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Gabinete de Informação e Prospectiva

Boletim Informativo
Nº2/Setembro 2008

Envelhecimento e Saúde
em Portugal
A população residente em Portugal Continental aumentou 6,9% mais elevada nas mulheres. Por exemplo, em 2006 a esperança de
nos últimos 16 anos, mas o crescimento no grupo etário com 65 e vida para os homens era de 75,4 e para as mulheres de 81,9.
mais anos (65+) foi de 34,6%, tendo passado de 14,0% De acordo com os dados do último recenseamento, em cada 100
(1.328.036) para 17,6% (1.787.344). Quanto à população com homens e mulheres com 65+, 10 e 26, respectivamente, viviam
85 e mais anos (85+), quase duplicou: em 1991 representavam sós. Lisboa e Porto tinham valores muito elevados, quer para as
1,0% (91.058), tendo-se estimado que em 2007 residiriam mulheres (33,1% e 28,7%, respectivamente), quer para os
173.164 indivíduos com 85+ (1,7% do total da população). As homens (12,2 e 9,7%).
projecções elaboradas pelo INE prevêem que em 2040 as
populações com 65+ e 85+ serão, respectivamente de 28,8% e Os dados analisados são provenientes do INE e dos Inquéritos
3,8% do total de residentes. Nacionais de Saúde – INSA/INE. A informação refere-se a
Em 2007, o índice de envelhecimento era de 116 indivíduos com Portugal Continental e está agrupada nos seguintes temas:
65+ por cada 100 jovens (0 a 14 anos), podendo atingir 224/100 1. Variações na esperança de vida;
em 2040. Prevê-se que o índice de dependência de idosos, que era 2. Esperança de vida e incapacidade de longa duração;
de 26 por cada 100 indivíduos em idade activa, aumente para 3. Factores de risco e avaliação do estado de saúde;
49/100 em 2040 se as hipóteses do cenário base das projecções se 4. Consumo de medicamentos e utilização de consultas médicas.
verificarem.
A esperança de vida à nascença aumentou 4,5 anos em 15 anos.
Passou de 74,2 anos, em 1991, para 78,7 anos, em 2006, sendo As notas metodológicas são apresentadas no final do documento.

Variações na esperança de vida


A esperança de vida à nascença para indivíduos do sexo masculino Estima-se que os indivíduos que atingem os 65 anos vivam ainda, em
aumentou 4,7 anos, entre 1991 e 2006, ou seja 6,6%. Para o sexo média, mais 18,3 anos. No Alentejo e Península de Setúbal, o valor é
feminino o aumento foi um pouco menos acentuado: 4,2 anos, ligeiramente mais baixo do que no resto do País.
correspondendo a crescimento relativo de 5,4%. Os indivíduos com 85 anos podem esperar viver mais 5,6 anos, em
No mesmo período temporal, o aumento da esperança de vida aos média. A Península de Setúbal, Serra da Estrela, Baixo Alentejo e
65 anos foi de 2,2 anos para os homens e de 2,6 anos para as Oeste apresentam esperança de vida aos 85 anos mais reduzida. A
mulheres. Relativamente aos valores de 1991, a variação foi de diferença entre o maior e o menor valor obtido para as NUTS III é de
15,6% (homens) e de 14,9% (mulheres). 1,6 anos.

Figura 1 - Esperança de vida à nascença em Portugal Figura 2 - Esperança de vida, por NUT III (2006)
84,0 aos 65 anos aos 85 anos
82,0
80,0
78,0
76,0
74,0
72,0
70,0
68,0
66,0
64,0
91

92

93

94

95

96

97

98

99

00

01

02

03

04

05

06
19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

20

20

20

20

Homens Mulheres

Fonte: INE (2008) Fonte: INE (2008)


Esperança de vida e incapacidade de longa duração
Indivíduos entre os 45 e os 49 anos, podem esperar viver, em Figura 4 - Esperança de vida, por grupos de idade e sexo,
média, mais 35,6 anos, dos quais 25,4 anos sem nenhum tipo Portugal (2006)
de incapacidade de longa duração, ou seja 71% da esperança de 45

vida neste grupo etário. Esta proporção vai diminuindo com a 40

idade. Indivíduos que atinjam os 85 anos de idade têm uma 35


esperança de vida de 5,6 anos; destes, em média, 1,6 anos serão 30
passados sem nenhum tipo de incapacidade de longa duração 25
(29% da respectiva esperança de vida). 20
A esperança de vida das mulheres é superior à dos homens, em 15
todos os escalões etários (cf. figura 4). No entanto, a proporção 10
de esperança de vida que as mulheres podem esperar viver sem 5
nenhum tipo de incapacidade é inferior à dos homens, 0
aumentando esta diferença com a idade (cf. figura 5). 45-49 50-54 55-59 60-64 65-69 70-74 75-79 80-84 85+
Aos 65 anos, por exemplo, a esperança de vida dos homens é Homens Mulheres
16,4 anos, estimando-se que 9,6 anos poderão ser passados sem Fonte: INE (2007)
incapacidade de longa duração (58% da sua esperança de vida).
As mulheres da mesma idade poderão, em média viver mais Figura 5 - Proporção de esperança de vida passada sem nenhum
19,9 anos, dos quais 10,8 anos sem qualquer tipo de tipo de incapacidade, por grupos de idade e sexo,
incapacidade de longa duração (54% da esperança de vida). Já Portugal (2006)
80%

70%
Figura 3 - Esperança de vida e esperança de vida 60%
sem nenhum tipo de incapacidade de longa duração,
50%
Portugal, 2006
50 40%

45 30%
40 20%
35
10%
30
0%
25
45-49 50-54 55-59 60-64 65-69 70-74 75-79 80-84 85+
20
Homens Mulheres
15
Fonte: INE (óbitos e estimativas de população residente, em 2005 e 2006) e 4º INS
10
5
para os indivíduos que atingem os 80 anos, as proporções são de
0
45-49 50-54 55-59 60-64 65-69 70-74 75-79 80-84 EV
43% da esperança de vida para os homens e 34% da esperança de
vida para as mulheres.
85+ EVSI

Fonte: INE (óbitos e estimativas de população residente, em 2005 e 2006) e 4º INS

Factores de risco e avaliação do estado de saúde


O excesso de peso é mais prevalente nos homens do que nas etário 75-84, a percentagem de mulheres fumadoras é próxima
mulheres, sendo a diferença maior dos 75 anos em diante. No de zero, enquanto que cerca de 10% dos homens são
entanto, de acordo com o Inquérito Nacional de Saúde, na faixa fumadores.
etária 55-84 anos a obesidade afecta mais a população feminina A percentagem de mulheres que afirmou não ter andado a pé mais
do que a masculina. de 10 minutos seguidos em nenhum dia da semana anterior à
O consumo de tabaco, seja ocasional ou diário, é mais elevado entrevista (inactividade física) aumenta com a idade. Para os
entre os homens, para todos os grupos etários. No grupo homens o padrão é mais irregular.
Figura 6 - Factores de risco, por grupos de idade, Portugal (2006)

Excesso de Peso Consumo de Tabaco Inactividade Física


70% 70% 70%

60% 60% 60%

50% 50% 50%

40% 40% 40%

30% 30% 30%

20% 20% 20%

10% 10% 10%

0% 0% 0%
45-54 55-64 65-74 75-84 >=85 45-54 55-64 65-74 75-84 >=85 45-54 55-64 65-74 75-84 >=85
Fonte: INSA/INE - 4º INS Homens Mulheres

A percentagem de indivíduos inquiridos que classificaram o seu A percentagem de doentes com asma aumentou apenas entre os
estado de saúde como sendo "Bom" ou "Muito bom" indivíduos com idade entre 45 e 54 anos (de 4,4% para 5,5%).
aumentou, entre 1999 e 2006. Este aumento verificou-se em Nos grupos etários superiores registaram-se menos doentes em
todos os grupos etários, mas foi mais relevante para os 2006 do que em 1999. Na população com 85 ou mais anos, a
indivíduos dos 45 aos 54 anos e para os mais idosos (85 ou prevalência de asma baixou de 11,3% para 6,8%.
mais anos).
De 1999 para 2006, a prevalência da diabetes e da hipertensão Figura 7 - Avaliação positiva (“Muito bom” e “Bom”) do Estado de
aumentou. Evolução oposta foi registada para a asma. Saúde, por grupos de idade, Portugal (1999 e 2006)
No caso da diabetes, o aumento foi pouco relevante nos grupos 50%
etários 45-54 e 85 ou mais anos. Nas idades intermédias, os
aumentos foram superiores. De acordo com os dados mais 40%
40,2%

recentes, cerca de 17% dos indivíduos entre os 65 e os 84 anos


31,8%
sofre de diabetes. 30%
A prevalência da hipertensão na população com mais de 45
anos apresentou um aumento muito relevante, sobretudo para 20%
os grupos etários dos 65 aos 84 anos. Para estas idades, a
13,2%
percentagem de hipertensos era aproximadamente 52%, em 10%
7,0%
2006.
0%
45-54 55-64 65-74 75-84 >=85

1998/99 2005/06
Fonte: INSA/INE - 3º e 4º INS

Figura 8 - Indivíduos com Doenças Crónicas, por grupos de idade, Portugal (1999 e 2006)

Diabetes Asma Hipertensão

60% 60% 60%

50% 50% 50%

40% 40% 40%

30% 30% 30%

20% 20% 20%

10% 10% 10%

0% 0% 0%
45-54 55-64 65-74 75-84 >=85 45-54 55-64 65-74 75-84 >=85 45-54 55-64 65-74 75-84 >=85
INS 1998/99 INS 2005/06
Fonte: INSA/INE - 3º e 4º INS
Utilização de consultas médicas e consumo de medicamentos
A percentagem de indivíduos inquiridos que tinha consultado o A percentagem de indivíduos inquiridos, com 45 ou mais anos, que
médico pelo menos uma vez, nos três meses anteriores à entrevista, tomou algum medicamento receitado pelo médico nas duas
aumentou na década 1996-2006. Para o grupo etário 65-74 anos, semanas anteriores à data da entrevista foi de cerca de 60%, no
esta percentagem passou de 60,7% para 73,4%. No grupo etário grupo etário 45-54, aumentando para valores superiores a 80%
superior o aumento foi um pouco menor: de 65,7% para 73,6%. entre os entrevistados com 65 ou mais anos.

Figura 9 - Consultas médicas, para dois grupos de idade, Figura 10 - Consumo de medicamentos, por grupos de idade,
Portugal (1996, 1999 e 2006) Portugal (2006)

80% 100%
90% 86,6%
70%
80%
60%
70%
50% 58,7%
60%
40% 50%

30% 40%
30%
20%
20%
10%
10%
0% 0%
1996 1999 2006 45-54 55-64 65-74 75-84 >=85
65-74 >=75
Fonte: INSA/INE - 2º, 3º e 4º INS Fonte: INSA/INE - 4º INS

Nota final
Em 2006, a esperança de vida aos 65 anos é cerca de 15% As incapacidades de longa duração são determinadas pela
superior à de 1991; um crescimento três vezes maior do que a interacção de factores como os comportamentos desadequados ao
variação relativa na esperança de vida à nascença no mesmo longo da vida (inactividade física, consumo de tabaco e álcool), a
período. Os ganhos foram consequência do decréscimo da iniquidade de acesso aos serviços de saúde e, ainda, os acidentes.
mortalidade prematura de causa evitável, com maior expressão Actualmente é tão relevante a compreensão destes fenómenos como
nas mulheres. compreender como evitar óbitos prematuros.
Apesar dos ganhos em anos de vida, a proporção de anos que se As políticas e programas de envelhecimento saudável e activo
pode esperar viver sem nenhum tipo de incapacidade de longa reconhecem a necessidade de encorajar e fazer interagir a
duração vai diminuindo com a idade. Este facto decorre, por responsabilidade pessoal (auto-cuidado), o acesso aos cuidados de
exemplo, do aumento, entre 1999 e 2006, da prevalência da saúde de qualidade, o desenvolvimento de ambientes amigos dos
diabetes e da hipertensão. Em consequência também se registaram idosos e da solidariedade intergeracional. Esta é a estratégia
maiores consumos em cuidados de saúde e de medicamentos. desenvolvida no PNS 2004-2010.

Metodologia
Esperança de vida sem nenhum tipo de incapacidade de longa duração: este indicador foi responderam não ter andado a pé mais de 10 minutos seguidos em nenhum dos sete dias
calculado pelo método de Sullivan. Utilizaram-se dados referentes a óbitos e estimativas da anteriores.
população residente, para os anos 2005 e 2006, assim como dados sobre incapacidade física de Doenças crónicas: a percentagem da população que tem alguma das doenças crónicas (diabetes,
longa duração, provenientes do Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006. O âmbito populacional asma ou hipertensão) foi estimada seleccionando os indivíduos que responderam 'Sim' a ambas as
deste Inquérito (residentes em unidades de alojamento familiares no País à data da realização das seguintes questões: 'Tem ou já teve esta doença?' e 'Foi algum médico ou enfermeiro que lhe disse?'
entrevistas) exclui os residentes em alojamentos colectivos. Assim, as esperanças de vida sem Consultas médicas: nos últimos Inquéritos Nacionais de Saúde a questão relativa a este tema tem-se
incapacidade apresentadas referem-se à população não institucionalizada. mantido a seguinte: 'Nos últimos três meses, quantas vezes é que consultou o médico?'. A
Excesso de peso: para estimar a prevalência do excesso de peso foram considerados os indivíduos percentagem foi calculada considerando os indivíduos que afirmaram ter consultado o médico pelo
que apresentaram índice de massa corporal igual ou superior a 27 e inferior a 30. menos uma vez, relativamente ao total dos respondentes.
Consumo de tabaco: para estimar a prevalência do consumo de tabaco foram considerados os Consumo de medicamentos: a percentagem da população que consome algum medicamento
indivíduos que afirmaram fumar, na altura, cigarros, cachimbo ou charutos, quer esse consumo receitado pelo médico foi estimada a partir das respostas afirmativas à seguinte questão do 4º INS:
fosse ocasional ou diário. 'Tomou medicamentos receitados (incluindo pílulas contraceptivas ou outras hormonas, pomadas,
Inactividade física: a questão do 4º INS relativa a este tema foi "Nos últimos sete dias, em cremes, injecções, vacinas), nestas duas semanas?'. De notar que a formulação da questão colocada
quantos desses dias andou pelo menos 10 minutos a pé de uma só vez?". Para estimar a não permite diferenciar os casos de toma esporádica dos casos de toma sistemática, assim como o
percentagem da população que não teve actividade física, seleccionaram-se os indivíduos que número de medicamentos diferentes consumidos por dia.

Equipa GIP: Paula Santana (Coordenação); Isabel Alves; Luísa Couceiro; Rita Santos
Com a colaboração de: António Leuschner
Ministério da Saúde . Alto Comissariado da Saúde . Gabinete de Informação e Prospectiva
Av. João Crisóstomo, nº9 - 2º Piso, 1049-062 Lisboa . Tel.: 213 305 000 . Fax: 213 305 097 . E-mail: [email protected] . www.acs.min-saude.pt/pns

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