta é todos os números colocados aproximadamente nas posições
mostrador de um relógio.
corretas e os ponteiros apontando para o 11 e 2 (ou o 4 e 8). • Estes
Depois dos números marcados, pedir
dois horários específicos são mais sensíveis que outros. • Durante
ao doente para desenhar os ponteiros
esta tarefa não deve ser visível um relógio para o doente. • Recusa em
para ler 10 minutos depois das 11:00
desenhar um relógio é pontuado como anormal.
(ou 20 minutos depois das 8:00).
• Avançar para o próximo passo se o relógio não estiver completo ao fim de três
minutos.
3. Pedir ao doente para recordar-se das três Pedir ao doente para recordar-se das três palavras que lhe apontamos no passo 1.
palavras do passo 1.

Pontuação

3 palavras recordadas Negativo para défice cognitivo


1-2 palavras recordadas + normal TDR Negativo para défice cognitivo
1-2 palavras recordadas + anormal TDR Positivo para défice cognitivo
0 palavras recordadas Positivo para défice cognitivo

Referências

1. Borson S, Scanlan J, Brush M, Vitaliano P, Dokmak A. The mini-cog: a cognitive “vital signs” measure for dementia screening in multi-lingual elderly. Int J Geriatr Psychiatry. 2000;15(11):1021-1027. 2.
Borson S, Scanlan JM, Chen P, Ganguli M. The Mini-Cog as a screen for dementia: validation in a population-based sample. J Am Geriatr Soc. 2003;51(10):1451-1454.
3. McCarten JR, Anderson P Kuskowski MA et al. Finding dementia in primary care: the results of a clinical demonstration project. J Am Geritr Soc. 2012;60(2):210-217.
Mini-CogTM Copyright S Borson. Reprinted with permission of the author ([email protected]). All rights reserved.
N

Nome do doente: Data:


.

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