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COMUNICAÇÃO BREVE

BRIEF COMMUNICATION
Lei, para que te quero? Dados comparativos da
Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE)
sobre acesso a cigarros por adolescentes

Law compliance, why do we need it? Comparative


data from the Brazilian National Survey of School
Health (PeNSE) on adolescents’ access to cigarettes

Ley ¿para qué te necesito? Datos comparativos del


Encuesta Nacional de Salud del Escolar (PeNSE)
sobre el acceso a cigarrillos por los adolescentes
André Salem Szklo 1
Neilane Bertoni 1

doi: 10.1590/0102-311XPT145722

Resumo Correspondência
A. S. Szklo
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva.
Nas últimas décadas, o Brasil obteve importantes avanços no combate à epi- Rua Marques de Pombal 125, 7o andar, Rio de Janeiro, RJ
demia de tabaco. No entanto, dados recentes nacionais apontam para uma 20230-240, Brasil.
provável estagnação na queda da iniciação ao tabagismo entre jovens e ado- [email protected]
lescentes. O objetivo deste estudo foi avaliar a evolução no tempo do cumpri-
1Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Rio
mento da lei que proíbe a venda de cigarros para menores de idade no Brasil.
de Janeiro, Brasil.
Para tal, utilizaram-se os dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar
das edições de 2015 e 2019. Foram estimadas proporções para indicadores “se-
quenciais” criados da combinação das respostas às perguntas “alguém se recu-
sou a lhe vender cigarros?” e “como conseguiu seus próprios cigarros?”. Houve
uma queda, entre 2015 e 2019, na proporção de fumantes entre 13 e 17 anos
que tentaram comprar cigarros nos 30 dias anteriores à pesquisa (72,3% vs.
66,4%; valor de p ≤ 0,05). Contudo, independentemente do ano da pesquisa,
cerca de 9 em cada 10 adolescentes fumantes tiveram sucesso em alguma ten-
tativa de compra de cigarros. Desses, aproximadamente 7 em cada 10 utiliza-
ram a compra ativa como a principal modalidade de acesso ao cigarro, sendo
que a respectiva compra em estabelecimentos comerciais autorizados (vs. com
ambulantes) aumentou entre 2015 e 2019 (81,1% vs. 89,6%; valor de p ≤ 0,05).
Em 2019, 70% dos adolescentes que compraram cigarros em estabelecimentos
comerciais autorizados realizaram a compra avulsa. O descumprimento de
leis voltadas à prevenção da iniciação ao fumo é um enorme obstáculo para a
redução da proporção de fumantes. O fortalecimento das ações legislativas e
de fiscalização, aliado a ações educativas e de sensibilização junto aos varejis-
tas, é fundamental para proteger as novas gerações quanto aos efeitos nocivos
do uso do tabaco.

Prevenção do Hábito de Fumar; Legislação; Comportamento do Adolescente;


Comercialização de Produtos Derivados do Tabaco

Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença


Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodu-
ção em qualquer meio, sem restrições, desde que o trabalho original seja
corretamente citado. Cad. Saúde Pública 2023; 39(2):e00145722
2 Szklo AS, Bertoni N

Introdução

Nas últimas duas décadas, o Brasil implementou diversas medidas legislativas, econômicas e educati-
vas voltadas ao controle do tabaco 1. A sinergia dessas medidas levou a uma redução da proporção de
fumantes adultos no Brasil (por exemplo, 18,2% em 2008 vs. 12,6% em 2019) 2.
O monitoramento do cumprimento das medidas legislativas antitabaco por meio de inquéritos
seriados de representatividade nacional permite avaliar também os seus impactos em termos de redu-
ção da aceitação social do comportamento de fumar na sociedade brasileira. Um bom exemplo seria o
aumento considerável, entre 2008 e 2019, da proporção de brasileiros (fumantes e/ou não fumantes)
protegidos contra o fumo passivo em locais de trabalho fechado, seguido também do aumento da
proteção em locais em que não há essa restrição legal, tal como dentro dos próprios domicílios 3.
A efetiva implementação da política de preços e impostos, restrição de anúncios, promoções e
propagandas, proibição de venda avulsa de cigarros, da regulação dos pontos de venda e a proibição
irrestrita da venda de produtos de tabaco para menores de 18 anos vigentes no Brasil 1 é fundamental
para impedir o acesso, principalmente de crianças e adolescentes, a esses produtos, visto que é nesse
período da vida que a iniciação ao tabagismo ocorre em maior proporção 4.
Dados recentes da proporção de fumantes atuais entre os adolescentes brasileiros a partir da
Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) revelaram, contudo, que essa proporção não reduziu
entre 2015 e 2019, sendo 6,6% e 6,8%, respectivamente 5. O objetivo deste estudo foi, portanto, avaliar,
para esse mesmo período, a evolução do cumprimento/descumprimento da lei que proíbe a venda de
cigarros para menores de 18 anos no Brasil.

Métodos

Utilizaram-se os microdados da PeNSE das edições de 2015 (amostra 2) e 2019. A PeNSE contemplou
escolares frequentando as etapas do 6o ao 9o ano do Ensino Fundamental e da 1a a 3a série do Ensino
Médio das escolas públicas e privadas de todo o território nacional. Detalhes do plano de amostragem
podem ser encontrados em outras publicações 5.
Para as análises aqui apresentadas, foram selecionados apenas os adolescentes entre 13 e 17 anos
que fumaram cigarro nos 30 dias anteriores à pesquisa, correspondendo a uma população de 863.469
adolescentes em 2015 e 804.369 em 2019.
As análises se baseiam em três perguntas independentes dos questionários: (1) “Nos últimos 30
dias, alguém se recusou a lhe vender cigarros em função de sua idade?”, com opções de resposta (a)
“Não tentei comprar cigarros nos últimos 30 dias”, (b) “Sim, alguém se recusou a me vender cigarros
por causa de minha idade”, e (c) “Não, minha idade não me impediu de comprar cigarros”; (2) “Nos
últimos 30 dias, na maioria das vezes, como você conseguiu os seus próprios cigarros?”, com opções
de resposta (a) “Comprei numa loja, bar, botequim, padaria ou banca de jornal”, (b) “Comprei de um
vendedor de rua (camelô ou ambulante)”, (c) “Dei dinheiro para alguém comprar para mim”, (d) “Pedi a
alguém”, (e) “Peguei escondido em casa”, (f) “Uma pessoa mais velha me deu” e (g) “Consegui de outro
modo”; (3) “Nos últimos 30 dias, você comprou cigarro por unidade (avulso, a varejo, retalho ou cigar-
ro solto)?”, com opções de resposta (a) “Sim” e (b) “Não”. Esta última (3) presente apenas na edição da
PeNSE de 2019.
Foram criados cinco indicadores sequenciais para ajudar no entendimento do cumprimento/
descumprimento da proibição de vender cigarros ao jovem no Brasil:
(A) “Tentativa de compra”: o numerador inclui tanto indivíduos que foram impedidos quanto aqueles
que conseguiram comprar cigarros em alguma tentativa [opções de reposta (b) ou (c) da pergunta (1),
ou opções de resposta (a) ou (b) da pergunta (2)], e o denominador são adolescentes fumantes;
(B) “Sucesso da tentativa de compra”: o numerador são os adolescentes que conseguiram comprar
cigarros em alguma tentativa [opções de reposta (c) da pergunta (1), ou opções de resposta (a) ou (b) da
pergunta (2)], e o denominador são os indivíduos que tentaram comprar cigarros;
(C) “Comprador frequente”: o numerador são os adolescentes que, na maioria das vezes, conseguiram
os seus cigarros por meio de compra ativa [opções de resposta (a) ou (b) da pergunta (2)], e o denomi-
nador inclui quem conseguiu comprar cigarros em alguma tentativa;

Cad. Saúde Pública 2023; 39(2):e00145722


DADOS COMPARATIVOS DA PeNSE SOBRE ACESSO A CIGARROS POR ADOLESCENTES 3

(D) “Comprador frequente em estabelecimentos comerciais autorizados”: o numerador corresponde


aos adolescentes que, na maioria das vezes, compraram os próprios cigarros em estabelecimentos
comerciais autorizados [opção de reposta (a) da pergunta (2)], e o denominador corresponde a quem,
na maioria das vezes, comprou o seu próprio cigarro;
(E) “Compra avulsa em estabelecimentos comerciais autorizados”: o numerador são apenas os adoles-
centes que compraram cigarro por unidade [opção de reposta (a) da pergunta (3)], e o denominador
inclui quem, na maioria das vezes, comprou em estabelecimentos comerciais autorizados.
Foram estimadas as proporções dos cinco indicadores criados, segundo ano da pesquisa. Para a
comparação das proporções, utilizou-se o teste qui-quadrado. Ademais, estimou-se a proporção total
de adolescentes fumantes brasileiros que compraram, na maioria das vezes, seus cigarros em esta-
belecimentos comerciais autorizados, obtida por meio da multiplicação dos indicadores A, B, C e D.
As análises foram realizadas no Stata 15.0 (https://www.stata.com), utilizando-se o comando svy
para levar em consideração as frações de expansão.
A PeNSE foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde
(2015: CAAE 1.006.487; 2019: CAAE 3.249.268).

Resultados

A Tabela 1 mostra que houve uma queda estatisticamente significativa entre 2015 e 2019 na propor-
ção de fumantes menores de idade que tentaram comprar cigarro nos 30 dias anteriores à pesquisa
(72,3% vs. 66,4%). Percebe-se, contudo, que cerca de 9 em cada 10 adolescentes fumantes que tentaram
comprar tiveram sucesso em alguma tentativa, independentemente do ano de análise. Desses, aproxi-
madamente 7 em cada 10 utilizaram a compra ativa como a principal modalidade de acesso ao cigarro,
sendo que a respectiva compra em estabelecimentos comerciais autorizados (vs. com ambulantes)
aumentou entre 2015 e 2019 (81,1% vs. 89,6%; valor de p ≤ 0,05). Em 2019, cerca de 70% dos adoles-
centes que, na maioria das vezes, compraram os seus próprios cigarros em estabelecimentos comer-
ciais autorizados, compraram cigarro por unidade (avulso). No total, para ambos os anos pesquisados,
aproximadamente 4 em cada 10 jovens fumantes brasileiros entre 13 e 17 anos, na maioria das vezes,
compraram seus próprios cigarros em estabelecimentos comerciais autorizados nos últimos 30 dias.

Tabela 1

Proporção de acesso à compra de cigarro por fumantes de 13 a 17 anos, nos últimos 30 dias, segundo indicadores “sequenciais” selecionados. Pesquisa
Nacional de Saúde do Escolar, edições de 2015 e 2019, Brasil.

Ano da pesquisa
2015 2019

Tentativa de compra (A) 72,3 * 66,4


Sucesso da tentativa de compra (B) 86,1 87,1
Comprador “frequente” (C) 69,5 73,5
Comprador “frequente” em estabelecimentos comerciais autorizados (D) 81,1 * 89,6
Compra avulsa em estabelecimentos comerciais autorizados (E) - 70,6 **
Adolescentes fumantes que, “com frequência”, compraram seus cigarros em estabelecimentos comerciais 35,1 38,1
autorizados (A*B*C*D)

Notas: (A) o denominador são adolescentes fumantes; (B) o denominador são os indivíduos que tentaram comprar cigarros; (C) o denominador inclui
quem conseguiu comprar cigarros em alguma tentativa; (D) o denominador corresponde a quem, na maioria das vezes (isto é, “comprador frequente”),
comprou o seu próprio cigarro; (E) o denominador inclui quem, na maioria das vezes, comprou em estabelecimentos comerciais autorizados.
* Valor de p ≤ 0,05;
** Informação coletada apenas em 2019.

Cad. Saúde Pública 2023; 39(2):e00145722


4 Szklo AS, Bertoni N

Discussão

Os achados apontam para uma alarmante constatação: segue inalterado no tempo o descumprimento
da lei 1 que impediria que aproximadamente 40% dos quase um milhão de adolescentes fumantes
brasileiros, com frequência, comprassem seus próprios cigarros em estabelecimentos comerciais
autorizados (cerca de 45%, se considerássemos a contribuição da ilegalidade adicional da venda por
camelôs/ambulantes).
Quando comparamos a evolução temporal desse descumprimento, percebemos que ele pode ser
resultante do fortalecimento e/ou enfraquecimento de outras medidas voltadas à prevenção da inicia-
ção ao fumo. Por exemplo, a queda na proporção de adolescentes que tentaram comprar seu próprio
cigarro pode refletir a entrada em vigor em 2018/2019 do quarto grupo de advertências sanitárias dos
produtos derivados do tabaco, evidenciando mais fortemente em termos de tamanho e cor, tanto nos
maços de cigarros, quanto nos pontos de venda, a advertência da proibição de venda a menores 1. Por
outro lado, a forte atração sobre os adolescentes da presença de cigarros com aromas e sabores ainda
existentes no mercado brasileiro, expostos perto de balas e doces em estabelecimento comerciais,
reflete a interferência da indústria do tabaco no sentido de retardar ou bloquear ações da Política
Nacional de Controle do Tabaco (PNCT) 4,6. Nesse sentido, a ausência de reajuste das alíquotas dos
impostos e do preço mínimo dos produtos derivados do tabaco desde 2016, aliada à forte presença de
cigarros baratos de origem ilegal no mercado brasileiro 6, enfraquece a principal ação para reduzir a
iniciação 7. Esses fatores combinados fazem com que a maioria dos jovens fumantes ainda tentem (e
consigam) comprar cigarros e explicam, de certa forma, o porquê da prevalência de fumantes entre
adolescentes não reduzir 5.
A proporção de adolescentes fumantes que conseguem comprar cigarros sem serem impedidos
é absurdamente escandalosa e estável no tempo (cerca de 90%). Ademais, como se não bastasse o
Brasil ter o segundo cigarro mais barato da região das Américas 4,7, a alta proporção de “dupla ilega-
lidade” 1,8, isto é, de venda de cigarro avulso (vs. a venda exclusiva de maços contendo vinte unidades
de cigarros) para menores de idade, em estabelecimentos comerciais autorizados, sinaliza para o fato
de que, mesmo que o país voltasse a aumentar o preço do cigarro, o descumprimento de ações/leis
específicas continuaria enfraquecendo a PNCT como um todo.
Sendo o Brasil um país de dimensões continentais, existem milhares de locais potenciais de venda
de cigarros para menores de idade. Por isso mesmo, constatamos que, aliadas a medidas legislativas e
ao enorme desafio da fiscalização, ações de educação e de sensibilização da sociedade, e em particular
dos varejistas 9, sobre a importância de proteger as novas gerações quanto aos efeitos nocivos do uso
do tabaco são fundamentais. Exemplos de sucesso combinado de mobilização da sociedade e ações
legislativas já foram alcançados no Brasil e em outros países, por exemplo, com a lei de ambientes
livres 3,9. É importante, ainda, entender os diversos mecanismos que os jovens usam para burlar a lei
que proíbe a venda de cigarros para menores de 18 anos de idade (por exemplo, comprar em estabele-
cimentos de menor porte e sempre nos mesmos), de forma a torná-la mais efetiva 10.
O aumento da proporção de adolescentes que compraram seus próprios cigarros em estabeleci-
mentos comerciais autorizados em 2019 (vs. 2015) pode refletir a inclusão de mais opções de resposta
no item sobre compra ativa (incluindo bar, padaria e banca de jornal em 2019) 5. No entanto, perce-
be-se que a proporção de resposta “consegui de outro modo” inclusive aumentou entre 2015 e 2019
(12,6% vs. 14,9%) 5, sugerindo que a proporção de descumprimento da lei pode ser maior se conside-
rarmos a expansão das vendas pela Internet 4.
Apesar de não termos como separar as compras por tipo de cigarro, inclusive para corrigir um
eventual erro de informação relacionado à inclusão do cigarro eletrônico nas respostas previstas para
o cigarro convencional, o que importa para as conclusões deste artigo é que a venda de todos os tipos
de cigarros para menores de idade é proibida, sendo, portanto, sempre um descumprimento da legis-
lação. Além disso, os dados podem estar subestimados, considerando que não foi incluída a compra
de outros acessórios e/ou produtos, os quais a PeNSE mostrou estarem relacionados com o uso de
cigarro atual (por exemplo, narguilé) 5.

Cad. Saúde Pública 2023; 39(2):e00145722


DADOS COMPARATIVOS DA PeNSE SOBRE ACESSO A CIGARROS POR ADOLESCENTES 5

Conclusão

O descumprimento de leis voltadas à prevenção da iniciação e ao estímulo da cessação do uso do


cigarro entre os adolescentes brasileiros é um enorme obstáculo para a redução da proporção de
fumantes no Brasil. Ações de educação e fiscalização, além daquelas legislativas, precisam ser fortale-
cidas, haja vista a estagnação, para não dizer a piora, nos indicadores de acesso ao cigarro por menores
de idade apresentados neste estudo.

Colaboradores Informações adicionais

A. S. Szklo participou da análise e interpretação dos ORCID: André Salem Szklo (0000-0003-1903-
dados, da redação e revisão crítica relevante do con- 6188); Neilane Bertoni (0000-0002-2539-9965).
teúdo intelectual do artigo e aprovou a versão final.
N. Bertoni participou da interpretação dos dados,
da redação e revisão crítica relevante do conteúdo
intelectual do artigo e aprovou a versão final.

Referências

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por tema. https://www.inca.gov.br/observato tria do tabaco sobre os dados do consumo de
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5. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Med 2018; 115:61-7.
PeNSE – Pesquisa Nacional de Saúde do Es-
colar. https://www.ibge.gov.br/estatisticas/so
ciais/saude/9134-pesquisa-nacional-de-sau
de-do-escolar.html?=&t=resultados (acessado
em 29/Jul/2022).

Cad. Saúde Pública 2023; 39(2):e00145722


6 Szklo AS, Bertoni N

Abstract Resumen

In recent decades, Brazil has made significant En las últimas décadas, Brasil ha logrado impor-
progress in fighting the tobacco epidemic. How- tantes avances en el combate a la epidemia del ta-
ever, recent national data suggest a probable baquismo. Pero, recientes datos nacionales apun-
stagnation in the reduction of smoking initiation tan a un probable estancamiento en la recucción de
among youth and adolescents. The objective of this la iniciación tabáquia entre jóvenes y adolescentes.
study was to evaluate the evolution over time of El objetivo de este estudio fue evaluar la evolución
compliance with the law that prohibits the sale of en el tiempo de cumplimiento de la ley que pro-
cigarettes to minors in Brazil. To this end, data híbe la venta de cigarrillos a menores en Brasil.
from the Brazilian National Survey of School Para ello, se utilizaron datos de la Encuesta Na-
Health conducted ib 2015 and 2019 were used. cional de Salud del Escolar de 2015 y 2019. Se
Percentages were estimated for “sequential” indi- estimaron proporciones para los indicadores “se-
cators created by combining answers to the ques- cuenciales” creados desde una combinación de las
tions “Did anyone refuse to sell you cigarettes?” respuestas a las preguntas “alguien se negó a ven-
and “How did you obtain your cigarettes?” There derte cigarrillos” y “cómo conseguiste cigarrillos”.
was a decrease between 2015 and 2019 in the per- Hubo una disminución entre 2015 y 2019 en la
centage of smokers aged 13 to 17 who tried to buy proporción de fumadores de entre 13 y 17 años que
cigarettes in the 30 days prior to the survey (72.3% intentaron comprar cigarrillos en los treinta días
vs. 66.4%; p-value ≤ 0.05). However, regardless of antes de la encuesta (72,3% vs. 66,4%; valor de
the survey year, approximately 9 out of 10 ado- p ≤ 0,05). Sin embargo, independientemente del
lescent smokers were successful in an attempt to año de la encuesta, alrededor de 9 de cada 10
buy cigarettes. Of those, approximately 7 out of 10 adolescentes fumadores tuvieron éxito en algún
used direct purchase as the main method of obtain- intento de comprar cigarrillos. De estos, apro-
ing cigarettes, with purchases at licensed commer- ximadamente 7 de cada 10 utilizaron la compra
cial establishments (vs. street vendors) increasing activa como el principal método de acceso a ciga-
between 2015 and 2019 (81.1% vs. 89.6%; p-value rrillos, y la respectiva compra en establecimientos
≤ 0.05). In 2019, 70% of teenagers who bought comerciales autorizados (vs. con vendedores am-
cigarettes at licensed commercial establishments bulantes) aumentó entre 2015 y 2019 (81,1% vs.
purchased single cigarettes. Non-compliance with 89,6%; valor de p ≤ 0,05). En 2019, el 70% de los
laws aimed at preventing smoking initiation is a adolescentes que compraron cigarrillos en estable-
huge obstacle to reducing the proportion of smok- cimientos comerciales autorizados los compraron
ers. Increased implementation of legislative mea- sueltos. El incumplimiento de la ley destinada a
sures and oversight of cigarettes sales, combined prevenir la iniciación al tabaquismo es un gran
with educational and awareness actions with re- obstáculo para reducir la proporción de fumado-
tailers, is key to protecting new generations from res. El fortalecimiento de las acciones legislativas
the harmful effects of tobacco use. y de fiscalización, sumado a acciones educativas y
de sensibilización con los comerciantes, es funda-
Smoking Prevention; Legislation; Adolescent mental para proteger a las nuevas generaciones de
Behavior; Tobacco-Derived Products Commerce los efectos nocivos del consumo de tabaco.

Prevención del Hábito de Fumar; Legislación;


Conducta del Adolescente; Comercialización de
Productos Derivados del Tabacco

Recebido em 04/Ago/2022
Versão final reapresentada em 06/Dez/2022
Aprovado em 12/Jan/2023

Cad. Saúde Pública 2023; 39(2):e00145722

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